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08 dezembro 2010

Deus em Nossa Vida - Raul Teixeira


Deus em Nossa Vida

Esses tempos do mundo têm sido tempos muito complicados. Para onde quer que nos voltemos, existem as perturbações.

E neste momento das perturbações, é muito comum que a criatura humana esteja em busca de soluções.

Para onde nos voltemos há soluções à vista, mas nem sempre essas soluções são de fato aquelas que terão possibilidades de resolver os problemas do mundo complicado.

Tem se procurado soluções políticas. E, quando se procuram soluções políticas, se lança mão dos parlamentares, dos porta-vozes, dos embaixadores, dos países, dos governos ou mesmo das instituições comuns.

Tem-se procurado também soluções econômicas. É o problema da economia, a plantação, a colheita, o consumo.

Mas, há outras vezes em que as soluções buscadas são de ordem armada, militar. São soluções beligerantes, em que um povo ataca outro povo, em que um país se atira contra outro país. Todos em busca de soluções para as complicações do mundo.

Muitas vezes são procuradas soluções em nível religioso. Quando alguém imagina que a sua crença, o seu modo de ver é superior ao do outro, surgem as guerras religiosas, ou melhor, as guerras entre religiosos, o que não pode ser mais estapafúrdio.

Daí, começamos a pensar nas soluções que deveremos procurar para o nosso mundo complicado.

É bem verdade que, quando pensamos nessas complicações da atualidade, temos que convir que elas não são propriamente da atualidade.

Desde que existe o ser humano sobre a Terra, desde quando surgiram as comunidades, as sociedades, os grupos humanos organizados, aí estão as complicações. Porque desde que uma pessoa pense diferente de outra pessoa, começam as discordâncias.

Temos sempre muita dificuldade de viver, de coabitar com o que nos seja diferente. Pessoas diferentes de outras parece que estão ameaçadas.

Sofremos grande ameaça quando alguém não pensa como nós, alguém não se veste como nós, alguém não reza como nós ou não vive no mesmo bairro em que nós vivemos.

A partir disso é necessário pensar na busca de soluções verazes para os problemas do mundo complexo. E, quando pensamos nessas soluções a buscar, não podemos perder de vista a ideia de que nós não estamos ao léu no mundo.

O planeta não está à matroca, é uma grande nau, uma grande embarcação que singra os espaços abertos do Cosmo e sob a sua coordenação está o Homem de Nazaré.

Sim, pelo que nós aprendemos nas crenças cristãs, é Jesus Cristo o grande supervisor do progresso planetário. Ele é que nos vem falar de Deus, do Nosso Pai, da nossa grandeza e, propõe que aprendamos a colocar Deus em nossa vida.

A partir do momento em que ponhamos Deus em nossa vida, as providências tomadas para a solução dos problemas terrestres igualmente serão maiores, serão melhores, com grandes chances de êxito.

É por isso que não deveremos perder de vista o conceito de Deus na nossa vida cotidiana. A ideia de Deus para nós todos.

Mas, que ideia de Deus é esta que estamos querendo?

Não pode ser pieguista, não há nenhuma necessidade de falarmos de Deus como se Ele fosse o grande castigador, o grande juiz, o grande julgador.

A imagem que Cristo nos deixa entrever de Deus é a de Nosso Pai Criador. Uma vez que tenhamos essa percepção, todas as coisas se alterarão na nossa maneira de ver e de interpretar o mundo.

A partir daí, será mais fácil encontrarmos soluções para os problemas do mundo complicado, a partir das soluções que encontremos para nossa própria complicação.

* * *

A ideia de Deus nos tranquiliza. Sim, nos tranquiliza porque, na medida em que pensemos que o Universo está nas mãos do Criador, temos certeza de que o Universo está bem. As Leis funcionarão perfeitamente porque o Criador do Universo é perfeito.

A ideia de Deus, além de nos tranquilizar, nos aproxima, passamos a entender que somos todos irmãos.

Não importa a cor de nossa pele, a nossa cultura ou as nossas culturas, não importa qual seja o nosso estágio socioeconômico. Importa-nos que somos todos filhos de Deus, irmãos portanto. Logo, deveremos nos aproximar afetivamente, emocionalmente para que a vida tenha um outro sentido.

A ideia de Deus nos permite pensar na proposta da paz. Essa paz que não se consegue através de armistícios, de assinaturas de papéis porque daqui a pouco se assinam outros papéis para a guerra, para a violência, para as licenças grotescas de que temos sido testemunhas nesses tempos do mundo.

A ideia de Deus nos permite pensar numa paz verdadeira porque construída dentro da criatura.

A ideia de Deus nos dá familiaridade com a natureza, nos auxilia a refletir sobre a manutenção da nossa casa planetária. Na medida em que nos sintamos bem em nossa casa planetária, vamos querer que ela esteja cada dia melhor e, por causa disso, teremos cuidados com a vegetação, com os animais, com os mananciais, com o ar que nós respiramos e conosco propriamente.

Se estamos preocupados com a natureza, com a ecologia, com o ecossistema, já sabemos que o ser humano é o indivíduo mais importante desse ecossistema.

Então é justo que pensemos em Deus, que permitamos que a ideia de Deus conviva com a nossa vida cotidiana, acreditando sempre que a ideia de Deus não pode ser um adorno social para as questões de fé. O Criador não precisa dessas confissões labiais que nós usamos tanto.

Eu tenho muita fé em Deus. Eu acredito em Deus. Não é isso o mais importante. O mais importante é que vivamos de tal forma na Terra que Deus, isto sim, possa confiar em nós.

A partir dessa confiança de Deus em nós, Ele nos oportunizará sempre as condições melhores para a realização de que temos necessidade no mundo.

Todas as complicações do planeta irão desaparecendo porque nos amaremos a nós próprios, e reciprocamente. Nós todos nos respeitaremos, aprenderemos a compreender ou admitir que as pessoas possam ser diferentes de nós, que as pessoas devam ser diferentes de nós.

Seria terrível um mundo em que todos fossem iguais, um mundo cujo arquétipo fosse copiado por toda a massa de bilhões de almas.

A grande beleza da Divindade é nos fazer de tal modo que cada um seja um. A grandeza de Deus é permitir que nós construamos nossa própria feição espiritual.

Há esse que é calmo, aquele que é mais excitado, aquele que é brigão, mas todos estaremos marchando para a harmonia.

Existe esse que é cantor, aquele que é pintor, o outro que é marceneiro, que é chofer, que é boiadeiro, mas todos estamos aprendendo a lidar com a Casa Cósmica, com a morada de Deus.

Quando colocamos Deus em nossa vida temos grandes chances de seguir para a felicidade.

Não é essa felicidade de ter coisas, de ter poderes, é essa felicidade de ter a consciência tranquila pelo dever retamente cumprido ou cumprido da melhor forma que podemos.

E, uma vez colocado Deus na pauta de nossas reflexões, dos nossos pensamentos, transmitindo-O aos nossos filhos, à nossa família e, entronizando-O em nosso próprio coração, as complicações do mundo atual tenderão todas a desaparecer na caudal do amor que verte dessas regiões sublimes, onde vibra o amor de Deus.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 182, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.


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