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31 maio 2009

Nossa Hora - Momento Espírita

Nossa Hora

Era um dia como outro qualquer. As malas do casal já estavam prontas desde o dia anterior.

Despediram-se do único filho e saíram em viagem para participar das festividades do casamento de uma sobrinha, que residia em Estado vizinho.

Tão logo se distanciaram do lar, a esposa pediu ao marido que retornasse, pois gostaria de despedir-se do filho. O marido a fez lembrar que já o haviam feito, mas ela insistiu.

Aquela mãe sentia que não voltaria a rever o filho amado, nem iria estreitá-lo num abraço apertado na presente existência. Sentia que aquela viagem era definitiva. De alguma forma ela pressentia isso.

O marido, um tanto contrariado, atendeu ao pedido da esposa e voltou. O filho, ao vê-los, pensou que se haviam esquecido de algo.

Mas a mãe logo o envolveu num suave abraço maternal, como a dizer-lhe adeus. Como quem se despede sem saber quando voltariam a reencontrar-se novamente.

Seguiram viagem, participaram das festividades, reviram os parentes, e por fim, o retorno.

Antes porém, a esposa pediu ao marido que fizesse uma prece, ao que ele respondeu que já havia orado, que o fato de não abraçarem a mesma religião não o fazia menos crente em Deus.

Ao longo da viagem, por várias vezes estiveram na iminência de um acidente, mas conseguiram sair ilesos.

No entanto, quando a ordem vem do Alto, nada, nem ninguém pode impedir.

Mais um perigo, e dessa vez foi impossível evitar... A esposa ficou entre as ferragens do veículo, e o marido sofreu apenas pequenos arranhões.

Aquela mãe e esposa pressentia que já era hora de fechar a mala e retornar à pátria espiritual.

Alguns meses depois de sua partida, um médium espírita, amigo da família, que a conhecera ainda no corpo, trouxe a notícia de que a havia visto no mundo espiritual, que ela estava bem, feliz por ter deixado na Terra dois homens: o marido e o filho.

Feliz não por tê-los deixado, mas por tê-los deixado bem. O filho já moço e o marido bem orientado. Cumprira a sua missão de esposa e mãe.

* * *

Fatos como esse acontecem diariamente. Uns voltam à pátria espiritual pelas portas do túmulo e outros tantos chegam pelas portas do berço.

Mas a questão é se estamos preparados, ou se preparamos os nossos entes caros para quando chegar a nossa hora. Que ela chegará, não nos resta dúvida, mas quando chegará não sabemos.
É importante que vivamos sempre em harmonia com nossos afetos, para que o remorso não nos dilacere a alma, depois da partida.

É preciso que deixemos as nossas coisas sempre em ordem, não esperando a morte, mas com previdência, para que em chegando a nossa hora, não deixemos os nossos em situações difíceis.

Será que nós, que temos filhos, temos procurado edificar suas vidas de forma que quando não tiverem mais a nossa presença saibam tomar decisões acertadas?

Ou será que os mantemos em total dependência nossa?

Pensemos nessas e noutras questões, e sejamos de fato previdentes. Deixemos a nossa mala sempre arrumada para quando chegar a nossa hora, a fim de que evitemos dissabores mais tarde.

* * *

A preocupação com os afetos que ficaram é uma das causas de sofrimento para o Espírito desencarnado.

A maioria dos que partem diariamente nunca se preocupou em deixar em dia seus negócios, papéis e as relações de afeto. Por isso sofrem quando se dão conta de que é tarde demais.

Muitos dariam tudo que lhes fosse possível, pela oportunidade de algumas palavras com os entes caros, com intuito de alertá-los para a realidade que a todos nos aguarda após a aduana do túmulo.

Acontece como na Parábola de Lázaro e o Rico, narrada nos Evangelhos. O rico, deparando-se com a realidade após a morte, queria voltar para falar aos familiares para que mudassem o rumo de suas vidas.

Mas o Espírito de Abraão disse-lhe que ele tivera tempo para isso, e que seus familiares tinham os Profetas, que os ouvissem portanto.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita

30 maio 2009

Quem é Digno? - Momento Espírita

Quem é Digno

Preconceito é o conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos. É um pré-julgamento.

Justamente por se tratar de um conceito exarado de forma aleatória, tem sido causador de muitas injustiças.

Por causa do preconceito racial, guerras foram desencadeadas. Nações se arvoraram como superiores a outras e submeteram à escravidão os julgados inferiores.

Por causa do preconceito, a criança mais agitada ou sagaz, o canhoto, o diferente foi tido como merecedor de castigo. Simplesmente por destoar dos demais.

O preconceito separa as pessoas, segrega comunidades e entrava o progresso.

De se estranhar, portanto, quando o preconceito vige entre os que se afirmam religiosos.

Preconceito entre adeptos de religiões diferentes, julgando-se uns credenciados com exclusividade ao reino dos céus, apontando formas de infelicidade aos que não seguem a mesma expressão de fé.

A questão assume proporções mais graves quando se observa o mal estar causado pela presença de determinadas pessoas no templo de uma ou outra denominação religiosa.

Como, comenta-se, Fulano, com uma ficha de tantos desacertos, ousa adentrar o templo religioso? Como pode, com tantos erros?

Quando tais disparates são expressos, nos recordamos de que, se os cristãos primitivos assim agissem, jamais teríamos conhecido o inigualável valor de Paulo de Tarso.

Ele trazia as mãos tintas do sangue da primeira execução de um seguidor de Jesus.

Ele era o perseguidor da Boa Nova.

Mas o perseguidor se torna arauto do Evangelho. E perseguido, dará testemunho da Verdade, até a morte.

A ele se deve a propagação do Evangelho além-fronteiras de Israel.

Jesus dizia que Ele não viera para os sãos, porque esses não necessitam de médico.

Eu vim para as ovelhas perdidas, afirma, mais de uma vez. Por isso, quebra as barreiras do preconceito e tem um encontro com a Samaritana, no Poço de Jacó.

Cura o servo do centurião romano, e louva-lhe a conduta, confessando publicamente jamais ter encontrado, em Israel, tal expressão de fé.

Aceita convites para as refeições e se faz presente em casa de ex-leprosos e publicanos. Anda com mulheres tidas como de má vida.

Concede entrevistas ao doutor da lei, ao jovem rico, à mulher do intendente de Herodes.
Todos são credores do Seu amor e da misericórdia do Pai.

* * *

Se nosso Modelo e Guia assim procedeu, pensemos quanto mais não devemos nós, ainda tão frágeis, tão problemáticos, olhar com compaixão aos que, como nós, tentam acertar, nem sempre alcançando êxito.

Tanto quanto a ida ao templo de nossa fé nos reabastece de energias, não coloquemos entraves a outrem que busque os mesmos benefícios.

Se há erro, culpa nele, o problema compete à Justiça Divina.

A nós compete o apoio de irmão, o ombro amigo, a caridade da compreensão. Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita

29 maio 2009

Os Pais da Nova Era - Momento Espírita

Os Pais da Nova Era

Como são os pais da nova era?

Que características fundamentais precisam ter esses que carregam tão importante missão?

Conscientes.

Sim, os pais da nova era assim o são.

Conscientes de que os cuidados e a educação que darão aos filhos auxiliarão o seu aperfeiçoamento e seu bem-estar futuro.

A cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?

Conscientes, também, de que seus filhos são Espíritos, que o ser que conduzem em seus braços carinhosos, não passa de milenário viajor da evolução para o Criador.

Sabem que esses Espíritos estão na Terra, sob sua guarda atenciosa, para o esforço da autossuperação, da reestrutura do caráter moral e abrilhantamento intelectual.

Conscientes de que seus exemplos são fundamentais.

As crianças miram-se nas atitudes de seus pais. Uma ação acertada ou desequilibrada fala mais do que mil palavras, ou mil tentativas de explicação verbal.

Presentes.

Sim, os pais da nova era estão presentes nas vidas de seus filhos, como nunca antes estiveram.

Sua presença não é apenas física, mas é sentimentalmente participativa.

Desde a gestação já estão preparando o Espírito para a nova investida carnal.

Desde os primeiros momentos já procuram estar de alma completa na vida cotidiana de seus rebentos.

Se não conseguem passar todo tempo que desejam com eles, aproveitam o pouco tempo que têm e se envolvem profundamente em sua vida de descobertas.

Conhecem as músicas que eles ouvem e cantam; os personagens dos livros que leem, dos filmes que assistem.

Eles curtem cada momento juntos como se fosse o último, sem pressa de acabar, sem estar com os pensamentos em outras preocupações.

Sabem que tudo passa tão rápido, e por isso aproveitam muito cada pequeno prazer, cada pequena grande conquista...

Sensíveis.

Sim, os pais da nova era são sensíveis, expressam emoções com maior facilidade e utilizam frequentemente a empatia.

Demonstram carinho com mais frequência, e optam por uma vida de transparência no lar, onde os sentimentos de todos são acessíveis e devem ser compartilhados.

Não economizam beijos, abraços e palavras positivas, pois sabem que estes são parte fundamental na construção de uma nova personalidade.

O diálogo ganha papel imprescindível nos lares desses pais, pois se apresenta como a porta de entrada para uma vida mais alegre e um convívio mais harmônico.

* * *

Os deveres dos pais em relação aos filhos estão inscritos na consciência.
Evidentemente as técnicas psicológicas e a metodologia da educação tornam-se fatores nobres para o êxito desse cometimento.

Entretanto, o amor, mais que tudo, possui os elementos essenciais para o feliz desiderato.

Redação do Momento Espírita com base no cap. Deveres dos pais, pelo Espírito Joanna de Ângelis, do livro S O S família, por Espíritos diversos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal e no cap. XIV do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb.

28 maio 2009

No Trabalho Profilático - Benedita Fernandes

No Trabalho Profilático

O trabalho do Espiritismo dirigido à humanidade deve atender aos esforços da cura da alma, mas não deverá perder o foco quanto às lidas preventivas em nossa seara.

Tem sido comum a chegada de grandes levas de necessitados às instituições espíritas, tangidas por dramas intensos e dores pungentes, aguardando socorro para toda gama de dificuldades que se abatem sobre as suas vidas.

Ergue-se, porém, a urgência de tratar desses magotes de padecentes aproveitando o ensejo para vacinar a todos com as medicações que o Espiritismo oferece, a fim de se evitar a reincidência dolorosa.

Como é importante no seio do nosso Movimento o atendimento aos sofredores e perturbados da erraticidade, para que sejam liberados de tormentos e conflitos!

Será indispensável, contudo, que haja empenho nosso para que as populações sejam instruídas, orientadas para o bem, a tal ponto que não haja, no futuro, necessidade de novos enfermos desencarnados, tendo em vista que o Espiritismo pode prevenir, no íntimo dos seres, a eclosão das infelicidades que os conduzem às reuniões em que os padecentes são atendidos.

Como é indispensável o labor da evangelização da criança quanto do jovem, de modo a termos no porvir do mundo as almas devidamente preparadas, para os embates a serem superados, desde as fases iniciais da reencarnação, o que diminuirá as dores físicas e morais do Planeta!

Com esse mister evangelizador, a criança e o moço de agora lograrão a referida vacinação, considerando-se a condição de carência espiritual em que renasce na Terra a grande massa dos Espíritos.

A profilaxia é importantíssima para que, aos poucos, eliminemos os quadros de dores e de lágrimas de sofrimentos na Terra.

O trabalho da orientação dos mais jovens, desde a atualidade, diminuirá a quantidade de pobres materiais e de desditosos morais, uma vez que, embora o Espiritismo nos inspire o atendimento e o socorro a quem precisa, esclarece-nos, ao mesmo tempo, quanto às razões de haverem chegado à reencarnação com essas carências.

Somente o ensinamento do bem, iniciado no âmago dos lares e fortificado e emoldurado pelo trabalho de verdadeiros bandeirantes do amor fraterno, os evangelizadores, será capaz de dinamizar os planos do Criador para as Suas criaturas terrenas, e será desse modo que o glorioso Espiritismo atenderá, por nosso intermédio, à sua missão de consolador, sem qualquer dúvida, mas, fundamentalmente, expressará a sua marca de Verdade, que deverá acompanhar-nos até os tempos vindouros do Planeta, quando seremos, então, um único rebanho conduzido por um só Pastor, que é o nosso amado Jesus.

Trabalhar, sim, para resolver os enigmáticos dramas do mundo mas prevenir, também e principalmente, pois que há problemas no orbe que já não precisariam mais ocorrer nesses dias venturosos do Espiritismo implantado entre nós.

Benedita Fernandes

Mensagem psicográfica recebida pelo médium José Raul Teixeira, na Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira, no dia 8 de novembro de 2008, em Brasília, DF

27 maio 2009

Vida Transitória - Irmão José

VIDA TRANSITÓRIA

"Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanecer." (Tiago, Cap. 4 - v. 14)

A pergunta de Tiago - "Porque, que é a vossa vida?" - soa como uma trombete aos ouvidos dos que voluntariamente dormem embalados no berço da ilusão... A sua resposta - "É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece" - é a verdade que os homens apegados à vida material não estimam ouvir.

Quantos receiam pensar na morte?! No entanto, não há realidade mais concreta para os que vivem no mundo.

Se os homens soubessem como é frágil a vida no corpo, "um vapor que aparece por um pouco", certamente haveriam de valorizar mais o espírito.

Qual Tiago, Pedro, em sua 1ª Epístola, cap. 1 - v. 24, afirma: Porque toda carne é como erva, e toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor..."

Por mais apego à vida física, o homem não é senhor dos seus dias.

Ninguém sabe precisar com clareza o que o aguarda amanhã.

Basta que uma simples célula adoeça para que um órgão vital seja comprometido.

Um microscópico coágulo numa artéria pode ser o mensageiro da morte.

Uma queda insignificante na via pública, a que todos estão sujeitos no dia a dia, talvez seja o motivo do óbito de quem se considera na plenitude das forças orgânicas.

Quantos deitam-se para não mais se levantar, surpreendidos que são pela morte no próprio leito?!

Para que o homem viva espiritualmente a sua existência física, ele não pode deixar de pensar na proximidade da morte.

Para que o espírito encarnado invista nos valores reais, é necessário que ele considere a transitoriedade dos bens que usufrui, por empréstimo, no mundo das formas perecíveis.

Conta-se que Francisco de Assis, indagado certa vez, quando cuidava do jardim, qual seria a sua atitude se soubesse que morreria no dia seguinte, sem deter-se na humilde tarefa a que se entregava, ele respondeu ao frade que o questionara: "Continuaria regando as minhas flores!..."

Os que vivem em espírito não se perturbam ante a idéia da morte.

Quando os homens se conscientizarem em profundidade de que estão sobre a Terra "por um pouco", eles viverão com senso de eternidade, como os primitivos cristãos que não hesitavam enfrentar a morte nos circos do martírio, porque sabiam que estavam investindo na felicidade futura.

Por isto, repetindo ainda o apóstolo Tiago: "Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos."

Faça o homem agora o que tenciona fazer por sua alma, porque depois já poderá não contar com as oportunidades com que a vida lhe acena neste exato momento.

De "Evangelho e Doutrina",
de Carlos A. Baccelli,
pelo Espírito Irmão José

26 maio 2009

Aflição Vazia - Emmanuel

AFLIÇÃO VAZIA

Ante as dificuldades do cotidiano, exerçamos a paciência, não apenas em auxílio aos outros, mas igualmente a favor de nós mesmos.
Desejamos referir-nos, sobretudo, ao sofrimento inútil da tensão mental que nos inclina à enfermidade e nos aniquila valiosas oportunidas de serviço.

No passado e no presente, instrutores do espírito e médicos do corpo combatem a ansiedade como sendo um dos piores corrosivos da alma. De nossa parte, é justo colaboremos com eles, a benefício próprio, imunizando-nos contra essa nuvem da imaginação que nos atormenta sem proveito, ameaçando-nos a organização emotiva.

Aceitemos a hora difícil com a paz do aluno honesto, que deu o melhor de si, no estudo da lição, de modo a comparecer diante da prova, evidenciando consciência tranquila.

Se o nosso caminho tem as marcas do dever cumprido, a inquietação nos visita a casa íntima na condição do malfeitor decidido a subvertê-la ou dilapidá-la; e assim como é forçoso defender a atmosfera do lar contra a invasão de agentes destrutivos, é indispensável policiar o âmbito de nossos pensamentos, assegurando-lhes a serenidade necessária...

Tensão à face de possíveis acontecimentos lamentáveis é facilitar-lhes a eclosão, de vez que a idéia voltada para o mal é contribuição para que o mal aconteça; e tensão à frente de sucessos menos felizes é dificultar a ação regenerativa do bem, necessário ao reajuste das energias que desastres ou erros hajam desperdiçado.

Analisemos desapaixonadamente os prejuízos que as nossas preocupações injustificáveis causam aos outros e a nós mesmos, e evitemos semelhante desgaste empregando em trabalho nobilitante os minutos ou as horas que, muita vez, inadvertidamente, reservamos à aflição vazia.

Lembremo-nos de que as Leis Divinas, através dos processos de ação visível e invisível da natureza, a todos nos tratam em bases de equilíbrio, entregando-nos a elas, entre as necessidade do aperfeiçoamento e os desafios do progresso, com a lógica de quem sabe que tensão não substitui esforço construtivo, ante os problemas naturais do caminho. E façamos isso, não apenas por amor aos que nos cercam, mas também a fim de proteger-nos contra a hora da ansiedade que nasce e cresce de nossa invigilância para asfixiar-nos a alma ou arrasar-nos o tempo sem qualquer razão de ser.

Autor: Emmanuel (espírito)
Psicografia de Francisco Xavier.
Do livro: Encontro Marcado

25 maio 2009

Viver em Paz - Raul Teixeira

Viver em Paz

Todos nós vivemos num mar de inteligências, que Platão havia dito que era um mar de Eidos, de ideias.

Todos nós pensamos. Nossos pensamentos são ondas e, por causa disso, vivemos nesse mar de pensamentos.

Nesses tempos que estamos vivendo na Terra, há um pensamento que gera muitos outros, mas que é um pensamento central: a paz.

Em toda parte se fala da paz. Mesmo nos continentes, nos países, nas regiões que se acham em guerras, existe o discurso pró-paz.

Curiosamente, muita gente não se deu conta, não se dá conta, do que seja a paz.

A paz, de maneira nenhuma, corresponde à estagnação das águas paradas. Não, isso não é paz, isso é estagnação.

A paz não tem nada a ver com não fazer nada, ficar à toa, com excessivo ócio. Isso não é paz, isso é preguiça.

A paz não tem nenhuma vinculação com a paralisia dos cadáveres, com a inércia dos mortos. Isso é apodrecimento, é putrefação.

A paz é, sob todos os títulos, uma virtude psíquica, uma virtude do ser, da alma, da intimidade.

Paz significará sempre um estado interior em que a criatura que a busca, que a persegue, entra na sintonia das leis cósmicas.

Ser pacífico é a criatura buscar essa integração com o Criador, sob todos os aspectos.

E, a partir disso, ele tratará de cumprir seus deveres para com a vida, em nome da paz.

Em nome da paz, tratará bem as pessoas, terá seus altos e baixos, ficará nervoso muitas vezes, tenso em outras ocasiões mas, tudo isso na busca do aprimoramento, tudo isso no desejo de se aperfeiçoar. É a busca da paz, em si próprio.

É por essa razão que nos damos conta de que, quando alguém está buscando a paz e assume seus compromissos diante da vida, não se vitimiza, não se coloca como vítima da vida, das coisas, dos outros, porque quem está querendo paz, aprende a governar a si mesmo, a governar a sua própria vida, a ser uma pessoa autônoma, a não realizar o bem apenas porque está sendo visto, ou porque alguém o vai aplaudir, ou porque vai ganhar alguma coisa, e deixa de fazer o mal, deixa de cometer erros, somente quando disso adviria uma sanção. Não.

