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04 dezembro 2010

O Mundo e Tu - Joanna de Ângelis

O MUNDO E TU

Os olhos umedecem quando meditas, considerando as pequenas migalhas que te exornam a existência, como minguadas concessões que consegues desfrutar.

Deslizam, ao teu lado, sobre as águas cantantes do rio do prazer as barcaças da ilusão apinhadas de aficionados.

Parecem felizes, competindo com a luz formosa, adereçados de encantamentos, num festival de radiosa febricidade de alegria. Gostarias de ser como eles.

Alguns passam céleres pela tua porta em veículos modernos de extravagante arrogância, com petulante desdém, espraiando triunfo pessoal que os empolga. Desejarias fruir, como eles, algumas horas de sonhos.

Muitos desfilam vaidosos, e repousam em tronos de alegria e beleza, imperando vitoriosos, embriagados de poder. Anelarias experimentar as emoções que os amolentam.

Conheces da experiência carnal somente dificuldades.

O pão te chega à mesa a preço de amargo suor.

Carpes incompreensão em poço de indescritível soledade.

Consegues o mínimo com esforço inaudito.

A alegria é hóspede desconhecido do teu coração.

Nenhuma extravagância, nenhum excesso.

As horas dividem-se entre deveres e deveres.

Parece-te que a lei da divina justiça te tributa pesado imposto pela honra da vida.

Assinalas nos outros o que eles exibem e que lhes não pertence.

Não creias em felicidade a manifestar-se ruidosa.

Não confundas triunfo com algazarra.

Muitos vencedores foram assassinados após as vitórias, enquanto repousavam em coxins suaves.

Escravos de si mesmos e escravos de outros escravos que os dominam às ocultas têm sede de liberdade e vida simples, esses que te exibem sorrisos profissionais de falsa alegria.

Pensas que eles tudo têm mas em verdade não se têm sequer a si próprios. Não conseguem desvencilhar-se do cipoal a que se enovelaram nem conseguem sobreviver sem o tóxico que os aniquila vigorosamente.

Choram sem lágrimas, pois que estas secaram pelos caminhos que percorreram na terrível busca desse nada.

Sofrem e não encontram ouvidos que os escutem.

Aqueles que os cercam, quase sempre desejam roubar-lhes o lugar para envergarem as suas amarfanhadas fantasias. Embora os aplausos, os sorrisos e os amigos, vivem sozinhos...

És livre, porém, apesar dos elos da cadeia dos deveres nobilitantes.

Ama apesar de não receberes retribuição.

Ajuda mesmo sem a consideração dos socorridos.

Estende os tecidos da esperança embora não te identifiquem os beneficiados.

Podes fruir a paz que dimana da prece e a harmonia que se derrama da fé.

Possuis felicidade sem mesclas de crime nem bases de enganos.

Não invejes os que se estão atirando ao autocídio inconsciente.

Pensas nesses triunfadores enganados com simpatia e cordialidade.

Exulta por te encontrares em pleno caminho de redenção espiritual, expungindo enquanto outros se infelicitam, libertando-se ao tempo em que outros se enclausuram.

E se puderes partir os elos mesquinhos da autocompaixão infundada e desnecessária, bendize o que tens, a vida que experimentas e a fé cristã-espírita que te ilumina interiormente conseguindo sobrepor os ideais incorruptíveis da imortalidade aos jogos vis e escravocratas do mundo.

Muito oportuno recordares o ensino de Jesus; "No mundo só tereis aflições"... mas os que porfiarem fiéis até o fim herdarão a glória excelsa.

De "Espírito e Vida",
de Divaldo P. Franco,
pelo Espírito Joanna de Ângelis

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