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31 janeiro 2016

“Implosões” psicológicas - Jane Maiolo




"IMPLOSÕES" PSICOLÓGICAS


E ele lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes? Lucas 24:17[1]

O eminente psicólogo austríaco Doutor Alfred Adler registra em suas anotações um estudo sobre os complexos evidenciados no comportamento do ser humano.

Segundo a teoria de Adler , o meio social e a preocupação contínua do indivíduo em alcançar objetivos preestabelecidos são os determinantes básicos do comportamento humano, o que inclui a sede de poder e a notoriedade.

Os complexos de inferioridade, provocados pelo conflito com o envolvimento social, podem traduzir-se numa dinâmica patológica tais como as psicoses e as neuroses, que devem ser tratadas de um ponto de vista psicoterapêutico, eis um quadro alarmante que se multiplica todos os dias na estrutura social. Vivendo imperativas preocupações, o homem , em sua imaturidade emocional e espiritual, se depara com grandes desequilíbrios das emoções , decorrendo em si mesmo as “implosões” psíquicas.

A “Implosão” psicológica é um comportamento, às vezes, inconsciente, provocado pela demolição das nossas expectativas de auto-realizações , utilizando de explosivos emocionais silenciosos como a culpa, a indignação , a frustração, o constrangimento e o sentimento de falibilidade exagerado, causando o desmoronamento de construções emotivas de forma rápida e inapelável.

Estamos em trânsito temporário no corpo físico, não podemos esquecer! Somos espíritos! Estamos vivenciando momentos singulares na nossa curta e breve existência .O mundo se agita em torno de múltiplos acontecimentos que impactam nos instantes felizes ou menos felizes , nos malogros e nos lauréis.

Catástrofes, terrorismo, epidemias, orfandade, drogas, corrupção, prostituição, indiferença, dentre outras circunstâncias que tendem a diminuir ou desvalorizar o ser imortal que somos.

Os discursos jazem cada vez mais vazios, massificantes, insultuosos e segregadores. É imprescindível amadurecermos nossas concepções de vida sob os apelos do Evangelho , expandirmos as perspectivas de alteridade a fim de pensar em fazer diferença numa sociedade que clama por união, respeito e dignidade.

A solidariedade nunca esteve tão ausente entre as nações. A corrupção nunca esteve tão presente entre as pessoas.A crise moral nunca foi tão avassaladora.

O Cristo que não abdicou do comando da Terra nos adverte: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes? Por que estamos caminhando tão abatidos moralmente?

Será que não temos nada a realizar diante de tantas solicitações de socorro?

Onde estávamos enquanto milhões de pessoas estavam expondo suas vidas a fim de extirpar todo tipo de preconceito? Onde nos encontrávamos quando a multidão se mobilizou contra a má gestão pública denunciando a corrupção? Onde jazíamos quando manifestantes se mobilizaram nas ruas em defesa da vida contra o aborto? Onde nos localizávamos quando os aidéticos saíram nas praças e avenidas bradando para que órgãos governamentais minimizem seus dramas? Onde nos achávamos durante os legítimos clamores dos excluídos sociais?

Diante dos infortúnios públicos ou camuflados, dos manifestos populares que redesenharam as vias públicas no intento serem escutadas suas velhas reivindicações , quais têm sido as nossas reações psíquicas? Indiferença? Indignação sonolenta? Oração construtiva? Nutrimos esperança ? (quando estamos sem entusiasmo, necessitamos ter esperança, que é diferente de ficar esperando, esperançar é sonhar, é definir o que se quer, e o como irá alcançar, então esperançar passa a ser uma força que nos torna resilientes.

A África sucumbe sob os olhares dos países ricos, resistindo sob o açoite da fome, das doenças, combatendo os terroristas religiosos. 

Os conflitos no Oriente Médio se multiplicam. As instituições protetoras dos animais agonizam em busca de recursos financeiros a fim de cuidar e proteger os animais abandonados pelos impassíveis e enfim, momento de mobilizar os recursos afetivos que já conquistamos e testemunhar o “amai-vos uns aos outros ”.

Se não somos capazes de incorporar as fileiras daqueles que lutam com dignidade, que tenhamos a compostura de orar para que o bom ânimo nunca falte àqueles que carregam em seus ombros grandes responsabilidades nas suas demandas.

Deixemos o discurso vazio para rechearmos o coração de sentimentos solidários.

Jesus não necessita que defendamos nenhuma doutrina na sua pureza ou na sua aplicação , mas aguarda de nós que possamos diminuir as aflições no mundo.

Não resta a menor dúvida que a única religião digna de ser abraçada é aquela que aproxima o homem de Criador e não aquela que postula ascendência sobre as demais.

Cremos que todos nós podemos seguir a religião cósmica do amor! E sem “O constranger” pronunciaremos: Senhor, fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. De tal modo teremos o roteiro seguro do bom proceder e o alento consolador do maior psicoterapeuta a nos acompanhar na estrada da vida: Jesus.

Tenhamos fé!



Referências bibliográficas:

*[1] Evangelho de Lucas 24 :1 a 53

30 janeiro 2016

O Comportamento Neurótico - Antônio Carlos Navarro



O COMPORTAMENTO NEURÓTICO


O grande pensador espírita Hermínio Correa de Miranda, no excepcional livro A Memória e o Tempo, assim descreve a memória: “é um receptáculo de ideias que em algum tempo foram ali depositadas e que podem, com relativa facilidade e presteza, ser recuperadas ou relembras. Diríamos com a terminologia da moderna informática que a memória é um banco de dados. A expressão pressupõe a ideia de um registro ou gravação e uma classificação ordenada, permanentemente aberta à consulta, com respostas, na maioria das vezes, instantâneas.”

O registro a que alude Hermínio Miranda realmente apresenta uma classificação ordenada, conforme se depreende da questão trezentos e oito (1) de O Livro dos Espíritos: “…não se lembra de uma maneira absoluta de todos os atos, lembra-se dos fatos em razão da influência que têm sobre seu estado presente.”

Deduz-se então, que a memória é atributo do espírito imortal com participação ativa na sua consciência, e não devemos esquecer que é na consciência que está escrita a Lei de Deus, segundo nos ensina a questão seiscentos e vinte e um.

Ao agredirmos a Lei Divina, promovemos um “arquivamento” na consciência daquilo que poderíamos chamar de “pacote de energia psíquica” em desajuste com a Lei, portanto fora sintonia, que reclamará uma solução para que o equilíbrio se estabeleça no íntimo do espírito, o que se dará em maior ou menor tempo, sempre de acordo com a Justiça Divina.

Na primeira parte do capítulo sete do livro O Céu e o Inferno, Allan Kardec nos esclarece: – “Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga; se o não for em urna existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes, porque todas as existências são solidárias entre si. Aquele que se quita numa existência não terá necessidade de pagar segunda vez.”.

