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30 setembro 2018

Militantes político partidários, deixem o Espiritismo em paz - Wellington Balbo



MILITANTES POLÍTICO PARTIDÁROS, DEIXEM O ESPIRISTISMO EM PAZ


É muito natural, dentro do contexto que estamos vivendo em questões políticas, que o brasileiro e, claro, o espírita, debata, discuta e argumente em favor do seu candidato ou partido político.

Faz parte do jogo democrático toda discussão saudável, que não extrapole os limites do respeito ao outro. Mas, se o espírita pode e deve exercer o seu direito de cidadão, ele deve, também, guardar respeito ao Espiritismo no que concerne ao tema político partidário.

Se pode debater, argumentar, defender seu candidato, deve fazê-lo longe das lides espíritas, porque o Espiritismo não se vincula a questões político partidárias. Também está fora do campo de ação do Espiritismo informar se quem vota no candidato A é bom ou mau caráter, ou se quem defende o partido B tem o nível moral elevado. Aliás, são as ações e não a escolha do candidato que dirá se alguém é ou não um indivíduo moralizado.

São diretrizes de Kardec que nas reuniões espíritas não se discuta política, economia e religião. O objetivo do Espiritismo é outro, bem outro, e é muito mais abrangente do que saber em quem ou qual partido nós votamos ou apoiamos.

O que vemos hoje, porém, é um cenário bem diferente do que pediu Kardec. Em face da polarização e do grande interesse do brasileiro/espírita por política, há um movimento que engloba gente de todas as preferências políticas e partidárias a recortar frases de Kardec e dos Espíritos e adequar conforme as suas conveniências, de modo a colocar o outro, ou seja, o adversário político como alguém “malvadão”, ruim, uma espécie de sub grupo da humanidade porque não “reza” em sua cartilha.

Os adversários políticos são justamente aqueles que devem ser combatidos pelo motivo de “faltarem” com a caridade que, diga-se, é uma das bandeiras defendidas por Kardec ao longo de sua obra.

Quem assim age desconhece a postura serena de Kardec a sinalizar que o campo espírita não é palco para este tipo de jogo, até porque a caridade anunciada por Kardec é muito mais profunda do que proposta de partido político ou qualquer outro plano de governo.

Há muito a fazer no campo espírita, muito a trabalhar, a divulgar, a levar adiante a doutrina tal como foi concebida por Kardec e os Espíritos. Enquanto gastamos fôlego, tinta, tempo e energia tentando provar quem dos políticos fez mais ou menos, uma infinidade de pessoas atenta contra a própria vida, sedentas que estavam do genuíno conhecimento espírita que poderia dar-lhes uma melhor qualidade de vida, poupando-lhes o triste ato.

Paro por aqui nos exemplo, pois vão aos milhares…

Por essas e outras é que peço:

Militantes político partidários, deixem o espiritismo em paz!


Wellington Balbo 

29 setembro 2018

Os catalisadores da Nova Era - Jaime Ribeiro



OS CATALISADORES DA NOVA ERA


Segundo o Espírito Emmanuel, no livro A Caminho da Luz, a comunidade de espíritos puros a que pertence Jesus, se reuniu nas proximidades da Terra apenas duas vezes. Na primeira vez, na ocasião da formação do orbe, quando a Terra se desprendia da nebulosa solar; na segunda vez, quando se decidiu a vinda do Cristo à Terra, certamente para organizar e planejar a chegada do Mestre.

Não é novidade para ninguém que Jesus inaugurou um ponto de transição que provocou a aceleração moral no mundo.

O nascimento do Cristo marcou o início de uma nova fase para a humanidade.

Com a sua chegada, o homem teve acesso a um novo código moral, diferente do que se pregava até então. Conheceu uma nova prática religiosa, diferente daquela que era vinculada apenas aos cultos nos templos. Jesus nos apresentou a religião que se cultuava dentro do coração.

Até a época do Cristo, a humanidade precisava de códigos civis duros, para manter a ordem social. Estes, por sua vez, precisavam estar fundamentados numa base religiosa rígida, que apresentava uma divindade punitiva e censora, para endossar os líderes populares e manter os costumes dos povos da época.

A forma como o Deus da antiguidade era apresentado, duro e sem admitir erros ou pecados contra os seus mandamentos, era necessária em um mundo segmentado e igualmente cruel.

Segundo os registros bíblicos, essa crença existe desde a desobediência de Adão no paraíso, há mais de quatro mil anos.

Atualmente, a ciência já descobriu que os homens habitam a Terra há pelo menos 200 mil anos. Bem antes da cronologia apresentada no velho testamento.v Isso nos leva a entender que se passaram aproximadamente, 198 mil anos até a chegada do Cristo aqui na Terra.v Certamente, não há qualquer exagero em dizer que, apenas nesses dois mil anos, a humanidade evoluiu moralmente mais do que em todos os outros dois mil séculos da existência humana.

Dessa forma, cada ano de conhecimento e reflexão moral da Era Cristã, pode ter representado um avanço de um século, quando comparado a todo o período que a humanidade esperou para conhecer a mensagem de Jesus.

O Cristo trouxe uma ruptura aos costumes de seu tempo. Apresentou ao mundo a lei de perdão aos pecados e destruiu a discriminação vigente na época.

A expressão simplificada do que Jesus representava, foi contada no Evangelho de Lucas. Quando se hospedou na casa de Zaqueu, um publicano cobrador de impostos, ele foi criticado por todos porque escolheu ficar na casa de um pecador, contrariando as leis e os costumes.

Ali, na casa do chefe dos cobradores de impostos, Jesus exemplificou que a sua palavra não era para encher os religiosos de belas doutrinas, muito menos apenas para motivar aqueles que já tinham entendido a natureza da sua mensagem.

Ele poderia ter se hospedado na casa de um seguidor, ou de algum simpatizante, mas mostrou com aquele ato que o Evangelho é para quem precisa e para quem acredita que merece as bênçãos da vida. Subindo na árvore para ver Jesus, Zaqueu mostrou atitude.

A inauguração dessa Nova Era da humanidade foi o ponto de partida para a transição do planeta, para mundo de regeneração.

Foi o alerta de que deveríamos fazer o bem, não porque precisávamos seguir corretamente as regras para não sermos punidos, mas porque se tratava de uma lei natural do criador, nosso pai de amor e bondade.

Saímos lentamente de uma sociedade controlada pela necessidade de seguir ordens rígidas para iniciamos uma época de lucidez, na qual fazer ao outro aquilo que desejamos que nos façam, foi um passo além da regra de ouro, que dizia para não fazer ao outro aquilo que não desejamos que nos façam.

Pouco importa os enganos e desvios que a mensagem do Cristo sofreu ao longo do caminho. Afinal, no Evangelho de João (14: 25 e 26), ele prometeu o Consolador, que viria nos ensinar o que ele não ensinou e viria relembrar tudo que ele nos dissera.

