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30 abril 2020

Recomeço - Joanna de Ângelis



RECOMEÇO


Dispões da faculdade de discernir o que o livre-arbítrio te proporciona, tudo quanto possas e queiras embora a fatalidade do destino.

De acordo com a escolha da conduta a seguir, produze para o futuro aquilo que realizaste, que volverá mediante a bênção da reencarnação.

O recomeço é sempre oportunidade luminosa de dar prosseguimento ao bem encetado, que aguarda ensejo para atingir a plenitude, de igual maneira faculta a reparação dos equívocos e gravames que ficaram em processo de ajustamento, de harmonia.

Possuidor do conhecimento dos valores que são adquiridos durante a vilegiatura carnal, a criatura trabalha o seu porvir mediante a utilização dos melhores equipamentos que a Cultura e a Tecnologia colocam à sua disposição.

Nunca faltam recursos valiosos para atender ao desenvolvimento intelecto-moral do ser em evolução.

Dos gestos simples e desde os pequenos esforços a vida enseja sabedoria que se incorpora ao patrimônio íntimo para a qualificação espiritual.

A reencarnação é, desse modo, a mais adequada e sábia metodologia para a conquista do infinito.

Correspondendo à grandeza da misericórdia de Deus é lei de Justiça e de bondade que permite sempre o aprendizado necessário à autoiluminação.

Indispensável, portanto, que sejam aproveitados todos os momentos existenciais, de maneira a serem evitados recomeços molestos e desafiadores para os desastres emocionais e morais que sempre os sucedem.

O que podes realizar hoje na construção do dever não postergues sob as sombras da indolência, do descaso, da incoerência.

Numa longa jornada o passo a passo é fundamental para o êxito. Muitas vezes a precipitação sugere a pressa, a entrega rápida, geradoras de cansaço e de mal-estar.

Valoriza, desse modo, cada momento da experiência terrestre e elege o melhor, o mais duradouro, em detrimento da frivolidade e insensatez.

Todo processo de crescimento espiritual é desafiador, caracterizado por pequenos e grandes impedimentos.

A conquista do cume de um monte resulta do esforço empreendido e do direcionamento desde as baixadas...

Não poucos discípulos do Evangelho após o entusiasmo inicial permanecem na indolência, aguardando situações privilegiadas, oportunidades especiais.

Toda realização deve ter um eficiente planejamento que facilitará a sua execução.

Cuida dos teus compromissos atuais, onde estejas, com os recursos ao alcance, sem exigências injustificáveis ou condicionamentos absurdos.

* * *

Este mendigo esmola com a escudela da brutalidade e provoca reações equivalentes, sendo enxotado e menosprezado por quase todas as demais pessoas.

Esse enfermo repugnante com chagas purulentas e odores pútridos, que causam asco, permanece ao abandono.

Aquele trabalhador que reclama de infelicidade, afadiga-se em esforço titânico e não consegue minorar as necessidades que o aturdem.

Estoutro busca afeição, impondo-se de maneira rude e sempre recebe repúdio, cáusticas reprimendas.

Os chamados miseráveis que vivem ao relento, intoxicados pelo álcool e drogas destrutivas, caminham sem rumo e os seus céus não têm esperança nem estrelas...

São inumeráveis aqueles que permanecem em estado lastimável entre desesperos e angústias. Constituem a grande massa de réprobos da sociedade de todos os tempos.

Mesmo quando as Leis são justas e lhes proporcionam algum conforto ou alegria, incontáveis deles prosseguem insatisfeitos e revoltados, enquanto outros mais reclamam e lamentam, ademais de quantos que nada conseguem.

São os perversos de ontem, os defraudadores dos deveres, os apaixonados pelas ilusões, os dilapidadores do patrimônio público que se encontram de retorno ao proscênio terrestre que ultrajaram, nas roupas da miséria a que fazem jus, nas rotas ingratas que estabeleceram.

O retorno é inevitável para todos viajores da imortalidade, graças ao qual, por fim se identificarão com a Verdade.

Ninguém consegue degradar e autodestruir-se nos folguedos dos gozos infantis e alucinados com desprezo pelos deveres que a Vida estabelece, sem que seja convidado a refazer o mesmo caminho em situação adversa.

Vale recordar-se a resposta dada por Jesus a Judas, quando, banhado pelo raro perfume oferecido pela mulher equivocada, exclamou: Que pena! Poder-se-ia vendê-lo e ofertar o resultado aos pobres; e Ele contrapôs: Os pobres sempre os tereis, mas a mim, nem sempre...

A expressiva lição é demonstrada pela presença do sofrimento em razão da conduta adversa naquele que se dilacera, por atos ilícitos pretéritos...

A Lei universal é de amor que gera fraternidade e auxílio em toda parte, que enseja a solidariedade em relação aos mais necessitados, em vez da vergonhosa aristocracia dos que são poderosos e geradores da ausência de ajuda aos demais.

Permite que as tuas emoções construam hoje o teu porvir, a fim de que recomeces na escola terrestre abençoado com os tesouros da misericórdia e da paz como força vitalizadora para a ascensão.

Não há exceção nas Soberanas Leis do Universo, a uns proporcionando somente venturas enquanto a outros todas as angústias.

* * *

Hoje, nesta atualidade turbulenta, Jesus retorna por intermédio dos Seus embaixadores, a fim de conduzir ao Reino de Deus a Humanidade em aturdimento, parte da qual o repudiou quando esteve conosco e logo depois...

Avança com alegria e utiliza-te deste retorno feliz que desfrutas para edificares a harmonia futura.


Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, em 13 de dezembro de 2019, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia

29 abril 2020

Um silêncio eloquente - Momento Espírita



UM SILÊNCIO ELOQUENTE


O hábito de reclamar e altercar é bastante difundido.

Ante a mínima contrariedade ou decepção, reclamações e discussões costumam surgir.

Tem-se a impressão de que todos esperam uma vida perfeita.

Como a perfeição não é deste mundo, explodem os destemperos e os atritos.

A esposa se agasta com a pouca atenção que sustenta receber do esposo.

O empregado reclama das exigências do patrão.

O chefe se irrita com as falhas dos subordinados.

Irmãos se atacam, sob o menor pretexto.

Estudantes blasfemam contra o professor exigente.

Mestres discursam a respeito da pouca dedicação de seus discípulos.

Quem tem alguma enfermidade se acha uma vítima da vida.

Aquele que cuida de parente enfermo também bufa contra o destino.

De um modo ou de outro, as criaturas em geral parecem contrariadas.

À míngua de um mundo cor-de-rosa no qual possam viver, fazem com que todos saibam que estão descontentes.

Não têm o cuidado de processar no próprio íntimo os seus dissabores.

Não se indagam da razão pela qual passam por dificuldades.

Especialmente, olvidam o silêncio como forma de preservar a paz do próximo.

Mas há um exemplo sobre o qual convém refletir.

Trata-se do comportamento de Jesus logo após Sua prisão.

O Mestre Divino jamais poderia ser acusado de omisso.

Sempre Se posicionou com firmeza, em defesa do bem e da verdade.

Levantou com desassombro Sua voz contra as hipocrisias dos fariseus.

Esclareceu de modo vigoroso os que faziam do Templo um local de comércio.

Contudo, na hora de Seu testemunho maior, calou a própria voz.

A caminho do calvário, passou em espetáculo para o povo, com a alma mergulhada em um maravilhoso e profundo silêncio.

Sem proferir a mais leve acusação, caminhou humilde, coroado de espinhos.

Não Se agastou com a ignorância que Lhe colocou nas mãos uma cana imunda, à guisa de cetro.

Não Se incomodou com as cusparadas dos populares exaltados.

No momento do calvário, Jesus atravessou as ruas de Jerusalém em um silêncio pleno de significados.

Como se desfilasse diante da Humanidade inteira, ensinou a virtude da tranquila submissão à vontade de Deus.

* * *

Antes de reclamar da vida, reflita sobre esse exemplo.

Jesus era puro e não desdenhou o sacrifício.

Entretanto, você certamente ainda carece de muitas experiências para completar seu processo evolutivo.

Se a vida lhe faz exigências, aquiesça.

Não espere a todo momento ser auxiliado e compreendido.

Habitue-se a ser quem entende e ampara.

Tendo em mente o maravilhoso silêncio de Jesus, aprenda a também silenciar suas queixas.