A criatura que busca a paz trabalha esse sentimento na sua própria intimidade. A paz não é um estado em que nada nos aconteça, nada nos sacuda, nada nos atormente. Não, não é essa paz.

Nós que vivemos no mundo, e todos quantos no mundo estamos, precisamos nos dar conta de que a paz tem componentes íntimos indispensáveis.

Primeiro, é necessário que nós queiramos a paz. Não adianta fazer só o discurso da paz. Não nos vale a pena o discurso somente. É importante que, além do discurso, advenha o curso da paz.

Essas três letras representam tanta coisa para a mente humana, para a vida humana, para o mundo em geral, que a maioria das pessoas que proclama o tempo todo paz, ainda não se deu conta do que ela significa.

Para muita gente, a paz tem que ser mantida à base da força, à base das armas. Para outros, a paz é aquele documento que se assina nos gabinetes políticos, os tratados de armistício. Isso não é a paz. São as conveniências políticas.

A paz reclama de nós essa justeza de propósito, esse querer fazer, cumprir com as nossas obrigações, para poder cobrar os nossos direitos.

Atender os nossos deveres para com a vida, para com as pessoas, para com as coisas, a fim de que esses deveres bem cumpridos nos deem acesso aos direitos recebidos.

A paz pede de nós a ação. De nenhuma maneira a paz propõe que sejamos passivos. Pede que sejamos pacíficos. E é por aí que começamos a refletir em torno da paz.

* * *

Pensando na questão da paz, deveremos buscar fazer da nossa vida um campo de paz, um hino de paz, uma proposta de paz.

Quando o Apóstolo Paulo de Tarso propôs que nos tornássemos cartas vivas do Evangelho, muita gente teve dificuldade, e até hoje ainda tem, para compreender esse significado que Paulo quis dar à proposta.

Cartas vivas do Evangelho: como o Evangelho é a Boa Nova, é essa busca de fazer da nossa própria vida um referencial para muita gente que não tem qualquer outra referência.

Por causa disso, quando buscamos a paz tratamos de enfrentar as lutas cotidianas, aquelas lutas que fazem parte das vidas de todas as pessoas, com essa dignidade de quem é pacífico.

Repito que ser pacífico não é ser passivo. O indivíduo passivo é aquele que não se mexe, é aquele que não age, é aquele que espera que os outros façam.

O pacífico é aquele que luta, que corre atrás, que realiza, que resolve, que define, que decide.

Vemos em Gandhi um homem de paz. Mas não era passivo, era pacífico. Lutava, entregava-se, doava-se.

Na nossa vida comecemos a pensar em criaturas assim: que são capazes de promover a paz, a partir de si mesmas, dando conta dos compromissos cotidianos.

Quantas vezes somos assaltados pela enfermidade, dentro do lar? É tão difícil ser pacífico nessas horas, porque o desespero costuma tomar conta das pessoas, tomar conta de nós. Há descrença, pessimismo. E essa paz onde é que está?

A paz precisaria ser a nossa conselheira nessa hora, para que entendêssemos que estamos procurando a Medicina, estamos procurando os atendimentos necessários, estamos dando a cobertura devida; agora, entreguemos a Deus a saúde do nosso ser querido, ou a nossa própria saúde. Isso é ser pacífico.

Outras vezes encontramo-nos diante de acidentes econômico-financeiros, o desemprego. Lutas ásperas, sem dúvida, mas a criatura pacífica não se aterroriza, não se amotina.

A criatura pacífica confia fundamentalmente que coisa alguma em sua vida ocorre sem uma razão de ser. Não se detém, não é passiva, ela corre atrás, vai em busca de resolver o prejuízo, de desfazer o transtorno econômico-financeiro. Mas, por trás disso existe essa certeza de que, no momento devido, tudo se aclarará, tudo chegará ao seu lugar devido, porque, pacífica, a criatura é capaz de entregar a sua mente a Deus, a sua vida ao Criador. Pacífica, como deseja ser.

Vamos perceber que, em outros momentos, nos deparamos com a própria morte. Quanto tormento a desencarnação ainda provoca, para as vidas, para as pessoas que ficam?

Embora as religiões de todos os tempos sempre tenham dito que a morte não existe, parece que isso se tornou um discurso vazio. Parece que os indivíduos escutam, mas não entendem. Parece que a morte só não existe para a família dos outros.

E nos desarvoramos, nos desestruturamos, passamos a pesar sobre o falecido, com a nossa energia negativa, com a nossa energia de auto-vitimização. Desse modo, não colaboramos nem com a paz da criatura desencarnada, e nem com a nossa.

Fazemos orações periódicas pela criatura querida ou amiga, que viajou para o outro lado da vida, como se falar coisas, dizer fórmulas, resolvesse o problema de sua paz espiritual.

Não nos damos conta, muita gente não sabe, que essa energia envenenada que o desespero provoca, atinge os nossos seres queridos falecidos, tira-lhes do caminho da paz, e leva-os ao desespero também.

A paz deve ser uma conquista que cada um de nós irá fazendo gradativamente, no seu dia a dia. Uma tormenta hoje, um nervosismo amanhã, uma irritação depois e, nesses intervalos, o esforço pela paz.

A mesma paz que vimos na vida de Cristo. Foi Ele que nos disse com muita tranquilidade: A minha paz vos deixo, a minha paz vos dou.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 138, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em abril de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 28.12.2008.

24 maio 2009

A Felicidade é desde Mundo - Raul Teixeira

A Felicidade é deste Mundo

Quem é que não deseja ser feliz?

Sem dúvida essa será uma pergunta ociosa, se olharmos os grandes anseios das pessoas.

Todo mundo deseja a felicidade.

O que acontece é que a nossa sociedade provém de algumas culturas ancestrais que estabelecem que Deus gosta dos que sofrem. Parece que somos fadados ao sofrimento.

No século XVIII para XIX, na Europa, surgiu uma doutrina deísta que afirmava ser a doutrina deísta independente.

Por que independente? Porque ela pregava uma independência de Deus em relação à Sua criatura. Dizia que Deus, depois de haver criado o ser humano, viajou para os altos céus e nos deixou na Terra, nos deixou aqui, na Terra, à mercê dos nossos próprios caprichos e nunca mais veio ter conosco.

Por isso, havia essa independência de Deus e nós. E, porque fomos deixados na Terra, ficamos à mercê dos nossos próprios caprichos, ficamos por conta de nós mesmos.

Por causa disso, muita gente passou a afirmar que sofrer é uma contingência da vida material. Deus gosta do sofrimento. Aqueles que sofrem, que choram, são esses os mais amados por Deus. É um equívoco interpretativo.

Nós temos um Pai, que é o mais rico de todo o Universo. Ele é o dono do Universo. Ele é a Inteligência que criou o Universo e nós somos Seus herdeiros.

Como é que o filho de um fazendeiro aqui na Terra se conformaria em ser pobre e não rico como seu pai, e não usufruir das belezas, das benesses, da riqueza de seu pai?

Nós somos os filhos do Grande Autor do Universo. Somos herdeiros das constelações, somos herdeiros das estrelas, somos herdeiros dos mundos que giram na imensidão. Nosso dever é querer ser feliz, é buscar a felicidade.

Naturalmente que não pensaremos como os deístas independentes que Deus nos situou aqui e desapareceu do nosso convívio. Nunca.

Deus está presente em cada um dos nossos momentos, nas nossas lágrimas e nos nossos sorrisos. Deus está aqui, em cada espaço nosso.

É dessa forma que há felicidade que pode ser desenvolvida aqui na Terra. Há felicidades que podem ser construídas aqui na Terra.

É claro que, sendo a Terra um planeta de provas e expiações, um planeta cheio de relatividades, não podemos pensar numa felicidade absoluta. Porque a Terra não é um planeta absoluto, é um planeta relativo.Somos nós, seres relativisados pelo nosso grau de aprimoramento, pelos nossos níveis de imperfeição.

Então, é óbvio que na Terra jamais encontraremos uma pessoa que usufrua de felicidade total.

Encontramos alguém que tem dinheiro, muito dinheiro, mas não tem saúde. Encontramos outras pessoas que têm saúde, muita saúde, mas não têm dinheiro.

Encontramos alguém que mora bem, mas carrega problemas familiares tremendos. Encontramos alguém que mora no gueto, que mora na favela, mas a família é toda irmanada, é toda unida.

Existe isso na Terra. Não há como imaginarmos aqui, uma felicidade sem jaça, uma felicidade sem ganga, uma felicidade sem impurezas. Daí, admitirmos que seja este um mundo de provações e de expiações.

No entanto, aprendemos com a vida imortal, que poderemos ser tão felizes quanto a Terra permita que sejamos.

Podemos ter a felicidade de estudar. Como é bom saber! Desvendar esse grande continente da ignorância e passar a dominar conhecimentos, fazendo luz no próprio juízo.

Como é bom ter cultura! Alguém poder viajar, conhecer outros países, outras maneiras de viver. Como é importante olharmos um quadro e identificarmos o autor, a escola, se é um quadro clássico, se é um quadro barroco. Como é boa a riqueza da cultura!

Isso tudo é felicidade deste mundo. Felicidade que nós podemos desenvolver aqui neste mundo. E por que não vamos fazê-lo?

* * *

Quando nós conseguimos identificar um texto, se é romântico, se é parnasiano, uma tela, uma arquitetura, nós nos sentimos gratificados. Valeu a pena ter estudado tanto, ter lido tanto, ter viajado, ter conhecido.

Como é bom nós comermos bem! Comer bem não é comer muito. Comer o que seja saudável, o que seja saboroso, aquilo que nos faça bem à saúde e de que gostemos.

Como é bom morar bem! Num bairro que nos agrada, numa casa que nos agrada, onde haja conforto. Felicidade que nós podemos desenvolver aqui na Terra, desde que trabalhemos, desde que nos esforcemos, desde que cavouquemos essa seara da busca do bem estar.