Isso ocorre, a despeito de todo esquecimento do passado espiritual, que é da vontade Divina, conforme se observa na questão trezentos e noventa e dois: “Por que o Espírito encarnado perde a lembrança de seu passado? – O homem não pode nem deve saber tudo. Deus em Sua sabedoria quer assim. Sem o véu que lhe encobre certas coisas, o homem ficaria deslumbrado, como aquele que passa sem transição do escuro para a luz. O esquecimento do passado o faz sentir-se mais senhor de si.”

A respeito das desarmonias implantadas na consciência do espírito, a Benfeitora Joanna de Angelis, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco, no livro O Homem Integral, nos esclarece: “Produtos do inconsciente profundo, a se manifestarem como comportamentos neuróticos, os fatores psicogênicos tem suas raízes na conduta do próprio paciente em reencarnações passadas, nas quais se desarmonizou interiormente. Fosse mediante conflitos de consciência ou resultados de ações ignóbeis, os mecanismos propiciadores da reabilitação íntima imprimem no inconsciente atual as matrizes que se exteriorizam como dissociações e fragmentações da personalidade, alucinações, neuroses e psicoses. 

Ínsitas no indivíduo, essas causas endógenas se associam às outras, de natureza exógena, tornando-se desagregadoras da individualidade vitimada pelas pressões que experimenta.

As pressões de qualquer natureza são decisivas para estabelecer o clima comportamental da criatura.”

Decorrem, portanto, dos erros cometidos no passado, e do modo de vida no presente, os distúrbios comportamentais da criatura humana, e a Benfeitora encerra suas observações a respeito dizendo que: “Os comportamentos neuróticos são desgastantes, extrapolando os limites das resistências orgânicas, que passam a somatizá-los, abrindo campo para várias enfermidades que poderiam ser evitadas.”

Nessa mesma obra, Joanna de Ângelis nos apresenta a solução: “O amor é o antídoto mais eficaz contra quaisquer males. Age nas causas e altera as manifestações, mudando a estrutura dos conteúdos negativos quando estes se exteriorizam.

…instaura a paz e irradia a confiança, promove a não-violência e estabelece a fraternidade que une e solidariza os homens, uns com os outros, anulando as distâncias e as suspeitas. É o mais poderoso vínculo com a Causa Geradora da Vida. É o motor que conduz à ação bondosa, desdobrando o sentimento de generosidade, ao mesmo tempo estimulando à paciência.”

Com isso podemos fazer um paralelo à recomendação do Apóstolo Pedro, conforme o versículo oito do capítulo quatro de sua Primeira Epístola: “Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados.”

Como a aplicação do amor é a prática do bem, e o bem é prescrição Divina, quanto mais se pratica, mais se tranquiliza a consciência, eliminando paulatinamente a pressão provocada pelos erros, diminuindo em consequência, os distúrbios comportamentais e aumentando a percepção da felicidade possível de ser percebida na Terra.

Pensemos nisso.




Referência:

(1) Todas as questões citadas no presente artigo são de O Livro dos Espíritos.

29 janeiro 2016

Opção e Determinismo - Orson Peter Carrara

 
OPÇÃO E DETERMINISMO


Alguns fatos lamentáveis têm abalado a sociedade brasileira com certa intensidade e podemos analisá-los à luz da Doutrina Espírita.

Diante de crimes hediondos, suicídios, tragédias provocadas (como atentados e seqüestros dramáticos), a perplexidade domina os círculos da sociedade humana. Seria o caso de se perguntar: os autores intelectuais ou executantes de tais atrocidades nasceram com tal “missão”, ou sejam, vieram programados para serem instrumentos da maldade, da inconseqüência? O que o Espiritismo tem a dizer?

Não! Absolutamente não! Todos os que habitamos o planeta estamos destinados ao progresso, ao bem geral, à harmonia na convivência, convidados à solidariedade. Nunca poderemos dizer que tudo que acontece na vida de qualquer pessoa “já estava escrito antes”, pois esta afirmação contraria o bom senso, a lógica, e mesmo a autêntica e real possibilidade que sempre temos de alterar o rumo dos fatos.

Conforme explica O Livro dos Espíritos nas questões 851 a 867 (que recomendamos ao leitor para aprofundar o assunto), de “fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte o é mesmo”, sintetizando as respostas às questões citadas.

Na Revista Espírita, de junho de 1866, o Codificador apresenta interessante caso de tentativa de assassinato de um Imperador da Rússia, que foi noticiado pelo Independance Belge, de 30 de abril de 1866, com detalhes minuciosos das circunstâncias em que ocorreu o atentado, seguido de indícios precursores do crime (a notícia reproduzida por Kardec não está completa, com os detalhes, porém comunicação recebida em Paris no dia 1o de maio dá notícias dos detalhes, razão pela qual o Codificador deve ter omitido a transcrição completa do jornal).

Na seqüência, Kardec comenta a questão, inclui a comunicação mediúnica na íntegra e ainda faz observação complementar. O caso chama a atenção pela riqueza de detalhes que salvaram a vida do Imperador e constitui substancioso material para estudo do tema. O fato é que um jovem, por uma circunstância que o leitor poderá conhecer lendo diretamente na Revue, desviou-se do seu caminho naquele horário em que haveria o atentado, seu olhar foi atraído para o pretendente à violência e teve oportunidade de desviar a consumação do assassinato.

É o assunto que estamos tratando. Allan Kardec, com sua lucidez e coerência, analisa exatamente o livre-arbítrio de agir ou não agir, enquadra a questão da lei de causa e efeito, a ação da providência divina nas provas escolhidas pelo espírito considerado vítima e ainda aborda o sempre empolgante tema da fatalidade e do determinismo dos fatos.

Selecionamos do precioso texto o seguinte comentário do Codificador: “A vida do imperador devia ser preservada; (...) uma mosca poderia picar a mão do assassino e obrigá-lo a um movimento voluntário. Uma corrente fluídica sobre ele dirigida poderia ter-se dado um deslumbramento. (...) Mas se tivesse soado a hora fatal para o czar, nada poderia tê-lo preservado.(...)”

Ocorre que no planejamento de uma nova existência, o então futuro reencarnante escolhe o gênero de provas que deseja passar (visando seu próprio aprendizado) e pelo fato dessa escolha se expõe a determinadas situações de risco que podem colocá-lo diante da perspectiva de praticar um crime, um delito, uma tragédia. Porém, e aí está o “x” da questão: qualquer pessoa sempre tem a liberdade de agir ou não. Sempre pode optar por fazer ou deixar de fazer.

Desta liberdade de ação, característica do livre-arbítrio, decorrem conseqüências pelas quais todos responderemos, criminal ou moralmente – no caso de danos causados a terceiros ou à sociedade em geral –, ou colheremos os frutos do mérito no caso das boas ações. E as conseqüências danosas no campo moral, nem sempre conhecidas ou reparadas pela justiça humana, repercutem nesta mesma ou em futuras existências nas limitações e dificuldades que uma única existência jamais conseguirá explicar.

