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28 fevereiro 2022

Espíritas de gabinete? - Marcus Vinicius de Azevedo Braga


ESPÍRITAS DE GABINETE?

Daniela Arbex é uma escritora muito conhecida pela sua obra “Holocausto brasileiro”, que trata dos horrores de um sanatório mineiro, além da sua recente obra sobre as vítimas do desastre de Brumadinho. Mas a autora se aventurou nas questões do mundo invisível com a excelente biografia “Os dois mundos de Isabel”, lançada em 2020 pela Editora Intrínseca e que trata da vida da médium, radicada em Juiz de Fora-MG, Isabel Salomão de Campos.

O livro é emocionante, super bem escrito e de uma leitura fluida e prazerosa. Em determinado trecho da obra (p. 131), narrando um ocorrido com a médium, em relação a uma oposição se ela deveria estudar ou trabalhar atendendo, e a resposta que lhe é dada é: “Atenda, minha filha, porque cristão de gabinete existe um monte. Precisamos é de trabalhador”, invocando uma expressão “de gabinete” que surge, vira e mexe, em falas do movimento espírita, mais ou menos nesse sentido.

Qual o busílis, o ponto nessa questão que enseja escrever algumas linhas para a reflexão é essa insistente pseudo-oposição entre estudo e trabalho, como se, ao se priorizar um, necessariamente o outro é reduzido, isolados em caixas diferentes. Para não dizer que não falei das flores, como existe a pecha de espírita de gabinete para o que foca no estudo e não quer trabalhar, muitos dirigentes espíritas também colocam o foco no estudo, de modo absoluto, e minimizam iniciativas práticas na assistência e na área mediúnica.

E assim caminha a humanidade, nessa luta velada dos que metem a mão na massa contra os que enfiam a cara nos livros. Ledo engano, pois essas atividades se complementam e só tem sentido juntas. O estudo fortalece a prática. A prática dá sentido ao estudo. Parafraseando o físico Albert Einstein, que dizia que “Ciência sem religião é coxo, religião sem ciência é cega”, pode-se dizer também que o estudo sem a prática é coxo, e a prática sem o estudo é cega.

Essa visão “de gabinete” dá a entender que as funções de caráter intelectual, de direção, de livros grossos, não fossem tão importantes quanto aquelas que nos colocam com o pé no barro, muitas vezes uma crítica fundamentada na vaidade que seria alimentada por essa vertente intelectual, e que pode perfeitamente florescer em atividades mais concretas, seja na mediunidade, seja na atividade assistencial. Não se iluda, a vaidade se enraíza no coração de todos.

Importante resgatar esse equilíbrio entre os que estão no gabinete e os que estão na ponta, todos músicos da orquestra da evolução espiritual, trilhada no planeta Terra, entendendo sim a necessidade do trabalho que modifique realidades e que nos torne melhores, mas também a importância do estudo que nos ilumine e oriente diante dos desafios.

Se as escolhas na vida espírita nos empurram para atividades mais intelectuais, pelo nosso perfil ou pela necessidade do contexto, importante lembrar que o estudo e a sua divulgação podem ter um sentido de trabalho, de consolo e esclarecimento, valendo o mesmo para os chamados para ações mais práticas, que não podem esquecer do estudo da doutrina espírita e seus fundamentos.

Ouve-se muito nas casas espíritas que quem trabalha deve estudar, mas pouco que quem estuda deve trabalhar. Outras facetas desse antagonismo que nos torna menores. Faz-se necessário entender essas asas, que mais do que um equilíbrio permanente, são membros que se comunicam entre si, ligadas ao mesmo pássaro e que, juntas, compõem o corpo que realiza o voar necessário, firme e determinado. Uma visão de totalidade.

Colabore na obra do Cristo, amigo leitor, de acordo com a sua afinidade e necessidade, mas não se esqueça de que a mente guia a mão, e que a mão transforma o mundo que os olhos veem. A vida nos pede integração de forças, e não para ficarmos isolados, em caixas que na verdade se comunicam, e nós é que, por motivos diversos, não percebemos.

Marcus Vinicius de Azevedo Braga
Fonte: Espiritismo na Rede

27 fevereiro 2022

Lei da Liberdade - Livre Arbítrio - Renato Confolonieri

 
LEI DA LIBERDADE - LIVRE ARBÍTRIO

Dando continuidade às nossas modestas reflexões sobre a Lei de Liberdade, uma das normas divinas outorgadas a nós pelo Criador, já vimos que ela foi didaticamente subdividida por Allan Kardec em liberdade natural, de pensar, de consciência e livre-arbítrio, conforme consta em O Livro dos Espíritos, livro terceiro, capítulo 10.

