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11 maio 2018

Aprendendo a pensar - Octávio Caúmo Serrano



APRENDENDO A PENSAR


Diferente do que ocorre com os bichos que se orientam pelo instinto, apesar de que haja indícios de uma inteligência rudimentar que também nalguns deles se desenvolve, nós somos dotados de razão. O animal geralmente se orienta por experiência já vividas, como comprovou Pavlov, enquanto nós somos capazes de criar conceitos pela manipulação das ideias, sempre buscando seguir uma lógica com resquícios de bom senso.

Convém saber que a terceira lei de Newton que diz que “a toda ação corresponde uma reação, igual e contraria da mesma intensidade” e que está claramente comprovada no campo material, se estende e se amplia no terreno da mente e dos planos extra físicos. Daí, somos o resultado dos nossos pensamentos e das nossas atitudes. O que fazemos colhemos. De bem ou de mal. Somos o que pensamos porque é daí que nascem os esboços para as nossas ações. O pensamento é matéria e tem força criativa. É, inclusive, o indício de que há vida, se fundar-nos na expressão de Descartes “cogito, ergo sum”; penso, logo sou.

A grande culpada do sofrimento humano é a recusa que o homem tem de pensar. Incomoda-o conhecer a verdade porque será obrigado a segui-la ou, pelo menos, leva-la em consideração ao ter de decidir sobre sua vida. Prefere entregar sua sorte a terceiros (ao governo, ao padre, ao pastor, ao patrão, ao presidente do centro espírita) a lutar por si mesmo e raciocinar com bom senso sobre a sua vida; o bem mais precioso entre todas as suas heranças. Se pode pagar ao templo para que sua salvação seja conseguida, preferirá este caminho a ter de se submeter a um esforço de reforma moral. 

Por que só ele deverá modificar-se se há toda uma sociedade que faz o caminho inverso e consegue sucesso? Por que ser decente, honesto, em uma conjunção corrupta em que a maioria se dá bem?

Acontece que a quem muito é dado muito será cobrado. Quer dizer, “conhecereis a verdade e ela vos fará livres”, como ensinou Jesus. Uma vez tendo acesso ao conhecimento, ignorá-lo é covardia e querer fugir do óbvio e da razão com desculpa inaceitável. Desejar merecer as honras do céu mediante doações ou sacrifícios pessoais de autoflagelos sem aproveitamento é uma das facetas que retratam a ignorância humana. Se imaginam comprar a felicidade com dinheiro, marginalizando os que não têm recursos, demonstram ignorância e pretensão. Se assim fosse, os pobres estariam condenados ao inferno simplesmente por sua condição social. Mas nunca indagam por que há ricos e pobres. Letrados e analfabetos. Inteligentes e idiotas. Saudáveis e doentes. Velhos e moços. 

Religiosos e ateus. Patrões e empregados. Honestos e desonestos. Pesquisar a razão dessas diferenças, só é possível aos que aceitam a lei da reencarnação e sabe que vivemos hoje as consequências do ontem. Que colhemos agora a lavoura que plantamos. Que somos donos da herança que produzimos em outra vida e da qual somos o único herdeiro.

O esperto de hoje é o tolo de amanhã; o malandro de agora é o otário do futuro. Quem semeou ventos vai colher tempestade, diz o adágio popular. A qualquer um podemos dar o direito de equivocar-se neste aspecto. Mas nunca poderemos dar esse mesmo direito ao praticante espírita que já conhece pelo menos o básico. Querer comerciar com Deus é o maior equivoco que o homem pode cometer. Quem se recusar a pensar porque prefere o comodismo pagará alto preço pela sua incúria. Só que nunca poderá dizer que não sabia. A vida cobra até o último centavo.

Octávio Caúmo Serrano
Jornal O Clarim – maio de 2018

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