Não é crime buscar viver melhor, não é pecado querer viver melhor. Ninguém será condenado por querer melhorar de vida, melhorar seu padrão intelectual, financeiro, econômico, social.

A grande questão é que a felicidade mais ampla não é propriamente essa de nós buscarmos essas coisas imediatas.

Aqui na Terra, nesta vida, neste mundo, podemos desenvolver amigos, criar amigos, desenvolver amizades.

Como é bom ter amigos! Como é bom ser amigo de alguém!

Existem amigos nossos que são mais importantes, na pauta da nossa vida, do que muitos familiares; nos entendem melhor, conversamos melhor. Há abertura para tudo que queiramos conversar.

Como é felicidade ter amigos e ser amigo, aqui na Terra!

Mas, é importante também a família. Poder ter uma família, viver numa família, formar uma família.

Quantas bênçãos, quanta honra nós temos neste mundo, quando conseguimos formar a nossa família, viver na nossa família. Aconchegados aos nossos irmãos, pai, mãe, aos primos, aos avós, aos filhos, quando os temos.

Com que felicidade nós vamos atravessar os dias do mundo, as dores, as enfermidades, as dificuldades. Tudo isso vai ficando em segundo plano, quando nós temos a felicidade dos seres queridos à nossa volta, dos amigos.Quando desafiamos a ignorância e estabelecemos conhecimentos em nossa cabeça, em nosso juízo.

Mas, como nós podemos ser felizes neste mundo, enquanto olhamos a nossa volta tanta gente infeliz, tanta gente desgraçada? E nos damos conta de que nós poderíamos intervir.

Há situações que dizemos: Isto é obra do governo.

E é, temos que saber distinguir uma coisa da outra.

Mas, há situações em que admitimos que, naquele caso, o governo somos nós.

Alguém que more na nossa rua e que precise de ajuda. Não haverá tempo de mandarmos uma comunicação para o governo central, do país, do nosso Estado, da nossa cidade. Nós podemos agilizar.

Ajudar alguém a comer, alguém que passa fome. Ajudar alguém a ir à escola, alguém que não tem recursos para ir à escola, prover material escolar. Ajudar alguém a ir ao médico, ao serviço público de saúde que seja, onde ele exista, onde ele funcione.

Não nos custa nos transformarmos em instrumentos de Deus para outras pessoas.

Quantos são felizes na Terra quando doam sangue. É uma coisa tão simples, mas tão complicada.

Por acomodação, por medo, por fantasias, por mitos, muita gente não gosta de doar sangue. Há aqueles que doam até órgãos, fazem transplante de medula, oferecem um rim a um familiar.

Como é bom ser feliz, aqui na Terra, sem esperar felicidade no reino dos céus, depois da morte, porque aprendemos que a felicidade maior não é propriamente aquela que a gente vivencia para nós, é aquela que a gente vivencia doando aos outros.

Tudo quanto nós doamos aos outros é o que verdadeiramente pertence a nós, e o que tentamos guardar, reter, armazenar, é o que perdemos.
Por isso, podemos ser felizes, neste mundo, usufruindo as coisas materiais e servindo a Deus acima de tudo.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 149, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em abril de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 04.01.2009.

23 maio 2009

Anjos Tutelares - Momento Espírita

Anjos Tutelares

Joana era uma garotinha de pouco mais de três anos. Em sua curta existência, já conhecera muita dor. Desde a morte de sua mãe, sentira solidão, abandono e sofrera maus tratos.

O pai, para prover o sustento familiar, necessitava viajar para longas distâncias, onde se detinha por semanas inteiras.

Logo após a viuvez, tentara se reaproximar dos sogros, para que eles cuidassem da neta.

Mas, eles, ainda feridos pelo casamento que fora a seu contragosto, sequer o quiseram receber.

Entregue a vizinhos e a mãos mercenárias, nem sempre a pequena recebia cuidados esmerados.
Por vezes, grosserias a feriam. De outras, o simples descaso.

Afagos e carinhos, somente quando o pai retornava de suas viagens. Então ela se aninhava em seu regaço e ali se demorava, rogando em seu coração infantil que aqueles momentos se eternizassem.

Contudo, breves dias passavam e eis José de novo a empreender suas viagens.

Certa tarde, em que a tristeza mais a envolvia, Joana percebeu aproximar-se do portão uma jovem mulher, de beleza invulgar e sorriso bondoso.

Atraída por aquele halo de bondade que dela se exalava, a pequena se aproximou e, sem temor, como se a conhecesse de longo curso, estendeu-lhe a mão e a acompanhou.

Atravessaram ruas, parques, jardins.

Finalmente, a gentil senhora lhe apontou um pequeno chalé, de grades brancas e muitas flores no jardim.

Sabe quem mora ali? - perguntou.

Não, foi a resposta de Joana.

São seus avós, pequena. Vá até lá, bata à porta. Quando atenderem diga apenas:"Eu sou Joana, filha da Luísa."

A menina parecia teleguiada e tudo fez, conforme lhe foi dito.

A avó, ao olhar a garota, teve um sobressalto. Era o retrato vivo de sua filha, morta há pouco mais de dois anos.

Filha que ela não via há muito mais tempo, desde que, contra a vontade dos pais se casara com um rapaz pobre e de cultura inferior à sua.

Trêmula, a velha senhora chamou o marido e logo desejou saber quem trouxera Joana até ali.
Ela insistia em afirmar que fora uma mulher, mas não sabia declinar o nome.

Então, entrando na sala, conduzida pelas mãos dos avós, emocionados, ela apontou para um quadro na parede e disse:

Foi aquela mulher que me trouxe!

E ambos reconheceram que ela apontava para o quadro da filha.

* * *

Porque desencarnam, as mães não deixam de ser anjos tutelares dos seus filhos, ainda encarnados.

De onde se encontram, assistem e velam pelos que lhes foram entregues à guarda e cuidados pela Providência Divina.

* * *

A morte não mata senão o corpo físico. A alma prossegue vivendo e, nesse mundo onde vive, alimenta os mesmos sentimentos que tinha quando ainda na carne.

A morte não destrói os sentimentos elevados, como o amor, a dedicação, a amizade.

É por isso que, em verdade, não há verdadeiros órfãos, pois os Espíritos dos que os amam os assistem de onde se encontram.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Joaninha, do livro A canção do destino, por Espíritos diversos, psicografia de Dolores Bacelar, ed. Correio fraterno do abc.

22 maio 2009

Maus Ricos - Momento Espírita

Maus Ricos

No Evangelho de Lucas encontramos a seguinte parábola proposta por Jesus:

Havia um homem rico, que vestia púrpura e linho e se tratava magnificamente todos os dias.

Havia também um pobre, chamado Lázaro, deitado à sua porta, todo coberto de úlceras - que muito estimaria poder mitigar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico; mas ninguém lhas dava e os cães lhe vinham lamber as chagas.

Ora, aconteceu que esse pobre morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. O rico também morreu e teve por sepulcro o inferno.

Quando se achava nos tormentos, levantou os olhos e via de longe Abraão e Lázaro em seu seio - e, exclamando, disse estas palavras:

"Pai Abraão, tem piedade de mim e manda-me Lázaro, a fim de que molhe a ponta do dedo na água para me refrescar a língua, pois sofro horrível tormento nestas chamas."

Mas Abraão lhe respondeu: "Meu filho, lembra-te de que recebeste em vida teus bens e de que Lázaro só teve males; por isso, ele agora está na consolação e tu nos tormentos."

Disse o rico: "Eu então te suplico, pai Abraão, que o mandes à casa de meu pai, onde tenho cinco irmãos, a dar-lhes testemunho destas coisas, a fim de que não venham também eles para este lugar de tormento."

Abraão lhe retrucou: "Eles têm Moisés e os profetas; que os escutem."

"Não, meu pai Abraão", disse o rico, se algum dos mortos for ter com eles, farão penitência."

Respondeu-lhe Abraão: "Se eles não ouvem a Moisés, nem aos profetas, também não acreditarão, ainda mesmo que algum dos mortos ressuscite."

* * *

Jesus aponta com rigidez, as consequências de uma vida egoísta.

Não condena a riqueza, mas sim a atitude daqueles ricos do mundo que não sabem da responsabilidade que têm, no uso e administração de seus bens.

Esse mau rico foi condenado aos tormentos de seu inferno íntimo - da consciência culpada que queima feito fogo.

Esse rico que se vestia de púrpura e que todos os dias se regalava esplendidamente, é o símbolo daqueles que querem tratar da vida do corpo e se esquecem da vida da alma.

São os que buscam a felicidade no comer, no beber e no vestir. São os egoístas que vivem unicamente para si.

E muitos lázaros se arrastam ao seu redor...

Não só clamando em seus portões por migalhas de suas mesas fartas, mas por vezes dentro de seus lares, na figura daqueles que carecem de atenção e de amor.

Triste fim terão esses ricos do mundo, se não despertarem a tempo...

* * *

A riqueza não constitui obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem.

Certas palavras de Jesus, interpretadas segundo a letra e não segundo o Espírito, podem trazer errôneo entendimento.

Se assim fosse, Deus, que a concede, teria posto nas mãos de alguns um instrumento de perdição, sem apelação nenhuma, ideia que repugna à razão.

Sem dúvida, pelos arrastamentos a que dá causa, pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a miséria.

É o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e da vida sensual. É o laço mais forte que prende o homem à Terra e lhe desvia do Céu os pensamentos.

Mas, do fato de a riqueza tornar difícil a jornada, não se segue que a torne impossível e não possa vir a ser um meio de salvação para o que dela sabe servir-se, como certos venenos podem restituir a saúde, se empregados a propósito e com discernimento.

Redação do Momento Espírita com base no cap. Parábola do rico e Lázaro, do livro Parábolas e ensinos de Jesus, de Cairbar Schutel, ed. O clarim e no item 7 do cap. XVI do livro O evangelho segundo o espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb.

21 maio 2009

Deus Castiga - Momento Espírita

Deus Castiga?

