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21 agosto 2013

Exemplo - Miramez


EXEMPLO

Tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? – Paulo (Romanos, 2:21).

O mestre precisa dar exemplos aos alunos que o seguem, pois ele é um segundo pai, não obstante ser igualmente humano. Par se colocar no lugar de mestre, o exemplo do que expõe representa o seu diploma invisível. Se por ventura não conseguir viver ao menos parte do que ensina aos outros, deve renunciar ao posto, porque ainda não serve nem para aluno.

Sabemos que o aprendizado é infinito, mas isso não serve de motivo para que o professor se nivele ao aluno, ou mesmo se inferiorize. Tem ele de ser maior, por se encontrar mais consciente das verdades que anuncia. Na lavoura da exemplificação, os frutos são saborosos e de melhor qualidade. 

Se um professor gosta de alunos educados, tem antes de provar a sua disciplina, pois sem ela, não terá forças para corrigi-los. 

Se um mestre tem prazer de conviver com seus discípulos estudiosos, tem, certamente, de provar seus conhecimentos em todos os ramos do saber. 

Se um instrutor vela pela harmonia de seus camaradas, procurando evitar discussões e brigas no meio deles, tem de pautar a sua vida particular em reta conduta, desfazendo inimizades e granjeando amigos. 

Se um orientador repudia a mentira entre os colegiais, que não faça uso dela, para não perder a autoridade frente a eles. Na esfera do lar o fato se repete. 

Os filhos copiam em grande parte os exemplos dos pais. Os genitores, desde que assumiram esse papel, têm por obrigação viver o que ensinam aos seus filhos pois, sem os exemplos, eles não irão acreditar nos pais. 

Que autoridade possui um pai de dizer a um filho menor que o cigarro traz más conseqüências, se ele fuma? Se o pai se embriaga como ele pode falar aos filhos para evitar o álcool? Como pode educar seus filhos, se mente, rouba, briga, fala palavrões e se encoleriza no lar?

Geralmente esse tipo de pai se silencia, nada dizendo, por não ter moral para tanto, deixando, assim, de cumprir sua missão no lar; espera que a escola e o mundo façam a parte dele, que falhou desastradamente. 

Entretanto, nem a escola nem o mundo quase nada podem fazer sem as bases do lar, sem as instruções primeiras, sem o “abecê” da vida, que se principia entre duas colunas: o pai e a mãe. É bem verdade que cada espírito nasce no meio que lhe é próprio, guiado pelo carma. Todavia, é trabalho que compete aos pais, pelo menos se esforçarem em uma conduta melhor, para que os filhos plasmem, na adolescência, exemplos dignificantes.

Não poderemos nos esquecer do exemplo no campo político e sócio-econômico, dos homens que se entregaram a essas tarefas de utilidade pública. Labutando com o dinheiro que pertence a todos, não podem se esquecer da reta conduta, do desprendimento, da justiça e do amor a todos por igual. Lembremos Jesus, quando disse aos Seus discípulos: “Aquele que quiser ser o maior dentre todos, que se faça o menor”.

O homem que deseja ser político e permanecer nessa condição por muito tempo deve cumprir os seus deveres, sendo honesto, justo, e caridoso, laborando somente para o bem da coletividade, que nunca lhe faltarão bênçãos para as horas difíceis, e o próprio saberá reconhecer seus esforços. E, acima de tudo, que nunca se esqueça de praticar e respeitar, em primeira mão, as leis que fizer para os outros.

Nas hostes religiosas, o exemplo tem que ser mais objetivo, por serem de ordem espiritual os assuntos ali ventilados. Quem tem nas mãos a direção de um exemplo, seja de qualquer ramo religioso, deve se lembrar, em primeiro lugar, antes de ensinar, orientar, ler ou escrever, do próprio exemplo, que deve dar ante seus seguidores. Caso contrário, está se arriscando nas franjas de profundos sulcos, e pode ter a desventura de perder a oportunidade de guiar almas para a luz de Deus.

Qual é a moral de um mestre, de um pai, de um político, ou um sacerdote que apresenta uma linha de conduta para os discípulos, para os filhos, para o povo ou para os fiéis, vivendo outra completamente diferente?

Ser mestre é uma façanha gloriosa na vida de um homem, por estar vinculado ao progresso e à lei de Deus. Entretanto, ser um bom mestre, que exemplifica antes de ensinar, é sacrifício que agrada a poucos.

Sejamos fortes em Cristo ou, pelo menos, esforcemo-nos para sê-lo, fazendo para depois falar, e falando bem do que fizemos. 

Lembremo-nos que o Evangelho não veio ao mundo fora de hora; surgiu nos horizontes da Terra no momento exato, para que os homens que forem chamados e escolhidos não se sintam despreparados. 

Estão, sim, preparados por Deus e Jesus, dependendo apenas do esforço próprio e das lutas íntimas, no sentido de iniciarem a exemplificação daquilo que, por ventura, queiram expor aos outros.

Se entendemos que a boa conduta resolve os problemas em todos os sentidos, exemplifiquemos primeiro, para depois iniciarmos o convite aos nossos semelhantes, certificando-nos de que assim será mais justo.

Tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu que pregas que não se deve furtar, furtas?

De “O Mestre dos Mestres”
De João Nunes Maia
Pelo Espírito Miramez 
 

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