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30 setembro 2013

Quando Tudo Dá Certo - Patrícia


QUANDO TUDO DÁ CERTO 


“Normalmente, quando tudo dá certo conosco, achamos que é merecimento e que Deus nos faz justiça. Quando nos são negados nossos anseios de preenchimento mental e satisfação física, ou seja, quando não está acontecendo o que queremos, sentimo-nos injustiçados, principalmente ao nos compararmos com outras pessoas: ‘Por que ele tem e eu não?’ Achamos que Deus não está fazendo justiça conosco e que estamos sendo punidos.

É que trazemos cargas negativas do passado, que ocasionam frustrações no momento, como também atos desta encarnação podem ter sido os motivos para muitas decepções. Normalmente, não vemos a realidade da vida e sim a projeção das nossas ilusões, por considerarmos a vida física como fim e não como meio.

Muitas vezes, o justo ou o injusto, de acordo com nossa compreensão, baseia-se no que damos e no que achamos que devemos receber em troca.

Nós nos sentimos injustiçados, porque quase sempre temos como meta nossa distração, preenchimento e prazer. Transformamos as funções e necessidades do nosso corpo físico e a capacidade pensante como fim da nossa existência. Não chegamos a olhar a vida como um todo e a desempenhar eficientemente nossa parte nesse conjunto. Já imaginou se o coração do homem se sentisse injustiçado por não ter folga nem descanso físico? Que seria do homem? Diante desse exemplo, vemos que cada um deve fazer o que lhe compete, não esperando recompensas, mas, sim, estando consciente de que deve realizar o potencial nobre que a vida lhe concedeu. Apesar de insignificantes diante do cosmo, fazemos parte dele. Portanto, precisamos desempenhar nossa função como parte da vida, e não viver para os nossos prazeres e conquistas, materiais ou espirituais.

Deus não cria suas manifestações para puni-las ou agraciá-las. Cada qual tem sua função e utilidade, assim como o grão de areia tem sua função no deserto ou na praia do mar. Punir uma manifestação seria reconhecer Sua própria falha.

Ao comprarmos uma máquina nova, o fabricante nos dá garantia desta e, se ela falhar na sua função, não foi intenção do fabricante nos punir, pois a garantia dela fará com que ele lhe restaure as funções. Sendo ele, no caso, o mais prejudicado, pois, além da reposição, ainda poderia ter seu nome comercial prejudicado e posta em dúvida a sua idoneidade. Não somos uma máquina e a falha nunca está em Deus, está na nossa maneira de nos relacionarmos com Ele, com a vida. Na maioria das vezes, nossos ânimos e desejos não encontram ressonância nos planos traçados pela vida, pelas nossas existências anteriores. Às vezes, o que desejamos não é o que podemos ter. Quase sempre nossos desejos são saturados de egoísmo. Os da vida são saturados de grandeza, de amor e de realização plena do homem.

Na Terra, cada variedade de raça recebe, com maior ou menor intensidade, o que necessita para desempenhar e enobrecer as qualidades de sua espécie, a raça a que pertence. O grupo humano não foge à regra natural, só nos é acrescentada a liberdade de escolha, cumprindo a função para a qual fomos chamados. Ao nos harmonizarmos com as leis divinas, nos sentiremos felizes a caminho do progresso. Desprezá-las cria um ambiente vibratório individual de desarmonia, que pode chegar a atingir aqueles que nos cercam e terá ressonância de vibrações inferiores. Será que Deus criou a Terra, com todo o seu aparato animal e vegetal, somente para o desfrute do homem? O ser humano foi criado para desfrutar à custa daqueles que caminham com ele? Não! Por todos os seus atos de abuso, há a consequência de que, não compreendendo, ache que Deus lhe está sendo injusto.

Temos quase sempre nas nossas vivências buscado o significado da vida, tentando adivinhar por que razão Deus criou o homem, talvez por darmos importância demais ao que pensamos ser ou pelos sentimentos que cultivamos sobre tão importante questão. Deus é profundamente simples. Para que possamos ouvi-Lo e senti-Lo, é preciso antes de tudo ser simples como Ele. Um exemplo da simplicidade de Deus é Sua onipresença tanto no nosso Cristo quanto num verme desprezado por todos. Devemos nos despojar do cultivo da autovalorização: vaidade, orgulho e presunção, para nos tornarmos melhores. Não assumindo nossa participação no conjunto do orbe terráqueo, nos sentimos excluídos de obrigações e responsabilidades. Aí, o que acontece com o restante dos habitantes da Terra? A consequência é esta que estamos vendo: destruição e devastação do que a natureza levou milhões de anos para realizar. Não nos sentindo parte do universo, parece até que estamos aqui para usar e desfrutar, não tendo nada a responder, nem responsabilidades sobre o que acontece com a Terra e seus habitantes, se sofrem dores e misérias.

Não podemos compreender Aquele do qual estamos separados e, enquanto assim estivermos,  não faremos parte do todo. Se conseguirmos participar, seremos um só. Não haverá o maior, nem o menor, meu pequeno eu se perderá diante da importância do grande todo.

Que restou, então, para mim e para minha espécie? Viver e, neste viver, conhecer e compreender minhas funções e as dos que nos cercam, compondo assim um todo harmônico. O que os irracionais fazem instintivamente, o homem deve fazer consciente e espontaneamente. Os irracionais não têm escolha, o homem pode escolher entre participar ou recusar do banquete de Deus, que é a própria vida, refletindo assim a simplicidade e o equilíbrio do macro, refletido no micro. Sem nenhuma pretensão, anterior ou posterior, ou do momento presente, pois estes são produtos do egoísmo oriundo da mente temporal. Deus é atemporal.

Deus é profundamente justo. Não há desvios nem preferências nas suas leis. Recebemos de acordo com o que fazemos. As nossas vibrações são resultado de nosso estado interior, são elas que vão proporcionar união com vibrações harmoniosas ou perturbadas, causando dor e angústia, ou felicidade. Conhecendo a Lei da Reencarnação, entendemos melhor a justiça divina. Compreendendo Deus, veremos que tudo o que Ele faz é justo, pois nada deve a ninguém. Tudo o que recebemos é graça e de graça, nada temos feito para ter crédito com Deus. Pois, por mais que façamos, é Dele o potencial, a capacidade e a oportunidade de agir. Se vivermos esta verdade, nunca passará por nossa mente a questão de Deus ser justo ou injusto.”

Livro: O Vôo da Gaivota, cap. Numa Reunião Espírita
Espírito Patrícia
Psicografia de Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho



29 setembro 2013

Sonambulismo - Faculdade Intrigante e Pouco Debatida - Jorge Hessen

 

SONAMBULISMO – FACULDADE INTRIGANTE E POUCO DEBATIDA

Uma neozelandesa conseguiu dirigir e enviar mensagens (1) pelo celular (enquanto “dormia” ao volante) em completo estado de transe sonambúlico (2). Eis aqui um tema desafiador para cogitação espírita, porquanto o sonambulismo [do latim somnus= sono e ambulare= marchar, passear] consiste no estado de emancipação da alma mais completo do que no sonho. 

O sonho é um sonambulismo imperfeito. No sonambulismo, a lucidez da alma, isto é, a faculdade de ver, que é um dos atributos de sua natureza, é mais desenvolvida. Ela vê as coisas com mais precisão e nitidez, o corpo pode agir sob o impulso da vontade da alma. O esquecimento absoluto no momento do despertar é um dos sinais característicos do verdadeiro sonambulismo, visto que a independência da alma e do corpo é mais completa do que no sonho.

Allan Kardec informa na Introdução de O Livro dos Espíritos que se interessou pelo sonambulismo e magnetismo desde sua juventude. Na época o tema era observado em todo continente europeu, despertando interesse acadêmico de numerosos estudiosos. O Marques de Puysegur, um dos mais célebres discípulos de Franz Anton Mesmer, provocava a “crise mesmérica” e aproveitava esse período de “sono provocado” para curar seus pacientes. Durante o transe, certos sonâmbulos podiam ditar recomendações sobre o diagnóstico e o tratamento de enfermos ali presentes.

O século XIX, portanto, além de despertar o interesse da comunidade científica, o “magnetismo” foi bastante estudado nas obras Espíritas. O Codificador, um pesquisador do magnetismo desde os 18 anos de idade, redefiniu alguns conceitos sobre o tema. Palavras como “espírito” e “médium” já existiam, entretanto Kardec deu-lhes outra acepção, visando estratificar os arcabouços da Doutrina que vinha ao mundo sob as orientações dos Instrutores desencarnados. O “médium” na concepção mesmerista, significava uma pessoa que se colocava sob o controle de um magnetizador. Todavia, Kardec anota no Cap. XIV do Livro dos Médiuns que “médium” é todo aquele que, sente num grau qualquer, a influência dos espíritos.

Comparemos o termo “médium sonâmbulo”: para os seguidores de Mesmer era uma faculdade que permitia uma pessoa entrar em transe sonambúlico sob influência magnética. Kardec ao estudar o tema percebeu algumas variáveis do transe sonambúlico. Primeiro percebeu quando o sonâmbulo age espontaneamente sob a influência do seu próprio Espírito (animismo); é a própria alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos. Por outro lado, o médium sonâmbulo, pode ser instrumento de uma inteligência estranha; quando é passivo e o que diz não vem de si. Em suma, o sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento, enquanto que o médium exprime o de outrem.

Lembrando aqui que o Espírito que se comunica com um médium comum igualmente o pode fazer com um sonâmbulo; porque o estado de emancipação da alma facilita essa comunicação. Muitos sonâmbulos veem impecavelmente os Espíritos e os apresentam com tanta exatidão, como fazem os médiuns videntes. Podem dialogar com eles e transmitir-nos as suas ideias. O que narram, fora do âmbito de seus conhecimentos particulares, lhes é com certeza recomendada por outros Espíritos.

No Brasil o sonambulismo ainda é pouco compreendido porque é raramente pesquisado, daí a dificuldade de muitos dirigentes de reuniões mediúnicas em identificá-lo. Infelizmente é tema menosprezado pela maioria dos espíritas. Enquanto isso, sabemos de caso de sonâmbulo que se atirou do 7º andar do prédio em que residia. O infeliz caiu sobre a copa de uma árvore e só vindo despertar no pronto socorro com a medula completamente comprometida. Nunca mais conseguiu andar. Existem muitas pessoas sob o impacto das crises de sonambulismos.
Entendemos que o assunto merece ser examinado e debatido com mais frequência, mirando-se abrigo e socorro aos portadores dessa faculdade, que muitas vezes padecem agruras imensas, por não haver maior número de estudiosos para socorrê-los.

Como percebemos o sonambulismo natural é espontâneo ao passo que o sonambulismo magnético é voluntário e por isso pode ser provocado. Um não suprime o outro já que, em ambos persiste a faculdade da alma em emancipar-se; ocorre apenas outra diretriz, que disciplina o fenômeno. A educação mediúnica também permite ao médium que, por sua vontade, ele tenha controle voluntário sobre o Espírito que vai por ele se manifestar.

Assim sendo, pode considerar-se o sonambulismo como sendo uma variedade da faculdade mediúnica. Ambos caminham juntos e, nos dois fenômenos encontramos a alma, emancipada e livre para se manifestar. Reiteramos que o sonâmbulo age sob a influência do seu próprio Espírito, é sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos. O médium ao contrário, como disse acima, é instrumento de uma inteligência estranha; é passivo e o que diz não vem de si. O sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento, enquanto o médium exprime o de outrem. Sonâmbulos são médiuns independentemente de entrarem no transe anímico e, nessa condição, “incorporam” espíritos sofredores, ou não, mas o fazem também no decorrer desse transe, quando se desdobram e ocorre a psicofonia sonambúlica. Passam, assim, do transe anímico ao transe mediúnico.

Reenfatizamos que a deficiência de estudo dessa faculdade é falha gravíssima no movimento espírita, em face dos expedientes que proporciona no auxílio a espíritos padecentes, seja porque o médium, desdobrado, desloca-se a regiões distantes, ou próximas, onde existam intensos sofrimentos, seja porque permite “[quando os Mentores Espirituais concordam com a aplicação desse recurso ] submeter o espírito rebelde à regressão de memória, quando “incorporado” ao médium em transe sonambúlico e, em casos assim, ele atua na condição de médium, exercitando a psicofonia sonambúlica.” (3)

O sonambulismo puro, quando em mãos desavisadas, pode produzir belos fenômenos, mas é menos útil na construção espiritual do bem. Porquanto “a psicofonia inconsciente, naqueles que não possuem méritos morais suficientes à própria defesa, pode levar à possessão, sempre nociva, e que por isso, apenas se evidencia integral nos obsessos que se renderam às forças vampirizantes.” (4)


Jorge Hessen

Referências bibliográficas:

(1) As mensagens enviadas eram desconexa 
(2) Dados mostraram que ela estava enviando mensagens enquanto dirigia de sua casa, na cidade de Hamilton, à cidade de praia Mount Maunganui, a uma distância de 300 quilômetros. 
(3) XAVIER, Francisco C. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 9. Ed. – Rio de Janeiro: FEB, 1979. Cap. 3, 8 e 11. Sugerimos leitura do item 173, de O Livro dos Médiuns 
(4) Idem Cap. 3, 8 e 11.



28 setembro 2013

Ponte de Misericórdia - Joanna de Ângelis



PONTE DA MISERICÓRDIA

No báratro das aflições que aturdem o ser humano atormentado pelo consumismo e pelo individualismo, uma ponte de misericórdia existe lançada sobre o abismo escuro, facultando-lhe descortinar abençoadas paisagens transcendentais.

Sentindo-se despojado dos valores da fé, da confiança em Deus e no amor, quase vencido pelas circunstâncias constringentes e desesperadoras, defronta-se com esse inesperado contributo da Divindade que o convida a vencer a distância que o situa em relação à outra margem, a fim de que se lhe atenuem e mesmo desapareçam os fatores de sofrimento.

Passando a compreender a finalidade existencial, adquirindo consciência da própria imortalidade, graças, a essa ponte, renovam-se-lhe o entusiasmo e a alegria de viver por perceber que o sentido psicológico mantenedor da harmonia pode ser alcançado mediante a visão do futuro que o aguarda através da ação superior do bem.

Automaticamente experimenta inusitado desejo de sair do estado de depressão ou de revolta em que se encontra, a fim de cooperar com a sociedade irrequieta na qual se movimenta anelando por paz.

Essa ponte misericordiosa é a mediunidade iluminada pelas contribuições inestimáveis do Espiritismo, que lhe retiram as indumentárias místicas e complexas convencionais, para dar-lhe o exato sentido de vivência dentro dos padrões ético-morais do pensamento de Jesus a serviço de si mesmo, do seu próximo e do progresso geral.

