Total de visualizações de página

31 julho 2013

Reflexões sobre a Amizade - Wellington Balbo



REFLEXÕES SOBRE A AMIZADE



“O homem sente as primícias da felicidade na Terra quando se encontra com almas que pode desfrutar uma união pura e santa”. Pensamento de Allan Kardec que está contido em O livro dos Espíritos na questão de n 980. O codificador está repleto de razão, se pararmos para uma observação em nossa vida constataremos que os momentos mais felizes de nossas existências foram ao lado dos amigos, sejam reais, virtuais que também são reais. Ninguém é feliz sozinho.
Temos a necessidade de compartilhar nossas alegrias, conquistas, derrotas, vitórias e, claro, fazemos isso com os amigos. Como diz o povo: Quem tem amigo não morre pagão!

E mais uma vez Kardec captou com maestria essa necessidade humana. Mas diante do número estrondoso de gente decepcionada com a outra, de gente que fala assim: “Ah, ele não era aquilo que esperava! Ou: Puxa, não sabia que você era desta forma! Ou ainda: Era um lobo que estava em pelo de cordeiro!” - Decidi fazer minha reflexão sobre a amizade, os amigos e o que podemos esperar deles. Sim, claro, porque é fundamental para uma relação saudável sabermos o que esperar dos amigos. Não posso, ou melhor, não devo considerar que os amigos podem tudo e estarão conosco para sempre. Esta ideia é que causa a decepção em relação aos outros e nos faz ficar muitas vezes sozinhos, sem ter com quem conversar, compartilhar, dividir.

Primeiro e óbvio passo é compreender que nossos amigos estão na Terra, planeta de provas e expiações. Esse conhecimento por si só elimina a ideia de que são santos, anjos e não cometerão erros. Conscientes disso já podemos entender que nossos amigos em algum momento não corresponderão às nossas expectativas, mas ainda assim serão nossos amigos. Essa concepção vai livrar-nos da desilusão e de perdermos uma boa amizade.

Depois é fundamental entendermos que estamos todos, nós e nossos amigos, evoluindo juntos, crescendo, aprendendo, progredindo, portanto, menos carga no ombro deles, mais leveza nas relações.

Por isso considero muito importante nossa reflexão sobre a amizade e os amigos até para não sermos injustos com eles. E, repito para que possamos entender: Muitas vezes colocamos uma carga pesada demais nos ombros dos amigos e eles, claro, são seres humanos, falham e o resultado é aquela velha decepção com as pessoas ... Lá se vai uma boa amizade embora...

Compreendamos: Até há amigos para todas as horas, todos os momentos, mas são raros os casos, muito raros. Penso que ainda temos uma visão muito romântica das coisas, mais ou menos assim: Esse cara não erra, é amigo pra toda hora e, portanto, viveremos felizes para sempre...e por ai vai...

Mas não é bem assim.

Há amigos, por exemplo, que compartilham apenas as horas de alegria, outros gostam de estar na tristeza ao nosso lado... Outros são amigos que nos socorrem em dificuldades financeiras, outros não servem pra isso, mas nos dão suporte emocional... Outros são bem prestativos, mas não gostam muito de prosa, de sair, enfim...

O que quero dizer com essa conversa sobre amizade? Quero dizer que nas amizades devemos ser um pouco mais racionais e menos emocionais até para não perdermos um grande e verdadeiro amigo, mas que tem suas limitações e não estará conosco em todas as horas... Porém, nem por isso deixa de ser um bom amigo, que podemos passar horas, dias e momentos de muita felicidade ao seu lado... Menos peso nos outros, mais alegria e compreensão nas relações e desfrutaremos, como diz Kardec, de um pouco de felicidade aqui na Terra, ainda como encarnados e ao lado dos amigos. 




30 julho 2013

O Repouso Além da Morte - Irmão Jacob


O REPOUSO ALÉM DA MORTE

Contei-lhe que, ao descansar, não tive a impressão de dormir, qual o fazia no corpo de carne. Permanecera sob curiosa posição psíquica, em que jornadeara longe, contemplando pessoas e paisagens diversas. Supunha, assim, não ter estado num sono propriamente dito.

Escutou-me atenciosamente, explicando-me, em seguida, que o repouso para os desencarnados varia ao infinito.

O Espírito demasiadamente ligado aos interesses humanos acusa a necessidade de amplo mergulho na inconsciência quase total, depois da morte. A ausência de motivos nobres, nos impulsos da individualidade, estabelece profunda incompreensão na alma liberta das teias fisiológicas, que se porta, ante a grandeza da espiritualidade superior, à maneira do selvagem recém-vindo da floresta perante uma assembléia de inteligências consagradas às realizações artísticas; quase nada entende do que vê e do que ouve, demonstrando a necessidade de compulsório regresso à tribo da qual se desligará vagarosamente para adaptar-se à civilização. Também os criminosos e os viciados de toda sorte, com o espírito encarnado nas grades das próprias obras escravizantes, não encontram prazer nas indagações espirituais de natureza elevada, reclamando a imersão nos fluídos pesados e gravitantes da luta expiatória, em que a dor sistemática vai trabalhando a alma, qual buril milagroso aprimorando a pedra. Para as entidades dessa expressão, impõe-se torpor quase absoluto, logo após o sepulcro, em vista da falta provisória de apelos enobrecedores na consciência iniciante ou delinquente. Finda a batalha terrena, entram em período de sono pacífico ou de pesadelo torturado, conforme a posição em que se situam; período esse que varia de acordo com o quadro geral de probabilidades de reerguimento moral ou de mais aflitiva queda que os interessados apresentam. Terminada essa etapa, que podemos nomear de hibernação da consciência, os desencarnados desse tipo são reconduzidos à carne ou recolhidos em educandários nos círculos inferiores, com aproveitamento de suas possibilidades em serviço nobre, não obstante de ordem primária.

Não ocorre o mesmo com o Espírito médio, portador de regular cultura filosófico-religioso e, sem compromissos escuros na experiência material; quanto maior o esforço das almas dessa espécie por atenderam aos desígnios divinos, no campo físico, mais vasta é a lucidez de que se fizeram dotadas nas esferas de além-túmulo.

Enquanto a mente das primeiras é requisitada ao fundo abismo das impressões humanas, ao qual se agarram à semelhança de ostras à própria concha, a mente das segundas busca elevar-se, tanto quanto lhes permitem as próprias forças e conhecimentos. O descanso, pois, além da morte, para as criaturas de condição mais elevada, deixa, assim, de ser imersão mental nas zonas obscuras do mundo para ser vôo de acesso aos domínios superiores da vida.

Finalizando a resposta, o Irmão Andrade, asseverou que certas individualidades, não obstante exaustas no supremo instante do transe final, libertam-se da matéria grosseira e colocam-se a caminho de esferas divinizadas, com absoluta lucidez e sem necessidade de qualquer repouso tonificante, qual o compreendemos, em vista do nível de sublimação espiritual que já atingiram.


Pelo Espírito Irmão Jacob
Do Livro: Voltei
Médium: Francisco Cândido Xavier


29 julho 2013

Dinâmica da Palavra - Joanna de Ângelis


DINÂMICA DA PALAVRA

Instado a falar, deixa que os lábios se te enfloresçam de esperança e alegria, com que esparzirás a palavra no rumo dos corações em ansiedade.

Apesar de te encontrares sob a cruz dos testemunhos silenciosos, desvela o teu céu estrelado de fé e clarifica com o verbo gentil as almas que te buscam em sombras e aturdimento.

Embora não te encontres em gozo de saúde ou experimentes as injunções da crueldade alheia que te aflija, entretece considerações sobre o equilíbrio, conclamando ao otimismo.

Nunca exumes temas esquecidos, cadaverizados, trazendo-os ao comentário pessimista, nem agasalhes as sugestões que induzem a apreciações deprimentes.

De forma alguma sustentes conversações acusadoras, repassando lances da vida do próximo com azedume ou apodo.

Todo problema alheio merece o nosso respeito.

Coloca a tua expressão verbal a serviço da renovação e do entusiasmo das criaturas que te cercam.

***

O incêndio da maledicência necessita da água do silêncio para apagar-se.

O azorrague da perseguição aguarda a atitude cordata para cessar.

A agressão devastadora desaparece diante da não-violência tranquila.

Se te chegam ao conhecimento censuras e invectivas contra tua pessoa, silencia e perdoa.

Se te alcançam estremunhamentos e acusações injustas, cala e desculpa.

Se te chocam os golpes da impiedade ou os da gratuita perseguição, prossegue no bem e compreende.

Não lamentes os que te deixaram à margem ou que se voltam contra ti.

Se insistes no dever, vão-se aqueles, mas outros virão.

***

Sempre que colocado na posição de quem fala, mede os teus conceitos e expende-os carregados de emoções felizes.

Com a palavra induzirás à paz ou fomentarás a guerra.

Falando e agindo, Jesus deixou-nos um legado que o tempo não venceu, permanecendo como uma constelação de astros a iluminar a noite de todos os evos, futuro em fora, inapagáveis.


De “Alerta”
De Divaldo P. Franco
Pelo Espírito Joanna de Ângelis



28 julho 2013

A Revogação do Casamento sob o Ponto de Vista Espírita - Jorge Hessen

 

 

A REVOGAÇÃO DO CASAMENTO SOB O PONTO DE VISTA ESPÍRITA

 

 Um católico acusou a esposa de pedofilia e entrou com uma ação de declaração de nulidade do matrimônio nos tribunais eclesiásticos. Os conselhos religiosos reconheceram o pedido de anulação e o veredito teve consonância com as exigências do Direito brasileiro, inclusive produzindo efeitos civis. “Para isso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) homologou a sentença do Tribunal de Assinatura Apostólica, do Vaticano, sobre a declaração de nulidade do casamento do casal brasileiro, com base no Acordo Brasil-Santa Sé. A decisão do STJ tem validade tanto para o casamento realizado no cartório e em igreja quanto o casamento religioso celebrado no templo com efeito civil (1)


O casamento celebrado em conformidade com a lei canônica, ao ser considerado nulo pela Igreja, os esposos passam a ser solteiros, e não divorciados, como seria se tivessem conseguido a anulação pela lei civil.  É no mínimo extravagante tal situação, pois a doutrina da igreja romana não consagra o divórcio, porém juízes eclesiásticos podem decidir sobre anulação de consórcio matrimonial. É uma maneira de esconder o sol com a peneira.

O desfecho do caso acima é um espetáculo bizarro, pois a igreja romana, que não acata o divórcio, mas revoga casamento, que para ela deve ser “indissolúvel”, e culmina por  reconhecer a nulidade de certas uniões matrimoniais problemáticas. É por essa e outras razões que o Espiritismo afirma que “a indissolubilidade absoluta do casamento é uma lei humana muito contrária à da Natureza (2).

Nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento. A indissolubilidade matrimonial é uma imposição teológica que não se justifica, até porque existem muitas aprovações de nulidade de casamento pela Cúria romana. Para alguns “experts” o atrativo nesses casos é o retorno ao estado de solteiro, só possível pelo processo canônico, para os praticantes da religião católica. Pode ser que isso interesse a muitos católicos, ou seja, “voltar ao status de solteiro, embora tenham passado os tempos tão preconceituosos em que ser divorciado ou divorciada era uma nódoa pesadíssima imposta pela sociedade (3).

A aceitação pelo Superior Tribunal de Justiça sobre a decisão da Santa Sé causou desconforto entre especialistas de Direito Civil. “O debate é se o STJ feriu o princípio do Estado laico e se a anulação é producente mesmo depois da instituição do divórcio direto (4)”. No Direito civil, em um divórcio, as partes podem requerer pensão e partilha de bens. Na anulação eclesiástica, se um dos cônjuges for considerado culpado não pode reivindicar os direitos,  exceto se houve aquisição de patrimônio enquanto casados.

As leis terrestres (civis e eclesiásticas) não podem ser estanques porque elas se modificam segundo os tempos, os lugares e o avanço da inteligência. O casamento é um rito humano, e não há dois países onde o evento seja categoricamente semelhante. O que é legal num país (a poligamia, por exemplo), é adultério noutro país. “A lei humana tem por finalidade regular os interesses sociais, que variam segundo as culturas. Em certos países, o casamento religioso é o único legítimo; noutros é necessário, além desse, o casamento civil; noutros, finalmente, este último casamento basta (5).

A certidão de casamento não supera a lei do amor, contudo o casamento não é contrário à lei da Natureza, muito pelo contrário, pois “é um progresso na marcha da Humanidade (6). A abolição do casamento sim “seria uma regressão à vida dos animais (7).

Para Allan Kardec o estágio primário do homem é o da união livre e ocasional dos sexos. “O contrato matrimonial estabelece um dos elementares atos de avanço nas sociedades humanas, porque institui o vínculo jurídico e fraterno e se ressalta entre todos os povos, inobstante em condições não uniformes (8).

A proscrição do matrimônio consistiria em regredir à infância da Humanidade e poria o homem abaixo mesmo dos seres irracionais. O divórcio não contraria as Leis de Deus e objetiva  “separar legalmente o que já, de fato, está separado, portanto não é contrário à lei de Deus, e só é aplicável nos casos em que não se levou em conta o amor.” (9).