Bibliografia: 

- Livro Boa Nova - cap. 3 - pelo Espírito Irmão X, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

Redação do Momento Espírita

28 abril 2020

Porque a Reencarnação Passou a Ser Condenada Pela Igreja Catól - Vivaldo J. de Araújo ica





PORQUE A REENCARNAÇÃO PASSOU A SER CONDENADA PELA IGREJA CATÓLICA


Até meados do século VI, todo o Cristianismo aceitava a Reencarnação que a cultura religiosa oriental já proclamava, milênios antes da era cristã, como fato incontestável, norteador dos princípios da Justiça Divina, que sempre deu oportunidade ao homem para rever seus erros e recomeçar o trabalho de sua regeneração, em nova existência.

Aconteceu, porém, que o segundo Concílio de Constantinopla, atual Istambul, na Turquia, em decisão política, para atender exigências do Império Bizantino, resolveu abolir tal convicção, cientificamente justificada, substituindo-a pela ressurreição, que contraria todos os princípios da ciência, pois admite a volta do ser, por ocasião de um suposto juízo final, no mesmo corpo já desintegrado em todos os seus elementos constitutivos.

É que Teodora, esposa do famoso Imperador Justiniano, escravocrata desumana e muito preconceituosa, temia retornar ao mundo, na pele de uma escrava negra e, por isso, desencadeou uma forte pressão sobre o papa da época, Virgílio, que subira ao poder através da criminosa intervenção do general Belisário, para quem os desejos de Teodora eram lei.

E assim, o Concílio realizado em Constantinopla, no ano de 553 D.C, resolveu rejeitar todo o pensamento de Orígenes de Alexandria, um dos maiores Teólogos que a Humanidade tem conhecimento. As decisões do Concílio condenaram, inclusive, a reencarnação admitida pelo próprio Cristo, em várias passagens do Evangelho, sobretudo quando identificou em João Batista o Espírito do profeta Elias, falecido séculos antes, e que deveria voltar como precursor do Messias (Mateus 11:14 e Malaquias 4:5).

Agindo dessa maneira, como se fosse soberana em suas decisões, a assembléia dos bispos, reunidos no Segundo Concílio de Constantinopla, houve por bem afirmar que reencarnação não existe, tal como aconteceu na reunião dos vaga-lumes, conforme narração do ilustre filósofo e pensador cristão, Huberto Rohden, em seu livro ” Alegorias “, segundo a qual, os pirilampos aclamaram a seguinte sentença, ditada por seu Chefe D. Sapiêncio, em suntuoso trono dentro da mata, na calada da noite: ” Não há nada mais luminoso que nossos faróis, por isso não passa de mentira essa história da existência do Sol, inventada pelos que pretendem diminuir o nosso valor fosforescente “.

E os vaga-lumes dizendo amém, amém, ao supremo chefe, continuaram a vagar nas trevas, com suas luzinhas mortiças e talvez pensando – “se havia a tal coisa chamada Sol, deve agora ter morrido”. É o que deve ter acontecido com Teodora: ao invés de fazer sua reforma íntima e praticar o bem para merecer um melhor destino no futuro, preferiu continuar na ilusão de se poder fugir da verdade, só porque esta fora contestada pelos deuses do Olimpo, reunidos em majestoso conclave.



Vivaldo J. de Araújo

27 abril 2020

Modismos e Posturas Dispensáveis - Orson Peter Carrara



MODISMOS E POSTURAS DISPENSÁVEIS


Estouram periodicamente no movimento espírita, numa alternância facilmente observável de um planejamento perverso muitas vezes nem percebido, ações e posturas – que em muitos casos viram modismos – que são plenamente dispensáveis, pois que inúteis.

São sugestionadas as censuras, as discriminações, as disputas. São escolhidos alguns tópicos ou temas – escolhidos os polêmicos, claro –, e até mesmo alguns livros ou pontos de vistas, que são alimentados pela presunção da sabedoria ou pela pretensão de denegrir. Elegem-se ídolos, constroem-se padrões planejados ou diretrizes como essenciais para direcionar a objetivos nem sempre claros, seguidos por desatentos, desinformados ou seduzidos.

Disputas, ídolos construídos, censuras, discriminações, polêmicas desnecessárias que só desviam do objetivo maior, egos buscados ou alimentados, são modismos. Igualmente são posturas dispensáveis. A nada servem. Na verdade, só desviam do objetivo essencial. Objetivo bem definido por Kardec.

Em “O Espiritismo em sua mais simples expressão”, encontramos:

“(...) 35 – O objetivo essencial do Espiritismo é o melhoramento dos homens. Não é preciso procurar nele senão o que pode ajudar no progresso moral e intelectual. (...)” E mais adiante, nos itens 36 e 37 da mesma obra:

“(...) De nada adianta crer, se a crença não faz com que dê um passo adiante na via do progresso, e não o torne melhor para seu próximo. (...) O egoísmo, o orgulho, a vaidade, a ambição, a cupidez, o ódio, a inveja, o ciúme, a maledicência, são para a alma ervas venenosas das quais é preciso a cada dia arrancar algumas hastes, e que têm como antídoto: a caridade e a humildade. (...)”

Muitas outras transcrições, decorrentes de pesquisas na mesa direção em toda a obra de Kardec, levam à mesma conclusão: o objetivo do Espiritismo é nosso melhoramento moral. Desviar-se desse objetivo é distorcer a prática espírita. Portanto, as situações acima citadas, onde podem também incluir-se a imposição de ideias e mesmo a inclusão de práticas estranhas, são fruto da imaturidade humana, acionada especialmente pelo egoísmo que ainda nos caracteriza as ações.

Então, ficamos a dizer que isso pode, aquilo não pode. Ficamos a distorcer a credibilidade construída sobre a lógica e o bom senso, qualificamos experiências e ensinos valorosos como ultrapassados, entre outras situações que a imaginação, a memória ou a constatação do leitor já identificou em seu cotidiano nas instituições. Pois isso é incompatível com o Espiritismo. Isso é prática deturpada de espíritas desatentos e sem a conexão do conhecimento aliado à prática. Portanto, dispensáveis. Até porque os prejuízos gerados nos que se aproximam e encontram tais situações, ou mesmo a veteranos que se deixam contagiar ou se deixam conduzir, interrompem ou paralisam em definitivo iniciativas de inúmeros benefícios para muitos.

Por força do egoísmo que impõe, que inclui na argumentação ilusória, que manipula buscando outros interesses ou que estabelece padrões de comportamento que nada tem a ver com a genuína prática espírita.

Isso tudo é fruto do egoísmo, é resultado da imaturidade, para os quais devemos estar atentos, para também não nos deixarmos levar, desviando ou desvalorizando nobres esforços consolidados ou em andamento.

Cuidado com os modismos. Eles passam e se ficarmos prestando atenção neles, deixamos de fazer aquilo que precisa ser feito, deixamos de cumprir o dever que nos cabe. Como identifica-los? Ah, isso é muito fácil! Basta observar a autopromoção, observar a ausência do bom senso e da lógica e também ver a presença do fanatismo. Também estão na inclusão de verdadeiros rituais, na imposição de modelos prontos e até mesmo na prevalência dos interesses pessoais, ao invés do interesse coletivo. Está também na manipulação das ideias e mesmo na mais fácil indicação que você pode observar: na pretensão da verdade e na preocupação constante da demonstração de infalibilidade. Nesses casos, inclusive, seus protagonistas fogem do objetivo essencial da Doutrina Espírita, procurando impressionar os desprevenidos, com posturas e modismo plenamente dispensáveis, totalmente desconectados com o Espiritismo.

Por isso voltemos a Kardec: o objetivo essencial do Espiritismo é nossa melhora moral.


Orson Peter Carrara

26 abril 2020

Flagelos destruidores - Divaldo P.Franco



FLAGELOS DESTRUIDORES


No próximo dia 18 do corrente mês de abril, no ano de 1857, foi lançado em Paris, na Galeria de Orleans, em Palais Royal, na Livraria Dentu, O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

A Obra com aparência modesta era constituída de 501 questões, abordando temas de grande atualidade à época, que abalariam a cultura mundial.

Com uma bela apresentação, explicando o de que se tratava, com os detalhes de como foram obtidas aquelas informações, iniciava a sua estrutura filosófica abordando uma das questões mais perturbadoras do pensamento humano, que dizia respeito a Deus. Até então, indagava-se nos inúmeros campos do conhecimento Quem é Deus, de alguma forma desejando-se saber que pessoa era Deus.

Allan Kardec, no entanto, tivera o cuidado de formular a questão de maneira correta e veraz: Que é Deus? – e a resposta dada pelos Espíritos foi surpreendente: É a inteligência suprema e causa primeira de todas as coisas.

Esse Livro magistral é constituído por quatro livros: Primeiro – Causas primeiras. Estuda Deus, Deus e o Infinito, Provas da existência de Deus, Atributos da Divindade, Panteísmo e segue analisando as questões básicas da vida a partir da Criação.