Através da prática saudável dos recursos mediúnicos de que é portador, o indivíduo, que antes se encontrava sob a constrição das forças sombrias da perturbação em si mesmo, assim como das influências negativas impostas pelos Espíritos ignorantes ou perversos, redescobre o bem-estar que o toma suavemente, enquanto se aprimora interiormente, mudando de foco existencial e passando a viver sob novas diretrizes.

Enquanto era instrumento inconsciente dos transtornos psicológicos, alguns dos quais de natureza mediúnica obsessiva, era conduzido pelos terrenos ásperos dos comportamentos doentios e destrutivos.

Identificando-lhes, porém, as causas na própria realidade como autor dos atos que se transformaram em efeitos danosos, recupera-se emocionalmente, adquirindo o equilíbrio que favorece a melhor visão dos objetivos essenciais para a conquista de uma existência ditosa.

Passa, então, a reflexionar em torno do pensamento saudável, propondo-se a linguagem correta e edificante, e o comportamento trabalhado nos ideais de beleza, de harmonia e de fraternidade.

Já não lhe pesam na consciência os fardos das culpas do passado, nem o atormentam as interrogações que pareciam sem respostas, porque compreende que tudo depende exclusivamente da maneira como se conduza, projetando para o porvir, mediante as ações dignificadoras do presente, os resultados da sementeira de bênçãos do momento.
A mediunidade é a ponte libertadora através da qual o ser transita no rumo de plenitude espiritual.

Pouquíssimo compreendida, tem sido malsinada por informações destituídas de fundamentos, dentre os quais a assertiva de que todos os médiuns sofrem muito, como se a dor fosse impositivo dessa formosa faculdade.

Sob outro aspecto, existe uma reação psicológica à educação da mediunidade, em razão de as pessoas não desejarem assumir responsabilidades, especialmente em torno da renovação moral e da transformação dos hábitos infelizes, para ser pleno. O anseio imediato é o do prazer sem compromisso nem esforço, como se a finalidade da existência na Terra fosse assinalada por alegrias e gozos, normalmente extenuantes, que se transformam em vícios de consequências funestas.

Ainda sob outro enfoque, pensa-se que a faculdade mediúnica é algo estranho, de caráter mágico, carregada de simbolismos e fetiches para realizações de atos mirabolantes ou miraculosos, com especificidades materiais: casamento, emprego, sorte nos empreendimentos...

Algumas pessoas insensatas, quando se percebem portadoras da sensibilidade mediúnica, esforçam-se por encontrar meios para eliminá-la como se fosse um capricho do organismo que a elabora ao acaso, elegendo aqueles que a devem ou não experienciar.

Meditasse, aquele que assim pensa, em torno da nobre possibilidade de manter contato com o mundo espiritual de onde veio e para onde retornará, e, naturalmente, experimentaria um júbilo imenso, face à certeza da sobrevivência à morte, dando continuidade à vida.

Essa reflexão auxiliaria à conquista de um objetivo psicológico sério para a jornada física, facultando a aplicação das horas no trabalho incessante de autoaprimoramento com a consequente autoiluminação proporcionadora de plenitude.

A confirmação do intercâmbio entre as duas expressões da vida humana – na forma física e fora dela – faculta a descoberta de todo um universo de beleza que se encontra ao alcance de quem o deseje conquistar.

Enfermidades dilaceradoras, físicas, emocionais e mentais seriam evitadas com facilidade, comportamentos extravagantes seriam substituídos pelos de caráter equilibrado, a compreensão da vida se faria de imediato mais sensata e enriquecedora, enquanto o mundo passaria por uma grande renovação em decorrência da conduta dos seus habitantes.

A mediunidade, no entanto, quando relegada ao abandono ou permanece ignorada, torna-se, ainda assim, ponte para aflições e transtornos que dizem respeito ao Espírito endividado que necessita recuperar-se, a fim de prosseguir no seu processo de evolução moral.

Não é, portanto, a mediunidade em si mesma, que responde pelas alegrias ou angústias do seu portador, mas aquele que a possui ostensiva ou natural, de acordo com a direção que lhe oferece.

Inutilmente tentará diluir essa ponte parafísica da sua constituição orgânica, o homem ou a mulher que pretenda seguir em tranquilidade sendo-lhe possuidor.

Bênção dos céus à disposição dos transeuntes da Terra, a mediunidade deve ser vivenciada com carinho e respeito, oferecendo a todos quantos sintam de alguma forma a presença dos Espíritos, conforme esclareceu Allan Kardec, a excelente alavanca para o próprio progresso e redenção moral.
Jesus, que é o exemplo máximo de que dispõe a humanidade para encontrar a felicidade plena, prossegue na condição de Médium de Deus, tornando o Pai conhecido de todos os Seus filhos, através das inconfundíveis lições de amor e de misericórdia que a todos são ofertada.

Seguir-Lhe o exemplo, a fim de alcançar o mediumato, é a opção correta de todos aqueles que dispõem da abençoada ponte de misericórdia.
 

Joanna de Ângelis

Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na tarde de 31 de maio de 2013, na residência de Josef Jackulak, em Viena. Áustria

27 setembro 2013

A Sexualidade e a Força Criativa do Espírito - Magali Bischoff

A SEXUALIDADE E A FORÇA CRIATIVA DO ESPÍRITO

Para compreender a relação da sexualidade e a força criativa do Espírito,temos que aprofundar os estudos das mensagens contidas na Codificação,nas obras subsidiárias,e por autores diversos que pesquisam o assunto sob o ponto de vista espiritual.

André Luiz,no livro Evolução em dois Mundos,Cap.6,descreve informações importantes,sobre o aparecimento da função sexual na Terra:“...Durante um longo tempo, bactérias e células foram experimentadas em reprodução orgânica(sem gametas,isto é,assexuadas).Após esse período um determinado grupo passa a exibir no seu interior qualidades magnéticas positivas e negativas, que surgem desencadeadas por Orientadores Espirituais e acrescenta:"pressente-se a evolução animal em vésperas de nascer".

E com o desenvolvimento da sexualidade e o aparecimento dos seres humanos,sob a ação dos Espíritos Superiores,surge a necessidade do povoamento da Terra.

No seu livro "Forças Sexuais da Alma",Jorge Andréa, um grande pesquisador da fisiologia da Alma e da natureza do espírito,aborda a questão:"...Não podemos fazer confusão com atividades sexuais ligadas aos órgãos físicos e as energias sexuais que carregamos em nosso Espírito.Embora,as atividades sexuais na periferia sejam orientadas por essas forças do Espírito que denominamos "forças criativas". Essas forças são usadas para criar as coisas belas e úteis ou inferiores também. A arte, a literatura, a música, os impulsos para o bem, etc.”

É importante conhecer essa força criativa e analisar o processo mente/espírito e o arcabouço das experiências pretéritas para compreendermos as bases das nossas ações, sentimentos,tendências e convivências na encarnação presente.

Jorge Andréia separa em três zonas,as camadas do consciente e do inconsciente,de uma forma mais didática e de fácil compreensão:

1a.) Zona do Inconsciente Puro.