Acontece inúmeras vezes. A pessoa passa a ter dificuldades de variada ordem e se torna infeliz.

No âmbito familiar, os desentendimentos se tornam rotina.

No ambiente de trabalho, um certo marasmo toma conta das ações e a pessoa não se sente mais estimulada a realizar o melhor.

Por causa disso, sucedem-se as chamadas de atenção dos superiores, as reclamações de clientes e a insatisfação íntima.

Acrescente-se a isso pequenas desavenças com um ou outro amigo, que deságuam em ruptura de relacionamentos de anos.

Então, a pessoa enumera todas as dificuldades, grandes e pequenas, e acredita que Deus a está castigando.

E não faltam os que fazem coro a essa afirmativa, dizendo-a verdadeira.

Deus castiga porque a pessoa foi desonesta em algum momento. Deus castiga porque a pessoa O desagradou, não Lhe prestando as homenagens devidas.

Deus castiga porque a pessoa não está vinculada a essa ou aquela denominação religiosa, para fazer o bem.

Deus castiga...

* * *

Que forma pequena de conceituarmos Deus! Deus, que é nosso Pai, soberanamente justo e bom, viveria a dar castigos aos filhos que Ele criou, por amor?

Deus, de quem Jesus afirmou que veste a erva do campo, que hoje se apresenta verde e amanhã já secou e é lançada ao fogo...

Deus, de quem Jesus nos cientificou que providencia o alimento para as aves que voam pelos céus, porque elas não semeiam...

Terá acaso Deus maior cuidado com a erva, os animais do que com os seres humanos?

Observamos que, no mundo, o homem tem graduações para o atendimento prioritário, onde o ser humano é mais importante do que o animal, por sua condição de ser moral, imortal.

Também observamos que, em casos de grandes comoções e necessidades, o homem salvaguarda os seres mais frágeis: idosos, crianças, mulheres.

Ora, será Deus menos sábio que nós mesmos?

Pensemos nisso. E abandonemos de vez essa ideia de que Deus castiga.

Se Deus regesse o Universo, ao sabor de paixões como as que temos nós, os humanos, viveríamos o caos.

Em certa manhã, Ele poderia estar de mau humor e, porque um número determinado de pessoas de um planeta O desagradasse, resolveria por eliminar aquele globo do conjunto universal.

Por ter preferências por uns seres em detrimento de outros, concederia bênçãos inúmeras àqueles, deixando de atender a esses, que não Lhe mereceriam melhor atenção.

Deus é soberanamente justo e bom. Tenhamos isso em mente.

Infinito em Suas qualidades, estende Seu amor a toda Sua criação, a quem sustenta com esse mesmo amor.

E, se as dores, os problemas e dificuldades se acumularem, verifiquemos até onde nós mesmos criamos todos esses entraves.

E, sempre, nos reportemos ao Pai amoroso e bom, suplicando nos auxilie a resolver os problemas, a modificarmos a nossa maneira de ser, a nos tornarmos criaturas melhores.

Com certeza, a pouco e pouco, veremos se diluírem, como névoa da manhã, o que hoje catalogamos como insolúvel, extremamente doloroso ou amargo.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita

20 maio 2009

Banda Larga e Mente Estreita - Joanna de Ângelis

Banda Larga e Mente Estreita

Toda banda larga é inútil, se a mente for estreita.

Eis a ideia veiculada numa determinada campanha publicitária nacional, que toca numa temática bastante interessante.

Nos tempos de desenvolvimento tecnológico incessante e revolucionário; nos tempos da velocidade da informação, e da conectividade em tempo real com o mundo todo, é necessário pensar.

Pensar se tudo isso, realmente, está sendo utilizado em favor do desenvolvimento humano, ou é apenas mais uma distração criada pela alma imatura do homem terreno.

Sim, pois, se pouco ou nada nos acrescenta como Espíritos, no que diz respeito ao nosso progresso moral, ao nosso melhor comportamento, de que nos adianta?

De que nos adianta ter a facilidade no acesso à informação, se não sabemos o que fazer com ela?

De que adianta ficar sabendo de tantas e tantas coisas, se não sabemos selecionar o que eu quero e o que eu não quero para mim?

Toda banda larga é inútil, se a mente for estreita.

A mente estreita é esta que se perde em meio a tantas possibilidades, sem saber para onde ir.

Naufragam ao invés de navegarem na Web.

Gastam seu tempo querendo saber da vida dos outros, do que aconteceu aqui ou ali, inaugurando apenas uma nova forma de voyeurismo e fofoca – apenas isso.

A mente estreita lê, mas não pensa sobre o que leu, não emite opinião, apenas aceita...

A mente estreita prefere o contato virtual, dos perfis raramente sinceros, do que a conversa olho no olho, sem barreiras, sem máscaras.

A tecnologia está à nossa disposição para nos ajudar. É o conhecimento intelectual engendrando o progresso moral, propiciando o adiantamento do ser humano, e não sua destruição.

A chamada informação nunca foi tão fácil e farta, é certo, mas será ela, por si só, suficiente?

O que mudou em nós, seres humanos, as agilidades tecnológicas da nova era? Tornamo-nos melhores? Mais caridosos? Mais dispostos a nos vermos todos na Terra como irmãos?

Talvez para alguns sim, os de mente larga e coração amplo.

Tantas comunidades do bem na rede, tantas propostas nobres ligando pessoas em todo o mundo!

Inúmeras mensagens de consolo, de esclarecimento, diariamente cruzam os ares virtuais da internet, e levam carinho e alegria a muitos lares infelizes.

São muitos os exemplos de como os avanços intelectuais podem ser bem utilizados em favor do desenvolvimento humano.

Sejamos nós estes de mente larga, que querem e trabalham pelo bem comum, das mais diferentes formas possíveis, e que se utilizam de mais este instrumento, para viver o amor.

* * *

O Universo é a condensação do amor de Deus, e somente através do amor poderá ser sentido, enquanto pela inteligência será compreendido.

Conhecimento e sentimento unindo-se, harmonizam-se na sabedoria que é a conquista superior que o ser humano deverá alcançar.

Busquemos a plenitude intelecto-moral, conforme tão bem acentua o nobre Codificador do Espiritismo, Allan Kardec.

Redação do Momento Espírita com citações do cap. Desenvolvimento científico, do livro Dias gloriosos, do Espírito Joanna de Ângelis, psicografia do médium Divaldo Franco, ed. Leal.

19 maio 2009

Cura Ensinando - Miramez

CURAR ENSINANDO

A mediunidade de cura é uma das mais nobres em função no Espiritismo, porque ela verdadeiramente consola; no entanto, precisa ser exercida com a força da educação, instruindo o paciente para "não pecar mais", como se refere o Evangelho de Jesus.

O médium curador é dotado de bênção consoladora, porém, é necessário que se lembre da vida de Jesus, que curava o enfermo, instruindo-o acerca de como viver, ensinando o Evangelho, de modo que respeitasse os outros como também a vida, observando as leis naturais que regulamentam toda a criação.

Debelar um mal é coisa divina que o medianeiro deve fazer com alegria, senão amor, nas linhas da caridade, sem se esquecer de valorizar a disciplina, psicologicamente entendendo as reações do doente e a índole que marca seus impulsos. E, com urgência, acudi-lo nas suas necessidades de corrigir alguns dos seus defeitos, como violência, ingratidão, melancolia, ódio, mágoa e outras tantas forças negativas, base da infelicidade da alma. Deve o medianeiro negar o inconveniente, destacando o elevado do modo pelo qual ensina Jesus.

Curar não é somente extinguir doenças, mas sim as enfermidades morais, que exigem muito mais urgência que a dor física, e que nascem nos pensamentos e nas palavras condicionadas na própria vida. E o médium deve ser o primeiro a ter uma vida reta no pensar, no falar e no viver, que esse seu esforço não ficará em vão. Companhias invisíveis o ajudarão na conquista desse amor e da caridade, para que a benevolência não se separe dos seus sentimentos.

Ao conversar com o seu irmão, poderá enviar-lhe forças curativas, pela disposição de intimidade a intimidade, envolvidas no amor. Não se esqueça do sorriso, que a força de Deus entregará o seu coração para os corações que sofrem. Trate do doente, e em seguida adestre seus sentimentos nas qualidades de luz que o Mestre nos ensinou.

Para tanto, amplie seu arsenal do saber através do Espiritismo, da Codificação que Allan Kardec nos entregou pelas vias da boa vontade, atendendo a quem busca o aprendizado, atendendo a lei que nos revela que "quem busca acha", "quem procura encontra", a "quem bate à porta do saber, ela se lhe abrirá pela torça da verdade". Quem trabalhar para a cura dos enfermos, estará curando a si mesmo; tudo aquilo que semeamos colheremos na lavoura da vida universal. Um copo de água potável que se oferta ao sedento é medicamento divino, quando o amor acompanha o gesto nas fibras mais íntimas da sua composição.

O médium tem inúmeros ensejos de fazer o bem, a todos os minutos, por onde passa, e quando entra em ação orando, pode ser médico da alma, enviando suas vibrações de harmonia para os que sofrem de todos os males. Não se deve curar sem abrir as portas para a instrução, doando ao enfermo pelo menos uma palavra de amor e caridade, tranqüilizando a consciência daquele que padece, ou ofertando um pão a quem tem fome, roupa ao nu, e um sorriso aos tristes, que ajuda a cortar pela raiz o crescimento da melancolia, espraiando o contentamento a todos que encontrar a caminho.

A mediunidade à luz da Doutrina Espírita é força de Deus imantada de carinho, na estrada da fraternidade. Seja um dos impulsos dessa luz, que nunca deve se apagar no coração do discípulo de Jesus. Repreenda todo o mal, com o exemplo do bem, porque existe um remédio para todos os males, o amor. Ame, que será feliz.

De "Plenitude Mediúnica",
de João Nunes Maia, pelo Espírito Miramez

18 maio 2009

Tudo é Atração - Ismael Souto

TUDO É ATRAÇÃO

Tudo é magnetismo no campo universal.