No Segundo, é estudado o Objetivo da encarnação, a Alma e o Materialismo, a vida corpórea e a espiritual, a emancipação da alma, ação dos Espíritos sobre os fenômenos da Natureza, Reencarnação, Mundos transitórios etc.

No Terceiro livro, encontra-se a análise completa sobre as Leis Morais, estabelecendo que são dez as Leis que regem a vida, a partir da Lei de adoração, do trabalho, da reprodução, de conservação, de destruição, de sociedade, de progresso, de igualdade, de liberdade, de justiça, de amor e caridade, culminando com a Perfeição moral.

Por fim, no Quarto, que se intitula Esperanças e consolações, são abordados Penas e gozos terrenos, Felicidade e infelicidade relativas, Perda dos entes queridos, Temor da morte, Desgosto da vida, o Suicídio, o nada, a Vida futura, a Intervenção de Deus nas penas e recompensas”, Ressurreição da carne, Paraíso, inferno, purgatório, Paraíso perdido, Pecado original...

Trata-se de um dos mais completos Livros sobre o pensamento filosófico, examinando, à clareza da Ciência, os fenômenos do Universo e da existência humana, sempre fundamentado no Evangelho de Jesus, que constitui a ética mais elevada de que se tem notícia.

Nestes dias tumultuosos, em que os sentimentos humanos encontram-se em crise, quando os valores ético-morais são contestados e a loucura avassala, com as ameaças de pestes, guerras, dominadas pelas paixões da politicagem do mais baixo nível jamais conhecido, O Livro dos Espíritos merece ser lido, a fim de encontrar-se roteiro para a paz e a plenitude.


Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 16/04/20.

25 abril 2020

O Perdão Liberta - Francisco Ortolan




O PERDÃO LIBERTA


“…O mundo está cheio dessas pessoas que tem o sorriso nos lábios e o veneno no coração; que são brandas contanto que nada as machuque, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua se transmuda em dardo envenenado, quando estão por detrás”. (E.S.E. Capítulo IX).

É próprio do ser humano agir dessa forma, pincipalmente no estágio em que os habitantes do planeta Terra se encontram. Vivemos um momento em que primitivismo, provas e expiações e regeneração se interagem no propósito de encontrar seu espaço, cada qual estagiando nas próprias dores e dificuldades.

Como abandonar milênios de “certezas” para aceitar milhares de “dúvidas”? Como despojar o homem velho que me dá uma aparente segurança, para incorporar o homem novo que preciso? Essa inconstância nos causa insegurança e medo. Medo do novo, medo de desconstruir ideias, medo de errar, enfim, medo de olhar para dentro e ter que sofrer com coisas que julgávamos mortas, como diz o cantor Raimundo Fagner em sua música “Revelação”: “Sentimento ilhado, morto, amordaçado, volta incomodar”.

Nada morre, tudo se transforma. Mas para que haja transformação, será necessário fazer essa viagem interior, olhar com carinho nossas mazelas, aceitarmo-nos como realmente somos para então fazer a transição tão necessária. Aprender a descontruir, para reconstruir com bases mais sólidas nossas ideias e ações.

Enquanto estivermos nessa “guerra interior” nossas ações serão baseadas naquilo que sentimos, enxergamos e damos conta de fazer. Perdoar a si mesmo é uma meta dolorosa de atingir, mas extremamente necessária, porque quando isso acontecer não existirá mais culpados em nossa vida, e nosso relacionamento íntimo e com os demais será gratificante e não doloroso.

“Ai daquele que diz, nunca perdoarei, pois pronuncia sua própria condenação (Paulo Apóstolo E.S.E. Cap. X, Item 15)”.

A afirmação do apóstolo Paulo tem que ser analisada com carinho. A partir do momento em que eu digo “nunca perdoarei” realmente estarei me condenando a sofrer todas as vezes em que eu me deparar com aquela pessoa que me feriu; sofrer quando alguém me falar dela; sofrer quando ouvir o nome dela; enfim, condenado a me tornar escravo daquilo que me disseram mesmo sabendo eu que nem tudo que foi dito era verdade.

Essa preocupação com o que o outro pode pensar, me faz sofrer e por medo de sofrer me afasto cada vez mais das pessoas, buscando a solidão que considero uma proteção para meu íntimo incompreendido.

Lembrando que dor e sofrimento não é castigo nem evolução. São sinalizadores que alguma coisa tem que mudar; significa que você está contra você. A “compreensão” da dor, isso sim é evolução. Não basta eu identificar “o que” sinto, mas “por que” sinto.

Todo crescimento causa dor, mas quando consigo superar essa dor, a recompensa é gratificante.

Mágoa, rancor, insegurança, tristeza, doença, são “produtos” afins, derivados da falta de perdão. 
Analisemos:

Seria mais interessante, embora penoso, discutir o que faremos para perdoar um inimigo;

  • Como vencer um hábito sexual;
  • Como vencer impulsos menos dignos para com alguém;
  • Como ser uma criatura agradável onde vivemos;
  • Por que nos ofendemos com uma determinada forma de agir;
  • Qual a razão de nos irritarmos perante um fato específico;
  • Qual a origem de certas fantasias que nos acompanham compulsivamente;
  • Por que determinada tarefa é trabalhosa para nós;
  • Onde as causas da preguiça para estudar;
  • Como se sentir motivado para a leitura edificante;
  • O que podemos fazer para ajudar alguém que todos querem excluir;
  • Qual a causa dos pensamentos de vingança que costumam surgir em nossa tela mental;
  • Quais os traumas da infância que ainda nos influenciam na adulta idade;
  • Qual o motivo da atração ou rejeição por uma pessoa em particular…
  • São muitas as perguntas as quais fugimos por serem dolorosas, mas quando obtivermos essas respostas encontraremos o caminho da felicidade porque teremos a certeza que o perdão liberta.


Francisco Ortolan

24 abril 2020

Precisamos investir na cortesia - Francisco Rebouças




PRECISAMOS INVESTIR NA CORTESIA


As conquistas morais espirituais exigem preparação, esforço, e disciplina e deve começar pelo respeito às soberanas e imutáveis Leis de Divinas, resumidas por Jesus em “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

Ninguém ama a Deus sem amar ao próximo e, isso exige trabalho árduo e adequado a começar pelo respeito ao direito dos outros, procurando fazer uso da educação e da cortesia, traçando dessa maneira um roteiro seguro para o desenvolvimento do amor ao próximo.

Não esperemos as calamidades públicas para início ao nosso testemunho de sacrifício pessoal em busca do desenvolvimento do amor ao nosso semelhante, porque onde estivermos estaremos sendo requisitados para exercitar a bondade.

Desde a convivência em família, ou na sociedade em que a Divina Providência nos situou em todos os instantes a necessidade material ou espiritual nos intima à compreensão e à benevolência no auxílio ao necessitado do momento.

Necessário se faz que nos vigiemos constantemente para não cedermos espaço em nosso mundo íntimo seja por pensamento, palavras ou ações, para as atitudes que possam causar feridas no sentimento alheio, assim como não gostaríamos de ter nosso coração maltratado por atitudes infelizes dos nossos semelhantes.

Não nos esqueçamos em momento algum que também nós necessitamos de calor humano, e dessa forma não podemos negar ao necessitado o estímulo da palavra de incentivo e do amparo fraternal, para pelo menos amenizar a necessidade alheia.

Não foram poucas as vezes em que nos fizemos credores do perdão alheio, em face das inúmeras faltas cometidas por atitudes impensadas que causaram incômodos ao nosso semelhante, que tornaram nossas relações difícil, e necessitaram da compreensão e do perdão do ofendido.

Em toda parte necessitamos dos favores dos outros, pois não somos auto-suficientes em tudo, e por essa razão não podemos apenas aguardar ajuda alheia, precisamos desenvolver em nós a consciência de que é uma bênção uma felicidade poder também ajudar.

“- A fraternidade será a pedra angular da nova ordem social; mas, não há fraternidade real, sólida, efetiva, senão assente em base inabalável e essa base é a fé, não a fé em tais ou tais dogmas particulares, que mudam com os tempos e os povos e que mutuamente se apedrejam, porquanto, anatematizando-se uns aos outros, alimentam o antagonismo, mas a fé nos princípios fundamentais que toda a gente pode aceitar e aceitará: Deus, a alma, o futuro, o progresso individual indefinito, a perpetuidade das relações entre os seres. Quando todos os homens estiverem convencidos de que Deus é o mesmo para todos; de que esse Deus, soberanamente justo e bom, nada de injusto pode querer; que não dele, porém dos homens vem o mal, todos se considerarão filhos do mesmo Pai e se estenderão as mãos uns aos outros.