“Centro da vida, ponto de partida das energias diretivas do Espírito a distribuir-se por toda a estrutura do psiquismo.É uma zona inatingível por qualquer dos métodos psicológicos em vigor.Representaria a zona do autêntico Eu,com características de campo dimensional de energias tão específicas que, por seu intermédio, haveria a possibilidade de pensar-se que o "fluido universal"(elaboração do pensamento divino)aí encontrasse a porta de penetração e, consequentemente, de orientação e abastecimento das inesgotáveis vibrações divinas para os seres.Seria uma zona quitessenciada,faixa de nascimento das energias criativas do próprio psiquismo, a ponte de comunicação e local de canalização da Grande Lei da Vida;As energias criativas dessa zona, que nomeamos de inconsciente puro,distribuem, com ordem e precisão, os necessários impulsos nutridores para a camada que imediatamente lhe segue, por nós denominada de inconsciente passado ou arcaico. Esta, por sua vez, orientaria a que lhe sucede e,assim por diante,até o corpo físico.Desse modo,o Centro da Vida,a fonte criativa estaria,com seu inteligente direcionamento,nas células físicas orientando os processos bioquímicos,porém com energias perfeitamente adaptadas pelas respectivas filtragens que as camadas dimensionais do psiquismo podem oferecer.”

2a.) Zona Inconsciente Passado ou Arcaico

“É a camada que circunda a do inconsciente puro e onde estariam sedimentadas todas as experiências que determinado ser vivenciou através dos evos.Aí encontraremos os "núcleos” desses arquivos que, pela sua intensa atividade,denominamos de núcleos em potenciação;poderíamos nomeá-los, em pensamento de Jung,de arquétipos.Quanto mais vivenciou determinado ser,maior o lastro dessas fontes vibratórias pelo mecanismo incorporativo; nessa absorção e devida metabolização da mecânica psíquica,os arquivos do Espírito, aí situados, sempre se expressarão numa posição de unificação e totalidade sob forma de aptidões.Assim, os alicerces das experiências acumuladas transformam-se em aptidões,que poderão ser,cada vez mais, buriladas, ampliadas e melhoradas,na medida em que a evolução individual se for afirmando.Desses núcleos em potenciação partirão energias que percorrerão as diversas camadas do psiquismo até esbarrar no paredão das células físicas, especificamente em seus núcleos,impulsionando e direcionando o laboratório do código genético.Seria esse o modo pelo qual as forças do Espírito intervêm na organização física?”

3a.) Zona do Inconsciente Atual ou Presente

“Esta terceira zona de revestimento representaria uma região cujas funções psicológicas, por se encontrarem bem próximas da zona física, mais facilmente mostram parte dessa dinâmica já mais bem percebida pela zona consciente.É a zona onde os conflitos do psiquismo, sob forma de neuroses, mais facilmente derramam-se na zona consciente,natural canal de derivações.Diante dessa apresentação diríamos,de modo lógico,que é no inconsciente passado,onde os vórtices energéticos do Espírito se encontram enraizados,a absorverem experiências da zona consciente e,por processo inverso,com possibilidade de nutrirem os mecanismos da vida material. Essas fontes inesgotáveis de energia espiritual,pela condição de constante vibração,nos levaram a denominá-las núcleos em potenciação.E os correspondentes na periferia (células do corpo físico),os elementos onde os vórtices desses núcleos pudessem encontrar receptividade como se fora uma tela captativa, seriam os genes dos cromossomos.Estamos a ver que o psiquismo,nessa hipótese de trabalho,teria correlações,canais de entrosamento entre o Espírito e a matéria.A fim de que esses campos consigam,entre si, entrosagem e sintonia deverão ser adaptados pelas diversas mudanças dimensionais que as camadas do psiquismo devem apresentar. Quanto mais na periferia, na zona corpórea, mais densificação, quanto mais no centro, na zona espiritual, mais quintessência pela pureza dimensional. Ainda poderíamos acrescentar no esquema do psiquismo o corpo mental envolvendo o inconsciente atual.Quanto a esta camada ou campo temos que nos louvar nas informações espirituais, porquanto não existem possibilidades de conhecimento dessa zona pelos seus reflexos na zona consciente.

Pelo que nos fala André Luiz(entidade espiritual),ela representa o envoltório sutil da mente.Poderíamos dizer que nessa região,possivelmente,o perispírito encontre seus alicerces.A camada intermediária que poderá oferecer todas essas condições de adaptação,entre centro espiritual e periferia corpórea,seria o psicossoma ou perispírito.É na rede perispiritual que os canais do psiquismo encontram os autênticos caminhos de entrosagem de energia”.

No seu livro “Visão Espírita das Distonias Mentais”,ele diz: “...podemos considerar o inconsciente atual(ou presente) também funcionando como filtro entre as regiões nobres do Espírito e os campos mais externos do psiquismo.

Para quem ainda não está muito acostumado, com os termos utilizados nas obras da Codificação,Allan Kardec e os espíritos,definiram novas palavras, para diferenciar conceitos da sua época,já que a obra corria sério risco de interpretação.Uma delas é a palavra “quintessência”, termo pouco conhecido naquela época, e provavelmente,melhor aceito e compreendido nos dias de hoje,que sugere uma ideia daquilo que os espíritos desejavam informar.Eles tinham o cuidado de não utilizar a mesma definição para coisas diferentes.

E muito provavelmente,a definição de Quintessência utilizada no período de Kardec, vem da Cosmológica: dos Gregos:

Segue informação do Dicionário: "A ideia de uma Quintessência (ou 5o elemento) como um tipo especial de matéria que preenche o cosmos foi introduzida pelos gregos. Na Cosmologia Aristotélica, por exemplo, o Universo seria finito, estático e formado por cinco elementos primordiais: água, ar, terra, fogo e Quintessência. O 5o elemento seria uma substância diferente das outras; transparente, inalterável e imponderável; uma matéria prima que formaria a lua, os planetas, o sol e as estrelas".

"A Quintessência é um elemento essencial para tornar o modelo cosmológico grego consistente. Pela concepção grega, os elementos pesados devem cair para o seu lugar natural (o centro da terra),mas a lua mesmo parecendo pesada não cai. Isso explica a origem da Quintessência como formadora dos corpos celestes.A luz do renascimento científico e da revolução newtoniana, podemos afirmar que a Quintessência surgiu para resolver um problema de aceleração; um conceito que permitiria “sustentar" a lua e os demais corpos celestes em suas órbitas".(ver: Dicionário Informal)

Se estudamos a existência do Espírito,a sua energia criativa e a sua relação na Matéria,não podemos deixar de falar do Criador e as Leis que regem o Universo.Na primeira questão de “O Livro dos Espíritos”,Allan Kardec pergunta aos espíritos “ Que é Deus?”,não mais dentro da visão Antropomórfica de “Quem é Deus” (a imagem e semelhança dos Homens)mas de um Criador,Inteligência Suprema Causa primária de todas as coisas, que revela as Leis que regem todo o Universo, tendo como princípio As Leis Universais, entre elas de que os Espíritos foram criados, simples e ignorantes,mantendo a sua individualidade no exercício pleno do Livre arbítrio.

Dentro dessa compreensão,não podemos julgar a condição sexual,evolutiva de nenhum espírito encarnado e suas necessidades e escolhas,sem analisar todo o arcabouço espiritual.

Se Deus criou os Espíritos iguais,simples e ignorantes,e neles não existe essa diferenciação sexual(essa informação está contida em “O Livro dos Espíritos”questão 200,na pergunta formulada por Allan Kardec),precisamos compreender que ele é o responsável por sua trajetória,exercitando a energia criativa da forma que lhe cabe,segundo suas necessidades e entendimento.E na Lei de Causa e Efeito,os espíritos tem total liberdade para aprender,reparar, experimentar,equilibrar,desenvolver,aprimorar suas forças à caminho da Evolução.Lembrando somente,que cada ação do espírito em uma existência,tem a relação direta com a reação nessa ou em outra existência.