A gota d'água obedece aos imperativos da afinidade química, os sóis se harmonizam, através da atração, dentro das leis cósmicas.

Imantamo-nos uns aos outros, pelos laços do amor ou do ódio, e, pelo perdão ou pela vingança, algemamo-nos mutuamente.

Em razão disso, imaginar é centralizar energias na direção dos objetivos que nos propomos alcançar.

Quem ama e ajuda acende claridade sublime.

Quem odeia e perturba arremessa treva espessa para fora de si.

Nessa cadeia de manifestações da nossa vontade, todos nós magnetizamos, pessoas, situações e elementos, nas vibrações de nosso propósito atuante, para trazê-los ao nosso círculo pessoal.

Será o amanhã, segundo idealizamos hoje, tanto quanto hoje é o reflexo de ontem.

A mente estende fios vivos, em todos os lugares, por onde transitam os interesses que lhe dizem respeito e, através desses fios potentes e milagrosos, apesar de invisíveis, atingimos a concretização dos mais recônditos intentos.

Mentalizando, o homem sobe ao céu ou desce ao inferno, porque nós mesmos, segundo as diretrizes ocultas que preferimos, nos elevamos às culminâncias da luz ou nos arremessamos aos despenhadeiros da sombra.

Guarde, pois, cauteloso, a fonte dos seus pensamentos que, a cada minuto, se fazem agentes ativos de suas deliberações no bem ou no mal, onde o seu espírito estiver trabalhando.

Toda criatura emite ou recebe eflúvios e ondas de criação, renovação e destruição, no campo das idéias, porquanto a idéia é a força plástica, exteriorizante e inextinguível da alma eterna, no infinito do espaço e do tempo.

De acordo com os projetos que você apresentar à vida, a vida, que é a gloriosa manifestação de Deus, responderá a você com as realizações desejadas.

Subir e descer, esperar ou desesperar, lucrar ou perder, melhorar ou piorar, crescer ou reduzir, avançar ou estacionar resultam de nossa atitude interior.

Vigie o pensamento e a vontade, para que se desenvolvam e marchem, dentro dos moldes do ilimitado Bem e jamais se arrependerá, porque o próprio Cristo ensinou, de viva voz, que "o homem possui o seu tesouro onde guarda o coração".

De "Nosso Livro",
de Francisco Cândido Xavier - Espírito Ismael Souto

17 maio 2009

O Tempo Não Volta...Mas se Renova - João da Silva Carvalho Neto

O TEMPO NÃO VOLTA...MAS SE RENOVA

A grande maioria da humanidade vive presa a um profundo sentimento de frustração, como se alguma coisa estivesse faltando ou não pudesse ter sido realizada. É o retrato da nossa incapacidade de agir com mais eficiência frente às exigências que as leis divinas, esculpidas em nossa consciência, estabelecem como metas para a evolução. Pela excessiva aquiescência aos apelos do mundo acabamos indisponibilizados para as tarefas do Espírito. Conseqüência: determinadas áreas do nosso psiquismo deixam de ser ocupadas por valores e conquistas espiritualizadas enquanto nossa estrutura física, que deveria esvaziar-se do magnetismo que a atrela a um mundo material, vivencia intensamente as experiências da carne, tornando-se uma verdadeira âncora lançada às profundezas do primitivismo. Essas zonas de carência são todo o nosso potencial perfectível, e que precisa ser trabalhado em decorrência da inexorabilidade da lei do progresso.

Nesse processo, muitos de nós, chegamos ao mundo espiritual mergulhados no arrependimento pelo desperdício do precioso tempo de uma encarnação.

A questão do percurso do tempo é complexa, mas aquela visão newtoniana de tempo como uma reta que quando percorrida marca a história em passado, presente e futuro, foi substituída na teoria da relatividade, por uma visão de tempo circular, caracterizado como uma dimensão que cria um novo universo. Ainda que não possamos experienciar esta situação por nos situarmos em um espaço tridimensional, o tempo poderá ser percorrido quando nos transportarmos para a realidade das quatro dimensões, que é a do mundo espiritual. Corroborando com esta assertiva "O Livro dos Espíritos" alerta, nas questões 242 e 243, que o passado e o futuro, quando deles se ocupam os Espíritos, é como se fossem o presente.

Ora, assim sendo, apesar dos fatos da vida estarem definitivamente concretizados pelas marcas que deixaram em nosso psiquismo, é perfeitamente possível que possamos revivenciá-los nos mecanismos de renovação da vida.

O exemplo do aluno nos bancos escolares é quase vulgar, mas se presta com precisão a demonstrar essa proposta. Quando uma criança não alcança um nível de aprendizagem, em uma série escolar, que a capacite a avançar para as série subseqüentes, ela terá que repetir o ano, passando pelas lições que não aprendeu, repetindo os exercícios e provas que já fez, que não serão as mesmas no que toca a forma, mas similares quanto aos conteúdos que abordem.

Em nossa caminhada infinita para a perfeição tal situação se repete. O não aproveitamento das experiências de uma encarnação, realizado pela reforma íntima voltada para o cultivo das virtudes, torna-nos incapacitados a buscar conquistas mais avançadas. Contudo, a reprovação no "ano letivo" de uma encarnação não significa expulsão da escola mas retorno aos mesmos "bancos escolares" da vida na etapa adequada às nossas necessidades de aprendizagem.

Aqueles que se entregam ao remorso doentio, dominados pelo sentimento de culpa, tornando-se psicologicamente frágeis, não entenderam ainda os mecanismos das leis divinas. Autoflagelam-se, numa tentativa de contrapor-se à culpa que vige em suas consciências, esquecendo-se de que desperdiçam tempo para ressarcir seus erros do ontem.

Talvez imaginem, esses irmãos, ser mais cômodo e fácil entregar-se às demonstrações de dor e arrependimento que possam liberá-los do dever a cumprir. Enganam-se a repetir os mesmos erros, já que relutam em aceitar a imposição do progresso em suas vidas como fruto do amor e da instrução, nas experiências do trabalho e do estudo.

Mas dia vem em que cansados da própria dor olham para o céu interior para descobrir a presença divina a iluminar novos caminhos com novas possibilidades para as mesmas necessidades em que se estagnaram no passado. Aí compreenderão que, na sabedoria e bondade de suas leis, Deus não faz o tempo retornar mas permite que ele se renove para as vitórias do amanhã.

Autor: João da Silva Carvalho Neto - Nova Voz - G. E. Bezerra de Menezes - São José do Rio Preto - SP)

16 maio 2009

O Lado Bom - Joanna de Ângelis

O LADO BOM

Exila das províncias da tua vida a maldade.

Rebate o pensamento doentio com o saudável,

Corta a rede perniciosa das suspeitas injustificáveis com a tesoura da confiança no teu próximo.

É tormentoso viver armado contra os outros, ver primeiro o lado negativo, detectar a imperfeição.

Ninguém há, na Terra, sem defeitos, como não existe uma só pessoa que não possua também virtudes, por pior que este indivíduo seja.

Procura o lado bom de todos e te descobrirá bem, renovado e afável.


Conta-se que havia um museu com o piso completamente coberto por belíssimos azulejos de mármore e com uma estátua, toda em mármore, enorme, exibida no meio do salão de entrada. Muitas pessoas vinham do mundo inteiro para admirar a bonita estátua de mármore.

Uma noite, os azulejos de mármore começaram a falar e reclamar com a estátua de mármore:

__ Estátua, isto não é justo, não é justo! Por que vem gente do mundo inteiro, pisa e pisa em todos nós, e só para admirá-la? Não é justo!

__ Meu querido amigo, azulejo de mármore. Você ainda se lembra de quando estávamos, de fato, na mesma caverna? __ Respondeu a estátua.

__ Sim! É por isso que eu acho tudo muito injusto. Nós nascemos da mesma caverna e agora recebemos tratamento tão diferente. Não é justo! __ Ele chorou novamente.

__ Então, Você ainda se lembra do dia que o artista tentou trabalhar em você, mas você resistiu bravamente às ferramentas?

__ Sim, claro que eu me lembro. Eu odiei aquele sujeito! Como pode ele usar aquelas ferramentas em mim, doeu muito!

__ Isso é certo! Ele não pode trabalhar nada em você porque você resistiu em ser trabalhado.

__ Sim. E daí?

__ Quando ele desistiu de você e veio para cima de mim ao invés de resistir como você, eu soube imediatamente que eu me tornaria algo diferente depois dos esforços dele. Eu não resisti . . . Ao invés disso eu agüentei todas as ferramentas dolorosas que ele usou em mim.

__ Mmmmm . . . Resmungou o azulejo.

__ Meu amigo, há um preço para tudo na vida. E nem sempre é fácil. As vezes é muito difícil, doloroso. Mas temos que aprender a suportar os sofrimentos, procurando crescer e aprender para nos transformarmos em algo mais belo. Já que você desistiu de tudo no meio do caminho, você não pode culpar qualquer pessoa que agora pisa em você.

Autor: Joanna de Ângelis (espírito)
Psicografia de Divaldo Franco

15 maio 2009

Despertai - Bezerra de Menezes

DESPERTAI

Neste amanhecer de novas luzes quando o Planeta, em sombras, estertora, a voz do além-túmulo vara distâncias para dizer às criaturas humanas: tende tento!

Despertai, em definitivo para o bem enquanto o tempo urge.
Saí da anestesia da ilusão para os patamares da consciência lúcida.
Até aqui, transitastes por caminhos que ficaram assinalados pelos erros, pelos desvios de conduta, pelos compromissos negativos.

Reabilitai-vos, nesta alvorada, que debilmente vai rompendo a noite.
Estais chamados pelos mensageiros do Senhor, para o banquete nupcial; cuidai da vossa indumentária mental, dos vossos hábitos morais porque não fugireis da própria consciência, que vos não permitirá a apresentação no momento azado.

Rogastes aos Céus que vos mandasse mensageiros de luz e a Terra recebeu estrelas de imarcescível beleza.
Suplicastes a revelação libertadora e Jesus deu-vos o Consolador.

