ESPIRITISMO E HOMOSSEXUALIDADE
Segundo a legislação brasileira, todo preconceito é crime e pode ser punido até com prisão. Contra raças, religiões, deficientes físicos ou contra os homossexuais. Todavia, a penalização e os argumentos de respeito ao próximo não surtem os efeitos necessários, porque não são convincentes o suficiente.
As alegações são que todos têm seu livre-arbítrio para a escolha do que lhes convêm, inclusive exercer a sua opção sexual. Mas o uso do livre-arbítrio não torna uma coisa certa. O criminoso também faz o que deseja e, no entanto, é punido.
Se simplesmente proibir resolvesse o problema, ninguém falaria ao celular quando ao volante, nem fecharia cruzamentos, atravancando o trânsito, ainda mais, nem tiraria a vida do próximo.Somente uma doutrina como o Espiritismo pode modificar o entendimento das pessoas, conclamando-as a respeitar o direito do outro, porque está baseada nas vidas sucessivas com correlação entre elas.
A homossexualidade, que é o que aqui nos cabe estudar, pode ter implicações no passado da criatura, vividas em outras encarnações.Podemos nos socorrer de certos livros que nos ensinam as razões de uma pessoa ser homossexual, sem deixar de ponderar que há pessoas que a exercem por interesses outros, quando poderiam ser coerentes com o sexo atual, se não fossem mal intencionadas. A prostituição, por exemplo. Mas falemos dos problemas nascidos do passado.
Em “O Livro dos Espíritos”, questão 200 a 202, está dito que o espírito não tem sexo, como entendemos, e o que animou o corpo de um homem pode, numa nova encarnação, vir como mulher e vice-versa, porque isso pouco lhe importa, contando mais as provas a que tenha de se submeter e trabalhos a realizar. Já que devemos progredir em tudo, há progressos que fazemos como masculinos e outros, como femininos. “O espírito que sempre fosse homem só saberia o que sabem os homens”, explica ainda.
A psicóloga americana, Helen Wambach, autora do livro “Vida Antes da Vida”, Livraria Freitas Bastos, título original “Life Before Life”, que foi publicado também pela Editora Pensamento com o nome “Recordando Vidas Passadas”, fez uma pesquisa baseada em regressão a vidas passadas, declarando nada entender de espiritualidade, mas tendo por princípio o livro do Dr. Raymond Moody, igualmente americano, que escreveu “Vida depois da Vida”, título estrangeiro “Life After Life”, – Se vamos para algum lugar, quando morremos, não teríamos vindo de algum lugar, quando nascemos?, foi a indagação básica da pesquisadora.
Depois de fazer experiências com 750 pessoas em grupos de 50, costa a costa americana, teve respostas para as suas perguntas básicas: você pediu para nascer, você conhecia seus pais, porque optou por nascer nesta época, você escolheu o seu sexo? Quanto a este item, ainda na explicação inicial, relata um caso pesquisado. Diz o paciente: “Sim, escolhi o sexo porque tinha sido homem na vida anterior, quando conheci meu pai. Minha mãe tinha sido uma amiga querida, na mesma existência em que meu pai tinha me chicoteado, na sua atividade de carcereiro. Não captei impressões de companheiros ou amantes de vidas passadas, mas ficou claro que meu irmão mantém comigo o mesmo parentesco da vida anterior”.
Ela concluiu que 80% optaram por nascer de novo, embora apenas 28% sentiam-se entusiasmados por estar novamente vivos e tinham feito planos cuidadosamente. Muitos declararam que vieram para aprender sobre amor e compaixão. Mas, o que mais surpreendeu a doutora é que não havia qualquer preconceito quanto ao sexo da nova vida. Houve mesmo os que pretendiam nascer num sexo, mas, por tarefas com outros espíritos, aceitaram nascer no outro e não perder a oportunidade de voltar logo, porque este é o momento de grandes revelações para a humanidade, “uma transição histórica da vida religiosa para a científica espiritual”.
