VAMOS TODOS PRO INFERNO
O inferno é a vibração dum estado de
consciência dos espíritos. E, realmente, o fogo dos ínfernos de todas as
escrituras sagradas, não só da Bíblia, é simbólico, exotérico, e não
esotérico como o terreno.
E aos defensores do inferno bíblico literal
pergunto quando Deus o criou e onde ele fica? O Fogo de Pentecostes, do
Batismo de Fogo e da kundalini queima? O espírito seria combustível e
automaticamente renovável, para se queimar e para sempre? Poderia Deus
nos ensinar o amor e o perdão incondicionais, se Ele fosse o criador e
mantenedor desse tal de inferno teológico oriundo da Mitologia Grega
(hades) e da “Divina Comédia” de Dante, e que O identificaria como um
grande demagogo? Seria Deus injusto e mais cruel do que o mais
implacável tirano humano, e que aplicaria penas infinitamente maiores do
que as nossas faltas finitas? Porventura nós seríamos melhores do que
Deus, já que não sujeitaríamos jamais nossos filhos a tal crueldade?
Não, pois Deus, perfeito que é, e o Ser Cósmico amorável por excelência,
jamais criaria esse inferno que não é bíblico, mas é produto da
imaginação mitológica dos teólogos e de Dante Alighieri com sua “Divina
Comédia”. De fato, na Bíblia o inferno e seu fogo são metafóricos, não
podendo, pois, ser interpretados literalmente como o fizeram os teólogos
e exegetas do passado, e muitos ainda hoje o fazem por ignorância e
como meio de manipularem seus fiéis.
Na Bíblia (Septuaginta), hades, sheol e
geena significam: sepultura, buraco, limbo, tártaro, inferno(s) e
submundo. Mas como já foi parcialmente dito, trata-se da vibração
variável do estado de consciência de todos os espíritos dos mortos,
justos e injustos (Eclesiastes 12,7; Gênesis 37,35; Números 16,30; Atos
2,27; e Apocalipse 20,13). E até Jesus, em espírito, foi fazer trabalho
de evangelização nos infernos para os espíritos ainda atrasados ou
dominados pelo pecado (1 Pedro 4,6). Se o inferno fosse, pois, só de
maldição, Jesus não faria lá a sua pregação. Aliás, isso significa que
depois da morte ainda continuam as nossas chances de regeneração e
evolução espiritual. E essa dimensão espiritual (céus, purgatórios
infernos, submundo, limbo, tártaro etc.), para a qual todos os espíritos
dos mortos vão, é denominada no Espiritismo de Mundo Espiritual ou Além
(Eclesiastes 12,7). Geena era também o nome duma área baixa de
Jerusalém, onde se queimava o lixo da cidade e onde ficavam isolados os
leprosos. Esse fogo esotérico da geena de Jerusalém trouxe confusão para
o fogo simbólico e exotérico da geena bíblica. E a eternidade (aionios)
é um tempo indeterminado e não para sempre: “De eternidade a
eternidade” (Salmo 90,2), o que nos demonstra que ela tem fim. E eis o
que diz Paulo sobre o fogo bíblico: “Se a obra de alguém se queimar,
sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através
do fogo” (1 Coríntios 3,15).
E é a própria Bíblia que desafia o poder do
inferno como sendo um mal e um sofrimento sem fim, condenando-o ao
desaparecimento juntamente com a morte: “Onde está, ó inferno, a tua
destruição?” (Oséias 13,14). “Então a morte e o inferno foram lançados
no lago de fogo” (Apocalipse 20,14)!
Esta matéria é da coluna publicada por José
Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário O TEMPO, de Belo Horizonte.
Publicada na Rede Amigo Espírita com autorização do autor.
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