Para finalizar,segue os ensinamentos do Espírito Emmanuel, quanto à aplicação do sexo. No livro “Vida e Sexo”, umas das obras mais completas sobre o assunto,encontramos já na Introdução:

“...E para não nos delongarmos em considerações desnecessárias,concluiremos que,em torno do sexo, será justo sintetizarmos todas as digressões nas normas seguintes:Não proibição, mas educação.Não abstinência imposta, mas emprego digno,com o devido respeito aos outros e a si mesmo.Não indisciplina,mas controle.Não impulso livre,mas responsabilidade.Fora disso, é teorizar simplesmente,para depois aprender ou reaprender com a experiência.Sem isso, será enganar-nos,lutar sem proveito,sofrer e recomeçar a obra da sublimação pessoal, tantas vezes quantas se fizerem precisas,pelos mecanismos da reencarnação,porque a aplicação do sexo,ante a luz do amor e da vida,é assunto pertinente à consciência de cada um.

A Fundação Espírita André Luiz, realiza um excelente trabalho no esclarecimento de diversos temas que estão em debate na Sociedade através da programação da Rede Mundo Maior de Televisão e da Rede Boa Nova de Rádio,apresentando debates,entrevistas,comentários,estudos de expositores e pesquisadores da Doutrina Espírita.

Segue o Programa “Mundo Maior Repórter” da Rede Mundo Maior de Televisão, emissora da Fundação Espírita André Luiz,que abordou esse tema de forma imparcial, contribuindo com um trabalho jornalístico muito esclarecedor. Vale a pena assistir !


Bibliografia:
Xavier, Francisco Cândido - André Luiz, Evolução em Dois Mundos, 15 ed.: FEB Boletim Médico Espírita, outubro 1987.
Andréa, Jorge - "Palingênese, a Grande Lei". Editora Caminho da Libertação. 2ª edição, 1980, Rio de Janeiro.
Andréa, Jorge-"Energética do Psiquismo". Fronteiras da Alma. Editora Caminho da Libertação.2ª edição, 1978, Rio de Janeiro.
Andréa, Jorge- “As Forças Sexuais da Alma”, Publicação original 1998.Ed.FEB.
Kardec. Allan -“O Livro dos Espíritos” II parte Cap 1 76 a 83
Ciclo de Estudos sobre a obra Evolução em Dois Mundos. Emmanuel (Vida e Sexo – 21 Homossexualidade)

Biblia( Mt VII 1-2) :Não julgueis, para não serdes julgados, pois sereis julgados da mesma maneira como julgardes aos outros; e se usará para convosco, da mesma medida com que medirdes a eles".





26 setembro 2013

Conquista e Liberdade - Irmão X


CONQUISTA E LIBERDADE

Quase todas as criaturas guardam ciosamente as disposições da avareza. Seja entre as possibilidades do dinheiro ou da inteligência, do favor público ou da autoridade, a tendência de amontoar caracteriza a maioria dos homem. O tirano congrega fâmulos e turiferários, como os magnatas monopolizam os grandes negócios materiais. Os pregadores, quase sempre, estimam os ouvintes, não pela qualidade, mas pelo número. Os escritores, em geral, sentem-se desvanecidos com as gentilezas da multidão. Não importa se o simpatizante de suas obras é algum êmulo de José do Telhado. Sabem apenas que a lista de seus leitores relaciona mais um. Madame de Staël reunia admiradores para a sua inteligência. Ninon de Lenclos arrebanhava adoradores para a sua beleza.

Minúsculos sóis revestidos de lama, quase todos os Espíritos encarnados exigem satélites para a sua órbita. Quanto maior a côrte de pessoas, situações, problemas e coisas, maior importância atribuem a si mesmos. No entanto, em vista da exatidão da Contabilidade Divina, os conquistadores humanos convertem-se, aos poucos, em escravos das próprias conquistas. Exigem as grandes naus para singrarem o mar da vida, mas Deus, à medida que lhes satisfaz os caprichos, decuplica-lhes as obrigações e tormentos. Alexandre Magno, rei da Macedônia, submeteu a Grécia, venceu a Pérsia, conquistou o Egito, tomou Babilônia e morreu, atacado de febre maligna, aos trinta e três anos, dividindo-se-lhe o vasto império entre os generais de suas aventuras sangrentas. Napoleão Bonaparte, após distribuir coroas na Europa, improvisando príncipes e administradores, sob as volutas de incenso do poder, morre, melancolicamente, em Santa Helena, como fera acuada num cárcere defendido pela extensão do mar.

Nem todos passam no mundo, agraciados pelo favor das armas, como Alexandre e Napoleão, todavia, copiando-lhes o impulso, quase todos os homens e mulheres da Terra são teimosos conquistadores a se mergulharem, cada dia, nas pesadas e angustiosas preocupações por novos troféus. Reclamam incessantemente mais tesouros, garantias, facilidades, distrações e prazeres. As aquisições a que se agarram, porém, efetuam-se no campo da morte. Intensificam a satisfação egoística do corpo jovem, obtendo a velhice prematura. Amontoam dinheiro para serem escravos de sua defesa.

Raríssimos Espíritos encarnados se recordam da conquista de si mesmos, na posse gradual da virtude santificante e da sabedoria libertadora. E é por isso que, terminada a lição carnal, penetram no pórtico do túmulo, como grandes desesperados, lastimando a perda do instrumento físico.

É necessário libertarmo-nos, para que compreendamos a liberdade. E, sem luz no coração, é impossível fugir ao jogo de sombra das conquistas exteriores. Não preconizamos a impassibilidade que alguns budistas aconselham, a distância dos ensinamentos reais do Gautama. Proclamamos a necessidade do trabalho das mãos com a iluminação do entendimento.

A morte esperará todas as criaturas em seu campo de verdade. E ao influxo de sua luz, devemos restituir ao mundo todos os patrimônios exteriores que ajuntamos, em nossa mania de conquistar ao inverso, revelando o que amontoamos, dentro de nós, para a verdadeira vida.

Terá bastante força a palavra dos mortos para despertar a consciência dos vivos? Não acredito. Mas se Jesus, que é o Divino Senhor da Humanidade, continua semeando a verdade e o bem, porque deixaríamos, nós outros, de semear?

O mundo de carne é vasta esfera, cheia de berços luminosos, onde a vida é provável, e repleta de sepulturas sombrias, onde a morte é fatal.

Bias, o sublime cidadão de Priene, viveu para a bondade e para a sabedoria, no serviço aos semelhantes. Filósofo eminente e sábio generoso, era o amigo de todas as classes, e nunca se escravizara às posses efêmeras, nem conspurcara a consciência ouvindo as sugestões do mal.

Quando os soldados de Ciro ameaçavam a cidade com invasão e ruínas, seus compatriotas amealhavam, apressadamente, seus pequenos tesouros domésticos para a retirada. Homens e mulheres, velhos e crianças, atropelavam-se uns aos outros, tentando salvar, com êxito, as jóias e haveres, os perfumes e tapetes custosos. Observando, porém, que o sábio se mantinha calmo e indiferente às inquietações da hora, interpelaram-no quanto à carga que deveria conduzir, mas, com espanto, ouviram-no informar :“Eu trago tudo comigo!”