Essa a fé que o Espiritismo faculta e que doravante será o eixo em torno do qual girará o gênero humano, quaisquer que sejam os cultos e as crenças particulares.

– O progresso intelectual realizado até ao presente, nas mais largas proporções, constitui um grande passo e marca uma primeira fase no avanço geral da Humanidade; impotente, porém, ele é para regenerá-la. Enquanto o orgulho e o egoísmo o dominarem, o homem se servirá da sua inteligência e dos seus conhecimentos para satisfazer às suas paixões e aos seus interesses pessoais, razão por que os aplica em aperfeiçoar os meios de prejudicar os seus semelhantes e de os destruir.

– Somente o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, refreando as paixões más; somente esse progresso pode fazer que entre os homens reinem a concórdia, a paz, a fraternidade.

Será ele que deitará por terra as barreiras que separam os povos, que fará caiam os preconceitos de casta e se calem os antagonismos de seitas, ensinando os homens a se considerarem irmãos que têm por dever auxiliarem-se mutuamente e não destinados a viver à custa uns dos outros.

Será ainda o progresso moral que, secundado então pelo da inteligência, confundirá os homens numa mesma crença fundada nas verdades eternas, não sujeitas a controvérsias e, em conseqüência, aceitáveis por todos.

A unidade de crença será o laço mais forte, o fundamento mais sólido da fraternidade universal, obstada, desde todos os tempos pelos antagonismos religiosos que dividem os povos e as famílias, que fazem sejam uns, os dissidentes, vistos, pelos outros, como inimigos a serem evitados, combatidos, exterminados, em vez de irmãos a serem amados.” (1)

Comecemos desde já a nos preocupar em arar a terra fértil que possuímos no coração, para a plantação e cultivo cuidadoso da gentileza, do respeito e da fraternidade para servir com alegria a tantos quantos fizerem parte dos caminhos que estamos trilhando a caminho da felicidade.

Inúmeras foram as vezes que nos referimos ao amor, destacando-lhe a beleza e seus benefícios, e ainda não nos conscientizamos de que para que também desfrutemos da felicidade de amar, e irradiemos sua luz, é necessário, nos eduquemos para desenvolver em nós o cultivo incessante da compreensão, do respeito, da ética.


Francisco Rebouças


Referência: 

(1) Kardec, Allan. A Gênese. F.E.B. 36ª edição. XVIII, Sinais dos Tempos, itens, 17ª 19.

23 abril 2020

Frutos da Delinqüência - Joanna de Ângelis



FRUTOS DA DELIQUÊNCIA


O delinqüente deve sempre ser considerado um Espírito enfermo, padecendo injunções alienantes que o levam ao delito.

Não obstante, cumpre à sociedade o dever de ensejar-lhe a reeducação e o tratamento, quando colhido nas malhas da Lei.

Afastá-lo do convívio social, trabalhando pela sua reabilitação, a fim de que se transforme em cidadão útil, que contribua para o progresso da Humanidade, tanto quanto para a própria evolução moral, é dever impostergável daqueles que pautam a vida pelos códigos de ética e de dignidade.

Evitar-se aplicar no infrator os mesmos processos violentos de que ele usa para alcançar os seus objetivos malsãos, constitui uma atitude de civilidade e cultura superiores.

Impedir-se a usança de técnica da agressividade ou da corrupção, ou os métodos da punição física, da coerção moral, da lavagem cerebral, significa utilização da Justiça que se propõe a soerguer o infeliz, embora implicitamente aplicando-lhe as penalidades que funcionam como terapia retificadora e edificante.

O delinqüente nem sempre se origina dos sórdidos guetos e favelas, onde fermenta o caldo de cultura da desagregação da personalidade, locais de fomento ao crime em razão dos fatores sócio-morais e econômicos que constringem e alucinam os que ali se encontram, mas de muitas outras comunidades e lares dignamente constituídos.

Crimes repulsivos e hediondos, agressões revoltantes e homicídios dantescos, furtos e roubos acompanhados de estupros e lamentáveis perversidades, lutas físicas e chantagens impiedosas, lenocínios e viciações toxicômanas apresentam altas e alarmantes taxas de delinqüência que oram assolam a Terra e dizimam multidões em desespero...

Diante, no entanto, de delinqüentes de tal jaez, tenta o amor fraternal, revidando-lhes a impiedade com a onda positiva de que o amor se faz portador. No entanto, se o amor ainda não domina os teus sentimentos, a ponto de facultar-lhe a reação não-agressiva, unge-te de compaixão e a piedade diluirá a violência que te assoma, alcançando o infrator que te fere, apagando as marcas da mágoa que teimará por insculpir no teu íntimo o desejo de desforço.

Não são, porém delinqüentes, somente aqueles que se armam de agressividade e, loucos, disseminam o medo, o crime brutal, aparvalhante.

Delinqüem, também, os que exploram a ingenuidade dos jovens, arrojando-os nos antros da perdição; os que usurpam as parcas moedas do povo, no comércio escorchante de mercadorias de primeira necessidade; os profissionais liberais, que anestesiam a dignidade, falseando o juramento que fizeram de prometer servir e honrar o sacerdócio que abraçam, indiferentes, porém, aos problemas dos clientes, protelando suas soluções à custa de largas somas com que constroem sólidas fortunas, apesar de transitórias; os que espalham ondas de inquietação, urdindo tramas que aliciam outros partidários de emoção afetada; os que traem os afetos que lhes dedicam confiança e respeito; os maus administradores, que malversam os valores públicos e deles se utilizam a benefício próprio, dos seus êmulos e pares; os que conspiram, à socapa, contra as obras de benemerência e amor; e muitos, muitos outros que são arrolados como dignos de bom conceito e que, certamente, não cairão incursos nas legislações humanas, porque disfarçados de homens probos, bem aceitos e acatados...

Eles, todavia, sabem das próprias culpas, que dissimulam com habilidade.

A consciência despertará, por mais se demore em conivência com a má aplicação dos recursos da inteligência e da saúde de que se fazem dotados.

Não lograrão fugir de si mesmos, nem se liberarão dos conflitos que se lhes instalaram na alma.

Resguarda-te do contágio da delinqüência, preservando os teus valores morais, mesmo que sejam de pequena monta; a tua posição social, embora não tenha realce público; a tua situação econômica, apesar de caracterizada pela pobreza; as tuas aspirações, mesmo que de pequeno porte, ligando-te em pensamento, ao compromisso do bem, que se irradia do Cristo, que programou para o homem e a Terra, em nome do Pai, a felicidade e a harmonia, através de métodos de dignificação, únicos, aliás, que compensam em profundidade e perenemente.

Os frutos da delinqüência são a loucura de largo porte, o sofrimento sem conforto, o suicídio, a morte violenta, nefasta.

Vive, desse modo, as diretrizes do Evangelho e nunca te esqueças que, ao defrontares um delinqüente, seja em qual circunstância for, será muito melhor ser-lhe a vítima do que seu algoz, conforme o próprio Mestre nos ensinou com o exemplo na Cruz.


Joanna de Ângelis
Médium: Divaldo P. Franco
Livro: SOS Família

22 abril 2020

Coronavírus, Flagelos e o Espiritismo - Wanderson Silva



CORONAVÍRUS, FLAGELOS E O ESPIRITISMO


É sabido que a humanidade está passando por um período difícil atualmente, com a epidemia do Coronavírus, fazendo com que quase todos os países sofram com esses flagelos, e tomem medidas drásticas em relação a pandemia. Mas o que o Espiritismo tem a dizer sobre isso?

É ponto pacífico para os cientistas atualmente, que as revoluções geológicas, meteorológicas e biológicas, são coisas comuns e necessárias para a todo o ecossistema do nosso planeta, apesar dos estragos que causam, diante do ponto de vista humano. Por isso que, numa periodicidade impressionante, a humanidade presencia todo tipo de sinistro como terremotos, maremotos, furacões, nevascas, enchentes e dilúvios, erupções vulcânicas, epidemias, etc… causando um enorme constrangimento para as populações das regiões onde tais fenômenos acontecem, necessários do ponto de vista biológico/geológico, mas aparentemente do ponto de vista humano, só causam devastação, sofrimento e morte, fazendo o homem se perguntar se Deus realmente existe, por que deixa que tais coisas aconteçam a humanidade?

Essa pergunta sempre foi feita, através da História, tanto que esses fenômenos são conhecidos como Flagelos Destruidores. Todos os povos, de uma maneira ou de outra, já presenciaram e passaram por fenômenos assim, deixando seus relatos em livros sagrados e profanos que contaram a sua epopeia de luta e superação do ocorrido para as gerações futuras.