Por isso é melhor agir no bem. Pensar bem antes de agir, para não ter do que se arrepender e reparar no futuro. Reparação muitas vezes difícil e extremamente dolorosa.

E na comunicação mediúnica obtida pelo médium Sr. Desliens, o espírito Moki declara, já no início de seu comentário: “(...) Os principais acontecimentos de sua vida são determinados por sua provação; os detalhes são influenciados por seu livre-arbítrio. Mas o conjunto da situação foi previsto e combinado antecipadamente por ele próprio e por aqueles que Deus predispôs à sua guarda (...)”

E alguém poderia perguntar sobre a situação das vítimas. Como ficam essas pessoas? Por que sofrem atentados e se tornam vítimas de crimes passionais, etc? Podemos acrescentar outras questões: Por que Deus permite? Por que uns se livram inesperadamente de determinados perigos, enquanto outros deles são vítimas? Por que ocorrem com uns e com outros não? Qual o critério para todas essas situações?

Se analisarmos todas essas dúvidas sob o ponto de vista de uma única existência, não teremos saída. Ficaremos em infindáveis conjecturas que não responderão às questões.

Na verdade, já vivemos muitas existências. Somos espíritos em aprendizado e para isso retornamos à vida na Terra por múltiplas vezes, com a finalidade de evoluir, de aprender e principalmente visando harmonizarmo-nos com possíveis antagonistas do passado.

E, se hoje, que já alcançamos muito progresso material e algum progresso moral (e ainda erramos com grande intensidade), podemos imaginar que no passado – recente (que pode ser inclusive na presente existência) ou distante –, quando éramos ainda mais ignorantes sobre as questões morais, devemos ter cometido erros ainda mais graves.

Ora, os equívocos e principalmente os erros intencionais causam conseqüências aos seus autores. Todos nós trazemos essas marcas danosas do passado, variando a intensidade e gravidade de pessoa para pessoa, e naturalmente aguardando reparação.

Muitas vezes, portanto, o que vemos – com nossa limitada visão – como tragédias, significa apenas a prova solicitada por determinado espírito para reparar-se consigo mesmo diante de atrocidades praticadas no passado. Quanto aos autores dessas atrocidades, como comentamos acima, não vieram como instrumentos para tais ações. Optaram por praticá-la, já que tinham a possibilidade de não serem seus autores. Se o fazem, assumem as conseqüências. E não se julgue previamente que isso cria um círculo vicioso, porque há outras também sofridas tragédias (e são inúmeras) que ocorrem independente de qualquer vontade humana, como acidentes e situações totalmente inesperadas que ceifam vidas e resgatam consciências culpadas que desejavam libertar-se do grande peso moral que carregavam. E como não conhecemos a história completa, não podemos julgar...

Seria o caso agora de indagar: haverá um determinismo? Alguém que sofre uma violência brutal, com ou sem morte da vítima, estaria predestinado a sofrer tal ação. Isto não seria um outro determinismo? Ou, em outras palavras, a pessoa veio programada para sofrer tal ou tal brutalidade? Do ponto de vista dos autores, já vimos que ninguém vem predestinado a cometer o mal, pois tudo depende da sua opção e liberdade. Mas, e perguntamos novamente, e as vítimas?

A conhecida citação de que “o amor cobre a multidão de pecados” (1Pedro 4:8) cabe neste contexto. Alguém poderá realmente ter cometido muitos erros, prejudicado muita gente, feito atrocidades contra terceiros. Isto em absoluto quer dizer que ela terá que sofrer os mesmos tormentos que fez outros sentirem. Vamos a um único exemplo.

Alguém que sujeitou outra pessoa à violência do estupro e arrependido, desejando reparar-se perante a própria consciência, poderá redimir-se, por exemplo, como médico que atende gratuitamente mulheres carentes vítimas do câncer e assim em diversas outras situações. Quer dizer, sempre teremos que reparar o mal praticado, mas os caminhos são variados e sempre os teremos. Não há, pois, um determinismo. Poderemos consertar os erros, mas somente o amor liberta a consciência.

O leitor pesquisador encontrará ainda na observação colocada por Kardec que “Em falta de provas materiais sobre a exatidão dessa explicação, há que convir que ela é eminentemente racional e instrutiva; e como o Espírito que a deu é sempre distinguido pela gravidade e alto alcance de suas comunicações, consideramos esta como tendo todos os caracteres da probabilidade.(...)”

Notem o cuidado e apurado discernimento do Codificador. Por nossa vez, reflitamos sobre essa “onda” de violência determinada pelo livre-arbítrio de pessoas que se lançam desesperadas sobre a vida alheia; das dramáticas situações de vítimas aparentemente indefesas e coloquemos tudo isso sob o sábio critério da Providência Divina para refletirmos sobre os mecanismos da Justiça e da Bondade Divinas. Principalmente para não ficarmos a emitir opiniões descabidas de histórias reais cujos pequenos lances que enxergamos representam muito pouco diante do contexto completo que ignoramos.


Orson Peter Carrara

28 janeiro 2016

Oremos, sabendo que a omissão é a maior inimiga da paz - Jorge Hessen

 

OREMOS, SABENDO QUE A OMISSÃO É A MAIOR INIMIGA DA PAZ


Rui Barbosa dizia que a mais trágica ditadura de um país é a do judiciário, pois contra ela não hápor onde recorrer. De fato, quando a “Carta Magna” é desrespeitada não há salvação. Expunha o “Águia de Haia” que “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar adesonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dosmaus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. (Grifei)

O atual panorama político do Brasil é preocupante para a paz. Sob o guante dessa debilitada conjuntura, o brasileiro vem suportando, no limítrofe do suportável, os escombros de um projeto de um grupo de “salvadores da pátria” absolutamente cleptocrata. Festeja-se hoje a gestão pública estouvada. Governo que não se constrange ao nulificar a lei de responsabilidade fiscal. O “incomodado” e “acomodado” povo brasileiro está testemunhando o mais profundo colapso moral desde o “descobrimento” do País.

Refletindo os atuais noticiários e os manifestos populares contra a desmoralização judiciária e a corrupção generalizada, possuímos armas poderosas. Sim! Empunhemos a arma da tolerância (sem omissão) e do amor (sem acomodação), até porque se não orarmos, se não exorarmos a intervenção amorosa de Jesus, possivelmente em pouco tempo todos estaremos sob o tacão de chumbo da agourenta ditadura unipartidária RUBRA.

Nesse sentido, em face da ditadura e endeusada vocação “vermelha”, uma das consequências imediatas será a privação de liberdade. Sim, os cristãos e por consequência os espíritas seremos proibidos de praticar o Espiritismo. É verdade! Hoje é proibida a prática espírita no mundo comunista da República Popular da China, da Coreia do Norte, da República Socialista do Vietname, da República Democrática Popular de Laos, e com extremas restrições na República de Cuba e Venezuela. Além dos supracitados, há alguns estados pluripartidários que atualmente possuem partidos comunistas no poder cerceando liberdades, como o Chipre e o Nepal.

Em verdade, os tradicionalmente radicais militantes políticos comunistas (ateus), não têm compromissos com o Evangelho, são hostis, erigem facções (suprapartidárias), aparelham (adornam) os poderes (executivo, legislativo e principalmente o judiciário) e conquistam foros de absoluto poder (cada vez mais possante e contraditório) sob as bênçãos sacrossantas das falcatruas e aniquilamento da ética já institucionalizadas

Em nosso país, conquanto as rédeas do poder “democrático” conservam-se, desde os meados da década de 1980, nas mãos de alguns políticos que não têm nenhum escrúpulo e nem compromisso com a honra, não podemos jamais desanimar das virtudes nem zombar da honestidade, e muito menos nos envergonharmos de agir patrioticamente. Por isso, não podemos silenciar diante da deterioração do judiciário e do patético panorama social, político e econômico que ora estamos amargando.

Repetimos que o magnífico povo brasileiro é o povo “incomodado” mais “acomodado” do mundo. Isso não é bom! Nossa omissão pode ser catastrófica, pois toda omissão é criminosa, por isso é insensato cruzarmos os braços, sentarmos no sofá “deleitosamente”, acreditando que os “anjos celestiais” (Benfeitores) irão aprovisionar a solução que nos compete providenciar.

Não nos devemos permitir eximir de participar, seja pelas redes sociais, seja pelos manifestos populares pacíficos e outros legítimos mecanismos de pressão popular, a fim de cooperar com coragem, amor e ação no bem, visando uma Pátria livre e honrada, administrada com responsabilidade, auxiliando com nossas orações os que têm o compromisso político para construção de uma sociedade mais harmônica, organizada sob a bandeira da sagrada LIBERDADE.

Allan Kardec consultou os Espíritos sobre um universo de questões que sempre inquietaram o pensamento humano: Deus, alma, origem da vida, homem na condição de espírito imortal e pluriexistencial, morte, problemas sociais e familiares, liberdade, sofrimento, destino e felicidade, entre outros.

O legado do Codificador impõe-nos a necessária e constante renovação íntima, e, forçosamente, uma nova mentalidade de cada “praticante espírita”, sobretudo daqueles que ainda exercitam um Espiritismo apenas nos limites dos fenômenos mediúnicos nos Centros Espíritas. Outrossim, é necessária uma efetiva participação dos Espíritas nas discussões sobre as questões sociais que afligem a população brasileira, ainda que sem a absoluta necessidade de militância político e partidária.

Os filhos desta abençoada Nação não podem se ajoelhar diante da putrefação moral e da corrupção que sangra o pretenso “Coração” da suposta “Pátria do Evangelho”. Urge implorar ao Governador do Planeta e rogar-Lhe que interceda a favor dos brasileiros incorruptíveis de hoje e das futuras gerações de brasileirinhos que haverão de reencarnar para a consubstanciação da moralização e da liberdade de consciência no Brasil.



Jorge Hessen

27 janeiro 2016

O Grande Tesouro - Richard Simonetti





O GRANDE TESOURO


Há um tesouro de valor inestimável que Deus concede a todos nós para a grande jornada rumo à perfeição: o Tempo, que como uma moeda, tem muitas divisões: o milênio, o século, o ano, o dia, a hora, o minuto, o segundo.

Se tomarmos uma porção de ouro e cunharmos uma moeda, poderemos dar-lhe o valor nominal de vinte reais. Este o valor inscrito, extrínseco, mas o valor real será muito maior, representado pela quantidade do precioso metal que utilizamos.

Algo semelhante ocorre com o tempo. Suas “moedas” têm uma cunhagem extrínseca, nominativa, que é idêntica para todos nós: um segundo, um século, um milênio. Mas seu valor real, intrínseco, dependerá do material com o qual “cunhamos” o nosso tempo, isto é, o que estamos fazendo dele.

Onde estivermos poderemos adquirir valiosos patrimônios de experiência e conhecimento, virtude e sabedoria, se não deixarmos que se escoem os minutos, as horas, os dias, os anos, mergulhados no sonambulismo que caracteriza tanta gente, que dorme o sono da indiferença, sob o embalo do sonho da ilusão.

O século marca, nominalmente, o período de uma vida, incluídos o estágio de preparação no Plano Espiritual, antes da reencarnação, e o de readaptação após o desencarne. Mas o valor real do século dependerá do que fizermos dos três bilhões, cento e cinquenta e três milhões e seiscentos mil segundos que o compõem.

A bondade, o amor, a ternura, a mansuetude, a humildade, a compreensão, a paciência, a fé, são valores que “compramos” à custa de dedicação, renúncia, sacrifício, esforço, mas são inalienáveis, jamais os perderemos, habilitando-nos à alegria e à paz onde estivermos, vivendo em plenitude.

Todavia, se não fizermos bom uso do tempo, um século será mera semeadura de vícios, rebeldia e desatinos, com colheita obrigatória de sofrimentos e perturbações.

Imperioso aproveitar as horas. Comecemos com o que há de errado em nós. O vício, por exemplo, não representa apenas perda, mas também comprometimento do tempo, com repercussão negativa para o futuro. Quantos minutos perde o fumante no ritual das baforadas? Quantas horas precisa trabalhar para alimentar o vício e o tratamento de moléstias decorrentes? Quantos dias de vida abreviará por comprometer a estabilidade orgânica? Quantos anos sofrerá depois, com os desajustes espirituais correspondentes?

E o maledicente, quantos minutos perde diariamente, divagando sobre aspectos menos edificantes do comportamento alheio? E quantas existências gastará depois, às voltas com males que, a custa de enxergar nos outros, sedimentará em si mesmo?

O propósito de vencer um vício, a disciplina da palavra e das emoções, os ensaios de humildade, o treinamento da paciência, a disposição de aprender, o desejo de servir e muito mais, devem fazer parte de nosso empenho de cada dia.

Afinal, Deus nos oferece a bênção do Tempo para as experiências humanas, mas fatalmente receberemos um dia a conta pelos gastos, na aferição de nossa vida, como explica Laurindo Rabelo no notável soneto O tempo.

 O Tempo

Deus pede estrita conta do meu tempo,
É forçoso do tempo já dar conta;
Mas, como dar sem tempo tanta conta,
Eu que gastei sem conta tanto tempo!
Para ter minha conta feita a tempo
Dado me foi bem tempo e não fiz nada.
Não quis sobrando tempo fazer conta,
Quero hoje fazer conta e falta tempo.
O vós que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis esse tempo em passatempo:
Cuidai enquanto é tempo em fazer conta.
Mas, ah! se os que contam com seu tempo
Fizessem desse tempo alguma conta,
Não choravam como eu o não ter tempo.


Richard Simonetti
 richardsimonetti@uol.com.br

26 janeiro 2016

"Alzheimer" - Mal Espiritual - Inácio Ferreira

 

“ALZHEIMER” – MAL ESPIRITUAL


O mal de “Alzheimer”, assim chamado por ter sido descrito, pela primeira vez, em 1906, pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, é uma doença degenerativa com profundas causas espirituais.

À semelhança de outras patologias psiquiátricas – diria, com maior propriedade, espirituais! –, como, por exemplo, a esquizofrenia, o mal de “Alzheimer”, cujo gene desencadeante, mais cedo ou tarde, a Ciência terminará por descobrir, tem no espírito a sua origem.

Ousaria dizer, nesta rápida análise, que a referida enfermidade, que, sem dúvida, vem, dia a dia, crescendo nas estatísticas médicas, longe de ser causa de prejuízo para o espírito reencarnado, surge justamente em seu auxílio, neste período decisivo para todos os que se encontram vinculados à Evolução do planeta.

Não mais se constitui em novidade para os estudiosos do Espiritismo que muitos, de alguns lustros para cá, estão tendo as suas últimas oportunidades sobre a Terra, aonde vem ocorrendo o mesmo fenômeno que provocou em Capela o êxodo de milhões e milhões de espíritos recalcitrantes.

Em maioria, as vítimas do “Alzheimer” são espíritos vitimados por processos de “auto-obsessão”, necessitados de ajuste com a consciência em níveis que nos escapam a qualquer tentativa de apreciação imediata.

Não fosse assim, não se justificaria que o espírito reencarnado, por vezes, permanecesse no corpo com as suas faculdades intelectuais suspensas por tempo indeterminado – muitos enfrentam tal prova por mais de 10, 15 ou 20 anos! –, quais mortos-vivos cuja existência carnal parece ter perdido o sentido.

Não vamos aqui trazer à baila a questão das provas compartilhadas com os seus demais familiares consanguíneos, mesmo porque, infelizmente, tais familiares (existem exceções) costumam se livrar dos parentes atacados pelo “Alzheimer”, confiando-os aos cuidados de uma clínica ou, simplesmente, trancafiando-os num dos cômodos isolados da casa, insensibilizando-se.

O objetivo, porém, destas nossas considerações, que muitos amigos vêm nos solicitando, é dizer que o doente, total ou parcialmente, desmemoriado, está entregue a si mesmo para um ajuste de contas com o cristalizado personalismo de outras eras – às vezes, não tão distante assim –, com o seu despotismo inconsciente, com o seu excessivo moralismo…

Temos, neste Outro Lado da Vida, tido a oportunidade de acompanhar a muitos que se retiram do corpo, pela desencarnação, que, sem que sejam considerados insanos, se mostram completamente alheios a si mesmos, esquecidos do que foram e do que são, à mercê de reencarnações à distância das situações sócio-econômico-culturais, inclusive religiosas, em que se perderam do Cristo! Estes espíritos, por ação da Misericórdia Divina, mergulhados num esquecimento, que não é o provocado pelo choque biológico da reencarnação, antes que, em definitivo, entrem na lista dos desterrados, terão oportunidade de recomeçar alhures, com a mente não mais obsessivamente fixada nas ideias equivocadas que vêm ruminando a muitas existências, vivendo num círculo vicioso difícil de ser rompido.

Portanto, a nosso ver, o “Alzheimer”, é uma doença auxiliar do espírito, que se, aparentemente, o desmorona intelectualmente, o faz ressurgir dos escombros de si mesmo com uma nova perspectiva existencial – bênção diante do qual alguns lustros de alienação do espírito, mergulhado em semelhante processo de “reconstrução íntima”, nada significam!


Inácio Ferreira
Uberaba – MG, 11 de junho de 2012

25 janeiro 2016

Operantes e Contemplativos - Orson Peter Carrara


OPERANTES E CONTEMPLATIVOS


Que tipo de reação interior promove o conhecimento espírita dentro do adepto espírita? Como nos comportamos com o conhecimento espírita que vamos adquirindo? Tornamo-nos espíritas operantes ou contemplativos?
Quem são esses espíritas classificados com os adjetivos que utilizamos no título da presente abordagem? Ouvimos essa classificação, atribuída pelo notável Deolindo Amorim* (1906-1984), em palestra proferida pelo querido amigo Raul Teixeira, cuja temática referia-se ao adepto espírita.

Conforme tão bem explanado por Raul, utilizando-se da classificação didática de Amorim, espíritas operantes são aqueles que, tendo adquirido o conhecimento espírita, procuram expandir, transformar em informação que auxilie outras criaturas, dando seqüência aos desdobramentos naturais trazidos pelo conteúdo doutrinário, para que novas luzes se espalhem em favor de outros companheiros de caminhada. Em tese'>síntese, são aqueles que, de posse da informação do Espiritismo, procuram multiplicá-la de forma didática, atraente e especialmente aplicada ao cotidiano das vidas humanas, para que mais e mais consciências se beneficiem da clareza e lucidez do pensamento espírita.

Essa atitude positiva, característica marcante de obreiros conscientes, na movimentação e multiplicação das idéias, não só através do verbo – mas principalmente pela ação do bem e pelo exemplo pessoal – é capaz de operar prodígios em favor da paz e do progresso coletivo.

Por outro lado, os espíritas contemplativos são aqueles que optam pela postura de acomodação, que apenas guardam o conhecimento, sem a ação correspondente esperada como fruto natural do dinamismo do próprio conteúdo doutrinário do Espiritismo.

Conhecem, mas guardam para si. Descuidam-se do dever de espalhar o fruto de seus raciocínios, do entusiasmo próprio que poderiam impregnar o conteúdo de suas reflexões para que outras criaturas se beneficiem desse conhecimento. Num instante tão grave e tão decisivo na história de nossas vidas já não podemos nos dar ao luxo de guardamos o conhecimento que vamos acumulando, deixando-o estagnado. Parece-nos que o dever primeiro que surge, após o esforço pessoal da melhora moral na aplicação pessoal do referido conhecimento, é o de espalhar, compartilhar, e especialmente utilizar mecanismos que o tornem acessível e compreensível ao maior número de criaturas, especialmente aquelas que se debatem nas agruras das angústias, do desespero, das dúvidas que massacram o coração. Tudo para que se levantem de suas agonias e possam prosseguir aprendendo e evoluindo...

Todo bem que fizermos, todo iniciativa que redunde em aprimoramento da qualidade de vida, será providência de importância para superação dos grandes desafios existenciais do ser humano e para melhora do planeta.

Deixemos, pois, os estágios de acomodação. Movimentemos nossas forças físicas e intelectuais para perceber ao nosso redor, que contribuição podemos oferecer com o conhecimento que já detemos, em favor de tantos que ainda o ignoram...

As possibilidades são inesgotáveis. Basta colocarmos nossa criatividade em ação. Como ensina a resposta à questão 969 de O Livro dos Espíritos – que se refere à atividade dos espíritos puros – a postura de contemplação é de uma felicidade estúpida e monótona; seria mais a do egoísta, uma vez que a existência seria de inutilidade. Embora a explicação refira-se aos espíritos puros, ela cabe igualmente a nós, os que ainda estamos a caminho. E já que buscamos combater o egoísmo que ainda persiste em nós, comecemos, pois, a sair da acomodação para movimentar forças. Pelo menos em gratidão às bênçãos do conhecimento que nos beneficia.

*Deolindo Amorim foi um grande didata a serviço do Espiritismo. De personalidade serena e afetuosa, lutou incessantemente contra a corrupção do pensamento doutrinário e pelo entendimento da obra de Kardec.


Orson Peter Carrara

24 janeiro 2016

Enquanto Brilham as Estrelas - Alexandre Aksakof


ENQUANTO BRILHA AS ESTRELAS

A reencarnação é bênção do Senhor aos seus tutelados, como oportunidade sublime para o progresso do Espírito. Chamados ao serviço de evangelização das massas, quando a Voz portentosa do Mestre conclama ainda: - "Ide e prega!"; beneficiados pelas luzes do Consolador que redime e ampara, os veros discípulos do Cristianismo Redivivo lutam por oferecer-se em holocausto de amor por sua própria redenção e evolução de seus irmãos. As claridades sempiternas que descem sobre a carne, alentando os homens no carreiro difícil das provas, erguem-no também para as Plagas da Verdade, onde será ouvida a Voz do Alto, ensinando o roteiro dos tesouros imperecíveis para as pátrias do Infinito.

Reencarnação com sofrimentos, lutas, renúncias é sinônimo perfeito de elevação espiritual, fazendo crescer a alma para o nosso Criador e Pai, na conquista dos tesouros imperecíveis.

Convocados às lides evangélico-doutrinárias, os tutelados de Ismael, investidos na Terra de novas obrigações e responsabilidades, desvelam-se por levar avante o programa redentor.

Quantos passaram pelo Santuário de Luz deixaram sua marca mantida para sempre nos arquivos espirituais.

Quantos doaram de si mesmos no cumprimento de deveres santos e não desprezaram a oportunidade sagrada permanecem em atividade no Plano Maior, na tarefa de assistência fraterna de orientação e amparo invulgar aos colaboradores que ficaram.

Alijados da carne densa, justapõem-se ao Grupo, irmanados no elevado ideal da Casa - "Deus, Cristo, Caridade" -, cujo significado envolto em eternos resplendores, um dia, será conhecido da Humanidade.

Enquanto brilham as estrelas à Luz divina, em benefício dos que se consagram ao labor de levantar no orbe terrestre o estandarte da redenção, mister se torna que aqueles que se integraram nas fileiras mais altas conservem em seus corações a fé e a confiança plena nos destinos desta Casa, desta Pátria, desta Terra, deste Orbe.

Convida-os o Senhor, num toque de amor suave e luminoso, ao congraçamento fraterno.

Brilham as estrelas na Casa de Ismael, iluminando o Brasil com a luz do Cristo de Deus.

Brilham os tarefeiros da Alta Cúpula, irradiando coragem, paz e amor.

Brilhará para sempre, em eternos resplendores, o lema: "Deus, Cristo, Caridade".

Assim compreendendo, façamos brilhar a nossa luz na consagração do divino serviço.

(Mensagem recebida no “Grupo Ismael”, na Federação Espírita Brasileira, no Rio de Janeiro-RJ, na noite de 3 de agosto de 1978.)

Alexandre Aksakof

Reformador, Janeiro/1980
Transcrição de Mônica V. T. Trajano

23 janeiro 2016

O Mundo Tem Sede de Amor - Momento Espírita


O MUNDO TEM SEDE DE AMOR

Quando se despedem da Terra pessoas que simbolizam o amor ao próximo, e o Mundo inteiro verte as lágrimas quentes dos adeuses, é hora de nos determos um pouco para ouvir os apelos da Humanidade.

Não importa a classe social, a condição financeira, a raça, a religião, a nacionalidade, todos, unidos pelo sofrimento, param para prestar uma última homenagem.

Os olhares se encontram, rompem-se as barreiras do preconceito, e um grito surdo explode, em comovente apelo silencioso, clamando por paz, por justiça, fraternidade, solidariedade, amor!

Diante do esquife frio, sente-se que as esperanças se apagarão, assim como as flores que o recobrem estarão murchas dentro de poucas horas.

Parece que tudo não passou de ilusão, que todos os sorrisos, os abraços, a alegria de viver, encontraram o fim no túmulo sombrio.

Todavia, quando a morte cobre com seu manto escuro os olhos físicos, a imortalidade se abre no mais além, gloriosa, descortinando outros panoramas para novas realizações.

A vida segue estuante e bela.

A esperança não cessa com o fim de uma existência.

O Espírito sai do corpo, sem sair da vida, e se é bom, vai se juntar aos demais lidadores da caridade no hemisfério espiritual, dando seguimento às suas atividades.

Aqueles que na Terra sentiram os afagos desse amor, e que já se encontram no plano espiritual, os recebem jubilosos, felizes por tê-los junto outra vez.

As almas caridosas não deixam de o ser porque se libertam do corpo físico, pois a caridade é atributo do Espírito imortal, e não do corpo. Eles deixam a existência terrena mas não abandonam a boa luta.

E para que suas existências tenham valido a pena, é importante que saibamos entender as lições vivas exemplificadas em cada palavra, em cada sorriso, em cada gesto de ternura.

É importante que saibamos ler, no livro da vida, cada página grafada com carinho, fé, disposição e coragem.

Se a pessoa mostra ao Mundo, com humildade, o verdadeiro amor ao próximo, ninguém lhe pergunta qual é sua bandeira religiosa, sua nacionalidade, sua cor, sua raça.

Tão somente é respeitada, porque o Mundo tem sede de amor.

Tantos foram os homens e mulheres que marcaram as estradas terrestres com suas pegadas de luz e seguem no além a ajudar tantos quantos necessitem de seu amor.

Os verdadeiros sábios sempre se preocuparam em deixar uma equipe treinada para levar avante a bandeira da fraternidade que eles ostentavam enquanto encarnados sobre a Terra.

Assim, ao contrário do que pensam alguns, a esperança não vai sepultada com os corpos, mas vive com os que sabem entender a mensagem e levá-la adiante.

Cada Espírito assumiu uma missão individual antes de renascer, visando a própria redenção e, por conseguinte a evolução da Humanidade.

Uns nascem apenas para romper com os preconceitos raciais do seu povo.

Outros, sem medo de curvar-se ante a miséria alheia, rompem os protocolos e as convenções sociais, mostrando ao Mundo que vale a pena lutar por dias melhores.