Errastes muito e anelastes pela oportunidade de reparar, de auto-iluminar-vos e, renteais com a dor- bendizei-a, filhos da alma, deixai de recalcitrar contra o aguilhão, baixai a cerviz enquanto é tempo.

Conscientizai-vos de que Jesus vos espera, desde há muito - e este é o vosso momento.

Dizeis, muitas vezes, que Jesus está longe – na Glória Estelar – e, não podeis segui-Lo, cobrindo-Lhe as pegadas da Galiléia. Mas Ele mandou-vos intermediários, semelhantes a vós, que palmilharam as mesmas sendas de espinhos e pedregulhos e alcançaram as estrelas.

Erguei-vos, transformando vossas queixas em hinos de gratidão e os vossos lamentos em poemas de alegria.
Não vos permitais errar outra vez ; comprometer-vos , porque talvez não haja tempo hábil para novas recuperações.

Os Céus descem à Terra.
Nós vos abraçamos para que subais conosco, o monte da sublimação evangélica, e alcanceis as Alturas.

Não vos amedronteis. Não desistais. Só há uma alternativa – avançar.
Vinde pois, filhos da alma, Jesus vos espera!

Envolvendo-vos na claridade libertadora do Evangelho, abraça-vos o servidor paternal e humílimo de sempre,

Bezerra

Autor: Bezerra de Menezes (espírito)
Psicografia de Divaldo P. Franco

14 maio 2009

Tópicos da Tensão - Bezerra de Menezes

TÓPICOS DA TENSÃO

I
A luta prossegue, entretanto, é na luta que consolidamos a paz – paz íntima pelo dever cumprido.

Mantenhamos a nossa confiança viva em Jesus, na certeza de que o nosso Divino Mestre é o companheiro e o Amigo, o Mentor e o Guardião de nossos corações e de nossos caminhos.

Guardemos calma e segurança.

A fé ser-nos-á luz na estrada a percorrer, por mais sombra se nos acumule na senda.

Descansemos o pensamento, o coração, os nervos e as energias em repouso edificante.

Nossas forças serão restauradas com a Bênção do Senhor.


II
“ACALMAR-SE” – é a senha.

Asserenemos as próprias forças!

Quanto possível abandonemos a tensão.

O trabalho é o preço da benção.

Ajudemos os companheiros no desempenho de seus nobres deveres, encorajando-lhes o coração, sempre que possível.

A luta cederá lugar à bonança.

Confiemos pois em Deus, e que Jesus nos abençoe!


III
Esquecer a doença orgânica.

Distrair-se em recursos sadios de arejamento íntimo, aliviando a tensão.

Consagrar-se aos trabalhos espirituais na certeza de que Deus não nos abandona e de que, em todas as circunstâncias, precisamos buscar, acima de tudo, os desígnos de Deus.


IV
Despreocupação é a palavra.

Repouso construtivo.

Paz com as próprias obrigações.

Não exigir de nós mesmos qualquer rigor no cumprimento de nossas obrigações, quando faltar-nos a saúde.

Fazer o possível em benefício de nossa tranqüilidade doméstica.

Manter o coração sensível e afetuoso na fé viva e segura, na certeza de que o Senhor nos abençoará, hoje e sempre.


V
Confiemos na bênção Divina em nosso benefício!

Guardemos a calma e a coragem porque o Amor de Jesus nunca está pobre e com o Mestre Sublime podemos contar sempre.

Serenidade! Fortaleza! Bom ânimo!


VI
Tranqüilize o campo nervoso.

Descanse o pensamento na prece e trabalho do bem e use a serenidade mental com o remédio edificante.

Cuidado para consigo mesmo no sentido de preservar a paz, em favor da própria saúde!

Por: Bezerra de Menezes
Do livro: Apelos Cristãos, Médium: Francisco Cândido Xavier

13 maio 2009

Os Limites da Ciência - Paulo Roberto Santos

OS LIMITES DA CIÊNCIA
Autor: Paulo Roberto Santos

Após a falência das religiões tradicionais, devido ao (quase) fim da fé cega, a ciência passou a ocupar o lugar deixado por elas, embora dentro da mesma mística. Antes, só era verdade aquilo que fosse admitido pelas religiões; depois, só é verdade o que é sancionado pela ciência. E como a ciência, digamos ortodoxa, tem cometido erros! Tantos quanto as próprias religiões que a antecederam em pretensa autoridade sobre o que é ou não é Verdade.

O período no qual as religiões são postas em dúvida e a ciência se arvora em dona da Verdade é o século XIX. No final daquele século, cientistas afirmaram que os passageiros de uma locomotiva a vapor ou de um automóvel, recém inventados, morreriam por hemorragia devido às velocidades pretendidas: 30 a 60 Km/h. As coisas não mudaram muito de lá para cá; naturalmente os erros são de outro nível e natureza, mas continuam acontecendo. Há décadas não existe mais ciência pela ciência, a busca do conhecimento pelos benefícios que ele possa eventualmente trazer. O mercantilismo ganancioso e avassalador dominou a ciência ao ponto de ser "verdade" aquilo que melhor convém a determinados interesses, sempre transitórios. Com isso a verdade tornou-se relativa.

A Realidade não se restringe àquilo que nós humanos queremos. A ciência é apenas o conhecimento organizado. Isso é bom por um lado, mas por outro é pernicioso e limitador, pois fragmenta essa mesma Realidade investigada. Passamos a vê-la e compreendê-la como quem olha por buracos de fechaduras.

Muitas vezes numa visão monocular e, por isso, limitada. Isso explica porque teorias contrárias podem ser elaboradas a partir de um mesmo material. Depende da interpretação que o investigador dá ao que foi visto pelo 'buraco da fechadura'.

Mas, e a porta nunca se abre? As portas se abrem sim quando estamos prontos para compreender o que está além delas. A ciência é um meio e não um fim em si mesmo. É objetiva e experimental, pondo à nossa disposição recursos para compreendermos, mesmo que parcial, fragmentária e imperfeitamente, a realidade que nos rodeia.

É intelectiva por natureza e pode sancionar ou não tudo aquilo que está ao alcance do intelecto. A questão é que nem toda a Realidade está contida no que é objetivo e experimental. Existe muita coisa além, no campo subjetivo e intuitivo e que também constituem verdades e realidades, mesmo que apenas em parcelas condizentes com nossa capacidade de entendimento ainda tão limitada.

Allan Kardec ao codificar, organizar, o Espiritismo, dando-lhe um corpo teórico consistente, usou os melhores recursos científicos de seu tempo. Lançou mão da metodologia positivista de então para que esta viabilizasse, desse as necessárias credenciais à nova doutrina no momento em que ela fosse levada ao conhecimento público. Isso significa que Kardec lançou mão da ciência para que esta sancionasse o novo conhecimento. Entretanto, ele foi prudente o suficiente para não submeter a evolução doutrinária espírita somente aos critérios da ciência humana, limitadora e eivada de conveniências. Condicionou a evolução do Espiritismo ao bom senso e à lógica, que são variáveis subjetivas. Se tivesse criado uma dependência absoluta a fatores objetivos e experimentais, típicos da ciência convencional, teria colocado o Espiritismo no campo dos interesses e conveniências humanos. Portanto, a metodologia positivista usada por Kardec foi um meio, um recurso, e não uma camisa de força que condicionasse a doutrina que nascia.

Conseqüentemente, a Doutrina Espírita progride em função de descobertas da ciência e sancionadas por esta e vai além em vários campos onde apenas a lógica e o bom senso subjetivos são possíveis. Claro que esta característica abre inúmeras possibilidades de discordâncias e interpretações diferentes, mas dá ao Espiritismo o seu dinamismo próprio, só cerceado pelas limitações e imperfeições do homem, origens do espírito sectário, do fanatismo, do conservadorismo, do religiosismo piegas e de tantas outras mazelas humanas que assolam o movimento espírita.

No futuro o conhecimento intelectivo se associará ao conhecimento intuitivo, dando ao homem a possibilidade de alcançar o conhecimento holístico, global, por inteiro, e não necessariamente fragmentário como agora. Enquanto isso, ainda nos veremos divididos, defendendo teses parciais, às vezes absurdas, provenientes do que vemos através de buracos de fechaduras.

Jornal A Voz do Espírito - Ed. 86 - Janeiro-Fevereiro/1998

12 maio 2009

O Vício de Fumar - Josué de Freitas

O VÍCIO DE FUMAR
Autor: Josué de Freitas

Nesta página costumamos comentar assuntos graves que incomodam boa parte dos que a lêem, muitas vezes por estarem esses incomodados, envolvidos nas situações tratadas.

Neste número o tema poderá gerar maior desconforto, pois na verdade é defendido por muita gente quese diz espírita e que divulga o Espiritismo pelo país. Trata-se do vício de fumar.

É difícil compreender, mas alguns irmãos de doutrina vêm a público defender a idéia de que"fumar" não é um vício moral. É possível uma coisa dessas? Sim, no nosso confuso Movimento Espírita tudo é possível e isso já aconteceu muitas vezes.

E qual seria o motivo para essa tentativa de driblar o bom senso? Resposta simples: certos personagens denominados"vultos espíritas" eram fumantes inveterados e outros, ainda entre nós, não conseguem (ou não querem) deixar de sê-lo.

Como os amigos ou a parentela dessas figuras não gostam de manchar a imagem de seus ídolos, preferem sair-se com essa esfarrapada desculpa. Isso quando a defesa não sai da boca do próprio viciado.

Fumar é um vício moral que danifica o corpo e produz graves alterações no perispírito e condicionamentos nocivos na alma. É uma muleta psicológica, tanto quanto o são o álcool e outras
drogas igualmente danosas ao Espírito.

Um conhecido escritor e palestrante espírita do Nordeste é uma amostra da insensatez dominante.

Como seu vício o faz consumir inúmeros cigarros nas suas viagens, mesmo na frente dos anfitriões, ele tudo faz para provar que ser adepto do tabagismo, não tem nada a ver com suas condições morais. E, como não encontra quem tenha coragem para opôr-se a essa grande tolice, acha que convence a todos.

Recentemente, num conhecido evento espírita, um dos expositores convidados teve de esconder-se nos fundos do salão de palestras, para dar as últimas tragadas.

Mais grave: para justificar-se, disse que existem espíritas muito preconceituosos, que não aceitam as pessoas com seus problemas.

Brilhante! É aquela mesma história utilizada nas atividades mediúnicas, para justificar a atuação "caridosa" de certos doutrinadores que conversam com Espíritos "obsessores" por anos a fio, sem conseguir convencê-los a se modificarem.

Esses desencarnados brincalhões afirmam que o dirigente, por caridade, tem de suportá-los. E acham quem lhes dê ouvidos. Como não têm idéia da dinâmica do mundo espiritual, esses esclarecedores passam seu tempo batendo papo com galhofeiros do Além. E acham que estão fazendo "caridade".

Os indivíduos que vivem sob o domínio de um simples cigarro são personalidades problemáticasque necessitam de válvulas de escape para satisfazerem sua ansiedade.
Alguns foram guindados aos postos de "escritores", "oradores espíritas", "passistas" e "médiuns" porque o Movimento Espírita é cópia bem feita do movimento católico, onde tudo é permitido, desde que não se fale em mudança de posturas.

A doutrina de Ismael, com apoio de médiuns e oradores que lhe são afins, criou entre nós a "santa" idéia de que todas as pessoas podem desempenhar tarefas dentro do Centro Espírita, bastando para isso a boa-vontade.
Começa por não ver com bons olhos qualquer organização administrativa interna séria, que certamente traria aos trabalhadores, regras sobre as questões morais. A desorganização favorece a proliferação do mal e de suas sutis artimanhas.

Ainda sobre o vício de fumar, encontramos no Movimento algumas informações bizarras. Uma delas diz que o fumante, ao chegar na Espiritualidade, recebe dos Benfeitores uma quantidade decrescente de cigarros, para que ele possa descondicionar-se paulatinamente. Risível, mas é verdade.

Certamente acreditam também que o mesmo se dá com os viciados em álcool, em cocaína, em heroína, crak etc. Idéia interessante, mas que só poderia sair de mentes pouco sadias. Deve ter vindo do mesmo espírito que criou outra lenda: a de que existe no mundo espiritual hospitais para "espíritas equivocados".

Outra coisa curiosa é o apoio caridoso que dão ao vício. Dizem: é melhor uma pessoa fumante dar passes, do que ela não ir à casa espírita e ficar pelas ruas. Pensamento simplista que denota total desconhecimento acerca do magnetismo e da natureza dos fluidos, exaustivamente estudados por Allan Kardec.

Parece que falta certa dose de bom senso kardequiano em boa parte dos seguidores do Mestre Lionês.

Hoje, entre nós espíritas, já se admite com naturalidade uma série de comportamentos morais e administrativos anômalos, tais como a realização de bingos, rifas, a venda de bebidas alcoólicas em eventos beneficentes, a presença de fumantes no quadro de atividades mediúnicas, a união homossexual, a desagregação familiar via divórcio e toda uma série de anormalidades que só são "normais" na cabeça dos homens ignorantes da Lei.

Allan Kardec e os Espíritos superiores foram claros quando nos ensinaram que o verdadeiro espírita se distingue do homem comum pelos seus atos morais. Não é, pois, essa preocupação que deve dominar nossas vidas?

Que autoridade tem um usuário contumaz do fumo ou do álcool para subir numa tribuna e falar em nome de Deus? Extingue-se o direito do Bem sobre o mal? Das virtudes sobre os vícios? Igualam-se esses direitos? Além disso, que condições energéticas possui uma criatura nessas condições para ministrar um passe em alguém que está enfermo, se ele próprio está necessitado de auxílio?

Allan Kardec nos ensina que: "a única autoridade legítima aos olhos de Deus é a que se fundamenta no bom exemplo".

Os defensores dos fumantes alegam a "caridade" como motivo para deixá-los fazer de conta que estão servindo.
Ora, mas o bem maior seria ajudá-los e livrarem-se dos vícios e os colocar em condições de servir na obra do Senhor. Viciados de qualquer natureza são enfermos que precisam
de tratamento.

Mais tarde, uma vez libertos dos vícios e comportamentos inadequados mais grosseiros, poderão estar aptos ao serviço de caridade na casa espírita, caso queiram.

O espírito de liberdade criado no Movimento Espírita pelo roustainguismo, não reprime qualquer conduta incorreta ou atitude inadequada.

Simplesmente "sugestiona" e aceita tudo com impressionante passividade, e os irmãos que porventura estejam em erro permanecerão nele "add etternum" sob o olhar complacente da "caridade" .

É preciso urgente estarmos alertas para essa grave situação. O cigarro e a bebida alcoólica são obsessores tenazes de pessoas frágeis de personalidade.

Dirigentes, médiuns e escritores dependentes deveriam ter uma crise de humildade e optarem por ocupar um cargo de menor responsabilidade na Seara do Senhor, até que se sentissem aptos ao mister.

Todos precisamos desenvolver uma campanha sistemática contra o uso de fumo e de álcool nas casas espíritas e as federações deveriam estimular os centros filiados a fazê-lo. As instituições do mundo estão mais preocupadas com isso do que as instituições espíritas. Não dá para entender!

Se temos entre nós irmãos dominados pelo fumo ou álcool, é nosso dever ajudá-los a livrarem-se deles, se assim o desejar. Procurar justificativas para os vícios com histórias infantis e sem fundamentos é espalhar o joio em meio ao trigo.

Ai daqueles que ensinar o erro aos pequeninos, disse Jesus. Melhor seria que pendurassem uma pedra no pescoço e que se atirassem ao mar.

Os comunicadores, expositores, dirigentes, escritores, jornalistas, enfim, todo homem público, têm o dever de obterem condições morais satisfatórias para desempenhar suas funções de divulgadores da mensagem do Espírito de Verdade.

A palavra sem a fundamentação do exemplo é vã e não frutifica. Para trabalhar em nome de Jesus é necessário a coragem da renúncia aos chamados prazeres mundanos. E logicamente o trabalho incessante da melhoria íntima.
Sem isso, estaremos trilhando os mesmos caminhos hipócritas dos antigos fariseus, que vestiam suas alvas túnicas para esconder mazelas. E falavam
em nome de Deus, cheios de "sabedoria".

Não se pode agradar simultaneamente a Deus e ao Diabo. Os que por vaidade, timidez ou orgulho falsearem o espírito de seriedade que norteia o Espiritismo, pagarão muito caro por suas irresponsabilidades.

11 maio 2009

União - Emmanuel

UNIÃO

Ante o mundo moderno, em doloroso e acelerado processo de transição, procuremos em Cristo Jesus o clima de nossa reconstrução espiritual para a Vida Eterna.

Profundas transformações políticas assinalam o caminho das nações, asfixiantes dificuldades pesam sobre os interesses coletivos, em toda a comunidade planetária e, acima de tudo, lavra a discórdia, em toda a parte, desintegrando o idealismo santificante.

Este é o plano a que os novos discípulos são chamados.

O momento, por isto mesmo, é de luz para as trevas, amor para o ódio, esclarecimento para a ignorância, bom ânimo para o desalento.

Não bastará, portanto, a movimentação verbalística.

Não prevalece a plataforma doutrinária tão-somente.

Imprescindível renovar o coração, convertendo-o em vaso de graças divinas para a extensão das dádivas recebidas.

Espiritismo, na condição de mera fenomenologia, é simples indagação. Indispensável reconhecer, entretanto, que as respostas do Céu às perquirições da Terra nunca faltaram.

A morte do corpo não nos desvenda os gozos do paraíso, nem nos arrebata aos tormentos do Inferno.

Nós, os desencarnados, somos também criaturas humanas em diferentes círculos vibratórios, tão necessitados de aplicação do Evangelho Redentor, quanto aos companheiros que marcham pelo roteiro carnal.

A sepultura não é milagroso acesso às zonas de luz integral ou da sombra completa. Somos defrontados por novas modalidades da Divina Sabedoria a se traduzirem por mistérios mais altos.

Transformemo-nos, meus amigos, naquelas "cartas vivas" do Mestre dos Mestres a que o Apóstolo Paulo se refere em suas advertências imortais.

Estamos distantes da época em que os filhos da Terra se dirigirão ao Pai com idêntica linguagem, porquanto, para isto, seria indispensável a sintonia absoluta entre nós outros e o Celeste Embaixador das Boas Novas da Salvação.

Reveste-se a hora atual de nuvens ameaçadoras.

Não nos iludamos. O amor ilumina a justiça, mas, a Justiça é a base da Lei Misericordiosa.

O mundo atormentado atravessa angustioso período de aferição.

Irmanemo-nos, desse modo, em Jesus, para que a tormenta não nos colha, de surpresa, o coração.

Abracemo-nos, na obra redentora para derrubar as fronteiras que separam os templos veneráveis uns aos outros.

Nossa época é de ascensão do homem à estratosfera, de intercâmbio fácil das nações e de avanço da medicina em todas as frentes, contudo, é também de lágrimas, reajustamento e luta.

Entrelacemos as mãos, no testemunho da luz e da paz que nos felicitam.

Lembremo-nos de que somos os herdeiros diretos da confiança e do amor daqueles que tombaram nos circos do martírio por trezentos anos consecutivos.

Espiritismo sem Evangelho é apenas sistematização de idéias para transposição da atividade mental, sem maior eficiência na construção do porvir humano.

Trabalhemos, entretanto, quanto estiver ao nosso alcance, a fim de que o cristianismo redivivo prevaleça entre nós para que a experiência terrestre não vos constitua patrimônio indesejável e inútil e para que, unidos fraternalmente, sejamos colaboradores sinceros do Mestre, sem esquecer-Lhe as sagradas palavras: - "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim."

Emmanuel
De "Doutrina e Aplicação",
de Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos