Espíritas Ressurrectos - Jornal da Mediunidade

ESPÍRITAS RESSURECTOS

Dentre os inúmeros benefícios que a obra mediúnica do Dr. Inácio Ferreira, através do médium Carlos A. Baccelli, nos tem prodigalizado, está o fato de promover a “ressurreição” de muitos companheiros de Doutrina que, apáticos, jaziam de braços cruzados, em lamentável desperdício de inteligência e tempo. 

Referimo-nos àqueles que, motivados pela crítica que a ela têm endereçado, reapareceram no cenário doutrinário, redigindo artigos em periódicos de nossa imprensa ou proferindo palestras, de volta ao púlpito de que haviam deliberado se afastar, sonegando os seus vastos conhecimentos à geração que não os conhece. Em uma espécie de “cruzada santa”, ei-los, redivivos, brandindo o Pentateuco, quais ferrenhos defensores da Verdade nos tempos inquisitoriais! Não importa que somente consigam se inspirar quando se trata de mostrar o seu pretenso zelo pela Doutrina, do ponto de vista teórico, esquecidos de sua prática, qual se tivessem se deixado afetar por estranha amnésia que acomete o coração e não o cérebro.

À semelhança do irmão de Marta e Maria, que, defunto de quatro dias, já cheirava mal, escutaram a sublime exortação — “Lázaro, vem para fora”! – e, trôpegos, se levantaram... No entanto o intervalo de tempo em que, voluntariamente, se recolheram ao sepulcro do ostracismo foi grande demais, para que, em sendo ressuscitados agora, percebam que o Espiritismo, em seu extraordinário dinamismo, evoluiu. Os Mundos Físico e Espiritual não podem mais ser representados, por exemplo, pelas duas metades de uma laranja partida ao meio. O Universo está repleto de vida, e as Dimensões físicas e extra-físicas, onde a matéria vige em estados que desconhecemos, se multiplicam ao infinito, confundindo a ortodoxia dos que se habituaram a pensar o Mundo Espiritual como os teólogos católicos pensavam o Céu – pensavam, porque os de mentalidade mais aberta começam a pensar diferente!

Espera-se, pois, que os espíritas ressurrectos se mostrem competentes, não apenas quando no exercício da crítica contundente. Alguém, certa vez, escreveu: “Algumas pessoas tentam ser altas, cortando a cabeça das outras!” A Doutrina Espírita é um campo imenso, propício às novas idéias, à luz da Fé Raciocinada. Não se trata de conhecimento estanque, parado no tempo, avesso à modernidade do pensamento. Ela há de avançar com a vertiginosidade em que a Ciência progride ou ficará para trás! É óbvio que não estamos nos referindo ao seu conteúdo de ordem moral, “palavras de vida eterna” que jamais serão ultrapassadas.

Que os “irmãos de Lázaro” tocados pelas obras do Dr. Inácio Ferreira e tantas que surgem e surgirão, através de outros médiuns, se ergam de suas tumbas e venham às lides da Doutrina, demonstrando que são capazes, sim, de se inspirar, não apenas quando o assunto é o ataque gratuito aos companheiros. Não é possível que sua inteligência e capacidade tenham se deteriorado tanto!  

Editorial

Artigo extraído do "JORNAL DA MEDIUNIDADE" - Uberaba (MG).  Fonte: Lar Espírtia "Pedro e Paulo"