FEMINISMO E ESPIRITISMO
A ânsia de liberdade encontra-se ínsita no ser humano, por constituir-se uma das leis da vida.
O espírito é livre, sopra onde quer, conforme acentuou Jesus, no Seu diálogo com Nicodemos, o célebre doutor da lei, não podendo alcançar a meta da evolução a que está destinado, se se encontra sob coarctação de qualquer natureza.
A Lei de liberdade de pensamento, de palavra e de ação, é conferida ao ser humano que, da maneira como a utilize, será responsabilizado pela própria consciência que reflete o Divino Pensamento.
Como é natural, o anseio da busca dos mesmos direitos que ao homem sempre foram concedidos, ou pelo menos da sua equiparação sempre repontou através da História, quando algumas mulheres impossibilitadas de lograr o triunfo anelado, conseguiram-no através da maternidade, da beleza, da sedução sexual, da astúcia, da inteligência, da santidade, como ocorreu com Dalila, Judite, a rainha de Sabá, Cleópatra, Maria de Nazaré, Teodósia, Teodora, santa Teresa d’Ávila e as pioneiras nas ciências, na filosofia, nas artes, nas religiões…
Elas e muitas outras abriram o espaço para o respeito de que são credoras todas as mulheres, encontrando maio ressonância, em face do desenvolvimento cultural do século passado, no movimento denominado Feminismo.
A ideia feliz, iniciada por verdadeiras heroínas, que foram imoladas umas, outras execradas e perseguidas, encontrou vultos de alta magnitude, que reuniram a inteligência ao sentimento demonstrando que a fragilidade orgânica, de forma alguma tem a ver com a ausência de valores administrativos, de conhecimentos gerais, de especificidade tecnológica… Missionárias, que lutaram contra a intolerância, destacaram-se em diversos períodos históricos afirmando que a biologia não é fatalidade na definição da capacidade mental e cultural, quebrando as primeiras cadeias da intolerância.
Por fim, na segunda metade do século passado, quando da superação de muitos dos preconceitos ancestrais em várias áreas do comportamento humano, o que sempre gerou dificuldades nos relacionamentos e graves conflitos psicológicos, ergueu-se a bandeira dos direitos da mulher, abruptamente, enfrentando as antiquadas discriminações, torpes no seu conteúdo e cruéis na sua aplicação, exigindo leis e oportunidades justas para todos os cidadãos.
Como é compreensível, a rebelião sexual foi o estopim que produziu o grande impacto social, em relação às mulheres insatisfeitas e infelizes, graças aos impositivos da ignorância e da perversidade, após os relatórios de Hitt, demonstrando quanto a mulher era objeto de erotismo, das aberrações masculinas, desrespeitada nos seus sentimentos, sem o menor direito às sensações da afetividade e do conúbio físico, ao mesmo tempo desvelando os inúmeros conflitos masculinos disfarçados no machismo vergonhoso.
Espíritos em processo de crescimento, ambos os sexos experimentam equivalentes dificuldades e tormentos na maneira de expressar-se, como decorrência das experiências transatas, infelizes umas, perturbadoras outras, malsucedidas muitas…
A represa das emoções começou a romper-se e personagens atormentadas, utilizando-se da oportunidade, passaram a comandar o novo Movimento, sem dar-se conta da intolerância e do ressentimento mal contido, desafiando os cânones ancestrais e os conceitos de então, desbordando em exagerados comportamentos, que nada têm a ver com a dignidade, o equilíbrio e os direitos femininos.
Logo surgiram as oportunistas, que carregavam transtornos vários, perturbações emocionais necessitadas de terapia especializada, para exigir novas regras, algumas aberrantes, de maneira a impor-se, numa aparente vitória contra a correnteza.
Lentamente, como sempre ocorre, do exagero surgiram os reais propósitos de valorização da mulher, abrindo-se-lhe as portas de acesso a trabalhos e atividades antes reservados somente aos homens, nos quais foram demonstrados os valores e as habilidades elevados do sexo feminino, competindo em qualidade com o masculino.
Certamente ainda se vivencia um período de afirmação, no qual a contribuição psicológica por intermédio de terapias especializadas e de valorização dos sentimentos antes desconsiderados, em detrimento dos absurdos contributos da força e da imposição machista, torna-se indispensável.
Como prejuízos iniciais, em um movimento de tal significado, no qual são necessárias as adaptações psicológicas, em face dos traumas de curso demorado através dos tempos, houve a irrupção da liberdade que se vem fazendo libertina, com olvido dos reais compromissos, substituídos pelos vícios masculinos, que a mulher parecia invejar. O tabagismo, o alcoolismo, hoje em expressão mais volumosa, em alguns países, entre as mulheres, o sexo licencioso e vulgar, dando surgimento a novos conflitos desgastantes e perturbadores que decorrem do prazer sem emoção, do gozo sem amor, do tédio, após a vivência do anelado que não preenche o vazio existencial.
A depressão, a síndrome do pânico e outros conflitos substituem os anteriores da timidez, do medo, da discriminação, a estes, muitas vezes, somando, demonstrando que algo não está funcionando como seria de desejar.
Ocorre que a mulher é essencialmente mãe, em face da sua constituição biológica e psicológica, forte e frágil na estrutura emocional, vigorosa e meiga por imposição evolutiva, não se devendo furtar ao ministério da procriação.
A necessidade, porém, de autoafirmação, de autoconfiança, de demonstração da personalidade, numa espécie de desforço que dormia no inconsciente, tem levado muitas mulheres a opor-se terminantemente à maternidade, justificando a necessidade de triunfar o trabalho, na profissão, no mundo dos negócios, como se uma opção eliminasse ou impedisse a outra…
Por outro lado, desejando a maternidade, delega a outros a função educativa dos filhos, fugindo à responsabilidade do lar, ao qual retorna cansada, ansiosa, quando não estressada ou amargurada…
Todo exagero sempre gera consequências lamentáveis, e, no caso em tela, a negação da maternidade, como a maternidade irresponsável respondem por danos emocionais e sociais cujos efeitos, a pouco e pouco, vêm sendo apresentados na sociedade, em forma de drogadição juvenil, criminalidade entre jovens, violência e abuso de toda ordem, orfandade de pais vivos…
Os homens, pelo mau hábito de considerar a sua suposta superioridade, sempre delegaram à mulher o provimento moral da família, a sustentação emocional do lar e dos filhos, ficando ao largo das responsabilidades dessa natureza. Muitas vezes, igualmente, fecundou a mulher e abandonou-a, empurrando-a para a prostituição ou o desespero, olvidando-se totalmente da família…
Como efeito psicológico do ressentimento feminino mal contido por séculos sucessivos, aveio a reação, mediante a qual a mulher, procurando evadir-se da responsabilidade maternal, ou não desejando filhos, que sempre se apresentam como obstáculos ou impedimentos à sua ascensão no mundo das disputas financeiras e sociais, sente-se liberada do compromisso.
Essa interpretação equivocada e infeliz, defluente do feminismo exagerado, tem produzido danos emocionais muito graves nos sentimentos da mulher, frustrando-a e deixando-a em solidão destrutiva.
Cabe seja revista a situação do feminismo de revide, porque a organização genésica da mulher estruturalmente não está capacitada para as experiências múltiplas do sexo sem amor, sem responsabilidade, conforme sempre foi imposta àquelas que têm sido empurradas para os prostíbulos de perversão e de indignidade humana, como escravas das paixões asselvajadas de psicopatas aturdidos sedentos de gozo animalizado…
O direito à liberdade de ação, de deliberação e escolha no lar e na sociedade é conquista que a mulher adquiriu e que não pode ser confundida com arrogância nem procedimentos de confrontos, nos quais os conflitos interiores predominam em fugas inúteis que surgem como soluções apressadas, e que não resolvem o grave problema dos relacionamentos humanos, sejam nas parcerias afetivas ou noutras quaisquer.
Por: Joanna de Ângelis
Psicografia: Divaldo Franco
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