(Assis - Itália)
RETORNANDO A ASSIS
Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista
Aproximadamente há trinta anos vivi a notável experiência de visitar a cidade de Assis, procurando reencontrar o inolvidável São Francisco. A magia da sua vida que vem sublimando outras vidas ao longo da História embriagou a minha infância e juventude, oferecendo-me a doce presença de Jesus no mundo atribulado e enfermo dos tempos…
As suas sublimes canções embalaram a minha existência, convidando-me ao enternecimento e à esperança de que é possível amar-se a tudo e a todos, voltando-se à infância com toda a sua ingenuidade.
Pareceu-me revê-lo pelas ruas de pedras irregulares cantando as baladas enternecedoras que se tornaram inolvidáveis.
Jamais hei-me olvidado do seu amor por todas as criaturas, assim como da sublime entrega de Clara ao seu chamado de misericórdia e de compaixão.
Neste ínterim, retornei por diversas vezes, reencontrando-o sempre nas alamedas dos foras da cidade e das suas paisagens iridescente cobertas de lavanda em flor…
Estou novamente na cripta de São Francisco, reflexionando sobre a sua mensagem nestes dias de ultraje e agressividade, de desespero e de injustiça, de violência e de horror…
A sociedade que alcançou as estrelas e as micropartículas não conseguiu fazer-se solidária à dor que ulula em toda parte aguardando oportunidade de renovação.
Aos meus ouvidos chegam as notícias de que a guerra da Síria terminou, ao tempo em que reacende a raiva iraniana contra os judeus e Gaza é tomada pela expectativa de bombardeios.
O grande problema, porém, é que o homem e a mulher modernos ainda não aprenderam a conviver como irmãos, dando-se conta da transitoriedade das conquistas inúteis e do vazio existencial que devora povos e indivíduos,reduzindo tudo ao caos.
Em uma análise mais profunda constato que é muito fácil amar e compreender o próximo, bastando uma autovistoria desvelando as próprias dificuldades.
A tecnologia de ponta aproximou os indivíduos, reduziu as distâncias, ao tempo que produziu uma incomensurável solidão, proporcionando um individualismo perverso e destruidor da alegria de viver e de cantar.
Logo mais, voltarei a esse mundo diferente onde vivo e desejo rogar-te, Irmãozinho dos animais de amigo da Natureza, que venhas comigo e com todos aqueles que te visitam, ajudar-nos a disseminar a paz e o amor nas existências estioladas e nos sentimentos amargurados.
Se voltares a cantar outra vez e te utilizares de nossas vozes para dialogar e nossos braços para servir, estaremos sendo instrumentos da paz de Deus no mundo.
Divaldo Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 17-05-2018.
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