QUANDO TUDO DÁ CERTO
“Normalmente,
quando tudo dá certo conosco, achamos que é merecimento e que Deus nos
faz justiça. Quando nos são negados nossos anseios de preenchimento
mental e satisfação física, ou seja, quando não está acontecendo o que
queremos, sentimo-nos injustiçados, principalmente ao nos compararmos
com outras pessoas: ‘Por que ele tem e eu não?’ Achamos que Deus não
está fazendo justiça conosco e que estamos sendo punidos.
É que trazemos cargas negativas do passado, que ocasionam frustrações no momento, como também atos desta encarnação podem ter sido os motivos para muitas decepções. Normalmente, não vemos a realidade da vida e sim a projeção das nossas ilusões, por considerarmos a vida física como fim e não como meio.
É que trazemos cargas negativas do passado, que ocasionam frustrações no momento, como também atos desta encarnação podem ter sido os motivos para muitas decepções. Normalmente, não vemos a realidade da vida e sim a projeção das nossas ilusões, por considerarmos a vida física como fim e não como meio.
Muitas vezes, o justo
ou o injusto, de acordo com nossa compreensão, baseia-se no que damos e
no que achamos que devemos receber em troca.
Nós
nos sentimos injustiçados, porque quase sempre temos como meta nossa
distração, preenchimento e prazer. Transformamos as funções e
necessidades do nosso corpo físico e a capacidade pensante como fim da
nossa existência. Não chegamos a olhar a vida como um todo e a
desempenhar eficientemente nossa parte nesse conjunto. Já imaginou se o
coração do homem se sentisse injustiçado por não ter folga nem descanso
físico? Que seria do homem? Diante desse exemplo, vemos que cada um deve
fazer o que lhe compete, não esperando recompensas, mas, sim, estando
consciente de que deve realizar o potencial nobre que a vida lhe
concedeu. Apesar de insignificantes diante do cosmo, fazemos parte dele.
Portanto, precisamos desempenhar nossa função como parte da vida, e não
viver para os nossos prazeres e conquistas, materiais ou espirituais.
Deus
não cria suas manifestações para puni-las ou agraciá-las. Cada qual tem
sua função e utilidade, assim como o grão de areia tem sua função no
deserto ou na praia do mar. Punir uma manifestação seria reconhecer Sua
própria falha.
Ao comprarmos uma
máquina nova, o fabricante nos dá garantia desta e, se ela falhar na sua
função, não foi intenção do fabricante nos punir, pois a garantia dela
fará com que ele lhe restaure as funções. Sendo ele, no caso, o mais
prejudicado, pois, além da reposição, ainda poderia ter seu nome
comercial prejudicado e posta em dúvida a sua idoneidade. Não somos uma
máquina e a falha nunca está em Deus, está na nossa maneira de nos
relacionarmos com Ele, com a vida. Na maioria das vezes, nossos ânimos e
desejos não encontram ressonância nos planos traçados pela vida, pelas
nossas existências anteriores. Às vezes, o que desejamos não é o que
podemos ter. Quase sempre nossos desejos são saturados de egoísmo. Os da
vida são saturados de grandeza, de amor e de realização plena do homem.
Na
Terra, cada variedade de raça recebe, com maior ou menor intensidade, o
que necessita para desempenhar e enobrecer as qualidades de sua
espécie, a raça a que pertence. O grupo humano não foge à regra natural,
só nos é acrescentada a liberdade de escolha, cumprindo a função para a
qual fomos chamados. Ao nos harmonizarmos com as leis divinas, nos
sentiremos felizes a caminho do progresso. Desprezá-las cria um ambiente
vibratório individual de desarmonia, que pode chegar a atingir aqueles
que nos cercam e terá ressonância de vibrações inferiores. Será que Deus
criou a Terra, com todo o seu aparato animal e vegetal, somente para o
desfrute do homem? O ser humano foi criado para desfrutar à custa
daqueles que caminham com ele? Não! Por todos os seus atos de abuso, há a
consequência de que, não compreendendo, ache que Deus lhe está sendo
injusto.
Temos quase sempre nas
nossas vivências buscado o significado da vida, tentando adivinhar por
que razão Deus criou o homem, talvez por darmos importância demais ao
que pensamos ser ou pelos sentimentos que cultivamos sobre tão
importante questão. Deus é profundamente simples. Para que possamos
ouvi-Lo e senti-Lo, é preciso antes de tudo ser simples como Ele. Um
exemplo da simplicidade de Deus é Sua onipresença tanto no nosso Cristo
quanto num verme desprezado por todos. Devemos nos despojar do cultivo
da autovalorização: vaidade, orgulho e presunção, para nos tornarmos
melhores. Não assumindo nossa participação no conjunto do orbe
terráqueo, nos sentimos excluídos de obrigações e responsabilidades. Aí,
o que acontece com o restante dos habitantes da Terra? A consequência é
esta que estamos vendo: destruição e devastação do que a natureza levou
milhões de anos para realizar. Não nos sentindo parte do universo,
parece até que estamos aqui para usar e desfrutar, não tendo nada a
responder, nem responsabilidades sobre o que acontece com a Terra e seus
habitantes, se sofrem dores e misérias.
Não
podemos compreender Aquele do qual estamos separados e, enquanto assim
estivermos, não faremos parte do todo. Se conseguirmos participar,
seremos um só. Não haverá o maior, nem o menor, meu pequeno eu se
perderá diante da importância do grande todo.
Que
restou, então, para mim e para minha espécie? Viver e, neste viver,
conhecer e compreender minhas funções e as dos que nos cercam, compondo
assim um todo harmônico. O que os irracionais fazem instintivamente, o
homem deve fazer consciente e espontaneamente. Os irracionais não têm
escolha, o homem pode escolher entre participar ou recusar do banquete
de Deus, que é a própria vida, refletindo assim a simplicidade e o
equilíbrio do macro, refletido no micro. Sem nenhuma pretensão, anterior
ou posterior, ou do momento presente, pois estes são produtos do
egoísmo oriundo da mente temporal. Deus é atemporal.
Deus
é profundamente justo. Não há desvios nem preferências nas suas leis.
Recebemos de acordo com o que fazemos. As nossas vibrações são resultado
de nosso estado interior, são elas que vão proporcionar união com
vibrações harmoniosas ou perturbadas, causando dor e angústia, ou
felicidade. Conhecendo a Lei da Reencarnação, entendemos melhor a
justiça divina. Compreendendo Deus, veremos que tudo o que Ele faz é
justo, pois nada deve a ninguém. Tudo o que recebemos é graça e de
graça, nada temos feito para ter crédito com Deus. Pois, por mais que
façamos, é Dele o potencial, a capacidade e a oportunidade de agir. Se
vivermos esta verdade, nunca passará por nossa mente a questão de Deus
ser justo ou injusto.”
Livro: O Vôo da Gaivota, cap. Numa Reunião Espírita
Espírito Patrícia
Psicografia de Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho
Espírito Patrícia
Psicografia de Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho