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19 maio 2018

O fracasso das relações está no excesso de perdão - Wellington Balbo



O FRACASSO DAS RELAÇÕES ESTÁ NO EXCESSO DE PERDÃO


Trabalho há algum tempo no atendimento fraterno de um Centro Espírita em Salvador e observo que um dos grandes desafios do ser humano é perdoar.

Pessoas chegam ao Centro Espírita acabrunhadas, irritadas, magoadas e até mesmo com ódio em seus corações.

E o mais grave: o objeto desses nefastos sentimentos são as pessoas mais próximas: pai, mãe, marido, esposa, irmão, primo, chefe ou colegas de trabalho.

Bom, de fato, perdoar não é tarefa fácil.

Por isso proponho o oposto: não perdoar!

Isso mesmo, deixar um pouco de lado essa conversa de perdão.

Perdoar demais, todos os dias, ininterruptamente, pode não ser uma boa coisa.

Como assim? É de espantar, não é mesmo?

Porém, reafirmo: perdoar, constantemente, não é nada bom.

E sabe por quê?

Simples.

Quem muito perdoa é porque muito se ofende.

E, convenhamos, ofender-se demais não é bom.

Tem gente que se ofende por tudo, na menor contrariedade fecha a cara, faz bico, passa dias e dias sem conversar com o outro, chantageia, não liga no aniversário, exclui das redes sociais, forçando-o, não raro, a pedir perdão por querelas ou por situações que não houve nada mais sério.

E quem suporta uma vida assim, pesada, densa, recheada de cobranças e de arrepiadores porquês?

Por que você não fez isso? Por que deixou de fazer aquilo? Por que disse isso?

Por quê? Por quê? Por quê?

E cobra, de forma explícita ou implícita, a retratação do outro, gerando desgastes desnecessários.

A vida já é, por si só, repleta de situações que nos deixam tensos, imagine então receber, todos os dias, rajadas de cobrança lançadas pelo cônjuge, pais, amigos, filhos e etc.

O ideal é viver mais leve, utilizando-se da compreensão.

A equação é esta:

Compreender mais e ofender-se menos é igual a zero perdão.

Há um déficit de realidade que necessita ser trabalhado para que não fiquemos, a todo tempo, sentindo-nos ofendidos pelas pisadas na bola do outro.

Então, faz-se, fundamental, entendermos o local onde estamos.

E onde estamos? No planeta Terra, orbe de provas e expiações, habitado por Espíritos ainda muito limitados, que buscam por meio das provas reencarnatórias, evoluir em direção ao Pai.

O que quero dizer com isso?

Quero dizer o seguinte: errarão com você, pode ter certeza. Chegarão atrasados em compromissos vez ou outra, ou vez em sempre, falarão coisas que você não aprecia, pisarão em seu pé ao dançar, reclamarão de sua mãe, não escutarão quando você quer conversar, enfim, farão muitas coisas que você não gosta, porém utilize o conhecimento para safar-se da irritação.

Lembre-se: estamos num planeta de provas e expiações; seu companheiro, chefe, amigo, familiar, seja lá quem for, assim como você, não é perfeito, logo, irá errar um bocado.

Viva leve e deixe o perdão para as grandes questões. Até porque perdoar muito, cansa e chegará o momento que de tanto sentir-se ofendido pelos pequenos tropeços do outro você não mais o perdoará, e poderá deixar escorrer pelas mãos um relacionamento bacana, que tem suas dificuldades, mas que lhe proporciona doses de alegria.

E já que falamos para deixar o perdão para as grandes questões, recordo-me de uma amiga que flagrou o marido em adultério.

Situação complicada, tensa.

De início ela optou pela separação. Ele ficou arrasado. Todos os dias aparecia no trabalho dela pedindo para que reconsiderasse e o perdoasse.

Ela parecia decidida a não perdoar. Mas eis que uns 2 meses depois a vi com a aliança no dedo novamente. A amiga percebeu meu olhar e explicou:

Ah, coloquei tudo numa balança e pesei. Ele, marido carinhoso, pai desvelado, ótimo companheiro e, mais importante, réu primário, merecia o perdão, aliás, não apenas ele, mas eu também merecia perdoar para, enfim, reviver.

Foi um dos momentos mais emocionantes que pude presenciar.

Eis o perdão bem aplicado, o perdão para as grandes questões, pois naquelas ditas “pequenas” não vale a pena gastar “cartucho”.

Dessa forma, melhor que perdoar, é não se ofender.

Pensemos nisso, reflitamos e, mais importante, sejamos felizes!


Wellington Balbo



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