Em 1857, com a publicação do Livro dos Espíritos, inaugurou-se mais um novo ciclo rumo à transição planetária.

Com a chegada do consolador prometido, reunindo os trabalhadores da última hora sob sua égide, a mensagem de Jesus foi resgatada em sua pureza. Após a retirada de todas as alegorias, dogmas e distorções históricas, a Doutrina Espírita se deteve principalmente no estudo e interpretação dos ensinamentos morais do Cristo. Esses permaneceram inalterados ao longo do tempo e constituem o maior legado que o nosso Mestre nos deixou, que são as lições para nos tornarmos pessoas melhores.

A Doutrina Espírita existe há pouco mais de 160 anos. Ao longo desse curto espaço de tempo, nos revelou coisas extraordinárias sobre a nossa natureza espiritual e nos apresentou o resgate da mensagem do cristianismo primitivo, cultivando a caridade como a verdadeira base da religião cristã.

O homem levou aproximadamente 500 mil anos para evoluir naturalmente da condição rústica de homo erectus para homo sapiens. Essa mudança biológica se deu lentamente, ao longo do tempo, por meio de algumas alterações genéticas.

A evolução moral da humanidade também se deu lentamente, acompanhando, de alguma forma, as evoluções biológicas e sociais.

Levamos quase 200 mil anos migrando de formas religiosas primitivas até que o mundo estivesse maduro para receber a mensagem do Cristo e inaugurasse um novo conceito de relação com a divindade.

Em apenas dois mil anos, Jesus conseguiu transformar todo o código moral da humanidade e separar a nossa história cronológica e espiritual em duas grandes fazes: antes e depois do Cristo.

Quase dois mil anos depois a Doutrina Espírita surgiu para catalisar o processo de transição para o mundo de regeneração e continuar o trabalho iniciado pelo Mestre.

Os espíritas, os chamados trabalhadores da última hora, ocupam importante posição nesse processo de aceleração da mudança do planeta.

Jesus não pode esperar mais. Já tivemos alguns percalços no caminho, mas chegou a hora de levar a influência do Cristo para todas as instituições humanas.

A humanidade já tem os conhecimentos morais, biológicos e psicológicos, necessários. Diferente das outras épocas, já sabemos o que temos que fazer.

Não temos mais o direito, perante os planos da divindade, de esperar pacientemente mais milhares de anos, para que as mudanças aconteçam.

Precisamos impactar as pessoas com o testemunho do exemplo. Levar a palavra de Jesus para todo o mundo, mas, acima de tudo, devemos ter o comprometimento de fortalecer as nossas próprias zonas de convivência humana.

Só assim que a Doutrina seguirá sua marcha na velocidade planejada pelos governadores espirituais do nosso planeta.

Para isso, os centros espíritas precisam estar preparados. Necessitam estar inseridos no nosso tempo, para que aqueles que chegam pela dor ou pela curiosidade, assim como outrora, encontrem as cadeiras ocupadas por homens de bem, que, somados a muito amor no coração, estejam conectados com os conhecimentos atuais e as transformações do mundo.

Essa é uma necessidade essencial para que o movimento espírita se fortaleça. Para que os simpatizantes e trabalhadores do Espiritismo, se sintam abraçados e integrados, o mais breve possível, ao dever com Jesus. Em especial os jovens das novas gerações, que precisam encontrar um ambiente familiar e propício ao desenvolvimento espiritual.

As instituições que ficaram no passado e não se dedicaram a acompanhar a evolução social e pedagógica, como Kardec prometera que a doutrina faria, não serão capazes de despertar o interesse e permanência de espíritos de uma nova ordem evolutiva, que estão encarnando no planeta há alguns anos.

O Cristo tem pressa.
Sem dúvida, a maior alavanca de transformação do mundo é o amor e a dedicação ao outro. Contudo, assim como os livros foram essenciais para a divulgação do propósito do cristianismo e depois do Espiritismo, temos a obrigação de utilizarmos as ferramentas disponíveis atualmente, para ampliarmos a velocidade da multiplicação da Boa Nova.

Não há mais tempo para tantos enganos. Não podemos permanecer apenas na limitação de práticas passadas e excluir a tecnologia, a chamada revolução digital, de dentro das nossas atividades doutrinárias de divulgação.

A Doutrina Espírita possui o melhor conteúdo de conhecimento já sintetizado na história da humanidade. Não há presunção alguma em dizer isso, porque ela é obra das entidades superiores que planejaram as nossas revoluções espirituais.

O nosso papel agora é utilizar nosso compromisso com o Espiritismo para nos conectarmos. Precisamos empenhar mais esforços para vencer nossas barreiras e limitações. De outra forma, corremos o risco de atrasar esse processo de catálise da nossa transição planetária, que começou há 161 anos e no qual temos o compromisso de liderar.

Precisamos nos preparar mais e assumirmos o nosso papel de catalisadores da Nova Era.

Nós espíritas, pedimos para estar aqui neste momento, para acelerar a chegada do mundo de regeneração.

Os tempos são chegados!

Jaime Ribeiro
Fonte: Intelitera

28 setembro 2018

Problemas Psicológicos Sob o Olhar Espírita - Aryanne Karine



PROBLEMAS PSICOLÓGICOS SOB O OLHAR ESPÍRITA


Começamos essa reflexão com a definição dos transtornos psiquiátricos de acordo com a OMS (Organização das Nações Unidas)

“Existem diversos transtornos mentais, com apresentações diferentes. Eles geralmente são caracterizados por uma combinação de pensamentos, percepções, emoções e comportamento anormais, que também podem afetar as relações com outras pessoas. Entre os transtornos mentais, estão a depressão, o transtorno afetivo bipolar, a esquizofrenia e outras psicoses, demência, deficiência intelectual e transtornos de desenvolvimento, incluindo o autismo. ”

Caracterizar o exato motivo de isso acontecer em casos distintos, com transtornos distintos seria passar uma informação errônea sobre a visão espirita de tais transtornos. Não cabe a este artigo julgar isoladamente cada doença e o motivo de pessoas passarem por isso. Nosso maior intuito é passar uma informação baseada na doutrina, e já no início deste artigo, gostaríamos de dizer que você não encontrará uma verdade absoluta sobre os fatos.

No livro ‘Loucura Sob um Novo Prisma’ do Dr. Bezerra de Menezes, ele aborda dois fatores diferentes para a explicação sobre os transtornos psicológicos. O primeiro fator abordado é sobre o a patologia do cérebro em casos de transtornos psiquiátricos. De acordo com Bezerra, ‘Levados pelo princípio, que julgam ser uma lei natural, de que toda a perturbação do estado fisiológico do ser humano procede invariavelmente de uma lesão orgânica, os homens da ciência têm, até hoje, como verdade incontroversa, que a alienação mental, conhecida pelo nome de loucura, é efeito de um estado patológico do cérebro, órgão do pensamento, para uns — glândula secretora do pensamento, para outros.’’

