A inveja é a arma dos fracos. Matriz de inúmeros males, mentora de
muitas desordens, alicerce de incontáveis desventuras. Discreta,
incomodamente, tem sido deixada à margem pelos expositores das verdades
evangélicas em todas as crenças. Sutil como é, passa despercebida,
embora maliciosa, comparável a vapor deletério que intoxica todo aquele
que lhe padece a presença, espalhando miasma em derredor.
Hábil, consegue travestir-se de ciúme exacerbado, quando não o
faz como arrogância vingadora ou aparenta na condição de humildade,
sempre perniciosa, ou se disfarça como orgulho prepotente.
A inveja, além dos males psíquicos que produz, em razão dos
pensamentos negativos que dirige contra outrem, proporciona,
simultaneamente, graves prejuízos morais àquele que dela se empesta.
A inveja é capaz de caluniar, investindo contra uma vida com
uma frase dúbia, na qual consegue infamar o mais puro caráter. Soez,
transmuda palavras e infiltra doestos perniciosos; vê o que lhe apraz e
realize conforme lhe parece lucrar.
Consequentemente, o invejoso é um peso infeliz na comunidade
humana, porque débil moral; adapta-se, amolda-se, é venenoso na
bajulação e terrível na agressividade...
A arma do invejoso é o ódio desenfreado, mortífero. Na
impossibilidade de valorizar o trabalho que alguém faz, procura inspirar
em muitos o despeito e a mágoa, a raiva e a imponderação, e palavra
ácida e a acusação mordaz, a fim de realizar-me e afligir.
As lições da convivência, todavia, muito ensinam. Desprendimentos de
uns, simplicidade de outros, confiança de muitos e não obstante a
deficiência que há em cada um, sempre menor do que as minhas imensas
mazelas da inveja, é preciso aprender a respeitar, porquanto o invejoso
não considera ninguém, padecendo despeito de todos, a todos apedrejando,
maldizendo...
O exercício é para querer estimar, conseguir amizade e
plantar no coração o que muitos chamam amor, mas que ao ególatra
constitui um fardo pesado, tenebroso, difícil de carregar.
Sim, o espírito invejoso odeia, persegue, porque, tendo
ciúme da felicidade alheia, corrói-se pela inveja da felicidade dos
demais.
Os que apresentam recalques entre os homens, os que cultivam
complexos de inferioridade, no fundo são Espíritos invejosos, malévolos,
insidiosos, infelizes, pois somente quem é desventurado se compraz na
desventura alheia...
Por isso o exercício é treinar a largueza da generosidade, a
difusão da gentileza, a ampliação dos horizontes imensos da caridade,
porque as mãos que esparzem rosas sempre ficam impregnadas de perfume...
Como é ditoso oferecer-se rosas, muito melhor seria tirar-lhes, também,
os espinhos, como os cardos do caminho por onde transitam incautos pés.
Orson Peter Carrara
Nota do autor: adaptado do texto A INVEJA, constante do livro
Depoimentos Vivos, de Divaldo Pereira Franco, Ed. LEAL, com transcrições
parciais.
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