Guardava o nobre cidadão seus patrimônios inalienáveis de bondade, retidão e inteligência.

No supremo instante da morte, quando nos sitiam as armas invisíveis da realidade, ai daqueles que não puderem repetir a inesquecível informação do filósofo aos companheiros em desesperação!

A ignorância estabelece o cativeiro, mas a sabedoria oferece a liberdade.

Se as conquistas do homem restringem-se ao plano das aquisições externas, com o desconhecimento do caráter transitório da existência humana, chegado o momento decisivo em vão tentara carregar alfaias e adornos, vestuários e depósitos terrestres, porque, em verdade, não ficará pedra sobre pedra.


Pelo Espírito Irmão X *
Do Livro: Lázaro Redivivo 
Médium: Francisco Cândido Xavier
 * Humberto de Campos

25 setembro 2013

Os Transgêneros sob o Enfoque de um Espírita - Jorge Hessen


OS TRANSGÊNEROS SOB O ENFOQUE DE UM ESPÍRITA

Wren Kauffman, um garoto canadense de 11 anos , vai voltar à escola nesta semana sem omitir um fato importante de sua vida – ser transgênero, isso é, ter nascido como menina. Wren, como outros casos já registrados, se reconhece como uma pessoa do sexo oposto.  Estudos citados pela Associated Press indicam que seis em cada mil estudantes vivem a experiência de ser transgênero.

Professores e colegas no colégio onde Wren estuda sabem a verdade – que ele, cujo nome original era Wrenna, vive e sente-se como um garoto. Sempre odiou usar vestidos, é fã do homem-aranha e se vestiu de super-herói em um Dia das Bruxas. Quando tinha cinco anos, Wren fez sua mãe levá-lo para cortar o cabelo bem curto – ele queria ficar parecido com um dos atores da série “High School Musical”. Kauffman afirma não se lembrar do momento em que não se identificou com o sexo masculino. (1)

A partir de 1º de novembro de 2013, a justiça alemã oferecerá aos pais de recém-nascidos transgênero três opções para registrar seus filhos: “masculino”, “feminino” e “indefinido”. (2) Deste modo, os germânicos serão os primeiros europeus a oficializar o terceiro gênero. Sob o ponto de vista espírita é compreensível que esses pais optem por “terceiro gênero” para registro de nascimento. A sociedade dá sinais de avanço para compreender que o ser humano não se reduz a morfologia de macho ou fêmea.  Encontramo-nos  diante  do fenômeno  “transexualidade” perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação.

Inobstante as características morfológicas, o Espírito reencarnado, em trânsito no corpo físico, é essencialmente superior  ao simples gênero masculino ou feminino. O Espírito Emmanuel adverte que aprenderemos, gradualmente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como  agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade, em si, exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento  na sustentação do bem de todos ou a deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da delinquência.”(3)

A lei alemã (4) é protegida por decisão do tribunal constitucional, estabelecendo que pessoas profundamente identificadas com um determinado gênero têm o direito de escolher seu sexo legalmente. Com isso, abre a possibilidade de o Espírito reencarnado, ao se tornar fisicamente adulto, escolher posteriormente se prefere ser definido como homem ou mulher segundo sua composição psíquica. Ou até mesmo seguir com o sexo [morfologicamente] indefinido pelo resto da vida.

Para os Benfeitores espirituais “as características sexuais dos Espíritos fogem do entendimento humano, até porque são os mesmos os Espíritos que animam os corpos de homens e as mulheres. Para o Espírito; (re)encarnar no corpo masculino ou feminino [acrescentamos corpo sexualmente indefinido] pouco lhe  importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar.” (5)

Os Espíritos encarnam como homens ou como mulheres, porque não têm sexo. “Visto que lhes cumpre progredir em tudo, cada sexo [experiência masculina ou feminina], como cada posição social, lhes proporciona provações e deveres especiais e, com isso, ensejo de ganharem experiência. Aquele que só como homem [ou mulher] encarnasse só saberia o que sabem os homens [as mulheres].” (6)

Notemos o que nos explica o Espírito Emmanuel. (7)  Através dos milênios, o Espírito  passa por fileira imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menos pronunciado, em quase todas as criaturas.O homem e a mulher serão, desse modo, de maneira respectiva, acentuadamente masculino ou  acentuadamente feminina, sem especificação  psicológica absoluta. A face disso, a individualidade em trânsito, da experiência feminina para a masculina ou vice versa, ao envergar o casulo físico, demonstrará fatalmente os traços da feminilidade em que terá estagiado por muitos séculos, em que pese ao corpo de formação masculina que o segregue, verificando-se análogo  processo com referência à mulher nas mesmas circunstâncias.

Em vista do exposto, o Espírito ao renascer pode adotar um corpo feminino ou masculino, não somente atendendo-se ao imperativo de encargos particulares em algum setor de atuação, como igualmente no  que pertence a comprometimentos regenerativos. O ser que abusou das capacidades genésicas, arruinando a vida de outras pessoas com o aniquilamento de uniões construtivas e lares distintos, em muitos casos é levado a procurar nova experiência sexual, na reencarnação, em corpo morfologicamente inverso à sua natureza psíquica, aprendendo, em regime de prisão, a reajustar os próprios sentimentos.

Observadas as tendências homossexuais dos Espíritos reencarnados nessa faixa de prova ou  de experiência, é forçoso se lhes dê o amparo educativo  adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual. E para que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à frente da vida eterna, segundo o Mentor de Chico Xavier “os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do  sexo  e do amor, são analisados pelo  mesmo elevado  gabarito de Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um.”(8)

Jorge Hessen


Referências bibliográficas:

(1)    Disponível em http://www.marataizes.com.br/noticias/news.php?codnot=298361 acesso 05/09/2013
(3)    Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1997, Cap. Homossexualidade
(4)    A lei só contempla bebês que tiveram diagnóstico médico de hermafroditismo.
(5)    Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Parte 2ª – Capítulo IV – DA PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS – Sexo nos Espíritos, questões 200, 201 e 202.
(6)    Idem .
(7)    Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1997, Cap. Homossexualidade
(8)    Idem



24 setembro 2013

Causa Dano Psicológico à Criança um Casal Homossexual Adotá-la? - Wellington Balbo

 

CAUSA DANO PSICOLÓGICO À CRIANÇA UM  CASAL  HOMOSSEXUAL ADOTÁ-LA?


Há alguns meses na cidade de São Paulo participei de seminário sobre homossexualidade com renomado psicólogo.

Uma das perguntas endereçadas a ele foi a seguinte: Qual o dano psicológico para uma criança se for adotada por um casal homossexual?

Sua resposta foi: Nenhum dano psicológico, porquanto o fundamental não é a opção sexual dos pais, mas, sim, as referências de pai e mãe que a criança deve ter em sua educação. E continuou o aluno a perguntar: Mas esta criança não poderá ser homossexual como seus pais? Bem, disse ele, lembre-se, meu caro amigo, que todo homossexual é filho de um casal heterossexual.

Por qual razão abordo este assunto aqui? É que dias atrás ministrei palestra sobre o tema família em um centro espírita e, claro, o assunto abordado neste texto foi motivo de muitas indagações.
Pode ser considerada família esta composição: Papai, papai e filhinhos? Ou: Mamãe, mamãe e filhinhos?