Quando falamos de patologia do cérebro, podemos dizer de problemas de causas orgânicas, onde com um exame é fácil constatar a doença do órgão responsável por controlar nossa estrutura física. Nesta explicação, independentemente do tipo de doença psicológica, podemos levar em consideração os seres eternos e em constante evolução que somos e encarar de um panorama macro esta situação.

Analisando que somos espíritos errantes, em busca de progresso e se espelhando no mestre Jesus como exemplo de compaixão e amor, e analisando o fato de que a doutrina explica que jamais podemos regredir, para melhor ficar entendido esta questão, no Livro Dos Espíritos questão 398, Kardec pergunta aos irmãos que ajudaram na codificação do Consolador anunciado por Cristo:

398. Sendo os pendores instintivos uma reminiscência do seu passado, dar-se-á que, pelo estudo desses pendores, seja possível ao homem conhecer as faltas que cometeu?

"Até certo ponto, assim é. Preciso se torna, porém, levar em conta a melhora que se possa ter operado no Espírito e as resoluções que ele haja tomado na erraticidade. Pode suceder que a existência atual seja muito melhor que a precedente.”

a) - Poderá também ser pior, isto é, poderá o Espírito cometer, numa existência, faltas que não praticou em a precedente? “Depende do seu adiantamento. Se não souber triunfar das provas, possivelmente será arrastado a novas faltas, conseqüentes, então, da posição que escolheu. Mas, em geral, estas faltas denotam mais um estacionamento que uma retrogradação, porquanto o Espírito é suscetível de se adiantar ou de parar, nunca, porém, de retroceder.”

Entendido este ponto, podemos dizer que se hoje não somos espíritos perfeitos, e sim, errantes em busca da perfeição, em vidas retrógradas, estivemos em uma situação pior, cometendo, sabe-se lá, quais erros que serão pagos nestas ou em vidas futuras. Com base neste entendimento é que podemos dizer que, quando o transtorno psiquiátrico tem natureza física, ou seja, algo no órgão físico do cérebro, que isto pode ser um resgate de dívidas passadas, vindo assim, o próprio espirito escolher este caminho para pagar os erros que cometeu anteriormente.V Porém, como já havíamos enunciado, não existe certeza absoluta sobre fatos, pois generalizando casos e doenças, temos que pensar que são milhares de espíritos passando por esta situação atualmente, onde nesta explicação, podemos ainda acrescentar que seria um resgate para a família, ou outros fatores que podem levar a esta questão.

Além do fato de os transtornos serem dados por patologias no cérebro, temos ainda os casos que são incógnita na classe medica e cientifica, que são os casos onde, mesmo o cérebro não sendo afetado, a pessoa é caracterizada com algum transtorno de personalidade ou psiquiátrico. Ainda de acordo com Dr Bezerra de Menezes em seu livro relatado acima, “a loucura, perfeitamente caracterizada, pode-se dar — e dá-se mesmo, em larga escala, sem a mínima lesão cerebral, o que prova que o cérebro não é órgão do pensamento — e, menos que tudo, seu gerador ou secretor; e prova mais que, assim como o mau estado do instrumento de transmissão determina o que chamamos — alienação mental —, embora em perfeito estado se ache a fonte do pensamento, assim, por igual, o mau estado desta determina a alienação, embora esteja são o instrumento da transmissão.

Toda a questão se resume em provar-se fundamentalmente: que há loucos cujo cérebro não apresenta lesão orgânica de qualidade alguma. Feito isto, fica perfeitamente claro que a loucura não é um caso patológico invariável em sua natureza, mas um fenômeno mórbido de duplo caráter: material e imaterial.”

Neste aspecto, podemos afirmar que muitos transtornos, em variados casos, são problemas de forte obsessão de espíritos, sob a pessoa que é caracterizado um problema psiquiátrico.

Neste caso, mesmo sem problema no órgão físico (leia-se cérebro), ainda assim, por forte influência espiritual que na maioria das vezes é silenciosa e lenta, o doente vai ficando cada vez mais preso nas amarras do espirito, mesmo que sem conhecimento da situação, e por falta de um tratamento adequado, podendo, aí sim, danificar o seu físico, no caso, o cérebro.

Dando sequência na explicação do Dr Bezerra, “O fato, pois, da influência dos Espíritos sobre os viventes, é o mesmo da que estes exercem, uns sobre os outros. Tal influência apresenta diversos graus: vai da simples insinuação à dominação completa da vontade. O uso que fazemos do nosso livre arbítrio, na repulsão daquela causa perturbadora, pode ser eficaz ou inútil, conforme a natureza dos nossos sentimentos. Se forem bons, a nossa resistência rechaçará todos os ataques do inimigo. Se forem maus, serão ventos a auxiliarem as correntes do inimigo. Cada um de nós forma sua atmosfera moral, dentro da qual somente podem penetrar Espíritos da nossa natureza, que são os únicos que a podem respirar, se nos permitem a expressão. Assim, ao que modela suas ações, seus pensamentos e seus sentimentos, pelas normas do dever e do bem, não podem chegar senão Espíritos adiantados, jamais os maléficos.”

Assim como nossos pensamentos podem atrais bons espíritos, da mesma maneira, os maus pensamentos atraem os espíritos imorais que, dentro de seu livre arbítrio, podem nos manter preses a uma onda vibratória baixa, causando doenças psicológicas, como por exemplo, a depressão.

Independente da fonte do transtorno que uma pessoa tenha, é de suma importância o acompanhamento médico nas duas opções abordadas aqui. Assim como, nos dois casos, a busca pela melhoria moral e espiritual é (ou deveria ser) uma das maiores prioridades de espíritos que hoje se encontram passando por esse tipo de problema, assim como para nós, que não precisamos lidar com eles, pelo menos nesta encarnação.

Deixo aqui minha indicação de leitura o livro abordado neste artigo, para um maior esclarecimento sobre o tema, sendo esta, apenas uma rasa abordagem do trabalho impecável que o Dr Bezerra de Menezes nos deixou.

Para todos que sofrem direta ou indiretamente com algum transtorno psiquiátrico, seja próprio ou de ente próximo, deixo as palavras do saudoso Chico Xavier “Isto também passa”. Tenha fé e perseverança, pois Deus tudo vê e tudo sabe, não há injustiça em seus reinos e, se hoje nos vemos envolvidos nesta situação, é porque nela nos colocamos de algum modo.


Aryanne Karine


27 setembro 2018

A Aceitação - Rúbia Dantés



A ACEITAÇÃO


A Aceitação é algo tão precioso que pode mudar completamente o rumo das nossas vidas... a começar pela aceitação das coisas que temos dentro de nós...

Sei que muitas vezes é difícil a gente perceber a que estamos resistindo, porque camuflamos tão bem coisas que aprendemos que não são boas, que só através do outro podemos nos enxergar...

Mas... outras vezes, negamos sentimentos que estão ali nos cutucando, tentando chamar nossa atenção, pedindo por liberação... 

Nessas horas, se não resistimos, e aceitamos olhar de frente... com cuidado e carinho pela gente mesmo, podemos liberar e ampliar nossas possibilidades, pois, a energia que gastamos tentando negar e esconder "a nossa sombra" se torna então disponível para ser usada para a nossa felicidade, e não contra ela...

Outro dia me vi assim diante de um sentimento desses...v Sabe quando você rola de um lado para o outro na cama, sem encontrar uma posição... pois é... era assim que eu estava quando notei que o que não encontrava posição era algum sentimento dentro de mim... algum incômodo ainda sem nome.

Muitas vezes, a gente tenta fugir dos sentimentos incômodos... tenta se distrair deles colocando alguma coisa no lugar... ou vai comer alguma coisa, ou ligar a televisão ou o computador, telefonar para alguém... geralmente, nosso primeiro impulso é fugir, fingindo que nem está percebendo que dentro de nós tem alguma coisa que não encontra lugar.

Podemos até, com muitos subterfúgios, evitar mais um tempo, seja lá o que for que quer vir à tona, mas, inevitavelmente, se não cuidarmos disso, esses sentimentos gerados por memórias passadas vão voltar.

Sabendo disso, naquele dia não me levantei e nem tentei negar o incômodo... permaneci quieta e nem busquei arrumar o travesseiro para encontrar uma posição mais confortável, porque sabia que o que não estava confortável era algo dentro de mim...

E assim foi que fiquei no silêncio me rendendo ao sentimento que fosse, que não era agradável, mas ao ser "aceito" se revelou com profundidade... e me levou a acessar uma cura dentro de mim.

A Aceitação está para mim na ordem do dia... desde aquela vivência que contei aqui onde aceitei "que não dava conta" de coisas que me cobrava ter que dar.... eu realmente mudei algo profundamente dentro de mim. Aceitei algo a que resistia aceitar, mas que não dava conta de fazer... e isso se mostrou na minha realidade como uma bênção... ao tirar esse peso das costas, voltei a desenhar mais e a mergulhar mais no que Amo fazer... e as imagens estão fluindo e me trazendo tanta alegria que sou muito grata...

Aceitar tudo que somos sem tentar negar nem esconder nada nos libera para a vida, e vamos percebendo que as coisas que resistimos a elas não desgrudam da gente, até que as aceitemos... e a partir daí nos liberamos, ao liberá-las.

Aceitar é um ato de coragem porque envolve abrir mão de toda resistência e controle... aceitar o que a vida tem para nos oferecer, mesmo que em embrulhos não tão bonitos, sempre se revelam como presentes...

Está sempre nas nossas mãos... Se resistimos à vida a vida resiste a nós... se aceitamos a vida nos sentimos aceitos e acolhidos por ela...


Rúbia Dantés

 

26 setembro 2018

Atendimento fraterno - Manoel Philomeno de Miranda




ATENDIMENTO FRATERNO


Quando alguém se propõe a auxiliar o seu próximo, colocando-se à disposição para o atendimento fraterno, desenvolvem-se-lhe os sentimentos de elevação moral e espiritual, possibilitando-lhe a bênção da sintonia com o mundo transcendente superior.

Entidades nobres, encarregadas de contribuir em favor do progresso da sociedade, acercam-se-lhe e passam a inspirá-lo e protegê-lo com mais assiduidade, a fim de que sempre se encontre em condições seguras para o mister.

Quando se aprende a ouvir com serenidade, especialmente as queixas e reclamações, os brados de desespero e os profundos silêncios da angústia, ou simplesmente permitir que haja uma catarse de quem sofre, interessado em socorrer bondosamente, nunca lhe faltam os valiosos recursos do auxílio dos mentores, que vão além das palavras consoladoras e calmantes, como também por meio dos processos fluidoterápicos valiosos.

Os grandes problemas e desafios humanos encontram-se ínsitos na própria criatura, desestruturada para os enfrentamentos, no debate de inúmeros conflitos não resolvidos e procedentes do passado espiritual, que se transformam em terríveis algozes, acicatando o cerne da alma e aturdindo a mente, colocando fantasmas aparvalhantes onde existem somente frustrações e insegurança.

Quaisquer pequenas ocorrências desagradáveis são transformadas em tremendos sofrimentos, que aumentam na razão direta em que a falta de equilíbrio e maturidade para resolvê-los induz à autocompaixão, à revolta, à insanidade.

Todos os males que aturdem o ser humano procedem do seu íntimo e somente na sua raiz devem e podem ser solucionados.

Por essa razão, cada Espírito é o somatório das suas experiências evolutivas por meio do curso das reencarnações.

A ignorância desse mecanismo sublime permite ao indivíduo manter-se em deplorável situação existencial, o que lhe proporciona a instalação de conflitos e tormentos desnecessários à evolução, mas que são o inevitável efeito dos comportamentos insanos.

A consciência exige a reparação de todo e qualquer atentado às Leis Cósmicas de harmonia, e, por essa razão, mantém, no períspirito, os arquivos de todas as ocorrências existenciais.

Oportunamente, tudo aquilo que lhe constitui culpa, leviandade, violência, extravagância na conduta, agressão à vida sob qualquer aspecto, emerge, a fim de que se lhe permita a elevação ao nível mais significativo, portanto, à capacidade de registros mais profundos e menos grosseiros, defluentes da animalidade por onde transitou no passado.

É comum, portanto, que as aflições emocionais prolongadas terminem em mecanismos de somatização, o que dá surgimento a enfermidades orgânicas muito complexas, ao mesmo tempo que enseja contaminações de vírus, bactérias e outros micro-organismos danosos à saúde.

Tendo-se em vista a necessidade da reparação dos erros pretéritos e próximos, ocorrem, inevitavelmente, as interferências espirituais negativas que mais agravam a problemática afligente.

Noutras vezes, e não em número inexpressivo, toda ocorrência de sofrimentos tem origem na presença e imantação fluídica de adversários espirituais do ontem, que não conseguiram superar os ressentimentos e optam pela infeliz cobrança, como se fossem transformados nos braços da divina justiça, iniciando as sutis ou abruptas obsessões de efeitos danosos e de complexidade terapêutica muito grande, por depender essencialmente do enfermo.

Em quaisquer casos, no entanto, a compreensão do atendente fraterno torna-se essencial.

A não pressa em dialogar, os cuidados com as colocações propostas, o evitar sempre diagnósticos depressivos ou informações alarmantes sobre perseguições de ordem espiritual, que os necessitados ignoram, são essenciais, a fim de não lhes produzir mais danos que benefícios.

A discrição do ouvinte, na condição de cooperador espiritual, torna-se relevante, sem expor a outrem, sem comentar as experiências dolorosas do seu próximo, enquanto mantém cuidados no diálogo esclarecedor à luz da meridiana sabedoria do Espiritismo.

Jamais sugerir terapias fora daquelas recomendadas pela Doutrina Espírita, seja orientar a busca de profissionais na área da saúde, seja propor superstições em voga ou aquelas que são heranças do passado, assinalando o atendimento pela serenidade, compreensão e gentileza, não devendo, tampouco, prolongar por muito tempo a conversação psicoterapêutica, para evitar criar dependências emocionais e afetivas com o cliente.

De bom alvitre manter-se o cuidado de não receber o mesmo enfermo continuamente, cuidando antes, após instrumentalizá-lo para os esforços pessoais que devem ser aplicados na busca da saúde, de encaminhá-lo às reuniões doutrinárias, bem como de receber os auxílios fluídicos.

Cuidar de não prometer curas e soluções mirabolantes, porque cada caso é especial, sua estruturação no Espírito tem uma longa história de difícil compreensão num rápido lance, nem encorajar ilusões difíceis de se tornarem realidade.

O atendimento fraterno não substitui o confessionário das antigas religiões nem deve permitir que o entrevistado revele segredos de que se arrependerá, para que o ouvinte não se transforme num cofre de revelações dispensáveis para o mister.

Algumas pessoas têm falsa necessidade de narrar aos dramas interiores, envolvendo os membros da família, especialmente os parceiros ou afetos, como responsáveis pelo que lhes ocorre, e isso acarreta problemas mais sérios, por causa do comportamento intencional de usar os conselhos como arma contra aqueles que supõem serem os seus algozes.

Os dramas existenciais de heranças, de infidelidade conjugal, de rebeldia de amigos e familiares devem sempre ser ouvidos com silêncio, desviando o tema para as consolações que a Doutrina propõe, assim como para o estudo de O livro dos espíritos, de Allan Kardec, a fim de fazê-las entender as razões das ocorrências que assinalam.

Trata-se, portanto, o atendimento fraterno, de um valioso e grave compromisso que se constitui num importante desafio a que a pessoa se submete.

Nele encontra-se também a mensagem da caridade no aspecto delicado da assistência moral e espiritual, sempre dignificando aquele que chega atormentado e carente de afetividade, não se permitindo, porém, arrebatamentos e emoções que possam transformar-se em sentimentos de paixões subalternas ou de excessiva compaixão.

Quando o atendente está consciente dos fatores que respondem pelas provações, esclarecido pelo conhecimento da reencarnação em nome da Divina Justiça, não perde a serenidade diante dos mais escabrosos acontecimentos, não se choca com narrações exageradas ou graves, a fim de que a sua palavra e a sua emoção sob controle possam sustentar o combalido, em vez de desviar-se do essencial para os comentários paralelos sem significado.

Nunca dizer de improviso que o problema é resultado de obsessões espirituais nem fazer narrações aterradoras, ou que se trata de mediunidade não cuidada, por falta da prática da caridade, já derrapando em julgamentos que não têm cabimento.

Fortalecer o ânimo do visitante com jovialidade e ternura, ao mesmo tempo que lhe demonstre a necessidade de responsabilizar-se pelas ocorrências e conseguir superá-las com paciência, com mudança das paisagens mentais e com a consequente alteração do comportamento moral para melhor.

O atendimento fraterno objetiva diluir informações equivocadas que o paciente traz sobre o Espiritismo, retirar-lhe a ideia mágica ou sobrenatural, deter-se no problema central, sem desvios narrativos inecessários, com demonstração de solidariedade, mas sem parecer que, a partir daquele momento, tudo se modificará ou pretender assumir o compromisso de passar a carregar-lhe a problemática.

Jesus, o exemplo máximo de atendimento fraternal aos infelizes, na sua superioridade moral, evitava os diálogos longos e as interrogações secundárias, sendo direto no exame da questão, quando perguntava aos que O buscavam: Que queres que eu te faça? ou Tu crês que eu te posso curar?

E, de maneira incisiva, após operar a mudança no transtorno de qualquer natureza do enfermo, completava: Vai e não tornes a pecar, a fim de que não te aconteça nada pior.

Impossibilitado de agir de igual maneira, o atendente espírita deve sempre dispor-se a ajudar, favorecendo o visitante com as diretrizes para a autoajuda, para a sua renovação e saída do erro gerador do distúrbio que o aflige.

Orientar com sabedoria e bondade é uma difícil arte de amar.

O ser humano de hoje conduz interiormente todas as heranças do longínquo passado, por cujos territórios passou armazenando experiências nem sempre edificantes. A predominância das paixões primitivas remanesce forte, dificultando-lhe o desenvolvimento moral que é mais lento e mais importante.

Por essa razão, os diálogos durante o breve contato entre paciente e atendente devem constituir-se de singulares cuidados, especialmente preservando a integridade moral de ambos os dialogadores.

Todos aqueles que chegam atormentados em busca de conforto moral trazem, às vezes inconscientemente, as respostas que gostariam de ouvir, especialmente os queixosos e depressivos, sendo indispensável manter-se cuidado com as palavras que se lhes dirijam e sem nenhuma presunção de convencê-los, mas sim, responder às indagações que sejam feitas, ao mesmo tempo que favorece com os caminhos a percorrer a partir daquele momento.

Jamais sugerir o abandono das terapêuticas médicas a que vêm sendo submetidos, não interferindo numa área que não lhe diz respeito, nem tem condições de pronunciar-se. Pelo contrário, vale o cuidado de interrogar-lhes se recebem assistência especializada e mesmo diante da reclamação de que ela não tem dado os resultados desejados, estimulá-los a prosseguir ou até, se for o caso, procurar outro facultativo.

O Espiritismo não vem combater nenhuma ciência, especialmente a médica, antes contribui em favor de resultados mais amplos, por demonstrar que o Espírito é o ser do qual procedem todas as manifestações existenciais.

Essa união das duas doutrinas – a médica e a espírita – é de fundamental significado para o bem-estar da criatura humana e, por extensão, da sociedade.

Nas recomendações que se deve apresentar ao paciente, é necessário elucidar o valor dos passes, da água magnetizada ou fluidificada, da oração e do comportamento saudável como indispensáveis à sua recuperação.

Em circunstâncias mais embaraçosas, não perder a calma, não reagir da maneira como seja agredido, tendo em vista que o socorro não se pode converter em revide, porque o doente nem sempre tem noção exata de como se está conduzindo durante o atendimento.

São muitas as angústias que desnorteiam o ser humano e, em razão disso, os desequilíbrios emocionais tornam-se mais comuns e repetitivos, merecendo mais cuidado e entendimento fraternal, acalmando-o com vibrações de ternura e ondas de caridade, que constituem especial elemento de recuperação.

Cuide o atendente fraterno de orar com unção, experienciar contínuas emoções de alegria pela alta honra de poder servir, mantendo-se em sintonia com o Divino Médico de todos, que se encarregará dos resultados finais.

Por fim, aplicar-se o sublime ensinamento: Fazer ao próximo como gostaria que o mesmo lhe fizesse.

Nisso reside o êxito do empreendimento de amor, resultando na caridade numa das suas mais sublimes manifestações.

Manoel Philomeno de Miranda
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na manhã de 4 de novembro de 2013, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia.

25 setembro 2018

Convite à Probidade - Joanna de Ângelis



 
CONVITE À PROBIDADE



"... Cingidos de verdade e sendo vestidos da couraça da justiça." (Efésios: 6-14)

Consideras interiormente revoltado quanto ocorre em torno de ti e não poucas vezes vitimando-te também:

as circunstâncias negativas que proliferam cruéis, engendrando conflitos arbitrários que dizimam multidões inocentes sob o estrugir de guerras inexoráveis;

a fortuna que transita, passando de cofre a cofre, nos quais a usura coloca terríveis cadeados de dominação; enfermidades virulentas que desfalcam esperanças, enquanto decompõem corpos de linhas estéticas atraentes, reduzindo-os a escombros orgânicos em degeneração...

Vês a prosperidade dos maus, o júbilo sorrindo excelentes alegrias em bocas acostumadas à maledicência, à calúnia, e aplausos festivos aos que se demoram nas torpezas morais;

a tranquilidade dormindo em companhia dos usurpadores;

o poder retido em mãos que se levantaram para apoiar carnificinas e o luxo desenfreado naqueles que se estribam em desfrutar do lenocínio organizado, do negócio de tóxicos destruidores, os benefícios da criminalidade de vário porte...

Repassas, mentalmente, as tragédias que abalam as estruturas emocionais do homem com se tudo estivesse na Terra – esse imenso navio fundeado em muitos quilômetros de atmosfera – qual nau à matroca.

Incêndios surpreendendo magotes indefesos e os destruindo;

naufrágios em que perecem centenas de vidas, nos quais crianças e velhinhos são tragados pela voragem das águas volumosas;

desastres aéreos em que se aglutinam esposos e mães devotados ou parentes aturdidos que encetam viagens precipitadas para atenderem familiares enfermos ou negócios de urgência, vitimados pelo golpe da fatalidade;

homicídios que sofrem vítimas inermes, homens probos, corações honrados, e quantos infortúnios ocultos estão colocando travo de fel e ácido que requeima o espírito de milhões e milhões de corações?!

Não podes compreender a Justiça em face do sensacionalismo dos veículos de comunicação que se comprazem em expor as desditas e tragédias que acontecem em todo lugar.

Acalma, porém, as aflições, para refletir o insondável da tecedura da Lei que transcende as tuas pobres visões e os ângulos limitados da tua observação.

Está tudo certo ante as diretrizes funcionais de Deus.

Ocorre que no palco dos homens, mudam-se os cenários, trocam-se as idumentárias, mas as personagens são as mesmas: vão e tornam acumpliciadas com novos grupos que aderem espontaneamente às tragédias, às comédias, às exibições dos dramas do cotidiano, sob o impositivo da Lei.

A vítima inocente de hoje é o sicário impiedoso de ontem.

O trêmulo velhinho de agora justiçado, continua sendo a mão do verdugo passado, embora a idumentária cansada que o tempo carcome, mas que a Justiça Divina não olvidou.

A teu turno engendra causas positivas para que os efeitos da Leis não te alcancem na condição inevitável de alma sob o suplício do resgate penoso.

Não pratiques o mal porque a hora é má.

Não te despojes do bem porque te pareça inviável a ação elevada da Justiça e da misericórdia.

Recorda-te do Apóstolo Paulo e reveste-te da couraça da justiça para que disponhas da perenidade da paz.

Probidade é o estágio a que devem atingir os que encontraram Jesus, não obstante o clamor da perturbação, a balbúrdia inquietante das lutas ou as ciladas soezes da impiedade que grassa transitoriamente na Terra, nestes dias que precedem aos dias da vitória do Evangelho sobre todas as circunstâncias que amarfanham o espírito humano sedento de evolução.

Sê probo e honrado, especialmente quando escasseiam a honradez e a justiça na Terra.

Pelo Espírito Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco
Livro: Convites da Vida 
LEAL – Livraria Espírita Alvorada Editora



24 setembro 2018

O que devemos nós, esperar diante da vida? - Wellington Balbo



O QUE DEVEMOS NÓS, ESPERAR DIANTE DA VIDA


É muito comum considerarmos que por ocuparmos esta ou aquela posição, fazer parte desta ou daquela família, religião, país, ou estar nesta ou naquela condição devemos experimentar algum “privilégio” na passagem por este mundo.

Um favor dos “céus” aqui, uma “facilitada” acolá ou, quem sabe, uma “carteirada” da espiritualidade para que sejamos beneficiados de alguma forma. Afinal, merecemos, praticamos o bem, passamos um tempo na igreja, centro, templo e, segundo nossa visão, ficamos quites com o Pai do Céu, o que nos possibilitaria alguns benefícios extraordinários.

Quando não somos atendidos, frequentemente, exclamamos: Nossa! Mas eu fiz tanta coisa, ajudei tanta gente e recebo isto da vida?

E fulano, então? Ótima pessoa, vejam o que ocorreu com ele! Ah, dizem alguns, vida ingrata.

A questão 625 de O Livro dos Espíritos, em que os invisíveis apontam ser Jesus o modelo de comportamento a que o homem deve aspirar na Terra é das mais interessantes. E esta questão é, também, por uma série de razões, reveladora do que o homem pode esperar em sua passagem pela Terra. Vou me ater apenas a um ponto.

Sendo Jesus o ser mais evoluído que aqui esteve, o que lhe ocorreu? Teve, por acaso, uma estrada repleta de alegrias e gente grata por tudo quanto ele fez pela humanidade? Acaso Jesus teve tranquilidade para ministrar sua mensagem? Estenderam-lhe o tapete vermelho dando-lhe boas vindas? Certamente, você leitor e leitora, conhecem bem a saga de Jesus, o que lhe fizeram. Creio ser, portanto, desnecessário trazer aqui detalhes da traição, negação por parte dos amigos, crucificação, calvário e etc. Como se costuma dizer: a vida de Jesus não foi bolinho. Alguns poderão discordar dizendo que Jesus veio dar o exemplo, por isso passou por todos aqueles constrangimentos. Esqueçamos, então, Jesus. Vamos para os grandes missionários, mas que estão, numa escala, abaixo do Galileu.