Tantos nascem tão-somente para exemplificar o amor ao próximo.

Alguns ficam famosos, mas grande é o número daqueles que vêm e vão no mais absoluto anonimato, deixando apenas o rastro de luz por onde passam.

Nesse contexto, não podemos esquecer do exemplo máximo de abnegação que foi Jesus de Nazaré. Ele foi o primeiro mensageiro do amor encarnado sobre a Terra sofrida. Depois Dele, a Humanidade jamais foi a mesma.

E Ele, que jamais nos abandona, constantemente envia Seus anjos para manter acesa a chama da esperança em nossos corações.


22 janeiro 2016

Isolamento Saudável - Jorge Hessen

 

ISOLAMENTO SAUDÁVEL


Define o dicionarista a “solidão” como um estado de quem se sente ou está só. Para os psicólogos a solidão é uma “moléstia astuciosa”, que nenhum instrumento médico consegue identificar, o que resulta, quase sempre, em determinados reflexos comportamentais, a saber: isolamento, inabalável esmorecimento, irreprimível indisposição, tristeza sem causa, baixa autoestima.

O psicólogo John Cachopo, após 6 anos de estudos com 2 mil pessoas, afirma que os solitários correm mais risco de falecer do que os outros. É que a solidão eleva a pressão arterial, logo, aumenta também os riscos de infartos e derrames. Além disso, o isolamento enfraquece o sistema imunológico e piora a qualidade do sono.

Não ignoramos que hoje em dia muitas pessoas moram sozinhas e levam uma vida relativamente serena. Não se pode dizer que são pessoas “doentes” se as mesmas se sintam bem nessa circunstância. Até porque a sensação de isolamento pode estar presente em qualquer lugar ou situação, como numa festa com os amigos, no trabalho e até mesmo dentro de casa com a própria família.

Experimenta-se atualmente a sediciosa sensação de insulamento na multidão. Indivíduos estão cercados por pessoas em ônibus, metrôs, aviões, estádios, avenidas, ruas, e contudo, nessa avalanche de gente avultam os solitários na multidão. E quanto mais são cercados de pessoas, de barulho, de tarefas, mais se agrava a sensação de que estão sozinhos. Parece algo contraditório. Será a “tal solidão” a ausência de companhia? Consistiria em uma fuga da civilização?

Há os que defendem que solidão seja a arte do encontro com o vazio existencial. Esse vazio é de mão dupla. Uma é o da existência, da busca de um significado metafísico; a outra é o da ausência, da perda de algo importante. A liberdade é uma descoberta solitária, e por isso muitos tentam evitá-la. Garantem tais estudiosos que a solidão é boa, que ficar sozinho não é vergonhoso. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo.

Realmente há quem use a prodigiosa solidão como tempo de inspiração, análise e programação. Quando fazemos silêncio exterior, damos vazão ao mundo interno, intenso e palpitante. Há tanta gente mergulhada em alaridos indigestos, dominada por conversas maledicentes ou pelo estrondo de risadas burlescas; há tanta gente rodeada de pessoas, mas com a alma amargurada, oprimida, oca. Lembremos que tudo tem o seu tempo determinado, conforme narra o Eclesiastes. “Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar, tempo de colher, tempo de chorar e tempo de sorrir; tempo de falar e tempo de silenciar também.” [1] Então, por que temer a frutífera solidão? Se a vida nos oferece ocasiões de solidão, saibamos abrigá-la como um tesouro. Aproveitemos cada instante para meditações.

Obviamente o “isolamento absoluto” é contrário à lei da Natureza. Somos seres sociais e por instinto buscamos a sociedade e devemos concorrer para o seu progresso, auxiliando-nos mutuamente. Completamente isolados não dispomos de todas as faculdades. No isolamento incondicional ficamos brutalizados e morremos. Por essas razões é importante caracterizar as distintas solidões – aquela que significa fuga deliberada do convívio social daquela outra que nos abastece a alma.

A solidão com o serviço aos semelhantes gera a grandeza. A rocha que sustenta a planície costuma viver isolada, e o Sol que alimenta o mundo inteiro brilha sozinho. Emmanuel ensina que “Jesus escalou o Calvário, de cruz aos ombros feridos e ninguém o seguiu na morte afrontosa, à exceção de dois malfeitores, constrangidos à punição, em obediência à justiça. [2] Não esperemos pelos outros na marcha de sacrifício e engrandecimento. “E não olvidemos que, pelo ministério da redenção que exerceu para todas as criaturas, o Divino Amigo dos Homens não somente viveu, lutou e sofreu sozinho, mas também foi perseguido e crucificado…” [3]

Jorge Hessen

Referências bibliográficas:

[1] Eclesiastes 3:1-8
[2] Xavier, Francisco Cândido. Fonte Viva , ditado pelo Espírito Emmanuel, cap. 70, RJ: Ed. FEB, 1999
[3] Idem

21 janeiro 2016

Iluminando relacionamentos - Clecio Carlos Gomes



ILUMINANDO RELACIONAMENTOS


Existe uma série de ações que devemos ter, ao longo da nossa encarnação, para realizarmos nossa reforma individual e purificar os sentimentos, promovendo a mudança de hábitos, comportamentos e, conseqüentemente, da nossa relação com o meio.

Não devemos mudar pela simples imposição do meio, sem a menor sinceridade, porque será uma mudança forçada.

A reforma pessoal visa mudar o “eu” na relação com o meio, promovendo evolução. Para que isso aconteça, temos que desenvolver nosso conhecimento sobre aquilo que objetivamos mudar.

Seguir a Doutrina Espírita é trabalhar com uma ciência bem delimitada e nos “religarmos” a Deus. Hoje, encontramos em muitos autores espíritas – encarnados e desencarnados – fontes vivas de luz e de novos caminhos, necessários ao crescimento dos povos.

Entre eles, poderíamos citar Francisco Cândido Xavier e colaboradores, Ramatís, José Lacerda de Azevedo, entre muitos outros. O conhecimento espírita é como um botão de rosa que vem se abrindo ao mundo, revelando a cada despertar, novas verdades.

Por isso, não podemos considerar que nossa ciência se restrinja às informações de Kardec, apesar de seu valor e importância indiscutíveis. A humanidade e o pensamento vigente evoluem e necessitam de novas técnicas e saberes.

Adquirindo novas informações, devemos processá-las e começar a transformá-las em ações efetivas de mudança em nosso dia-a-dia, principalmente no que concerne aos ensinamentos e ao amor cristão.

Mas isso não deve acontecer apenas entre as paredes dos centros espíritas. O primeiro lugar de exercício desse processo é o nosso lar.

Se, com nossos pais, irmãos, maridos ou esposas, filhos e seres ligados diretamente, não semearmos o respeito, a fraternidade e a caridade, não será com nossos desafetos e irmãos mais distantes que teremos mais facilidade.