Emmanuel aclara o assunto afirmando que a expectativa de um casamento indissolúvel aumenta o número de uniões irregulares. É verdade! O que é mais racional se aprisionar um ao outro os esposos que não podem viver juntos ou restituir-lhes a liberdade? Obviamente, “partindo do princípio de que não existem uniões conjugais ao acaso, o divórcio, não deve ser facilitado”(10). É nos casamentos que ocorrem burilamentos e reconciliações para a sublimação espiritual.

Não nos é justo estimular o divórcio de ninguém, mas reconhecemos que no limite da resistência pessoal, “é compreensível que o  esposo ou a esposa, relegado a sofrimento indébito (ameaça de morte, desprezo, infidelidade), se valha do divórcio por medida extrema contra o suicídio, o homicídio ou calamidades outras que lhes complicariam  ainda mais o destino” (11).

Cabe a cada um de nós reconfortar e  fortificar os esposos em demanda, nos matrimônios provacionais, a fim de que vençam as próprias aflições, encarando as duras fases de regeneração ou  expiação que pediram antes da reencarnação, em auxílio a si mesmos. Conquanto o divórcio, baseado em razões  justas, seja providência humana claramente compreensível, não nos compete instigar a separação, até porque “em briga de marido e mulher se mete a colher”, respeitemos e saibamos que são eles mesmos, os casais que desejam a separação entre si é que devem decidir, cabendo-nos exclusivamente a obrigação de respeitar-lhes o livre arbítrio sem ferir lhes a decisão.

 Jorge Hessen
Referências bibliográficas:
acesso em 04/07/13
(2) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 697, RJ: Ed. FEB, 1972
(4) Idem
(5) Kardec , Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXII , RJ: Ed FEB, 2000
(6) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 695, RJ: Ed. FEB, 1972
(7) idem  questão 696, RJ: Ed. FEB, 1972
(8) Kardec , Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXII , RJ: Ed FEB, 2000
(9) Idem
(10) Xavier, Francisco Cândido. Sexo e Vida, ditado pelo espírito Emmanuel, Cap 8 – Divórcio ,RJ: Ed. FEB, 1978
(11) Idem

27 julho 2013

Espiritismo Cristão - Emmanuel


ESPIRITISMO CRISTÃO

Ao Espiritismo cristão cabe, atualmente, no mundo, grandiosa e sublime tarefa.


Não basta definir-lhe as características veneráveis de Consolador da Humanidade, é preciso também revelar-lhe a feição de movimento libertador de consciência e corações.

A morte física não é o fim. É pura mudança de capítulo no livro da evolução e do aperfeiçoamento. Ao seu influxo, ninguém deve esperar soluções finais e definitivas, quando sabemos que cem anos de atividade no mundo representam uma fração relativamente curta de tempo para qualquer edificação na vida eterna.

Infinito campo de serviço aguarda a dedicação dos trabalhadores da verdade e do bem. Problemas gigantescos desafiam os Espíritos valorosos, encarnados na época presente, com a gloriosa missão de preparar a nova era, contribuindo na restauração da fé viva e na extensão do entendimento humano. Urge socorrer a Religião, sepultada nos arquivos teológicos dos templos de pedra e amparar a Ciência transformada em gênio satânico da destruição.

A espiritualidade vitoriosa percorre o mundo, regenerando-lhe as fontes morais, despertando a criatura no quadro realista de suas aquisições. 

Há chamamentos novos para o homem descrente, do século XX, indicando-lhe horizontes mais vastos, a demonstrar-lhe que o Espírito vive acima das civilizações, que a guerra transforma ou consome na sua voracidade de dragão multimilenário.

Ante os tempos novos e considerando o esforço grandioso da renovação, requisita-se o concurso de todos os servidores fiéis da verdade e do bem para que, antes de tudo, vivam a nova fé, melhorando-se e elevando-se cada um, a caminho do mundo melhor, a fim de que a edificação do Cristo prevaleça sobre as meras palavras das ideologias brilhantes.

Na consecução da tarefa superior, congregam-se encarnados e desencarnados de boa vontade, construindo a ponte de luz, através da qual a Humanidade transporá o abismo da ignorância e da morte.

Mentalizemos a criatura recolhida à prisão para relacionar-lhe os aflitivos problemas.

Quase sempre chora sem lágrimas sob o azorrague do remorso a zurzir-lhe o espírito, arrependendo-se, tardiamente, da culpa que poderia ter evitado a preço de complacência.

Dia e noite, o relógio assinala-lhe os instantes amargos que se acumulam em cristalizações de angústia que, freqüentemente, raiam no desespero.

Padece doloroso banimento social, em compulsória distância daqueles que mais ama.

Recebe surpresas ingratas na abjeção a que se vê relegada, seja na companhia dos elementos inferiores que lhe partilham a penitência ou na hostilidade daqueles que se lhe erigem, por inimigos sorridentes do cárcere. Além de tudo, porém, é constrangida a perder os patrimônios do tempo, de vez que a reclusão lhe subtrai preciosas oportunidades de aprimoramento e progresso.

No símbolo, encontramos a posição aviltante que Jesus, por Divino Médico, procurou conjurar em nosso favor, exortando-nos ao perdão sem limites, porque, em verdade, malquerença e ressentimento, não são mais que perigosa enxovia mental, impedindo-nos a livre assimilação dos bens que a vida nos oferece, segregando-nos em algemas fluídicas de enfermidade e de treva, entre as quais, muita vez, apressamos o passo da morte prematura.

Não contes ofensas e chagas, pedradas e cicatrizes.

Recorda que em tudo somos acalentados pelo amor incessante da Providência Divina e sigamos adiante, lembrando-nos de que, além da noite, o sol brilha sem sombra, por mensagem de Deus, bradando a pelo Céus, a vitória da luz.


Pelo Espírito Emmanuel 
Do Livro: Alvorada do Reino 
Médium: Francisco Cândido Xavier 


26 julho 2013

Educação Espírita Infantil - Wellington Balbo



EDUCAÇÃO ESPÍRITA INFANTIL

 
Em conversa com um amigo, já experiente no que se trata à educação espírita infantil, abordei a seguinte questão:
 
     Os dirigentes espíritas poderiam igualar os valores da reunião mediúnica e da educação espírita infantil.     Ou seja, dar para a educação espírita infantil o mesmo valor que atribuem para a mediúnica. 
   
     Quando viajo em palestras, questiono:
     E ai, como está a educação espírita infantil?

     Ah, não temos voluntários, falta crianças, estrutura precária...
     E indago também: Como vão as mediúnicas?
     Ah, uma beleza, temos 10, 20 grupos aqui na casa...

     Bem, meus amigos, não se trata de deixar de lado as mediúnicas, mas apenas dar à educação da criança o mesmo valor que se dá para a conversa com os Espíritos.

     O Espiritismo ensina que o período da infância é o mais propício para que sejam transmitidas e assimiladas lições morais.

     Diante desta afirmação fica muito simples concluir a importância que se deve dar para os trabalhos de educação espírita infantil, sendo eles:
     – os trabalhos com a criança no centro espírita
     – um dos que devem receber a mais acurada atenção por parte dos dirigentes.

     Todavia, claro que se esbarra em diversas dificuldades, tais como, falta de voluntários, estrutura inadequada e outros tantos.

     Como superá-los?

     Com perseverança, sem desistir na primeira porta fechada. O fundamental é, também, dialogar com companheiros de outras casas espíritas e saber os desafios que estes enfrentam no tocante ao tema e como fizeram para superá-los.

     Esse intercâmbio é salutar para que possamos iniciar ou melhorar o nosso trabalho na educação espírita infantil. Outro ponto a ser abordado é o da capacitação dos colaboradores que irão trabalhar com as crianças. Não podemos deixá-los sem norte, sem condições de desenvolver um bom trabalho.

     Quero dizer com isto que de nada adianta encontrarmos um local no centro espírita e deixarmos lá as crianças apenas para que não atrapalhem a palestra da noite.

     É necessário oferecer ferramentas para que os colaboradores desenvolvam sua missão de forma adequada. Ou seja, necessitamos de realizar verdadeiramente a tarefa da educação espírita infantil, com gente capacitada e disposta a fazer acontecer.

     Alguns indagarão: Mas é muito complicado lidar com voluntários, como fazer para que persistam nas atividades?

     Ai entra nossa capacidade de agregar pessoas. Conheço um amigo que costuma organizar uma vez ao mês confraternização em sua casa para toda a equipe da educação espírita infantil da instituição onde milita. Isso ajuda a criar laços de amizade entre os componentes da equipe, além de ser ótima oportunidade para a troca de experiências, o que propicia um rendimento muito melhor de todo o grupo.


     Claro, todos nós rendemos mais em locais que nos sentimos à vontade. Isso, como coordenadores podemos fazer. Não podemos é ficar enclausurados dentro de nossa própria casa espírita sem dialogar com outros colegas.


     Se nos abrirmos às idéias e sugestões, à troca de experiências de outras equipes que laboram no mesmo segmento que o nosso, certamente iremos encontrar meios para que a educação espírita infantil seja, de fato, uma parte importante do centro espírita onde realizamos nossos trabalhos.


     Como sugestão sobre o tema deixo a belíssima obra: Comece pelo comecinho, da escritora e educadora Martha Rios Guimarães, a nossa Marthinha.


     A obra foi publicada pelo Centro Espírita O Clarim. Vale a pena conferir. Pensemos nisso.






25 julho 2013

Na Edificação - Irmão X


NA EDIFICAÇÃO


Os ociosos de todos os tempos sempre encontram infinitos recursos, para escapar ao círculo das obrigações que lhes competem. Comumente, estão queixosos e desalentados. Para eles, os melhores cargos estão providos, no templo de serviço em que trabalham; as maiores realizações já foram levadas a efeito; as estações do ano trazem variações decisivas que os compelem à permanência no lar; as relações sociais são algemas que os agrilhoam às longas conversações, os menores sintomas de enfermidade constituem ensejo a dilatadas teorias sobre diagnoses diversas. Estão rodeados de obstáculos e não realizam coisa alguma. Gastam fortunas para que ninguém os aborreça e se alguém lhes pede contas dessa ou daquela edificação, explicam que não tiveram sorte, essa sorte por eles transformada num gênio cego que distribui os favores divinos, a torto e a direito.

Assim acontece, igualmente, no campo das realizações de ordem espiritual. É incontável o número de pessoas que se aproximam das fontes espiritistas, afirmando-se desejosas de iluminação. Querem as bênçãos da esfera superior, desejam aquisições mediúnicas, pretendem participar dos serviços de auxílio. Entretanto, em todos os cometimentos do progresso legitimo, o problema da construção não se resume à palavra. É necessário dispor de material efetivo na concretização dos propósitos elevados. A casa reclama pedra e cal. A ferrovia pede trilhos adequados. A usina solicita aparelhagem. Se, na vida física, há necessidade do aproveitamento de recursos vivos e substanciais, como dispensar a boa vontade e os valores do homem, nas edificações do espírito?


Inúmeros corações dirigem-se a nós, suplicando auxílio, mas, como ministrar-lhes o socorro fraterno? Esperam que as almas desencarnadas lhes tomem a iniciativa, subtraindo-os a toda espécie de responsabilidades e preocupações.

Que movimento doutrinário, porém, seria esse em que os amigos experientes, a pretexto de proteção e socorro, instituiriam o regime da irresponsabilidade e da preguiça sistemática? Estariam os mortos tão desocupados, não recebendo da vida outra obrigação que essa de converter a grande universidade da existência humana em simples jardim da infância?

Bondosos amigos nossos comparecem às reuniões do Espiritismo e aguardam fenômenos estupefacientes. Intentam consolidar a fé e se dizem necessitados de paz íntima; todavia, esperam as manifestações maravilhosas dos desencarnados, como se todas as suas construções interiores dependessem disso. Às vezes, recebem o que pedem, mas ficam na situação do espectador que se espantou no circo, vendo as acrobacias do atleta, dançando numa corda frágil, a quinze metros de altura, ou contemplando, boquiaberto, o mágico que engole fogo.

Findo o espetáculo, volta para casa, a fim de atender às obrigações pertinentes à família e à rotina de luta redentora. Ocorre o mesmo, nas observações espirituais. Terminada a injeção de emotividade, o estudante, o crente e o investigador regressam ao campo habitual, onde os deveres de cada dia lhes aguardam o testemunho de amor e compreensão.

Daí essa necessidade de renovação do pensamento que os desencarnados esclarecidos apregoam.

Muitos companheiros se aproximam de nosso plano e pedem qualidades de cooperação, esquecendo-se, porém, de que eles são portadores delas. Apenas necessitam dilatá-las, com educação e proveito. Esse desenvolvimento, contudo, não pode ser uma realização do exterior para o interior. Não são os Espíritos que, desenvolvem os médiuns e sim estes que apuram as faculdades receptivas, alargando as suas possibilidades de colaboração e valorizando-as pelo estudo constante e pela aplicação própria às obras da verdade e do bem.

Que dizer de uma pessoa que aspira ao diploma de médico, detestando os doentes? Como apreciar o falador pedante que deseja cooperar nos serviços da sabedoria, mantendo-se nos círculos escuros da ignorância? Outros propõem-se a receber a luz brilhante do cume, entretanto, sentem receio do caminho. Temem as pedras, os espinhos e as serpentes prováveis, talvez ocultas nas várias regiões que separam o vale da montanha. Obrigá-los a ajudar o enfermo, a soletrar o alfabeto e a fugir das tentações, não é atitude compatível com a lei de vida e liberdade que nos rege.