Como morreu Mahatma Gandhi? Ironia do destino, pereceu seu corpo físico justamente da forma contrária a que devotou sua vida. Pregou a paz, desencarnou pela violência, assassinado. O que dizer, então, de Chico Xavier, o brasileiro do século? Não obstante sua bondade e dedicação ao próximo teve a existência marcada pela ingratidão de alguns familiares, amigos próximos, limitações físicas e financeiras. Ao invés de tecer reclamações, informava ser grato às dificuldades, pois graças a elas conseguiu avançar.

Basta uma pálida observação na vida das grandes figuras da humanidade para constatar que, apesar da enorme missão, não contaram com nenhum tipo de privilégio ou regalia. Ao contrário, tiveram de “ralar” um bocado para atingir seus objetivos, ultrapassar barreiras quase intransponíveis, testar a capacidade de resignação, ressignificar suas vidas diante dos percalços, enfim, trabalhar o Espírito para que pudessem sair vitoriosos.

Até porque, é sabido que as facilidades acabam por distrair as pessoas dos objetivos que vieram desempenhar no mundo. Quando estamos ali, imersos em alguns desafios não nos sobra tempo para desvio e perdas de focos sempre tão prejudiciais. Claro que poderia ser diferente, ou seja, facilidades deixarem as coisas mais fáceis. Contudo, em boa parte dos casos não é assim, e as facilidades tornam-se caminhos para dificuldades no porvir.

Como diz o jargão popular: mar calmo não faz um bom marinheiro.

Pois sim, se não teve privilégio para o maior de todos, Jesus, o que devemos, nós, ainda distantes da qualidade moral de Jesus, esperar diante da vida e seus desafios?

Fica a indagação para refletirmos.


Wellington Balbo


23 setembro 2018

Cada um ao seu tempo - Márcio Martins da Silva Costa



CADA UM AO SEU TEMPO


Fazia pouco tempo que Pedro havia conhecido a Doutrina Espírita. Começou a frequentar uma Casa e estava maravilhado com os estudos e as atividades desenvolvidas.

A ideia de encontrar outros irmãos esclarecendo as mesmas dúvidas que tinha, trazia-lhe um grande conforto. Antes pensava ser o único a não entender o mundo dos Espíritos.

Não tardou a se envolver nos diversos trabalhos disponíveis no Centro. Ajudou a organizar campanhas, preparava estudos, frequentava as reuniões públicas e, sempre que podia, fazia-se presente nas diversas ações do movimento.

Todavia, começou a perceber que nem todos os amigos do início o acompanhavam. Todos sabiam que era necessário o apoio coletivo às campanhas, mas só ele e o pessoal antigo na Casa participavam. Todos eram convidados para os estudos, mas só alguns compareciam. Todos sabiam quando haveria reunião pública, mas só ele e alguns trabalhadores assistiam os expositores que falavam para uma pequena audiência de visitantes.

Chegou ao ponto de se irritar várias vezes, sempre questionando:

“- As pessoas não aprenderam que seria importante estarem ali? Por que não vêm? Não acordaram?”

*     *     *

Não, nem todos despertam ao mesmo momento.

Admitindo o processo da reencarnação, basilar da Doutrina Espírita, entendemos que somos seres milenares cruzando os séculos em experiências diferenciadas no corpo carnal.

Em contínua evolução intelecto-moral, vamos abandonando em cada existência as nossas imperfeições, tal como um diamante sendo lapidado gradativamente.

Se em uma encarnação cometemos erros, em algum momento adiante o arrependimento baterá a nossa porta, indicando a necessária e decorrente expiação para que possamos reparar o ato infeliz (1).

Na dinâmica deste processo evolutivo, alguns caminham mais rápido em direção a perfeição, enquanto outros se mostram mais lentos (2), iludidos pelas paixões terrenas.

Um simples olhar nas páginas da história irá nos mostrar valores culturais questionáveis, inaceitáveis nos tempos modernos. Quantas encarnações, a exemplo, vivenciamos na Idade Média, nascendo, renascendo e cometendo os mesmos erros, alheios às sucessivas oportunidades de evolução moral.

Com o avanço da humanidade, muitos de nós passamos a entender a mensagem do Nazareno, mas nem todos se esforçam por vivenciá-la.

Assim ocorre com aqueles que frequentam nossos Centros Espíritas, igrejas e templos, sem dar muita importância ao trabalho. De alguma forma já perceberam o quanto certas ações no bem são importantes, mas não se prendem a elas pela necessidade que sentem de atender em prioridade às demandas materiais.

Cada um ao seu tempo, vamos percebendo o quanto é importante o amor e a caridade estarem mais presentes em nossas vidas.

Logo, antes de julgar um irmão por acreditar que ele deixou de fazer algo, voltemos nossos olhos a nós mesmos, interrogando de maneira amiúde à nossa consciência quantas vezes erramos sem perceber e o que precisamos fazer para nos melhorar (3). Uma vez corrigindo nossos erros, nossas ações, por si só, servirão de exemplo e incentivo aos que ainda precisam despertar.


Márcio Martins da Silva Costa

Referências:

(1) KARDEC, A. O Céu e o Inferno. 61a ed. Brasília (DF): Federação Espírita Brasileira, 2013a;
(2) KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Questão 117, 93a ed. Brasília (DF): Federação Espírita Brasileira, 2013b; e
(3) KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Questão 919, 93a ed. Brasília (DF): Federação Espírita Brasileira, 2013b.


22 setembro 2018

Busquemos o Imprescindível Alimento Espiritual - Devaldo Teixeira de Araújo



BUSQUEMOS OS IMPRESCINDÍVEL ALIMENTO ESPIRITUAL


Disse-nos Emmanuel, por meio da psicografia do notável missionário divino Chico Xavier, em sua obra “Pão Nosso”, c. 148: “…. Os abnegados operários do Cristo prosseguem onerados em virtude de tantos famintos que cercam a seara, sem a precisa coragem de buscarem por si o alimento da vida eterna. E esse quadro persistirá na Terra, até que os bons consumidores aprendam a ser também bons ceifeiros.”

E, relendo essa grandiosa lição, logo visualizo o cotidiano de nossa vivência em prática, quando percebo, por exemplo, queixas de pessoas que dispõem de todo apoio material e psicológico, até afetuoso, suficientes para serem felizes e, no entanto, vivem instáveis, com constantes momentos de desequilíbrios psicossomáticos, que as deixam relativamente infelizes, posto que somente nesses momentos. Mas, que se agravam, com a constância vivencial desses momentos.

Então, reflito e percebo a extensão das verdades ditas pelo primoroso Emmanuel… Os consumidores a que ele se referiu, necessitados do alimento da vida eterna, logo espiritual… Que, acostumados às facilidades que a modernidade proporciona, cada vez mais, no aspecto material, dos prazeres mundanos, em suas satisfações fisiológicas e até psíquicas, por suas ocupações mentais com diversões que mais alienam e perturbam, do que entretém educando, como deveria ser, elevando, alimentando a alma, para o seu equilíbrio e evolução, como verdadeiro prazer para os sentidos espirituais – buscando por si o alimento da vida eterna, a que se referiu Emmanuel.

Ou seja, acostumamo-nos a encontrar, sobretudo os que dispõem de recursos para tanto, tudo pronto e disponível, com o mínimo esforço, desde a alimentação, com os serviços de terceiros, até as diversões, como já citei… E, de certa forma, buscam estender tais hábitos materiais, como se fosse possível, às necessidades mentais, espirituais. E, assim, deixa-se de lado os bons hábitos da boa leitura, da seletividade do que se ouve e assiste, que possam entreter educando, instruindo, enlevando a alma, como verdadeiro alimento espiritual.

Por isso, sem que se perceba, sob tais ilusões efêmeras e a abstinência do alimento espiritual, advém os quadros de instabilidades e desequilíbrios notórios em nossa sociedade hodierna, quando, então, no desespero das aflições psíquico-espirituais, a busca, afinal, das soluções salvadoras, não raro, infrutíferas, quando não se desperta para a terapia do corpo e do espírito…

Nesse contexto, pensei e escrevi, outrora, a respeito da busca e ajuda espiritual em alguns casos: “…. Assim, em geral muitos obtêm substancial melhora dos estados doentios, quando há a força de vontade na aplicação das atitudes recomendadas, e se redimem dos processos enfermiços, mudando os hábitos enganosos, passando a compreender a realidade espiritual, com religiosidade, em equilíbrio e harmonia. O que corresponde à eficácia desejada nesses casos, para melhoria de todos e o progresso geral desejado, para uma vida melhor.

Entretanto, alguns tão logo se sentem melhor, restabelecidos, esquecem as recomendações, os aconselhamentos, como se sentindo curados de um ocasional problema meramente fisiológico, não assimilando os ensinamentos dados, tão pouco compreendendo a realidade espiritual vivenciada, e voltam aos hábitos de sempre… Infelizmente, então, atraindo novos problemas enfermiços, senão os mesmos… E o resultado todos sabemos ou é fácil imaginar: as intermináveis idas e vindas de buscas desesperadas e ajudas infrutíferas, como também, no final, as consequentes reencarnações corretivas, quanto sejam necessárias e possíveis. ….”

(Publicado no Blogdoteixeira.com.br – em 16.06.2014). Destarte, urge de todos nós a conscientização de nossa realidade espiritual, em perfeita e completa interação com a vivência existencial, como seres humanos, mas, espíritos eternos, necessitados de alimento espiritual.


Devaldo Teixeira de Araújo


21 setembro 2018

Haverá Destino para o Mal? - Richard Simonetti



HAVERÁ DESTINO PARA O MAL?


Qualquer pessoa medianamente informada conhece o complexo de Édipo, consagrado por Sigmund Freud (1856-1939), como a tendência de se ligarem os filhos às suas mães, em oposição aos pais.

Freud inspirou-se numa tragédia grega: Édipo Rei, de Sófocles (495-406 a.C.). Édipo, segundo os oráculos, mataria seu pai e se casaria com a mãe, o que efetivamente aconteceu, numa fantasia recheada de lances dramáticos e mirabolantes, bem ao gosto da mitologia grega.

A tese de Freud, porém, não resiste aos fatos. Há filhos “vidrados” na figura paterna. Além disso, a afinidade ou animosidade entre pais e filhos decorre muito mais de ligações harmônicas ou conflituosas de vidas anteriores.

Se alguém reencontra no pai um rival do passado, quando disputavam o amor de uma mulher, hoje possivelmente ligada a ambos como mãe e esposa, enfrentará conflitos em seu relacionamento. Em contrapartida, dar-se-á muito bem com o genitor que foi amigo ou familiar ligado ao seu coração.

E há que se considerar o comportamento. Se não cultivarmos valores elementares de convivência civilizada – compreensão, atenção, respeito, tolerância, cooperação, solidariedade… –, os melhores amigos do pretérito nos parecerão figadais inimigos a nos aborrecerem no ambiente doméstico.

O aspecto mais interessante da famosa obra teatral de Sófocles diz respeito à fatalidade.

É possível alguém nascer com a trágica sina de matar o pai e casar com a mãe ou destinado a cometer atrocidades? Negativo. Não há o determinismo para o mal. Ninguém reencarna para ser suicida, alcoólatra, fumante, toxicômano, adúltero, traficante, ladrão, assassino, terrorista…

Comportamentos dessa natureza configuram um desatino. Jamais um destino!

Dirá o leitor amigo que o oráculo não teria acertado o sinistro vaticínio, se não fosse esse o fado de Édipo. Oportuno não esquecer, porém, que estamos diante de uma ficção, uma história da carochinha para adultos.

Questionará você: e quanto aos oráculos de hoje, representados por médiuns, pais de santo, cartomantes, quiromantes, astrólogos e quejandos? Não antecipam, efetivamente, o futuro?

Consideremos, em princípio, que eles falam de generalidades. Assim fica fácil. Se eu fizer dez previsões superficiais sobre seu futuro, envolvendo saúde, negócios, vida afetiva, família, viagens, pelo menos metade se cumprirá. Você ficará admirado de meus poderes premonitórios, tão entusiasmado com os acertos que não reparará nos desacertos.

E há um detalhe: se o “oráculo” revela que terei um dia muito difícil, cheio de contratempos, e acredito firmemente nisso, assim tenderá a acontecer. Estarei predisposto a encontrar “chifre em cabeça de cavalo”.

Obviamente, há indivíduos dotados de grande sensibilidade que podem “ler” em nosso psiquismo algo do que nos espera.

Nele podem estar registrados alguns compromissos que teríamos assumido ao reencarnar, conjugando família, profissão, trabalho, ideal… Mesmo assim, não poderá fazer afirmações taxativas, porquanto nem sempre cumprimos na Terra o que nos propusemos a realizar, no Além.

Há, também, desajustes no perispírito, nosso corpo espiritual, decorrentes de faltas desta existência ou precedente, tendentes a se refletirem no corpo físico, dando origem a males variados. Um sensitivo poderá identificá-los e nos falar a respeito. Não obstante, esses males não são inevitáveis. É possível, com o empenho de renovação e a prática do Bem, “depurar” o perispírito, favorecendo uma existência saudável.

O ideal é viver o hoje, procurando fazer o melhor, sem nos preocuparmos com o que virá. O futuro não está escrito. Há apenas esboços. O “texto definitivo” está sendo grafado por nossas ações.

Jesus sabiamente ensina, no Sermão da Montanha, que a cada dia basta o seu labor. Cuidemos de buscar o Reino de Deus em primeiro lugar, com o empenho do Bem, e tudo o mais, acentua o Senhor, virá por acréscimo da misericórdia divina.


Richard Simonetti
Fonte:  Kardec Rio Preto