MÉDIUNS E MEDIUNIDADE
Um grande número de indivíduos
procura o Centro Espírita com um diagnóstico próprio ou de terceiros,
afirmando que a mediunidade está prejudicando suas existências físicas e
lhes causando sérios problemas.
Desfilam queixas e lamentações
descabidas, asseverando uns, que se fosse para libertá-los dos vexames,
estariam prontos para iniciar o desenvolvimento da faculdade de que se
dizem portadores; outros, todavia, numa atitude irreverente, preferem
solicitar pura e simplesmente uma fórmula milagrosa, a fim de se
livrarem, segundo eles, dessa cruz que lhes está a impingir sofrimentos
injustos. Terminam, via de regra, com a seguinte frase: “Nunca pedi a
Deus tal faculdade!”...
Torna-se necessário esclarecer
de imediato que a mediunidade nunca foi fator de desditas e nem
tampouco, o querer desenvolvê-la ou o deixar de fazê-lo propiciará a
alguém liberar-se dos compromissos conscienciais assumidos nas próprias
provações escolhidas ou aceitas antes do processo reencarnatório.
Para que fique bem claro, a
faculdade medianímica, conforme preceituou Allan Kardec, em O Livro dos
Médiuns, é neutra, instrumento de trabalho que se manifesta através de
uma predisposição psicofísica capaz de produzir quando utilizada para a
prática do bem ao próximo sem qualquer interesse subalterno, o
ressarcimento de pesados débitos do seu portador catalogados na
Contabilidade Divina, além de ser um caminho de evolução
moral-espiritual.
Todos os males assinalados nos
seres humanos têm as suas matrizes na tecelagem sutil do perispírito.
Ali se encontram os registros da boa ou má utilização que se faz dos
patrimônios que a Vida a todos nos concede. O mau uso desses valores
fica regido pelas consequências dos atos perpetrados pelos indivíduos no
uso do seu livre-arbítrio, obrigando-os, para efeito reeducativo, a
serem os seus próprios herdeiros. Em decorrência disso, assevera a
concepção espírita de que ninguém sofre injustamente, nem por imposição
da Divindade. Colhemos o que semeamos.
Portanto, esses que se fazem
passar hoje, como vítimas inocentes, são facilmente identificados,
embora estejam numa nova indumentária carnal. Como a individualidade não
se consome na sepultura na feição de espírito imortal, eles retornam ao
palco da existência física com a finalidade de se submeterem ao
impositivo da lei de progresso. São os trânsfugas da Lei Divina, escrita
na consciência individual de cada ser inteligente, procurando fugir de
si mesmos, atormentados por um passado culposo e um presente vazio de
realizações na arte de amar. Injustamente, transferem para a
mediunidade, o motivo das suas frustrações e infelicidades...
Pergunta-se, então: são todos,
os que assim sofrem, realmente médiuns, na acepção exata da palavra?
Precisam desenvolver de pronto a faculdade que existe latente em todos
eles? Obviamente, que a resposta é negativa. A maioria deles
constituem-se de Espíritos encarnados acicatados por profundas
exulcerações morais de difíceis cicatrizações.
Portadores de doenças
espirituais, necessitados de assistência espiritual de longo curso, mas
que se resolvessem a beber a água lustral do Evangelho de Jesus Cristo,
encontrariam a cura antecipada para os sofrimentos atuais.
No entanto, uma parcela deles
possui o afloramento da mediunidade ostensiva precisando desenvolvê-la e
educá-la para tornarem-se instrumentos hábeis nas mãos dos Instrutores
Espirituais. Por falta de definição com respeito aos compromissos
assumidos no Mundo Espiritual para o labor em benefício dos sofredores
da Erraticidade inferior com os quais sintonizam, absorvem as vibrações
enfermiças dessas entidades acarretando-lhes distúrbios emocionais de
toda ordem, inclusive obsessões pertinazes de caráter pandêmico.
Devem ser acolhidos no Setor de
Atendimento Fraterno para orientá-los, a fim de incorporarem-se aos
grupos de estudo da doutrina espírita, frequentarem as reuniões públicas
doutrinárias, receberem o benefício da bioenergia, sorver a água
fluidificada e, caso seja necessário, pela persistência de sintomas
orgânicos, buscar a assistência médica especializada.
Esta é a fase de desintoxicação
dos fluidos enfermiços a que estão habituados, causa das chamadas
doenças enigmáticas. Conforme a disposição de cada um e o interesse que
demonstrar em se renovar moralmente, começam a sentir depois de sua
integração no Centro Espírita os efeitos salutares da terapêutica
recomendada, com reflexos imediatos no psiquismo e na saúde física.
Para efeito de uma melhor
aclimatação aos hábitos novos adquiridos, hão que encontrar tempo paras
reflexões necessárias.
Como consequência de uma nova ordem de ideias de
que se vão tomando conhecimento, o melhor seria oferecerem-se para
pequenas tarefas, o laborterapia, indispensáveis para a harmonização
interior. Em seguida, por deliberação espontânea, solicitar permissão a
quem de direito para ingressar em grupamento mediúnico na Casa Espírita
da sua opção.
José Couto Ferraz
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