A grande família cósmica e a grande regeneração planetáriaacontecerão a partir da transformação das partes que a compõem, e a família é esse micronúcleo que eclode e dissemina o senso comum na sociedade.

Harmonizando nosso lar e direcionado nossas intenções à família, devemos olhar também para nossa atividade profissional. Não existem profissões mais ou menos dignas: o que há, em nossas vidas, são reencontros que visam resgatar e nos lançar mais próximos da Luz.

Nosso ambiente de trabalho é o local em que passamos a maior parte de nossa encarnação e onde mantemos os reencontros mais constantes e repetitivos.

Não será nos queixando e lamentando que alcançaremos com êxito nosso intento. Muitas vezes estamos reunidos ali pelo mesmo padrão vibratório e pelas mesmas identificações. Trabalhar e transformar é a essência da nossa encarnação.

Nossa libertação dos vícios comportamentais é o próximo passo. Julgar, falar demais, criticar, mentir, omitir, ser indiferente e alheio, entre outros, são comportamentos danosos a nós e aos outros e devem ser trabalhados a fim de reduzi-los e até eliminá-los.

Geralmente, nossas atitudes são muito mais perigosas ao espírito do que os vícios químicos. Não que estes não sejam relevantes, muito pelo contrário são de intensidade proporcional, entretanto, muitas vezes, são mais valorizados do que os outros tipos de vícios.

Obviamente que a alimentação compulsiva, o fumo, as bebidas alcoólicas e qualquer outro tipo de substâncias psicoativalesam tanto nosso corpo físico quanto os mais sutis, mas devemos nos lembrar que vício é vício e existem infinitas formas de danos.

Sermos resignados – sem passividade e apatia – é outra forma de desenvolvimento individual. Aceitar nossa condição, mas trabalhando por um mundo e uma evolução pessoal maior e entendendo o que nos acontece, é o melhor para cada um e uma benção generosa de Deus.

Esse, sem dúvida, é um caminho de muita dificuldade para seres como nós. A melhor forma de conseguirmos resultados é não nos esquecermos que devemos sempre elevar nossos pensamentos, nossos corações e buscar nosso desdobramento espiritual para junto dos espíritos instrutores, que já estão em lugares um pouco mais elevados do que estamos hoje.

Clecio Carlos Gomes
Revista Caminho Espiritual

20 janeiro 2016

Rejeição e Aversão dos Pais - Victor Manuel Pereira de Passos

 
REJEIÇÃO E AVERSÃO DOS PAIS

Lembra-vos de que a cada Pai e a cada Mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?

Se por culpa vossa ele se conservou atrasado, tereis como castigo, vê-lo entre espíritos sofredores,quando de vós dependia que fosse ditoso.” S. Agostinho (Evangelho Segundo Espiritismo; Cap. XIV- item 9)

A rejeição maternal ou paternal, ou ambas são provas muito sofridas para o espírito.

A rejeição geralmente aparece numa gravidez indesejada, por um ou outro conjugue, ou porque existe uma fase de desamor, por comodidade, e mesmo até advindas de relações extra casal ,alimentando o adulterio,e que provocam essas reações, por medo de serem descobertos e na tentativa de protegerem seus lares, tumultuando mais ainda a sua condição.

Essa rejeição envolvida de puro egoísmo e orgulho,nem contabiliza sequer o ato, pois nem do espírito reencarnante se lembram, mas apenas de que ele é um estorvo.

Toda a aversão ou rejeitar de uma criança, provoca recalcamentos e reflete-se no futuro das mesmas.

Tendo em conta as emanações doentias dos rejeitores, Mãe ou Pai,estas se fazem sentir no espírito reencarnante, levando muitas das vezes e por serem más induções a abortos espontâneos, basta a fase neurodepressiva da Mãe ou Pai de revolta ou ódio que possam nutrir pelo ser reencarnante.

Os espíritos que conseguem superar a fase de poderem ser abortados, após nascerem , terão um futuro, de trauma, angustia, desalento e muita tristeza, que por consequência se faz presente em fobias que desmoronam uma vivência equilibrada.

Tudo porque se a rejeição for continua ,mesmo após o nascimento, levará sentido que toda a mentalização negativa, terá como consequência uma educação também da mesma postura para a criança.

Estas crianças além dos maus tratos, muitas são abandonadas, outras entregues a Instituições e a maioria fica entregue a si mesmo, sem meios e sem apoio.

No futuro não vão confiar na Comunidade vivente, inclusive, se revoltam, são de dificil trato, tudo porque o desamor as torna insensíveis, as marca pelo efeito da carência de amor e não querem depois que os outros os possam assessorar como amigos.

Todos nós assessoramos dizer que é prova ou expiação, vejamos o que nos diz O Livro Espíritos item 891:
“Estando em Natureza o amor materno, como é que há Mães que odeiam os filhos e, não raro, desde da infância deles?
-- Às vezes, é uma prova que o espírito do filho escolheu ou uma expiação, se aconteceu ter sido mau Pai ou Mãe perversa ou mau filho, noutra existência, em todos os casos, a Mãe má pode deixar de ser animada por um espírito mau que procura criar embaraços ao filho, a fim de que sucumba na prova que buscou. Mas esta violação das Leis da Natureza, não ficará impune e o espírito do filho será recompensado pelos obstáculos de que haja triunfado.”

O reajuste reencarnatório é uma verdade e que no seio Familiar é ponto nuclear do mesmo.

Não podemos omitir que cada espírito tem muito da presença nas escolhas, mas também as há por imposição da Lei, aos excessos do pretérito.

Mais situações se fazem sentir nessas situações, a escalada nas reincidências, por insegurança e devaneios Familiares! Veja-se o ambiente fluídico de um lar onde a violência impera constantemente, mais meios de origem similar se acham nos reencontros, com amizades por simpatia de origens e gostos semelhantes.

Enfim, estas ser provas de múltipla escolha, porque se não é fácil vencer o nosso orgulho e egoísmo, e estando em meios adversos , mais complexo se torna a sua superação.

Claro que somos nós que harmonizamos o ambiente Familiar, que coabitamos com seres que já nos foram caros, ou por similidade de vontades , possam estar conosco de novo, e temos que reconhecer que apesar de sermos seres individuais, termos obrigações coletivas.

Os valores espirituais estão ainda muito alienados pelos espíritos que compartilham, o meio , é necessário cultivar o esclarecimento e evangelizar nas mãos do Cristo, para que moldemos as mentes, para as responsabilidades, de serem Pais ou Mães e mesmo dos Filhos, pois o envolvimento é de todos.

Temos que dar as mãos e levar a mensagem de que só o amor nos salvará, e que a sensualidade da vida é a cegueira da alma, por isso urge semear valores de respeito e responsabilidade Familiar, afim que consigamos também tornar o Mundo melhor.

Victor Manuel Pereira de Passos
 Fonte: Spirit Book