Pesquisa realizada pela USP (Universidade de São Paulo), uma das mais renomadas universidades de nosso país, e coordenada por Ricardo Vieira de Souza, corrobora com os dizeres do conferencista acima, de que não há danos psicológicos para a criança adotada por casais homossexuais, porquanto, como já dissemos, o relevante é a referência de pai e mãe, ou seja, os papéis  desempenhados pelo casal.

Portanto, pode ser considerada uma família casais homossexuais que adotam crianças, sem qualquer problema.

Você poderá me indagar: Mas então você é a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, da adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo?

Não sou a favor e nem contra. Também não estou em cima do muro. Sou a favor da felicidade, do amor e de crianças bem cuidadas, que recebam carinho e afeto, enfim, uma boa educação.

Sabe o que causa dano psicológico a uma criança? Violência seja física ou psicológica. O que causa danos são os pais espancando-se, agredindo-se com palavras de baixo calão ou fazendo chantagens emocionais... Amar alguém não causa dano algum, jamais causará dano quando se quer bem um ser humano.

Jesus, em sua infinita sabedoria afirmou que o importante desta vida é amar fazendo ao próximo tudo aquilo que queremos nos seja feito.

Ora, como cristãos e espíritas cabe-nos exercitar o amor não julgando situações que nos escapam ao alcance. Desconhecemos o histórico espiritual das pessoas envolvidas, dos homossexuais e também dos heterossexuais, logo, é complicadíssimo qualquer julgamento sobre alguém que está simplesmente utilizando o seu direito de amar.

Já nos disse Kardec que a natureza deu ao homem a necessidade de amar e ser amado.

Maravilha de mensagem!

Portanto, papai, papai e filhinho e mamãe, mamãe e filhinho só causarão dano à criança se não tiverem amor um pelo outro...

Nunca se perde por amor... Nunca se perde... Seja de mesmo sexo ou sexo oposto, quando se tem amor tudo se resolve.






23 setembro 2013

Meimei - Um Amor das Estrelas - Carlos Alberto Braga Costa



MEIMEI  - UM AMOR DAS ESTRELAS
A primeira comunicação

Neste episódio celebraremos o primeiro contato do Espírito Meimei com o seu viúvo Arnaldo Rocha.



Com o objetivo de sermos fidedignos a esta história, já contada anteriormente por Arnaldo a Wallace Leal Rodrigues, transcreveremos, do livro Meimei – Vida e Mensagem, o trecho que se refere a este episódio, em vez de contá-lo com as nossas deficientes palavras.


Arnaldo faz referência à mudança de Chico Xavier para Uberaba.


– Toda a minha história se iniciou com o desencarne de Meimei em 1 de outubro de 1946. Em 11 de outubro do mesmo ano, numa noite de quarta-feira chuvosa e fria, procurava me esconder do temporal e aportei-me na residência de meu irmão Geraldo Benício Rocha:



“Ao abrir-me a porta, deparei com cerca de seis ou oito pessoas, livros sobre a mesa... compreendi que iriam fazer reunião espírita. Quis retornar meus passos, mas começou a chover torrencialmente. Contrariado, mesmo assim resolvi ficar. Dos presentes, conhecidos somente ele, sua esposa, minha cunhada Luíza, e uma velha e querida amiga, Da. Eny Fassanello, velha e bem amada amiga de nossa família, italiana de origem, já de há muito residindo no Brasil, porém, falando muito deficientemente o português, sabe como é, tudo era um ‘imbróglio’. Como amo esta querida e sofredora criatura! Quanto lhe devo! Os demais, nunca os tinha visto.


Apresentações rápidas. Uma senhora, de mais ou menos trinta anos, simpática, gorda, nunca mais a vi, parece-me que era do interior de Minas Gerais. O fato é que nunca mais foi às reuniões. Segurando-me as mãos, carinhosamente, olhou-me profundamente e começou a contar toda a vida de Meimei (Naná, como ela dizia, esse era o apelido familiar de Meimei), com detalhes impressionantes, coisas de nossa vida em comum que somente Meimei e eu sabíamos — nossos sonhos, esperanças, decepções. 

Finalizou falando de nossa casucha, dando local, os nossos sonhos para futuras modificações.


(...). A segunda senhora a ser-me apresentada, jovem ainda, talvez entre uns vinte e três a vinte e oito anos, bonita criatura, palavra fluente, inteligente, olhar meigo e encantador -durante o período em que conversávamos, não sei explicar, parecia-me que algo indefinível e estranho ligava-me, bem como Meimei, a essa criatura. Essa senhora, também, nunca mais retornou às nossas reuniões.

 Falava-me com uma infinita ternura sobre Meimei, porém de uma forma que somente as amizades muito lindas e sinceras possuem tais expressões, disse-me da vida íntima de Meimei, da forma com a qual ela foi vestida no caixão – em Minas é comum vestir os defuntos. Meimei, por sugestão de minha querida irmã Filute, foi vestida com as vestes de Nossa Senhora das Dores. Não sei lhe explicar isso, falou-me do local onde é sua sepultura, e, fato estranho, que Meimei, dias antes de se recolher ao leito, submeteu-se a um tratamento odontológico, sofreu uma apicectomia, dente incisivo, esquerdo, maxilar inferior e, por um acidente, o dentista quebrou-lhe a parte superior do dente.


Ora, meu querido, quem sabia disto, apenas eu, Meimei e o dentista. Esta querida senhora deu-me muitos conselhos e reconfortou o meu pobre coração. Falou uma alma irmã, sem nenhuma preocupação de fazer-me acreditar no fenômeno, porém falou o verdadeiro espírito da caridade cristã. Aí, (...), aconteceu algo que me deixou profundamente abalado... segurando minhas mãos, olhou-me com profundo amor e ternura, e disse-me:


– Naldinho – era a primeira vez que eu via a tal criatura –, você não vai compreender agora, porém, alegre o seu coração, não permita que a tristeza o impeça de compreender a Bondade de nosso Pai Celestial; todavia, meu bom amigo, nossa Meimei está muito bem, ela retornou ao convívio de almas que muito a amam e que muito colaboraram para que ela pudesse levar avante e vencer uma série de provas e resgates. Não se assombre se eu lhe disser que você voltará a se casar: é preciso resgatar certas coisas. Ela, na época oportuna, buscará alguém a quem ambos muito devem, não retire suas mãos das minhas e ouça-me com humildade e paciência. Ela promoverá, se você quiser, o reencontro de muitos e muitos corações queridos, dos quais seu orgulho, fanatismo religioso e prepotência os separou.


(...), sinceramente, não sei explicar o porquê de me lembrar destas coisas depois de tantos e tantos anos, parece-me que isto ocorreu agora. Enquanto ela falava eu pensava com os meus botões: ‘Luiza deve ter contado o dia todo a estas senhoras minha vida e de Meimei, esse povo todo é completamente fora de órbita! Pensam que me enganam, afivelemos a máscara da credibilidade e da bobice e fiquemos calados? E o melhor que podemos fazer’.

Muito bem, fez-se silêncio. Oraram, fizeram leituras. Apagaram-se as luzes. Para mim, na época, nada entendia do assunto, meu irmão pôs-se de pé e começou a falar, e, intimamente, eu pensava: ignorava que o mano possuísse tanta cultura, que lindas expressões de carinho e consolações, prendi-me à palavra do mano. Hoje sei que através de seus canais psicofônicos falava um velho e querido amigo de nossa família – na época já desencarnado havia mais de trinta anos – Dr. Cornélio Millowald, de nacionalidade inglesa, que residiu por muitos anos em Tiradentes. Bem, eu estava preso à palavra que ouvia. 