Muitas delas, acreditando na ira de Deus, ou seja, tais coisas acontecem por castigo divino aos homens corrompidos e egoístas, ou não. Como foi o caso, por exemplo, do Grande Terremoto de Lisboa, no século XVIII, onde milhares de pessoas morreram devido a um enorme Tsunami que se formou além mar e avançou contra a costa da capital Portuguesa, dizimando quase toda a sua a população. Ou o fato da grande Peste Negra que igualmente dizimou milhões na Europa, quando no período da Idade Média, ou até mesmo Pompeia, só para citar alguns.

Parece que a ideia da ira de Deus é um conceito bastante difundido e popular hoje em dia e isso foi também a causa da criação de filosofias seculares que não aceitavam essa ideia de um deus cioso, colérico e vingativo com sua criação que, segundo eles, absolutamente não pediu para nascer, demonstrando que ambas vertentes não conseguiram solucionar essa problemática, pois, os flagelos continuam a acontecer, apesar de tudo.

Sabendo disso, Allan Kardec reservou algumas perguntas aos espíritos superiores sobre essas questões, no Livro dos Espíritos; como conciliar a justiça de Deus diante da destruição causada pelos flagelos naturais?

Os bem feitores espirituais então, apresentaram a Kardec a Lei de Destruição, ou seja, a lei da impermanência de tudo que existe, inclusive o homem, pela ótica da imortalidade do espírito humano. Nada no universo é perene; perene somente Deus o É. Tudo no Universo evolui, nada é estático, parado; tudo é dinâmico, está na natureza portanto, a destruição dos seres e das coisas materiais para a evolução do próprio Universo. Nada se cria; tudo se transforma.

Muito dos flagelos que acontecem tem por objetivo somente a manutenção dos sistemas naturais do planeta, outras vezes tem por objetivo a própria humanidade egoísta e recalcitrante no mal, que vez por outra é abalada em seu orgulho e preguiça para que reconheça a necessidade do bem e das reformas. É necessário aqui refletir sobre o ponto de vista da imortalidade; são três os elementos constitutivos do Universo, a saber…Deus, Espírito e a Matéria.

Deus, a Inteligência Suprema, causa primária de tudo que o constitui o Universo.

A Matéria; tudo que ocupa lugar no espaço universal, o fluido formidável que pode tomar formas infinitas, tanto tangíveis quanto invisíveis, extrafísicas e dimensionais, pois inexistência não é sinônimo de invisibilidade. A ferramenta que o Espírito usa para sua evolução e trabalho.

E por fim…

O Espírito, o sinônimo de Vida ou Inteligência como força da Natureza, no sentido geral, Universal, capaz de se apresentar de formas que variam ao infinito. Assim como a matéria, pode tomar formas tanto físicas quanto extradimensionais, capaz de preexistir e sobreviver a tudo, ou seja, a imortalidade é o seu principal atributo.

Assim sendo, Kardec tomou conhecimento sobre a ótica dos espíritos superiores e imortais, a respeito da Destruição.

Encarando por esse prisma, os espíritos superiores esclarecem que os flagelos destruidores acontecem para fazer com que determinada leva de espíritos sejam obrigados a saírem da inércia moral em que se encontram; quanto mais materializados ficarem, mais estacionados estarão. Seria absurdo então conceber que em um Universo onde seu próprio Criador trabalha sempre existiram criaturas onde não fazem absolutamente coisíssima alguma por si mesmos ou pela criação. Logo, não é um castigo de Deus, e sim uma provação que Ele nos impõe para amadurecermos espiritual e moralmente, apesar de todos os recursos que ele nos proporciona para distinguirmos o bem do mal e que nós deliberadamente menosprezamos através de nossas vidas sucessivas.

É assim que de tempos em tempos, as humanidades de um planeta de provas e resgate, cada uma a seu turno, que por ventura estejam estacionadas em determinado ponto da evolução, são constrangidas a marcharem em direção a fraternidade e ao conhecimento, através de determinada epidemia ou desastre natural.

Mas aí, você, amigo leitor, leitora, pode se perguntar; e os mortos? O que eles ganharam com isso?

Como dito antes, devemos encarar a natureza pela ótica da imortalidade do espírito humano. De toda maneira, o homem desencarnará, mais cedo ou mais tarde, a grande diferença é que, nesses acontecimentos, muitos desencarnam juntos, constituindo uma expiação para os que partem dos quais reencarnarão novamente, no futuro, e uma prova para os que sobrevivem.

Contudo, além dos flagelos naturais, há os causados pelo próprio homem, devido a sua imprevidência, omissão e egoísmo, recebem o efeito do que causaram, mais cedo ou mais tarde. Atualmente, estamos passando por um período semelhante a isso. A epidemia do Coronavírus, é um flagelo causado por nós mesmos, através de ações humanas mal sucedidas, com o objetivo de beligerância. Podemos considerá-lo então como um flagelo antropológico, e por isso mesmo, estamos colhendo o que plantamos. Deus para nos provar deixa que nós colhamos o resultado de nossas ações e que nosso orgulho seja ferido, para que enfim tenhamos responsabilidade por nossos atos coletivos.

Ainda segundo os espíritos superiores, os efeitos bons dos flagelos naturais, geralmente, somente as gerações futuras desfrutarão. Como foi o caso da Peste Negra, falado supra. Ela foi causada pelo uso excessivo dela como arma de guerra, pois os exércitos inimigos costumavam jogar cadáveres com a moléstia, dentro dos lugares onde tentavam dominar, sem perceberem que, mais cedo ou mais tarde, se contaminariam também. Muitos desses soldados voltavam depois de guerras cruéis, a suas cidades de origem, totalmente contaminados com a doença que era extremamente contagiosa, que encontrou caminho fácil devido a ignorância e obscurantismo da Idade Média, conhecida também como a Idade da Trevas.

Depois de milhões de mortos, os sobreviventes de tal sinistro, se voltaram para a ciência e a filosofia, derrubando finalmente a Idade das Trevas e criando o período do Iluminismo, do qual pregava o conhecimento e a ciência como salvadoras da humanidade. O mesmo aconteceu, de certa forma, com a destruição de Pompeia. Depois do ocorrido, um sobrevivente da destruição, chamado Plínio, relatou o que presenciou em um livro, explicando o que tinha acontecido dias antes do ocorrido. Segundo ele, o Vesúvio deu sinais claros de que iria explodir, soltando uma fumaça negra e criando pequenas erupções que o povo da época, orgulhoso e hedonista, se limitou a fazer oferendas a Efestus, um antigo deus romano, para que ele se acalmasse.

O livro de Plínio – o sobrevivente, ficou tão famoso e seminal, que até hoje alguns fenômenos vulcânicos levam o seu nome, como as famosas “Erupções Plinianas”. Graças a ele, populações inteiras ao redor do mundo e através da História foram salvas, devido somente a um homem que, providencialmente, usou de inteligência. Inteligência essa que seus contemporâneos haviam esquecido.

Há então, dois tipos de flagelos; os naturais, dos quais o homem realmente não tem como fugir, somente encarar com coragem, emprenho e fé em Deus. E os flagelos antropológicos, ou seja, causados por nós. Um nós podemos deter ou conjurar somente nos melhorando moral e intelectualmente. O outro somente podemos encarar com coragem e fé, reconhecendo a onipotência de Deus na natureza, pedindo para que Ele tenha piedade de nós, até por que, a própria lei de destruição nos mostra que tudo passa, como bem frisou Emmanuel, pela pena de Francisco Candido Chico Xavier:

Todas as coisas, na Terra, passam… Os dias de dificuldades, passarão… Passarão também os dias de amargura e solidão… As dores e as lágrimas passarão. As frustrações que nos fazem chorar… um dia passarão. A saudade do ser querido que está longe, passará.

Dias de tristeza… Dias de felicidade… São lições necessárias que, na Terra, passam, deixando no espírito imortal as experiências acumuladas.

Se hoje, para nós, é um desses dias repletos de amargura, paremos um instante.

Elevemos o pensamento ao Alto, e busquemos a voz suave da Mãe amorosa a nos dizer carinhosamente: isso também passará…

E guardemos a certeza, pelas próprias dificuldades já superadas, que não há mal que dure para sempre.

O planeta Terra, semelhante a enorme embarcação, às vezes parece que vai soçobrar diante das turbulências de gigantescas ondas.

Mas isso também passará, porque Jesus está no leme dessa Nau, e segue com o olhar sereno de quem guarda a certeza de que a agitação faz parte do roteiro evolutivo da humanidade, e que um dia também passará…

Ele sabe que a Terra chegará a porto seguro, porque essa é a sua destinação.

Assim, façamos a nossa parte

o melhor que pudermos, sem esmorecimento, e confiemos em Deus, aproveitando cada segundo, cada minuto que, por certo… também passarão…”

” Tudo passa……….exceto DEUS!”