O próprio Jesus, segundo a venerável lição do Evangelista, permanece à porta e bate. Se alguém abrir, Ele entrará com as bênçãos divinas. Ele, o Mestre, traz a sabedoria, o amor, a luz e a revelação, mas não tem a chave, que pertence ao aprendiz, filho de Deus e herdeiro da vida eterna, como Ele próprio. Poderia, efetivamente, violentar a habitação e destruir o impedimento. Foi o Cristo, Senhor e Organizador do Planeta, quem forneceu ao usufrutuário do mundo a matéria prima para a edificação temporária em que se mantém, mas, Administrador Consciencioso e Justo, sabe que, acima de tudo, permanece a autoridade do Pai, e espera, nos casos de rebeldia e endurecimento, que o Doador Universal se manifeste. E, por vezes, a ordem suprema é de bombardeio demolidor. Aí, então, não há necessidade de chave para a abertura. Os impactos diretos do sofrimento modificam a habitação, apenas com a circunstância desagradável de que o dono por muito tempo se aprisiona na perturbação e na dor, antes de retomar a oportunidade de nova construção.



Pelo Espírito Irmão X
Do Livro: Lázaro Redivivo
Médium: Francisco Cândido Xavier



24 julho 2013

Mediunidade das Crianças - Martins Peralva


MEDIUNIDADE NAS CRIANÇAS

“Os próprios pais da Terra esperam, compassivos, pelo crescimento dos filhos, a fim de entregá-los às bênçãos da Natureza, cada qual a seu tempo.” Emmanuel Allan Kardec desaconselha o exercício da mediunidade pelas crianças, atento aos vários inconvenientes que possam advir.

*

No exame do assunto, há que se observar o problema do desenvolvimento sob duplo sentido: físico e mental.

Há crianças bem desenvolvidas fisicamente, mas de recursos mentais e intelectuais deficientes, o que reforça a sábia orientação do eminente Codificador.

Existem crianças fisicamente pouco desenvolvidas, porém mental e intelectualmente bem dotadas.

Em ambos os casos a prudência aconselha seja evitado, junto à criança, o trabalho mediúnico.

*

Desenvolver a mediunidade, ou seja, educá-la, significa colocar-nos em relação e dependência magnética, mental e moral com entidades dos mais variados tipos evolutivos — evoluídas ou involuídas.

O frágil organismo infantil e sua inexperiência podem sofrer os efeitos de uma aproximação obsidiante. 

*

A imaginação da criança é, sobremodo, excitável, o que pode ocasionar consequências perigosas sob o ponto de vista do equilíbrio, da estabilidade espiritual.

A criança é facilmente impressionável.

*

Em decorrência das próprias leis da Natureza,, vive a criança em mundo diferente, muito pessoal, restrito às diversões infantis.

Por influência dos próprios companheiros da mesma faixa etária, pode a criança querer “brincar de mediunidade”, o que não seria de todo estranhável, porque há muita gente adulta “brincando de mediunidade”, tornando-se veículo da satisfação de sua curiosidade e de seus interesses pessoais.

*

Espíritos perversos ou brincalhões podem aproveitar a fragilidade e inocência infantis para exercerem assédio sobre os ainda pequeninos intermediários do Mundo Espiritual.

*

Há recursos de amparo às crianças que revelam mediunidade.

Prece em seu favor e dos Espíritos que delas tentam acercar-se.

Passes ministrados por companheiros responsáveis.

Frequências às aulas espíritas de Evangelho, a fim de que possam, a pouco e pouco, ir assimilando noções doutrinárias compatibilizadas com sua idade. 

*
Assim como os pais da Terra “esperam compassivos, pelo crescimento dos filhos”, esperemos, também, que o crescimento da criança enseje a oportunidade de sua integração na paisagem mediúnica.


De “Mediunidade e Evolução”
De Martins Peralva

23 julho 2013

Abortamento Eugênico - Momento Espírita



ABORTAMENTO EUGÊNICO


Leve-o para casa e dê-lhe amor! Recomendou o especialista do hospital.

Aquela mãe entendeu, sem que o médico precisasse completar o evidente: Enquanto ainda o tem.

Jonathan não se parecia em nada com os outros dois irmãos.

Sob o ralo cabelo castanho-escuro, a testa era demasiado grande e quadrada e os olhos muito separados.

A mãe soubera, logo em seguida, que o rosto do novo filho era a menor das preocupações. Jonathan, informara-lhe o pediatra, tinha uma grave forma de doença congênita do coração.

Se a doença seguisse seu curso, em breve ele contrairia pneumonia. Se sobrevivesse ao primeiro ataque, outros se seguiriam até seu frágil coração parar.

Mais tarde, o especialista disse que, provavelmente, Jonathan nunca poderia andar e nem mesmo sentar-se sem ajuda - e tudo indicava que seria mentalmente deficiente.

Por que haveria de acontecer isto a mim? – Perguntou a mãe, mergulhada em autocomiseração.

Por que logo Jonathan, que era tão desejado por nós?

O doutor Haydem a interrompeu bruscamente:

Que pensa que aconteceria a uma criança como Jonathan se tivesse sido enviada a pais que não a quisessem?

Quanto a acontecer isso a você - falou mais delicadamente - creio que talvez o próprio Jonathan lhe dê a melhor resposta.

As sábias e proféticas palavras daquele verdadeiro médico vieram a se comprovar ao longo dos anos.

Aquele menino da cara gozada, como era chamado pelas outras crianças, provou que era merecedor de todo o amor que seus pais pudessem lhe dar e que também era capaz de amá-los com a mesma intensidade.

Superadas foram todas as expectativas de falência de Jonathan.
Ele, amparado pela família, superou as dificuldades e limitações que se havia imposto em outras existências...

Lutou e sofreu, mas carregou a cruz que ele próprio tinha construído outrora.

As portas da reencarnação lhe foram abertas como uma nova oportunidade de refazer equívocos e aprender novas lições, e ele soube valorizar...

Quando os colegas lhe perguntavam sobre as grossas cicatrizes cirúrgicas que tinha por todo o corpo, ele respondia bem humorado: São meus zíperes para deixar os médicos entrarem e saírem com mais facilidade.

*   *   *

A história de Jonathan foi escrita por sua mãe, Florence Kirk, em 1965.

Naquela época, embora os recursos da medicina não estivessem tão avançados quanto hoje, houve um médico que soube honrar seu juramento de lutar pela vida, ainda que todas as evidências fossem favoráveis à morte...

Jonathan, mesmo em estado de feto no útero materno, já trazia as deficiências que expressou ao nascer, mas teve a sua chance de lutar pela vida...

Será que hoje, quando grande parte dos médicos se esqueceu dos seus juramentos e elimina os fetos com má formação, Jonathan teria a mesma oportunidade?

Nos dias atuais, a medicina está tão avançada que permite que o feto seja tratado ainda no ventre materno.