(...), qual não foi minha surpresa ao lado oposto à cabeceira da mesa, onde se encontrava de pé o mano, assentava-se a querida Da. Eny. Fazia frio, havia jogado em seus ombros um agasalho de lã, qual não foi minha surpresa quando Da. Eny, em um gesto que me era profundamente conhecido, com os polegares jogou para trás o casaqjuinho e pôs-se, como se estivesse a vomitar uma. grande substância grossa, apresentando uma grande aflição. 

(...) Há muitos anos que eu não orava, deu me uma vontade imensa de o fazer, porém algo estranho ocorria comigo, meu peito crescia como se fosse um imenso balão, queria orar mas não me lembrava das palavras. Somente comecei a pedir a Deus que se compadecesse de quem ali se encontrava. Mais terna, mais dulçorosa, mais linda e amorosa continuava a palavra através do mano; à medida em que ele falava à criatura, e não sei me explicar, meu pensamento foi então ficando calmo e tranqüilo, cessaram aquelas expressões de pavor e medo, não vomitava mais. Uma sensação de paz e tranqüilidade em seu rosto. Quanto tempo durou isto eu não sei dizer. Houve um interregno de alguns segundos, creio, e o mano dirigiu-se diretamente a Da. Eny, dizendo: – ‘Fale, minha querida amiga, diga o que seu coração ditar’ (eu, cá comigo: pensei: ‘isto é gaiato, ainda perguntam se a criatura quer bater um papo’). Bom, foi aí que minha querida e sempre lembrada amiga ‘entornou o caldo’. Nunca mais presenciei tal fenômeno, e hoje, sem nenhuma vaidade, posso lhe dizer que conheço o transe mediúnico em todas as suas mais variadas formas – pela primeira e única vez ouvi algo que me estarreceu. ‘Não, meu querido amigo, ‘rialmente’, nada posso dizer, o meu Sozinho não vai entender’.


(...), a médium era sexagenária, falava horrivelmente o português, porém a voz que eu ouvi, a inflexão, o tom, o jeitinho de dizer errado “realmente” era de Meimei! Fiquei completamente transtornado. Daí a instantes a reunião terminou. Carinhosamente, todos vieram conversar comigo e eu, simplesmente, deixei-os falando sozinhos e enfrentei o temporal. Dentro de minha alma havia um temporal muito maior e muito mais avassalador”.Depois das emoções projetadas no painel do coração devido à narrativa do amigo,  conseguimos formular uma pergunta singela.

– Arnaldo, apesar da tristeza que a narrativa suscita, a ligação existente entre Meimei e Naldinho emoldura o quadro dos corações mais apaixonados. Conte, um pouco, para nós, sobre esse romance e a participação de Chico Xavier, que se tornou, após a partida de Meimei, um legítimo portador das mais belas missivas entre a Terra e o Céu.


– Meu filho, o tempo reúne sempre os corações para os devidos ajustes na ordem da justiça e do amor. Todas as mensagens que recebi de Meimei, através de Chico, revolucionaram todos os meus conceitos de vida, pois expressavam o amor que continuava a nutrir os anseios de nossas almas, apresentando novas disposições para a eternidade que nos esperava. Meimei permanecia viva entre os “mortos”, e Chico Xavier, lidando com eles diuturnamente, ajudava-me a compreender os ensinos que não paravam de chegar do Alto, em uma interação quase perfeita.


Os Espíritos, dentre eles Meimei, descortinaram o passado para justificar as dores do presente, indicando os passos de Jesus como o Verdadeiro roteiro da definitiva libertação espiritual. Nesse período é que aprendi a ser, na expressão popular, “um viúvo quase feliz”.


Carlos Alberto Braga Costa. Chico Diálogos e Recordações. Editora UEM, 2006. 3ª Edição.
Wallace L. V. Rodrigues, Meimei – Vida e Mensagem. Casa Editora O Clarim, I994.Matão: Casa Editora O Clarim. 3a edição, pág. 54 a 58. 206





22 setembro 2013

Perdoar é Libertar-se - Momento Espírita



PERDOAR É LIBERTAR-SE

Se alguém lhe atirasse uma pedra, o que você faria com ela?

Você a ajuntaria e guardaria para atirar no seu agressor em momento oportuno a ou jogaria fora?

Trataria dos ferimentos e esqueceria a pedra no lugar em que ela caiu?

Se você respondeu que a guardaria para devolver em momento oportuno, então pense em como essa pedra irá atrapalhá-lo durante a caminhada.

Vamos supor que você a guarde no bolso da camisa, onde fique bem fácil pegá-la quando for preciso.

Agora imagine como essa pedra lhe causará bastante desconforto.

Primeiro porque será um peso morto a lhe dificultar a caminhada lhe exigindo maior esforço para mantê-la no lugar.

Segundo porque cada vez que você for abraçar alguém, ambos sentirão aquele objeto estranho a machucar o peito.

Terceiro porque se você ganhar uma flor, por exemplo, não poderá colocá-la no bolso já que ele estará ocupado com aquele peso inútil.
Em quarto lugar, o seu agressor poderá desaparecer da sua vida e você nunca mais voltar a encontrá-lo e, nesse caso, terá carregado a pedra inutilmente.

Fazendo agora uma comparação com uma ofensa qualquer que você venha a receber, podemos seguir o mesmo raciocínio.

Se você guardar a ofensa para revidar em momento oportuno, pense em como será um peso inútil a sobrecarregar você.

Pense em quanto tempo perderá mentalizando o seu agressor e imaginando planos para vingar-se.

Pondere quantas vezes você deixará de sorrir para alguém pensando em como devolverá a ofensa.

E se você insistir em alimentar a idéia de revide, com o passar do tempo se tornará uma pessoa amarga e infeliz, pois esse ácido guardado em sua intimidade apagará o seu brilho e a sua vitalidade.

Mas se você pensa diferente e quando recebe uma pedrada, trata dos ferimentos e joga a pedra fora, perceberá que essa é uma decisão inteligente, pois agirá da mesma forma quando receber outra ofensa qualquer.

Quem desculpa seu agressor é verdadeiramente uma pessoa livre, pois perdoar é libertar-se.

Ademais, quem procura a vingança se iguala ao seu agressor e perde toda razão mesmo que esteja certo.

Somente pode considerar-se diferente quem age de forma diferente e não aquele que deseja fazer justiça com as próprias mãos.

Em casos de agressões que mereçam providências, devemos buscar o apoio da justiça e deixar a cargo desta os devidos recursos.

Todavia, vale ressaltar que perdoar não é apenas esquecer temporariamente as ofensas, é limpar o coração de qualquer sentimento de vingança ou de mágoa.

Pense nisso!

A pedra bruta perdoa as mãos que a ferem, transformando-se em estátua valiosa.

O grão de trigo perdoa o agricultor que o atira ao solo, multiplicando-se em muitos grãos que, esmagados, enriquecem a mesa.

O ferro deixa-se dobrar sob altas temperaturas e perdoa os que o modelam, construindo segurança e conforto.

Perdoar, portanto, é impositivo para toda hora e todo instante, pois o perdão verdadeiro é como uma luz arremessada na direção da vida e que voltará sempre à fonte de onde saiu.
Pense nisso!

Equipe de Redação Momento Espírita.
Pensamento do livro Repositório de Sabedoria vol.II, verbete: perdão