É o suficiente!

Autor: Wanderson Silva

É muito importante que todos cuidemos de nossos corpo físico seguindo as recomendações do Ministério da Saúde


21 abril 2020

“Um fanático espírita é uma aberração”, diz Herculano Pires - Léia Tavares




"UM FANÁTICO ESPÍRITA É UMA ABERRAÇÃO"


Difícil apresentar em tão poucas linhas o entrevistado desta edição. Por onde começar? Jornalista, poeta, filósofo, educador, Herculano Pires está entre os grandes pensadores da Doutrina Espírita. Foi um dos responsáveis pela tradução das obras da Codificação para o português, escreveu mais de 80 títulos entre filosofia, ciência, parapsicologia, poesia, romance e infantis. Era assumidamente um escritor compulsivo.

Nascido em Avaré, interior de São Paulo, em 25 de outubro de 1915, aos noves anos Herculano escreveu seu primeiro soneto; já na adolescência, aos 16, publicou Sonhos Azuis (contos), seu primeiro livro. Durante os anos que se seguiram, Herculano ingressou na carreira jornalística. Escreveu para diversos órgãos da imprensa, tornou-se presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo e fundou o Clube dos Jornalistas Espíritas de São Paulo. Durante quase 20 anos, manteve uma coluna nos Diários Associados com o pseudônimo de Irmão Saulo, na qual divulgou diariamente os preceitos espíritas na imprensa leiga.

Nesta edição, resgatamos uma entrevista que Herculano Pires concedeu ao primeiro Anuário Espírita, em 1964. Naquela ocasião, o jornalista e filósofo foi questionado sobre diversos temas: parapsicologia, tradução das obras da Codificação, filosofia e fanatismo. “Do ponto de vista espírita, um fanático espírita, é uma aberração, porque o Espiritismo, está sujeita ao exame crítico. Onde se fala de crítica, no sentido exato do termo, que é o do exame aprofundado e sereno das coisas, não há lugar para manifestações de fanatismo”, disse o escritor.

Herculano Pires morreu em 9 de março de 1979, após sofrer um ataque cardíaco. Para quem tiver interesse em conhecer mais a seu respeito de sua vida e obra, em São Paulo, foi inaugurada, em 2004, a Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires. A instituição tem por finalidade conservar o acervo do escritor. A sede fica na mesma casa onde Herculano viveu, e permanece como na mesma época. Lá o visitante pode encontrar livros, fotografias e objetos pessoais de Herculano Pires. Nestas páginas, ao ler esta entrevista, mesmo quem nunca ouviu falar de Herculano Pires consegue perceber a profundidade de seu conhecimento.

Quais os pontos em comum entre Espiritismo e parapsicologia?

A parapsicologia é o estudo científico, por meio de experiências de laboratório, dos fenômenos espíritas. Os pontos em comum são, portanto, o objeto e a finalidade dos estudos, pois tanto o Espiritismo quanto a parapsicologia investigam os mesmos fenômenos e procuram explicá-los. A diferença entre ambos é que a parapsicologia age no plano das ciências físicas, empregando métodos de investigação comuns a e,div>ssas ciências, enquanto o Espiritismo, como assinalou Allan Kardec, sendo uma ciência espiritual emprega outros métodos.

Por que alguns espíritas conhecedores dos princípios doutrinários do Espiritismo se preocupam com a divulgação dos conhecimentos parapsicológicos?

Considero-me entre os espíritas que se interessam não em demasia, mas de maneira necessária, pelo estudo e divulgação da parapsicologia. Não sou conhecedor profundo da doutrina, mas julgo-me bem intencionado. É claro que, sendo a parapsicologia a primeira ciência oficial, se assim podemos dizer, interessar-se, séria e profundamente, pela investigação dos fenômenos espíritas, devemos interessar-nos por ela. Temos mesmo o dever de acompanhar o seu desenvolvimento e dar-lhe a nossa contribuição. Como diz o professor Joseph Banks Rhine, conhecido como o “pai da parapsicologia”, é ela a primeira ciência a revolucionar o mundo fechado das ciências oficiais, revelando a existência de “um universo extrafísico”. Basta dizer que a parapsicologia já provou, cientificamente, a existência de fenômenos espíritas: a telepatia, a clarividência, a precognição (profecia), e a psicocinesia (ação da mente, e portanto do espírito, sobre a matéria). E com isso se apresenta, também, como nova porta aberta ao conhecimento da realidade espiritual, para aqueles que não querem entrar pela porta do Espiritismo, em virtude de sua formação científico-materialista.

Qual a diferença fundamental entre parapsicologia e metapsíquica?

A diferença entre parapsicologia e metapsíquica não é fundamental, mas superficial. Consiste apenas na metodologia. A metapsíquica enfrentava os fenômenos espíritas por meio da chamada investigação qualitativa. A metapsíquica se interessava pela qualidade dos fenômenos; a parapsicologia, sem poder, evidentemente, deixar de lado o critério qualitativo, interessa-se fundamentalmente pela quantidade, segundo o critério geral da investigação científica materialista. O método quantitativo da investigação parapsicológica consiste na repetição exaustiva das experiências, para a verificação da existência ou não dos fenômenos, por meio de controle estatístico das ocorrências nas bases do cálculo de probabilidades.

Por que Allan Kardec se serviu do método dialético ao organizar O Livro dos Espíritos?

Kardec serviu-se do método dialético de exposição, mais propriamente chamado de método dialogado, por uma questão de fidelidade ao texto dos Espíritos, que lhe era dado em formas de respostas. Não havia e não há nenhum inconveniente nesse fato. O diálogo é uma forma tradicional e fecunda de exposição filosófica.
Na tradução que você fez de O Livro dos Espíritos, da Lake, há uma note que nega a Doutrina Espírita seja um sistema filosófico (conjunto fechado de idéias concebidas para explicar os fenômenos). Por quê?
Quem nega o caráter sistemático do Espiritismo é o próprio Kardec nos “Prolegômenos” de O Livro dos Espíritos; quando diz que o livro foi escrito “por ordem e sob ditado dos Espíritos Superiores, para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, livre dos prejuízos do espírito de sistema”. Isso não quer dizer que não haja um sistema doutrinário espírita, o que seria absurdo. Toda doutrina é um sistema. Mas, há sistemas livres, dinâmicos, e sistemas fechados, estáticos.

Qual a diferença entre esses dois tipos de sistemas?

Os sistemas livres correspondem ao espírito da filosofia; já os sistemas fechados, ao espírito das religiões. Como a filosofia nasceu da religião, e esta era, interpretada sempre de forma rigidamente sistemática, durante muito tempo os filósofos elaboraram grandes sistemas filósofos elaboraram grandes sistemas filosóficos, que fizeram época. No tempo de Kardec, os sistemas filosóficos imperavam. O sistema de Hegel (1770-1831), por exemplo, e o de Tomás de Aquino (1225-1274). E nesse mesmo tempo surgiam dois novos sistemas: o positivismo e o marxismo. Eram o que podemos chamar “sistemas-sistemáticos”, construções dogmáticas do pensamento. Os Espíritos Superiores indicaram a Kardec a inconveniência dessas construções, que encarceravam o pensamento em determinados princípios. Daí a formulação por Kardec de um “sistema não-sistemático”, ou seja, livre “dos prejuízos do espírito de sistema”. Uma doutrina que, à maneira do Evangelho, se constituía de orientações gerais do pensamento. Este é um aspecto que nos revela a perfeita atualidade do Espiritismo, no plano filosófico.

Um fanático espírita pode ser pior que um fanático de outras religiões?

Do ponto de vista espírita, um fanático espírita, é uma aberração, porque o Espiritismo é uma doutrina racional, que não comporta fanatismo. Já vimos que a fé, no Espiritismo, está sujeita ao exame crítico. Onde se fala de crítica, no sentido exato do termo, que é o do exame aprofundado e sereno das coisas, não há lugar para manifestações de fanatismo. Kardec já dizia, porém, que o entusiasmo excessivo é mais prejudicial à Doutrina que as campanhas dos adversários. Se entendermos por fanatismo o exagerado entusiasmo de certas pessoas, não há dúvida que isso é mais prejudicial à Doutrina do que o fanatismo dos que a combatem.

Quais erros os diversos tradutores dos livros de Kardec cometeram?

