CÉREBRO E MENTE
"O CLINICAMENTE MORTO PODE NÃO ESTAR TÃO MORTO QUANTO SE PENSA"
Os relatos de pessoas que passaram pelas experiências de quase-morte (EQMs) vêm causando certo 'frisson' no meio científico. Alguns profissionais da medicina, que tomaram conhecimento desses relatos, enveredaram pelo caminho dos questionamentos mais profundos acerca da vida após a morte e do dualismo cérebro-mente, o que implica em trilhar o caminho desafiador da alma. Enquanto isso, outros, absolutamente céticos, prosseguem em sua peregrinação pela vereda pedregosa do materialismo empedernido. Para estes, não há nada mais. Pobres seres, que jamais conseguirão deter a marcha do progresso e que, no futuro, acabarão por abraçar essa mesma causa que hoje desprezam.
A revista The Sunday Times Magazine, suuplemento dominical do prestigioso jornal briitânico The Times, de 14 de dezembro de 2008, publicou interessantíssima matéria a respeito, intitulada 'O morto vivo', trazendo ao conhecimento público as últimas notícias dessa área da Ciência que tangencia o campo religioso e inforrmando a respeito do projeto que visa alcançar provas suficientes de que cérebro e mente são coisas absolutamente distintas e de que esta última existe independentemente daquele. O articulista, Mr. Bryan Appleyard, acaba por revelar sua crença nesta realidade e encerra o artigo dizendo que "there are more things in heaven and Earth than are dreamt of in any of our philosophies", mais ou menos como disse Sir William Shakespeare: 'há mais coisas entre a terra e o céu do que pode imaginar nossa vã filosofia'.
A reportagem começa descrevendo a situação vivida por um suposto paciente vítima de uma parada cardíaca, deitado numa maca de hospital, e o processo delicado por que vem passando, toda a assistência recebida por ele e o desânimo dos profissionais da medicina que já o dão como morto. Na verdade, ele está 'vivo' e assiste a tudo; além disso, vê a chegada de seus parentes 'mortos'. Olhando em torno, ele vê um túnel de luz e, talvez, ele até possa ver Jesus, Maomé ou Krishna. O caos ao lado de sua cama é interessante, engraçado mesmo, mas nada de especial. "A morte, ele sabe agora, com absoluta certeza, é uma ilusão". Esse é o ponto de vista dos pacientes, que costumam descrever detalhes de tudo o que acontece no centro cirúrgico, durante a operação por que passam, enquanto outros chegam a relatar fatos ocorridos fora das dependências do próprio hospital.
Agora, um grupo de médicos de 25 hospitais dos Estados Unidos da América e do Reino Unido, coordenado pelo Dr. Sam Parnia, da Southampton University, montou um projeto tendente a pôr em prova as descrições dos ressuscitados, segundo metodologia científica criada pelo grupo, de molde a se assegurarem de que não se trata de alucinação, fraude ou fantasia dos que passaram pela experiência. Para tanto, usarão um "objetivo invisível" (hidden target), que ficará colocado num local somente acessível a quem esteja flutuando próximo ao teto da sala. "Mesmo que as experiências de quase-morte não provem que exista vida após a morte, elas podem lança LUZ sobre a mente humana", diz Chris French, professor do Goldsmiths College, de Londres.
O objetivo é comprovar, afinal, que a mente existe independentemente do cérebro. É a Ciência em busca do Espírito, cuja descoberta virão certamente - a esclarecer - muitas situações já vivenciadas pelo homem há milênios, e que vêm sendo explicadas pela Doutrina Espírita há mais de 150 anos, com lógica e competência. Para o articulista da revista, o mundo é feito de dois elementos: pensamentos e coisas (ou Espírito e matéria, de acordo com o ensinamento espírita), e eles não parecem ser feitos da mesma matéria-prima, segundo ele. Esse dualismo, em última análise, significa que mente e cérebro não são feitos das mesmas coisas e, portanto, eles podem ser separados, como nas EQMs, ele conclui.
Desde que o Dr. Raymond Moody lançou o seu livro Vida Além da Vida, em 1975, a questão das experiências de quase-morte passou a ter real importância aos olhos da Ciência, por aquilo que elas já vinham revelando anteriormente; no âmbito restrito dos hospitais. A, Dra. Elisabeth Kubler-Ross, depois de estudar muitos desses casos, acompanhados de perto por ela mesma; escreveu O Túnel e a Luz, descrevendo os relatos de muitos dos seus pacientes e concluindo que "a vida na Terra não é senão uma escola pela qual temos que passar de modo a aprender lições especiais".
O artigo termina colocando as seguintes questões: "Então, o que acontece quando uma pessoa morre? O elemento psicológico apenas se desvanece?". E conclui afirmando: "O clinicamente morto pode não estar tão morto quanto se pensa." Neste momento, não podemos deixar de lembrar Kardec, em Obras Póstumas: "Quando as ciências médicas levarem em conta a influência do elemento espiritual na economia do ser, grande passo terão dado e novos horizontes se lhes abrirão. Muitas causas de molestias serão então descobertas, bem como poderosos meios de combatê-las." (Primeira Parte, Manifestações dos Espíritos, parágrafo 1°.) Pelo que já vem acontecendo, de alguns anos a esta parte, tudo leva a crer que a Ciência está muito próxima da sua maior descoberta em todos os tempos: o elo perdido.
Manuel Portásio - Jornal Espírita
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