Muitos fizeram afirmações como essa.Ela não se mostrou familiarizada com o Espiritismo e diz mesmo que esse tipo de assunto nunca mereceu muita atenção de sua parte. Todavia, a sua pesquisa confirmou toda a orientação espírita.
No livro “Vida e Sexo”, de Emmanuel, pela pena de Chico Xavier, a lição 21 trata exatamente da homossexualidade, com análise da questão 202, de “O Livro dos Espíritos”. Diz o orientador que a comunhão afetiva entre pessoas do mesmo sexo não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos, pois tratam do assunto em bases materialistas. Por isso é que no livro “O Consolador” ele diz que se os psicólogos, psiquiatras e psicanalistas, além de julgar os traumas pelo consciente, subconsciente e superconsciente, levassem em conta as vidas passadas, teriam mais sucesso. Perguntas 44 e seguintes.
Explica Emmanuel que tais ocorrências vêm aumentando com o próprio desenvolvimento da humanidade e hoje encontramos esse relacionamento em todos os países do mundo. “Normalidade ou anormalidade não se identificam por simples sinais morfológicos.”Como os espíritos passam por grande número de encarnações, há espíritos mais acentuadamente masculinos ou femininos, sem definição absoluta. Em face disso, no trânsito da individualidade, da experiência masculina para a feminina ou vice-versa, ao chegar ao corpo, demonstrará fatalmente os traços de masculinidade em que terá estagiado por muitos séculos, apesar de estar num corpo feminino, o mesmo se dando em relação à mulher em idênticas condições.
Quem é o que deve fazer esse tipo de experiência e que muitas vezes não se dá bem? Resposta: “O homem que abusou das faculdades genésicas, arruinando a existência de outras pessoas com a destruição de lares e que é induzido a buscar nova posição no renascimento físico, num corpo morfologicamente feminino, para aprender, em regime de prisão, a reajustar os próprios sentimentos; a mulher que agiu de igual modo é impulsionada à reencarnação em corpo morfologicamente masculino para fins idênticos.”
Há, ainda, “em muitos outros casos, Espíritos que, cultos e sensíveis, aspirando realizar tarefas específicas na elevação de agrupamentos humanos e, por consequência, na elevação de si próprios, rogam aos Instrutores da Vida Maior que os assistem na própria internação no campo físico, em vestimenta carnal oposta à estrutura psicológica pela qual transitoriamente se definem. Vivem temporariamente ocultos na armadura carnal com que se garantem contra arrastamentos irreversíveis, no mundo afetivo, de maneira a perseverarem sem maiores dificuldades nos objetivos que abraçam.” Neste caso, não é prova nem expiação, mas uma missão e das mais nobres e difíceis.
Logo, nunca é possível saber se o homossexual resgata algo por mau uso do sexo no passado, ou se veio nessas condições por um gesto de amor para fazer pelo próximo muito mais do que habitualmente fazemos. Seja uma ou outra a razão, cabe-nos respeitá-lo e ajudá-lo como devemos fazer com qualquer outra criatura. E cuidar, nós mesmos, para não cairmos nesse difícil campo de experiência, que é a sexualidade, para não termos o que resgatar numa encarnação futura.
Quando o Espiritismo for popularizado, e as pessoas tiverem e viverem esse conhecimento, haverá mais possibilidade de os preconceitos acabarem e haver mais respeito pelos homossexuais ou por aqueles que portam qualquer imperfeição física ou moral ou, ainda, pelos que são de outras raças ou religiões, porque ninguém é senhor da verdade nem pode atirar a primeira pedra; é algo perigoso que pode nos atingir no futuro. Afinal somos todos irmãos, cada um no seu grau de entendimento e evolução.
Octávio Caúmo Serrano
RIE – Revista Internacional de Espiritismo – Agosto de 2011
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