Eis aí o grande desafio para os especialistas: Matar, nunca.


Redação do Momento Espírita, com base em artigo publicado em Seleções Reader’s Digest, dez/1965.

22 julho 2013

Inveja - Hammed


INVEJA

A inveja sempre foi uma emoção sutilmente disfarçada em nossa sociedade, assumindo aspectos ignorados pela própria criatura humana. As atitudes de rivalidade, antagonismo e hostilidade dissimulam muito bem a inveja, ou seja, a própria “prepotência da competição”, que tem como origem todo um séquito de antigas frustrações e fracassos não resolvidos e interiorizados.

O invejoso é inseguro e supersensível, irritadiço e desconfiado, observador minucioso e detetive da vida alheia até a exaustão, sempre armado e alerta contra tudo e todos. Faz o gênero de superior, quando, em realidade, se sente inferiorizado; por isso, quase sempre deixa transparecer um ar de sarcasmo e ironia em seu olhar, para ocultar dos outros seu precário contato com a felicidade.

Acreditamos que, apesar de a inveja e o ciúme possuírem definições diferentes, quase sempre não são diferenciados ou corretamente percebidos por nós. As convenções religiosas nos ensinaram que jamais deveríamos sentir inveja, pelo fato de ela se encontrar ligada à ganância e à cobiça dos bens alheios. Em relação ao ciúme, os padrões estabeleceram que ele estaria, exclusivamente, ligado ao amor. É por isso que passamos a acreditar que ele é aceitável e perfeitamente admissível em nossas atitudes pessoais.

Analisando as origens atávicas e inatas da evolução humana, podemos afirmar que a emoção da inveja não é uma necessidade aprendida. Não foi adquirida por experiência nem por força da socialização, mas é uma reação instintiva e natural, comum a qualquer criatura do reino animal. O agrado e carinho a um cão pode provocar agressividade e irritação em outro, por despeito.

Nos adultos essas manifestações podem ser disfarçadas e transformadas em atos simulados de menosprezo ou de indiferença. Já as crianças, por serem ingênuas e naturais, mordem, batem, empurram, choram e agridem.

A inveja entre irmãos é perfeitamente normal. Em muitas ocasiões, ela surge com a chegada de um irmão recém-nascido, que passa a obter, no ambiente familiar, toda a atenção e carinho. Ela vem à tona também nas comparações de toda espécie, feitas pelos amigos e parentes, sobre a aparência física privilegiada de um deles. Muitas vezes, a inveja manifesta-se em razão da forma de tratamento e relacionamento entre pais e filhos. Por mais que os pais se esforcem para tratá-los com igualdade, não o conseguem, pois cada criança é uma alma completamente diferente da outra. Em vista disso, o modo de tratar é consequentemente desigual, nem poderia ser de outra maneira, mas os filhos se sentem indignados com isso.

A emoção da inveja no adulto é produto das atitudes internas de indivíduos de idade psicológica bem inferior à idade cronológica, os quais, embora ocupem corpos desenvolvidos, são verdadeiras almas de crianças mimadas, impotentes e inseguras, que querem chamar a atenção dos maiores no lar.

O Mestre de Lyon interroga as Vozes do Céu: “Será possível e já ter existido a igualdade absoluta das riquezas?” E elas, com muita sabedoria, informam: “(…) Há, no entanto, homens que julgam ser esse o remédio aos males da sociedade (…) São sistemáticos esses tais, ou ambiciosos cheios de inveja (…)”¹

A necessidade de poder e de prestígio desmedidos que encontramos cm inúmeros homens públicos nas áreas religiosa, política, profissional, esportiva, filantrópica, de lazer e outras tantas, deriva de uma “aspiração de dominar” ou de um “sentimento de onipotência”, com o que tentam contrabalançar emocionalmente o complexo de inferioridade que desenvolveram na fase infantil.

Encontramos esses indivíduos, aos quais os Espíritos se reportam na questão acima, nas lutas partidárias, em que, só aparentemente, buscam a igualdade dos “direitos humanos”, prometem a “valorização da educação”, asseguram a melhoria da “saúde da população” e a “divisão de terras e rendas”. Sem ideais alicerçados na busca sincera de uma sociedade equânime e feliz, procuram, na realidade, compensar suas emoções de inveja mal elaboradas e guardadas desde a infância, difícil e carente, vivida no mesmo ambiente de indivíduos ricos e prósperos.

Tanto é verdade que a maioria desses “defensores do povo”, quando alcança os cumes sociais e do poder, esquece-se completamente das suas propostas de justiça e igualdade.

Eis alguns sintomas interiorizados de inveja que podemos considerar como dissimulados e negados:

- perseguições gratuitas e acusações sem lógica ou fantasiada; 

- inclinações superlativas à elegância e ao refinamento, com aversão à grosseria; 

- insatisfação permanente, nunca se contentando com nada; 

- manifestação de temperamento teatral e pedantismo nas atitudes; 

- elogios afetados e amores declarados exageradamente; 

- animação competitiva que leva às raias da agressividade.

O caráter invejoso conduz o indivíduo a uma imitação perpétua à originalidade e criação dos outros e, como consequência lógica, à frustração. Isso acarreta uma sensação crônica de insatisfação, escassez, imperfeição e perda, além de estimular sempre uma crescente dor moral e prejudicar o crescimento espiritual das almas em evolução.

¹ O Livro dos Espíritos, 
Questão 811: Será possível e já terâ existido a igualdade absoluta das riquezas? Não; nem é possível. A isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres. O Livro dos Espíritos.

Questão 811-a: Há, no entanto, homens que julgam ser esse o remédio aos males da sociedade. Que pensais a respeito? São sistemáticos esses tais, ou ambiciosos cheios de inveja. Não compreendem que a igualdade com que sonham seria a curto prazo desfeita pela força das coisas. Combatei o egoísmo, que é a vossa chaga social, e não corrais atrás de quimeras.


Livro: As Dores da Alma, item Inveja
Espírito de Hammed
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto



21 julho 2013

Liberdade e Progresso – Orson Peter Carrara

 
LIBERDADE E PROGRESSO

A propósito das manifestações de rua, atualmente no Brasil, permito trazer ao leitor algumas considerações:

a) Vivemos um processo de guerra. Não de armas, mas de ideias, de justas discordâncias e questionamentos oportunos. Objetivo final é a liberdade e o progresso, não há dúvidas, em toda expansão que as duas palavras permitem e alcançam;

b) Se pensarmos bem, cada um de nós traz consigo uma tarefa comum: instruirmo-nos mutuamente, ajudar no progresso coletivo e melhorar nossas variadas instituições;

c) A liberdade é o direito de proceder conforme nos pareça adequado com a ressalva de que esse direito não vá contra o direito alheio; também é a condição humana necessária para cada um construir seu destino, individual ou coletivamente;

d) O progresso, por sua vez, é o desenvolvimento, o movimento progressivo da civilização ou a marcha e movimento para diante, ou ainda a caminhada para um estado de coisas cada vez mais de acordo com a justiça e a razão. Ele também pode ser classificado como a aplicação das leis que realizem a maior soma de ordem, bem-estar, liberdade e fraternidade; podemos até definí-lo ainda como a extensão da liberdade.

e) Para sermos verdadeiramente coerentes, no uso do inevitável progresso, é preciso nos libertarmos da escravidão da ignorância e das baixas paixões ou apetites vulgares, educando-nos moralmente com a aquisição de virtudes ou aprimorando-as.

