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26 outubro 2014

Desperdícios - Joanna de Ângelis

 

DESPERDÍCIOS


Há muito desperdício no mundo, fomentando larga faixa de miséria entre os homens.

O que abunda em tua mesa falta em muitos lares.

O excesso nas tuas mãos é escassez em inúmeras famílias.

O que te sobra e atiras fora, produz ausência em outros lugares.

O desperdício é fator expressivo de ruína na comunidade.

O homem, desejando fugir das realidades transcendentes da vida, afoga-se na fantasia, engendrando as “indústrias da inutilidade, abarrotando-se com os acúmulos, padecendo sob o peso constritor da irresponsabilidade, em que sucumbe por fim.

A vida é simples nas suas exigências quase ascetas.

Muitos cristãos distraídos, porém, ataviam-se, complicam os deveres, sobrecarregam-se do dispensável, desperdiçam valores, tempo e oportunidade edificante para o próprio burilamento.


*


Desperdiçam palavras, amontoando-as em verbalismo inútil a fim de esconderem as verdades;

desperdiçam tempo em repousos e férias demorados, que anestesiam os centros combativos da ação da alma encarnada;

desperdiçam alimentos em banquetes, recepções, festas extravagantes com que disputam vaidades;

desperdiçam medicamentos em prateleiras empoeiradas, aguardando, no lar, doenças que não chegarão, ou, em se apresentando, encontram-nos ultrapassados;

desperdiçam trajes e agasalhos em armários fechados, que não voltarão a usar;

desperdiçam moedas irrecuperáveis em jogos e abusos de todo gênero, sem qualquer recato ou zelo;

desperdiçam a saúde nas volúpias do desejo e nas inquietações da posse com sofreguidão;

desperdiçam a inteligência, a beleza, a cultura, a arte nos espetáculos do absurdo e da incoerência, a fim de fazerem a viagem da recuperação do que estragaram, em alucinada correria para lugar nenhum...

Não se recupera a malbaratada oportunidade.

Ninguém volta ao passado, na busca de refazê-lo, encaminhá-lo noutro rumo.

O desperdício alucina o extravagante e exaure o necessitado que se lhe faz vítima.

Há, sim, muito e incompreensível desperdício na Terra.


*


Reparte a tua fartura com a escassez do teu próximo.

Divide os teus recursos, tuas conquistas e vê-los-ás multiplicados em mil mãos que se erguerão louvando e abençoando as tuas generosas mãos.

Passarás pelo mundo queiras ou não. Os teus feitos ficarão aguardando o teu retorno.

Como semeares, assim recolherás.

O que desperdiçares hoje, faltar-te-á amanhã, não o duvides.

Sê pródigo sem ser perdulário, generoso sem ser desperdiçador e o que conseguires será crédito ou débito na contabilidade da tua vida perene. 

Pelo Espírito Joanna de Ângelis
De “LEIS MORAIS DA VIDA”
De Divaldo Pereira Franco

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