INSTITUTO DE TRATAMENTO
“0 que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é espírito”. – Jesus. (João, 3:6.)
“Os laços de família não sofrem destruição alguma com a reencarnação, como o pensam certas pessoas. Ao contrário, tornam-se mais fortalecidos e apertados. O principio oposto, sim, os destrói”. (ESE, Cap. 4, 18.)
Atingindo o Plano Espiritual, depois da morte, sentimentos indefiníveis nos senhoreiam o coração.
Nos recessos do espírito, rebentam mágoas e júbilos, poemas de ventura e gritos de aflição, cânticos de louvor pontilhados de fel e brados de esperanças que se calam, de súbito, no gelo do sofrimento.
Rimos e choramos, livres e presos, triunfantes e derrotados, felizes e desditosos...
Bênçãos de alegria, que nos clareiam pequeninas vitórias alcançadas, desaparecem, de pronto, no fundo tenebroso das quedas que nos marcaram a vida.
Suspiramos pela ascensão sublime, sedentos de comunhão com as entidades heroicas que nos induzem aos galardões fulgentes dos cimos, todavia, trazemos o desencanto das aves cativas e mutiladas.
Ao invés de asas, carregamos grilhões, na penosa condição de almas doentes...
Na concha da saudade, ouvimos as melodias que irrompem das vanguardas de luz, entretecidas na glória dos bem-aventurados. No entanto, austeras admoestações nos, chegam da Terra pelo sem fio da consciência...
Nas faixas do mundo somos requisitados pelas obrigações não cumpridas.
Erros e deserções clamam dentro de nós, pedindo reparos justos...
Longe das esferas superiores, que ainda não merecemos, e distanciados das regiões positivamente inferiores em que nossas modestas aquisições evolutivas encontraram inicio, concede-nos, então, a Providência Divina, o refúgio do lar, entre as sombras da Terra e as rutilâncias do Céu, por instituto de tratamento, em que se nos efetive a necessária restauração.
É assim que reencarnados em nova armadura física, reencontramos perseguidores e adversários, credores e cúmplices do pretérito, na forma de parentes e companheiros para o resgate de velhas contas.
Nesse cadinho esfervilhante de responsabilidades e inquietações, afetos renovados nos chamam ao reconforto, enquanto que aversões redivivas nos pedem esquecimentos...
A vista disso, no mundo, por mais atormentado nos seja o ninho familiar abracemos nele a escola bendita do reajuste, onde temporariamente exercemos o oficio da redenção. Conquanto crucificados em suplícios anônimos, atados a postes de sacrifício ou semiasfixiado no pranto desconhecido das grandes humilhações, saibamos sustentar-lhe a estrutura moral, entendendo e servindo, mesmo à custa de lágrimas, porque é no lar, esteja ele dependurado na crista de arranha-céus, ou na choça tosca de zinco, que as leis da vida nos oferecem, as ferramentas de amor e da dor para a construção e reconstrução do próprio destino entregando-nos, de berço em berço, ao carinho de Deus que verte inefável, pelo colo das mães.
Emmanuel (Espírito). Livro da Esperança. (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. Uberaba: Comunidade Espírita-Cristã. Capítulo Oito.
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