Essas considerações nos fazem pensar na justiça e oportunidade dos protestos em andamento, face à corrupção a abusos morais de toda ordem num país de extensão continental, com um povo aberto e fraterno, solidário. O nível de amadurecimento da mentalidade humana já não aceita mais – e nem combina – a corrupção, a desonestidade, a omissão ou os desvios morais de toda ordem. Vivemos um novo tempo, de progresso e liberdade.

Afinal, desde que haja duas pessoas juntas, ambos têm direitos a respeitar e já não possuem liberdade absoluta. Por outro lado, sempre temos, individual ou coletivamente, o poder da escolha e somos sempre senhores da capacidade de ceder ou resistir às tentações de toda ordem e às paixões que desequilibram a individualidade ou a própria sociedade.

E há que se considerar que o dever – definido pelo dicionário como aquilo que precisa ser feito – convida-nos ao bem e ao progresso e esta atitude de agir e não permanecer na indiferença ou na omissão pode evitar o mal decorrente do não comprometimento com as boas causas – único objetivo da vida –, sobretudo aquele que poderia contribuir para um mal maior em prejuízos mais abrangentes para a coletividade.

O excesso do mal em andamento – em todos os sentidos, desde a corrupção, à violência ou omissão de governos e governados – faz compreender a necessidade do bem e das reformas nas leis, nos hábitos, nos costumes.

Vamos percebendo com clareza que os maiores obstáculos ao progresso e, por consequência, da liberdade humana, são o orgulho e o egoísmo. Note-se a definição de ambos para constatar essa afirmação: a) orgulho: manifestação de alto apreço ou conceito que alguém se tem; b) amor exclusivo a si mesmo e aos interesses próprios, em detrimento aos interesses alheios.

Já é tempo de despertar. O direito de questionar, de protestar é legítimo, justo. Mas ele não dá direito à violência, ao vandalismo, à agressividade. Tais comportamentos são absolutamente incompatíveis com a democracia e o novo tempo que desejamos construir.

Será de muita oportunidade ler novamente a letra do Hino Nacional, e cantá-lo, claro. A letra é inspiradíssima nesse ideal de paz e fraternidade que desejamos construir para o país. Inclusive destacando o respeito que devemo-nos uns aos outros. Estejamos nós como governados ou governantes. Não importa. Somos os mesmos seres humanos, necessitados todos da consciência de agir com bondade e justiça.

Tais considerações, de precisão cirúrgica para o atual momento do Brasil, estão baseadas em O Livro dos Espíritos, especialmente nos capítulos Lei de Liberdade e Lei do Progresso e também em Léon Denis. 

Impressionante a precisão, clareza e atualidade das questões desses dois importantes capítulos da obra básica. Fizemos pequena adaptação das respostas dos espíritos para compor a presente abordagem, mas a fonte das ideias lá está, clara e disponível para todos.







20 julho 2013

Rigidez e Teimosia - Hammed

 

RIGIDEZ E TEIMOSIA

Teimosia é uma forma de rigidez da personalidade. É um apego obstinado às próprias ideias e gostos, nunca admitindo insuficiências e erros.

Conviver com criaturas que estão sempre com a razão, que acreditam que nasceram para ensinar ou salvar todo mundo e que jamais transgridem a nada, é viver relacionamentos desgastantes e insatisfatórios.

Quase sempre, fugimos desses indivíduos dogmáticos, incapazes de aceitar e considerar um ponto de vista diferente do seu. Nesses relacionamentos, ficamos confinados à representação de papéis instrutor-aprendiz, orientador-orientado, mentor-pupilo. Somente escutamos, nunca podemos expressar nossa opinião sobre os eventos e as experiências que compartilhamos.

As pessoas teimosas vão ao excesso do desrespeito, por não darem o devido espaço para as diferenças pessoais que existem nos amigos e familiares.

“(…) pelos vossos excessos, chegais à saciedade e vos punis a vós mesmos”¹

Os limites traçados pela natureza nos ensinam onde e quando devemos parar, bem como por onde e quando devemos seguir. A Natureza respeita nossos dons próprios, ou seja, nossa individualidade. Assim, devemos também aceitar e respeitar nosso jeito exclusivo de ser, bem como a de todos aqueles com quem compartilhamos a existência terrena.

O excesso de rigidez e severidade faz com que criemos um padrão mental que influenciará os outros para que nos tratem da mesma forma como os tratamos. Poderemos ainda, no futuro, provocar em nós um sentimento de autopunição, pois estaremos usando para conosco o mesmo tratamento de austeridade e dureza. O arrependimento se associa à culpa, nascendo daí uma vontade de nos redimir pelos excessos cometidos, o que acarreta uma necessidade de expiação – o indivíduo se compraz com o próprio sofrimento.

Nossos limites se expressam de maneira específica e ninguém pode exigir igualdade de pensamento e ação de outro ser humano. Respeitando nossa singularidade, aprenderemos a respeitar a singularidade dos outros e sempre cairemos no excesso, quando não aceitarmos nosso ritmo de crescimento, bem como o do próximo.

Segundo Alfred Adler, a “compensação” é um dos métodos de defesa do ego e consiste num fenômeno psicológico que busca contrabalançar e dissimular nossas tendências inconscientes por nós consideradas reprováveis e que tentam vir à nossa consciência.

Os excessos de todo gênero funcionam, na maioria das vezes, como disfarce psicológico para compensar nossas tendêcias interiores. Exageramos posturas e inclinações na tentativa de simular um caráter oposto.

Atitudes exageradas de um indivíduo significam. quase o contrário do que ele declara.

Excesso de pudor – compensação de desejos sexuais normais reprimidos.

Excesso de afabilidade — compensação de agressividade mal elaborada.

Excesso de alimentação – compensação de insegurança ou necessidade de proteção.

Excesso de religião – compensação de dúvidas desmoralizadoras existentes na inconsciência.

Excesso de dominação — compensação de fragilidade e desamparo interior.

Atrás de todo excesso ou rigidez se encontra a não aceitação da naturalidade da vida, fora e dentro de nós mesmos.

¹ O Livro dos Espíritos, Questão 713: Traçou  a Natureza limites  aos gozos?
 - Traçou para vos indicar o limite do necessário. Mas. pelos vossos excessos, chegais  à saciedade e vos punis a vós  mesmos.


Livro: As Dores da Alma, item Rigidez
Espírito Hammed
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto

 

19 julho 2013

Oração Refazente - Victor Hugo


ORAÇÃO REFAZENTE

Almas da Terra,

Quando o fragor das inquietações estiver a ponto de estraçalhar-vos, se nas encruzilhadas não souberdes o caminho a seguir e todas as rotas vos parecerem acesso a abismos; quando insuportável desesperação vos houver arrastado a conclusões infelizes que vos pareçam ser a única solução; quando os infortúnios em vos excruciando tendei a tornar-vos indiferentes ao próprio sofrimento: tendes o veículo da oração e dispondes do acesso à meditação remediadora. 

Talvez, não vos sejam supressos os problemas, nem afastadas as dificuldades; no entanto, dilatareis a visão para melhor e mais apurado discernimento, lobrigareis mais ampla compreensão da Vida e das suas legítimas realidades, experimentareis a presença de forças ignotas que vos penetrarão. Vitalizando-vos, elevar-vos eis a zonas psíquicas relevantes donde volvereis saturados de paz com possibilidades de prosseguirdes não obstante quaisquer difíceis conjunturas existentes ou por existirem.

Porque a prece apazigua e a meditação refaz. A oração eleva enquanto a reflexão sustenta. O pensamento nobre comungando com Deus, em Deus está a Vida, e dialogando em conúbio de amor extravaza as impurezas e se impregna com as sublimes vibrações da afetividade, que se converte em força dinâmica para sustentar as combalidas potencialidades que, então, se soerguem e não mais desfalecem.

Não vos arrojeis desastradamente nas valas da ira irrefreável ou nas vagas da insensatez. Antes que vou assaltem os demônios do crime, erguei-vos do caos, pensando e orando. Há ouvidos atentos que captarão vossos apelos e cérebros poderosos que emitirão mensagens respostas que não deveis desconsiderar. Amores que vos precederam no além-túmulo vigiam e esperam por vós. Amam e aguardam receptividade. Não vos enganeis nem vos desespereis. Tende tento. Falai ao Pai na prece calma e silenciai para o ouvirdes através da inspiração clarificadora. Nada exijais. Quem ora não impõe.

Orar é abrir a alma, externar estados íntimos, refugiar-se na Divina Sabedoria, a fim de abastecer-se de entendimento penetrando-se de saúde interior. E quando retornardes da incursão pela prece exultar, apagando as sombrias expressões anteriores, superando as marcas das crises sofridas e espargindo alegrias em nome da esperança que habitarás em vós.

Trabalhando pelo Bem o Homem ora. Orando na aflição ou na alegria, o Homem trabalha. E orando conseguirá vencer toda a tentação, integrar-se com plenitude no Espírito da Vida que flui da Vida abundante com forças superiores para trabalhar e vencer.


Pelo Espírito Victor Hugo
Do Livro: Sublime Expiação
Médium: Divaldo Franco


18 julho 2013

Manifestação Raciocinada - Wellington Balbo


MANIFESTAÇÃO RACIOCINADA..


Todas as manifestações populares são legítimas desde que sejam pacíficas, respeitosas e visem o bem coletivo ao invés do benefício individual.

O que está ocorrendo em nosso país nas últimas semanas, ou seja, as manifestações  populares de norte a sul que se iniciaram por causa do aumento da tarifa no transporte público e estenderam-se com petitórios às outras áreas sociais, são válidas, não obstante aos absurdos cometidos por alguns que caminham foram do eixo e enveredam para o vandalismo.

Todavia, nenhuma manifestação pode ir adiante sem ensejar reflexão e ter um objetivo bem definido. Manifestar-se apenas por manifestar-se não é algo muito produtivo.

Nenhuma manifestação pode ter uma causa vaga!

No entanto, quando se tem objetivos bem traçados e sabe-se onde quer chegar as chances de sucesso são bem maiores. Daí a importância de toda e qualquer manifestação ser raciocinada, analisada e bem trabalhada por seus coordenadores.

O codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, fincou as bases do espiritismo na fé raciocinada, baseada na lógica e apoiada pela razão.

O espírita sabe as razões pelas quais tem a certeza da reencarnação, comunicabilidade dos espíritos, lei de causa e efeito e demais  códigos que regulam o universo. Isso é a fé raciocinada, a fé que sabe, que pensa, reflete e quebra as amarras do fanatismo.

Fazendo um paralelo entre a fé raciocinada e as manifestações do povo  em nosso país  compreende-se que é preciso existir a manifestação raciocinada.

Claro, necessito de saber as razões pelas quais estou comprando esta bandeira e batalhando por ela. Não adianta ficar com um ideal vago e ir no embalo dos outros reproduzindo idéias alheias sem refletir.

O espiritismo ensina que é preciso pensar, analisar, ponderar... Portanto, precisamos pensar para que não sejamos indivíduos de fácil manipulação. Vejo as pessoas pedindo verbas para a saúde e educação. Ótimo, são duas áreas precárias em nosso país. Vejo as pessoas falando do não a corrupção.

Ótimo, a corrupção é um câncer social. Todavia, será que ao levantarmos a bandeira da honestidade estamos sendo honestos também? Será que fazemos a nossa parte? Será que declaramos todos os impostos, não lesamos os cofres públicos, respeitamos as leis, não somos adeptos do “jeitinho brasileiro”? A manifestação é válida, mas o debate não pode ser vago. 

O desafio do Brasil vai muito além de combater a corrupção ou arrumar saúde e educação. Temos carência de bons administradores. Muito do dinheiro público vai pelos ralos por conta da má gestão, da falta de políticas administrativas coerentes, dos gastos excessivos, da falta de prioridades, do sucateamento de alguns setores...

Eis porque tomei o exemplo de Kardec no quesito raciocínio para abordar o presente tema. É imperioso ir além do comum que brada por verbas para a saúde, educação e faz coro contra a corrupção. Esses são os temas da superfície e por isso os mais visíveis, mas é preciso ir além. 

É necessário compreender que sem bons gestores e uma administração eficaz ficaremos patinando e não resolveremos nossos problemas. 

Ademais, é preciso ir mais além ainda e observar que toda mudança da sociedade é gradual e obedece àquilo que o Espiritismo ensina: reforma íntima. Sem a renovação moral do individual o coletivo não engrenará. Portanto, boas  são as manifestações pacíficas, respeitosas e que visam o bem coletivo, porém, sem o raciocínio elas tendem a minguar e passar a não realizar os seus objetivos. Assim como a fé, as manifestações também devem ser inteligentes e, claro, raciocinadas, caso contrário não cumprirão o papel de modificar o panorama social.




Autor:  Wellington Balbo