Erros de tradução sempre existem, mesmo nas melhores obras. Quando traduzi O Livro dos Espíritos, minha intenção não foi a de corrigir os outros tradutores, mas a de trazer uma tradução nova, mais adequada ao estilo atual. É claro que aproveitei a oportunidade para tentar algumas correções, mas o editor me castigou, lançando uma edição mais cheia de erros gráficos de que todas as anteriores. Não foi, porém um castigo à vaidade, pois não pensei jamais em traduzir melhor do que os outros. Pelo contrário, os outros me abriram caminho e muito me ajudaram. As correções que tentei não eram de importância fundamental. Podiam ter sido feitas nas revisões de cada nova edição. Em alguns livros, porém, como A Gênese, há erros mais sérios. Onde Kardec escreveu: “as religiões sempre foram instrumentos de dominação”, saiu em português: “demolição”. Coisas assim podem ser erros gráficos, e não propriamente de tradução. O que falta, como se vê, é mais cuidado com a publicação das obras de Kardec.

Qual o texto mais admirável que encontrou nas obras de Codificação?

Toda a obra de Kardec é um admirável monumento de lógica e espiritualidade. Não obstante, é justo que um trecho ou outro se imponha à preferência do estudante. De minha parte, considero particularmente admiráveis pela fluência e clareza do estilo, a precisão expositiva, a riqueza da argumentação e profundidade conceitual, os seguintes trechos: capítulo V da 2ª parte de O Livro dos Espíritos, intitulado “Considerações sobre a pluralidade das existências”; capítulo I e II da introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, respectivamente intitulado “Objeto desta obra” e “Autoridade da Doutrina Espírita”; e o capítulo VI de A Gênese, intitulado “Uranografia Geral”, comunicação de Galileu através de Camille Flammarioon, um dos trechos mais discutidos, e entretanto menos estudado, de toda a Codificação, revelando profundidade filosófica, e beleza poética do mais alto grau.

Léia Tavares

Para saber mais – J. Herculano Pires; de Jorge Rizzini Paidéia; Anuário Espírita 1964. IDE.

20 abril 2020

Pretensão Descabida - Orson Peter Carrara



PRETENSÃO DESCABIDA


Nada como o tempo para colocar à mostra nossa fragilidade humana, a visão limitada das ocorrências e a imaturidade que nos caracteriza o comportamento, iludindo-nos em pretensões, que depois mais tarde com a experiência dos anos, percebemos o quanto necessitamos de amadurecimento no trato com as variadas questões da vida humana.

Isso vale para tudo. Nem é preciso dizer. Na experiência familiar, na vida profissional ou nos demais segmentos de atividades a que nos dedicamos nos relacionamentos humanos, o tempo é sempre o maior aliado, trazendo realidades que nem sempre enxergamos no ardor das paixões e dos apegos que ainda nos permitimos, iludidos de vaidades.

Aquele personagem nasceu em família espírita e, desde pequenino, esteve com os pais, envolvido com as contínuas e crescentes atividades da instituição a que a família se vinculava.

Vivenciado as várias fases do próprio desenvolvimento pessoal, na idade adulta chegou à Presidência da mesma instituição e viveu período muito produtivo e intenso de atividades, exercendo a função por vários mandatos, adquirindo sim vasta experiência e, de certa forma, envolvendo a região em eventos doutrinários memoráveis, com vasto intercâmbio com renomados palestrantes e tarefeiros espíritas da região e do país, tornando a pequena cidade e a própria instituição em foco irradiador de motivação para o estudo e a vivência doutrinária.

Realidade que construiu graças a operosa equipe envolvida no mesmo objetivo.

Porém, nessa época de entusiasmo e alegria pelos frutos colhidos em abundância, um expressivo equívoco foi cometido. Uma afirmação descabida, pronunciada talvez por exagerado entusiasmo e até certa ingenuidade, traria lição de profundo aprendizado. Afirmou nosso personagem que seu desejo era “fazer da instituição um modelo para outras”.

A partir dessa pronúncia iniciaram-se as tempestades, que atingiram a instituição e seus trabalhadores de forma intensa, repetindo-se em situações que abalaram os relacionamentos, criando verdadeiro caos, que trouxe anos de aflições e tensões de vulto, que, de uma forma ou outra, atingiram a toda a equipe, desestruturando quase que por completo os trabalhos em andamento.

Atualmente, olhando-se pelo retrovisor, percebe-se a pretensão descabida da afirmação infeliz. Claro que não foi a frase em si, mas o sentimento que a norteou. Talvez uma vaidade, talvez um orgulho, que acionou o gatilho próprio desencadeador das crises comuns que surgem para nos amadurecer.

Pretensão descabida sim. Nenhum de nós (ou a instituição que dirigimos) é modelo para ninguém, considerando nossa condição de aprendizes ainda iniciantes. Somos ainda frágeis, imaturos, para nos auto promovermos à condição de condutores capazes, eficazes, infalíveis, como se nossa suposta capacidade nos autorizasse a tais posturas, cuja autoridade moral ainda não foi adquirida. Em todos os lugares está a fragilidade humana que se reflete de várias formas nos variados segmentos. Daí as crises sociais abundantes.

Vendo a lição e o rumo real dos fatos, o aprendizado foi enorme, expressivo, assimilado, que funciona hoje como autêntica vacina contra pretensões que possam se insinuar. A lição foi dura, mas previne hoje dos perigos e ciladas da ilusão. Ninguém é melhor ou pior do que ninguém. Somos todos iguais na origem e na destinação, ainda que diferentes nas bagagens, experiências ou tendências e gostos. Cada um no seu tempo, na sua experiência, mas todos ainda frágeis e limitados. Iludir-se com nomes ou cargos, situações temporárias – como são todas as que vivemos – ou ocorrências tolas que são tão comuns, criar expectativas ou alimentar tolices bem dispensáveis, é bem caminhar para decepções futuras.

Por isso, aprendamos com as lições vivas da experiência trazida pelo tempo. Pretensões descabidas a nada levam. Só fomentam aflições.

Claro que não foi a frase, há vários fatores envolvidos em toda a ocorrência, com aprendizados para todos. Para o personagem, todavia, olhando no tempo agora, a lição foi expressiva, convidando à prudência e cuidado nas afirmações prematuras que nos permitimos sem reflexão. Intenção foi nobre. Equívoco esteve na pretensão. E talvez nem tenha sido pretensão, mas entusiasmo irrefletido, outro cuidado que se deve ter.

O personagem citado, caro leitor, quem é? Pode ser qualquer um de nós...


Por Orson Peter Carrara

19 abril 2020

Liberdade! Liberdade! - Divaldo P.Franco





LIBERDADE! LIBERDADE!


Refere-se às surpresas do quotidiano, no que diz respeito aos acontecimentos durante a existência física.

Fatos aberrantes chocam-nos a cada momento e, através da Imprensa em seus vários aspectos, o noticiário surpreende-nos com ocorrências inimagináveis, que se vão tornando comuns em nosso processo de relacionamentos sociais.

Mais recentemente, todas pessoas sensatas, religiosas ou não, fomos surpreendidos com o escândalo satírico, em torno das figuras históricas e nobres de Jesus, Seus familiares e seguidores mais próximos.

Em nome da liberdade de pensamento e de expressão um grupo, repetindo-se em perversões chocantes, tenta denegrir o Homem de Nazaré, assim como todos aqueles que com Ele conviveram, em cenas vulgares de uma vileza moral que nos obriga a entretecer os comentários que seguem.

Essas pessoas permitem-se liberdades libertinas, confundindo-as e azorragando a cultura e a arte com baixeza moral alarmante.

Esses artistas que navegam contra a correnteza da Historia e da Ética dos bons costumes chegam ao despautério de ver todos os membros que envolvem Jesus, Ele inclusive, como portadores das chagas mais ultrizes que, certamente, são familiares aos sentimentos que se transferem deles na atualidade e atirados nos homens e mulheres do pensamento cristão inicial.

Têm, sim, um propósito destrutivo esses indivíduos anarquistas. Na falta de cultura e de arte para combaterem os nobres ideais com outros que lhes sejam superiores, rebaixam-nos à própria condição. Aquele que dividiu a História com a Sua existência ímpar e atraiu ao holocausto por aproximadamente trezentos anos, mais de um milhão de pessoas de todas as classes sociais e culturais é inatacável.

Certamente essa visão atormentada não afeta a mensagem do Evangelho e muito menos o Seu autor, mas perturba as gerações novas despreparadas para o respeito ao próximo e à sociedade, criando um campo de tormentos morais mais servis do que aqueles que hoje arrastam multidões desassisadas.

Ninguém tem o direito de agredir impunemente as crenças e os ideais dos outros, especialmente aqueles que os não têm nenhuns, que se caracterizam pela zombaria, autodestrutivos e enfermiços.

O meu silêncio diante das ofensas propositais e patológicas ao Mestre venerado por mais de um bilhão de homens e mulheres de todo jaez, será anuência à perversão e indignidade de que se reveste o ataque deplorável, perpetrado por esse grupo que elegeu a porta do fundo para se fazer conhecido.

Apresento, deste modo, o meu repúdio pessoal à anticultura e devassidão desses apóstolos da era de decadência da sociedade que perdeu o rumo da razão e dos deveres morais.


Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, 09 de janeiro 2020.

18 abril 2020

O Movimento Espírita e a Cultura de Cancelamento - Jaime Ribeiro



O MOVIMENTO ESPÍRITA E A CULTURA DE CANCELAMENTO

Como estamos vivendo o Cristo nas redes sociais e nas nossas instituições?

Você já foi cancelado? Muito provavelmente sim. Em especial se for um trabalhador atuante no Movimento Espírita, um palestrante ou escritor.

Cancelar é a palavra nova que se usa para dizer que a pessoa não merece atenção, não é digna de voz ou visibilidade e merece ser ignorada por todos. Significa quase uma sentença de morte declarada pelo tribunal das bolhas sociais que tomou uma proporção assustadora por causa da internet. É o homem tentando mais uma vez se passar por Deus e julgar aquilo que lhe desagrada. Em uma palavra: é não ser cristão.

Na internet virou mania cancelar alguém por ter falado alguma coisa ou até mesmo por ter aparecido ao lado de alguém que os julgadores não gostam.

Muito antes da invenção das redes sociais, nós espíritas já cancelávamos alguns dos nossos irmãos. Palestrantes cancelados porque citaram um determinado autor, trabalhadores cancelados porque ousaram sugerir mudanças em processos da Casa Espírita, outros cancelados porque já não conseguiam mais abraçar o trabalho voluntário de todos os dias da semana e também aqueles que escreveram livros e foram cancelados porque "os julgadores" entenderam que ele não podia escrever sobre o que quisesse, mas sim pelo que era exigido pelos canceladores.

Já vimos grandes palestrantes cancelados porque um dirigente ouviu fake news sobre ele e decidiu que deveria conspirar para que não participasse de grandes eventos. Que bom que o tempo se encarregou de mostrar a verdade, mas nem todos tem essa oportunidade.

Fiquei sabendo que o trabalhador de um Centro Espírita foi cancelado porque sugeriu ao presidente que a descarga do banheiro deveria ser consertada.

Recentemente, vimos julgadores das redes sociais tentando cancelar nosso querido Divaldo Franco, por causa de opiniões que emitiu sobre determinados acontecimentos do nosso país. Já teve até gente que aproveitou para falar sobre um comentário que ele fez usando metáforas como anjos e o emprego da palavra temor para tentar desqualificar o conteúdo. Como se ele precisasse de uma aula de princípios básicos do Espiritismo para entender o que Allan Kardec escreveu no livro O Céu e o Inferno. Em tempo, pelo que conhecemos de Divaldo Pereira Franco, se alguém, fosse apontar esses "erros" para ele, a resposta seria de "muito obrigado pela gentileza em me falar" seguida de um sorriso. Diferente do que uns poucos falam, ele sempre rejeitou a posição de estrela de qualquer coisa. Felizmente, os canceladores podem até tentar destruir a reputação de um homem de moral ilibada, mas a sua obra é tão grandiosa que seriam preciso 500 anos de ataque de haters* se manifestando na internet para que algum eco fosse capaz de abalar um tijolinho de sua obra. Cada vez que eu lia algum deles falar mal da opinião do Divaldo, mais eu lembrava de sua obra e do que ele fez, incansavelmente, por todos nós e pelo Espiritismo. Meu agradecimento especial para esses irmãos, que por meio da tentativa de cancelar um ser humano tão especial e necessário ao nosso tempo, nos ajudou a lembrar o que ele significa para todos nós. Deu até saudade. Já tem mais de seis meses que não tenho a alegria de estar com ele.

Esse tipo de situações não acontece só no campo do pensamento e ideias. Nas instituições de caridade também estão cancelando pessoas.

Uma jovem executiva que é voluntária em uma ONG foi cancelada porque sugeriu aos colegas um projeto básico de gestão. Seus pares não acreditavam que os controles eram necessários e falaram que a gestão "profissional" dos recursos seria um risco à essência do sentimento de amor e caridade que uniam as pessoas envolvidas. Ninguém mais a procurou ou respondeu às suas tentativas de contato para o trabalho. Em silêncio, ela continuou servindo, mas ainda sente o gosto amargo que fica em quem está com o coração cheio de amor para servir e é cancelado por um sistema que não permite novas ideias, e não está preparado para acolher pessoas capazes de propor outros caminhos.

Sugerir melhorias e novas práticas tem sido um caminho certo para o cancelamento. Por essa razão, muitas pessoas vão embora das instituições. Contudo, infelizmente, a dor do desapontamento segue com elas.

Por toda parte, temos ouvido relatos de pessoas que pagaram o preço do cancelamento nas Casas Espíritas pelos mais variados motivos. Surpreendentemente, a maioria deles estão relacionados a intolerância religiosa, resistência ao novo nas instituições e inveja.

Na intolerância religiosa interna, julgamos o diferente como inimigo e passamos a rotular a todos. Espíritas deixam de ser apenas irmãos e recebem adjetivos complementares de "roustainguistas", "ramatizistas", ignorantes e outras coisas que agora nem me vem à mente.

A resistência a inovação é o movimento que usa a tradição erroneamente para transformar a Casa Espírita em uma instituição deslocada do nosso tempo, apegada ao passado e incapaz de acompanhar as possibilidades do século XXI. Por causa desse movimento, que é completamente afastado da forma como Kardec se apoiava nos recursos de seu tempo, o uso sério da tecnologia para melhorar a metodologia pedagógica e a difusão da obra Espírita, a melhoria dos ambientes físicos para que os ambientes sejam mais agradáveis e confortáveis, são necessidades básicas que ainda não alcançaram a maioria das instituições. Continuamos sendo uma Doutrina do século XIX, praticadas em casas do século XX e vivida por pessoas do século XXI. Algum outro palpite do motivo pelo qual os jovens não se encaixam?

Claro que a energia da casa é mais importante que tudo. Contudo, se a modernidade já ensinou a cafeterias, universidades, escolas e museus ao redor do mundo, sobre a importância da experiência das pessoas quando estão dentro de um ambiente, por que não podemos fazer o mesmo para proporcionar o bem-estar de quem está no Centro Espírita?

A inveja é mais simples de explicar. Ela acontece quando as pessoas admiram o que você faz e se sentem incomodadas com isso. Por causa desse incomodo, pessoas que brilham podem ser canceladas.

Não precisamos de sermões nem de citações do Evangelho do Cristo para sabermos que nada dito acima condiz com o modelo de comportamento que Jesus nos deixou como legado.

A sociedade que cancela é uma sociedade que julga e está doente.

O Espírita que cancela um irmão deveria lembrar que faz parte de um movimento de resgate da mensagem do Cristo.

Como Emmanuel nos falou, os espíritos vieram em massa para nos apoiar na tarefa de propagação do Evangelho redivivo.

É sério que alguém acha que o pão que doou é mais urgente para o Cristianismo do que a união dos Espíritas e a empatia com quem é diferente de nós?

Particularmente eu não quero saber se você lê um livro que não gosto, se você tem uma opinião política diferente da minha ou se você não leu a codificação de Kardec toda. Existe muita gente capaz de citar de cabeça cada pergunta de O Livro dos Espíritos, mas ataca instituições e pessoas em nome da verdade. Isso me lembra bastante os enganos da Igreja do passado. Talvez sejamos os mesmos inquisidores reencarnados que estamos repetindo nossos erros. A diferença é que naquela época a Igreja cancelava monarquias e pensadores, tentando sumir com eles da história, hoje estamos usando recursos menos poderosos como a fofoca e cancelamento nas redes sociais e nos convites para os eventos.

Espíritas: amai-vos e instrui-vos. Instruir não é ler apenas as obras básicas, é ser capaz de identificar movimentos modernos que nos afastam dos nossos valores e princípios.

Espírita que cancela pode se considerar estudioso, pode ser palestrante, pode ter milhões de seguidores, mas está sucumbindo em executar a missão de amor a qual se propõe.

O Espiritismo não precisa de advogados, ele precisa de agentes de transformação do mundo.

Deus que nos perdoe em continuar causando dor ao nosso próximo.

Se você não concordou comigo, por favor não me cancele. Tem gente que diz que não sente, mas quando chega a noite e eu deito na cama para dormir, eu sinto a dor da intolerância tocar o meu coração.


Jaime Ribeiro
Fonte: Intelitera

haters* São pessoas que sempre irão criticar e tentar desvalorizar o trabalho ou a vida do indivíduo que ele “odeia”, mesmo que não tenha reais motivos para isso.