Como temos a oportunidade de verificar em toda a codificação espírita, assim como na integralidade da obra subsidiária, o livre-arbítrio é o que caracteriza a alvedrio que encerramos em nós, eis que, sem ele, a criatura seria uma máquina – resposta à pergunta 843 de O Livro dos Espíritos. E já que temos a liberdade de pensar, temos, por consequência, a de agir.

No entanto, nunca nos esqueçamos de que juntamente com a liberdade vem a responsabilidade. Até porque, os orientadores espirituais nos alertam na resposta à questão 849 do livro em estudo que “tu que és mais esclarecido que um selvagem, és também mais responsável pelo que fazes do que um selvagem”.

Emmanuel, no seu Palavras de Vida Eterna (capítulo 133), trazido pelas incansáveis mãos de Francisco Cândido Xavier, advertiu-nos para o fato de que “ninguém, na Terra, foi mais livre que o Divino Mestre. Livre até mesmo da posse, da tradição, da parentela, da autoridade. Entretanto, ninguém mais do que ele se fez escravo dos Desígnios Superiores, para beneficiar e iluminar a comunidade.”

A tal respeito, Paulo de Tarso, na sua epístola aos Gálatas, assim enfatizou: “porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne; antes, pelo amor, servi-vos uns aos outros” (Gálatas, 5.13).

Diante do livre-arbítrio que todos possuímos, exatamente como criaturas livres, cuidemos das nossas atitudes, que são a exteriorização do que ajuizamos. Elas são aquilo que mostramos às demais criaturas. Os nossos atos dizem para as pessoas muito mais de nós do que possamos imaginar.

Acima de tudo, vigiemos a maior expressão do livre-arbítrio em nós, o pensamento. Quando pensamos, ocorre movimentação de energias, emissão de ondas e criação de situações atenuantes ou agravantes dos problemas e dificuldades. Jamais esqueçamos de que os espíritos que nos cercam leem o que vai nas nossas mentes e corações. E antes mesmo de nós.

Tenhamos sempre em mente o que informado pelos espíritos conselheiros na resposta à questão 851 de O Livro dos Espíritos, no sentido de que “… para o que é prova moral e tentações, o espírito, conservando seu livre-arbítrio sobre o bem e sobre o mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir.”

Renato Confolonieri
Fonte:
Agenda Espírita Brasil

26 fevereiro 2022

O Médium pode Revelar a Vida Passada de Alguém? - Carlos A. Baccelli


O MÉDIUM PODE REVELAR A VIDA PASSADA DE ALGUÉM

A mediunidade deve prestar-se à revelações concernentes à vida pregressa de alguém?

Não. A princípio, nenhum médium, por si mesmo, tem poder de acesso aos arquivos da vida pretérita de quem quer que seja.
As revelações que se referem ao passado, quando acontecem, acontecem espontaneamente através de seus próprios personagens, na trama que lhes diz respeito.

Na maioria das vezes, o medianeiro inclinado a vasculhar a vida anterior dos outros não consegue identificar com clareza nem as experiências vivenciadas por ele em tempos recuados. Não nos posicionamos contra a técnica da regressão de memória, com finalidade terapêutica, desde que indicada corretamente e conduzida com responsabilidade, todavia acreditamos que o esquecimento do passado seja, depois da reencarnação, uma das maiores bênçãos para o espírito, o qual, caso contrário, não conseguiria avançar na direção do futuro.

Alertamos ainda para o fato de alguns medianeiros, com suas supostas revelações referentes ao ontem, realizarem manobras afetivas inconfessáveis objetivando colimar interesses de ordem inferior, na satisfação de seus instintos ligados ao campo da sexualidade.

O interessado em saber o que pode ter sido e o que pode ter feito, procure analisar a si mesmo, em seus hábitos e tendências, no que faz e no que é, e, com certeza, terá uma idéia aproximada do que fez e do que foi no passado não muito distante.

Esporadicamente, quando seja necessário, a Espiritualidade Superior, no máximo, pode fornecer, através do médium, alguns indícios da experiência pregressa deste ou daquele que não esteja querendo saber de si apenas por mera curiosidade.

Carlos A. Baccelli
Fonte: Kardec Rio Preto

25 fevereiro 2022

Em defesa da vida - Cuidando do tempo - Marcus De Mario

 
EM DEFESA DA VIDA - CUIDANDO DO TEMPO

Nem sempre sabemos utilizar o tempo com proveito útil para nós e para os outros, gastando horas preciosas com futilidades, comentários que não edificam, reclamações sem conta, críticas severas que nada constroem. Devemos lembrar que tempo que passa é tempo que não volta; oportunidade perdida de fazer o bem é mérito a menos em nossa ficha espiritual.

Por outro lado, assistimos os que abusam da oportunidade reencarnatória gastando energias fazendo o mal ao outro; vivendo como se tudo se circunscrevesse a gozar as sensações do momento. Para uns e para outros a morte os surpreenderá com a aplicação da lei divina que sentencia: a cada um será dado segundo suas obras, como nos ensinou o Mestre Jesus.

O que faço das minhas horas, a cada dia?

Lembra-nos o amigo espiritual Emmanuel, que o tempo pertence a Deus, o Senhor da Vida, e sempre teremos que prestar contas a Ele do que fizemos com o tempo que nos concedeu.

Com a mensagem espírita não podemos fingir que não sabemos que a encarnação nos é dada para progredir, para melhorar, para aprender a amar, e que deixar de fazer o bem quando surge a oportunidade, já é um mal.

Cuidar do tempo para que as horas vazias não dominem nossa alma, ou para que a maledicência, a intriga e a vingança não ocupem nossa caminhada, é dever de todos nós, realizando todos os esforços possíveis, acionando a força de vontade, para preencher as horas com bons pensamentos, leituras edificantes, orações para os que sofrem e, acima de tudo, ações no campo da caridade material e moral a benefício do próximo, iniciando com aqueles que formam nosso núcleo familiar, e estendendo-se para todos os nossos irmãos e irmãs em humanidade.

Após a morte, de retorno à realidade espiritual, Deus não nos pedirá conta do currículo acadêmico ou profissional, e sim do que fizemos com a dádiva valiosa do tempo que, em verdade, pertence ao Grande Dispensador da Vida, e que recebemos como empréstimo para edificar no bem nossa evolução e de nosso próximo, aqui na Terra.

Marcus De Mario*
Fonte:
Correio Espírita

*Marcus De Mario é educador, escritor, palestrante, colaborador do Grupo Espírita Seara de Luz, diretor do Ibem Educa – www.ibemeduca.com.br, coordenador do canal Orientação Espírita – www.youtube.com/c/OrientaçãoEspírita

24 fevereiro 2022

Vacina de Novo! - Nilton Moreira

 
VACINA DE NOVO!

Sem dúvida o assunto predominante é vacina e que gera polêmica, estando na base de todos jornais, portais e redes sociais. Também é debate político e será ingrediente central por ocasião dos espaços que candidatos irão ocupar no rádio e televisão.

Como colunista também não posso me furtar de continuar abordar tal assunto, mas num campo diferenciado, já que nossa coluna semanal engloba o filosófico, religioso e científico, e por isso o título “vacina de novo! ”.

Há dois anos quando a pandemia eclodiu dizíamos que nem todos seriam contaminados e que deveríamos fazer nossa parte, lavando as mãos com frequência e usando o álcool em gel. A máscara naquele momento ainda não estava sendo utilizada.

O tempo passa e hoje ainda estamos abraçados com essa doença, que continua ceifando a vida de pessoas queridas. Quem não teve um parente, amigo, vizinho que desencarnou em razão de complicações em virtude de ter contraído covid?

Mas por outro lado tivemos uma quantidade bem maior de amigos, parentes e vizinhos que passaram ilesos. Particularmente em algum momento não me cuidei o suficiente, mas não estava em minha programação de vida ficar doente, ao passo que pessoas próximas e que se aglomeraram foram parar no hospital entubadas.

Somos pessoas que já vivemos muitas vidas, e sou do seguimento que acredita na reencarnação, até porque Jesus segundo João disse certa ocasião: “ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo”. Ora, se vivemos tantas vidas e estamos na Terra para evoluir a cada existência nem que seja um pouquinho, certamente no passado cometemos erros, assim como hoje ainda persistimos na intolerância, orgulho, desprezo, raiva, inveja, ciúmes, preconceitos e tantos outros adjetivos pejorativos. Esses erros geraram resgates, provas que agora temos de resolver mutuamente, e nada mais razoável do que nos obrigarmos a zelar uns pelos outros.

Chegou o momento que temos de entender que precisamos esquecer diferenças religiosas, raças, posição social e nos unirmos naquilo que o Criador quer. Uns sofrem mais que outros. Uns terão uma gripezinha é verdade e outros continuarão desencarnado tristemente, pois cada um tem a sua história no tempo. Portanto o não ficar contaminado está no merecimento de cada um, subtendendo-se conforme Mateus registrou: ”porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras”. Será que já iniciamos a receber segundo nossas obras?


Paz a todos.

Nilton Moreira
Artigo da Semana - Estrada Iluminada

cristaldafonte@gmail.com
Fonte: Espirit Book


23 fevereiro 2022

Prazeres da Carne x Aprimoramento Espiritual - Cecília Alves

 
PRAZERES DA CARNE x APRIMORAMENTO ESPIRITUAL

A Bíblia nos ensina em Gálatas capítulo 5 versículo 16: “Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne”.

No excerto acima nos recomendado que procuremos satisfazer as inclinações do espírito em detrimento aos prazeres ou satisfações da matéria, ali colocado sob a figura alegórica “carne”, em outras palavras poderíamos afirmar que está sendo recomendado ao homem que busque a evolução espiritual, parece contraditório “esquecer” a existência do que nos é material, visto que estamos encarnados, mas será que era exatamente isso que o texto biblíco nos ensinava?

Observemos o que O Codificador nos traz através de O Livro dos Espíritos questão 93:

O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem ou, como pretendem alguns, está sempre envolto numa substância qualquer?“Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.”Envolvendo o germe de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo,uma substância que, por comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito.

Compreende-se do exposto que o espírito possui um envoltório relativamente grosseiro, ao qual denominamos de perispírito, este se faz um elo entre o nosso espírito (natureza espiritual) e corpo físico (natureza material), se fazendo indispensável na condição atual do homem para sua atuação.

Observamos ainda que apesar de sua identidade espiritual, visto que é sua essência, o homem possui ainda uma outra natureza quando encarnado, esta a natureza física ou material e dela sofre influências, como não poderia deixar de ser, visto que encarnado.

Deste modo somos seres espirituais vivenciando uma experiência material (carnal) para melhor cumprirmos as nossas atividades e experiências evolutivas.

A respeito das experiências evolutivas do homem e do seu aperfeiçoamento vejamos o que nos traz A Gênese em seu capítulo XVIII:

Fisicamente, o globo terráqueo há experimentado transformações que a Ciência tem comprovado e que o tornaram sucessivamente habitável por seres cada vez mais aperfeiçoados. Moralmente, a humanidade progride pelo desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do abrandamento dos costumes. Ao mesmo tempo que o melhoramento do globo se opera sob a ação das forças materiais, os homens para isso concorrem pelos esforços de sua inteligência.

Do exposto observamos que a humanidade progride moral e intelectualmente e quanto maior o seu progresso, progride também o orbe no qual ela habita. Chamamos atenção ainda ao que o excerto acima chama de abrandamento dos costumes, em nosso entendimento o referido abrandamento concerne as atitudes humanas e aos costumes sociais que aos poucos se tornarão mais evoluídos e espiritualizados.

A criatura humana é destinada a evolução, posto que como nos ensina O Livro dos Espíritos, esta é uma Lei Natural. Deste modo, podemos compreender que o homem sob a influência material, ainda que seja um ser espiritual, está sujeito aos desejos e apelos materiais, e quanto mais evoluído menos deles terá necessidades, visto que em processo de depuração moral.

Deste modo, compreendemos que ao homem não é obstado usufruir da matéria e dos gozos que lhe poderá proporcionar, até por que precisamos dela para nos manter enquanto encarnados, afinal todos vestimos, nos alimentamos e mantemos nossa vida de encarnados através de atividades materiais, pois é nesse plano que vivemos e são as necessidades que dele urgem. Entretanto, os excessos de toda ordem apesar de permitidos ante o nosso livre arbítrio, não nos são lícitos, posto que são a negação da nossa essência espiritual. Assim, se somos criaturas voltadas unicamente aos prazeres e satisfações da matéria estamos a negar a nossa essência espiritual.

Assim não é proibido ao homem, por exemplo, usufruir de atividades como festas, aniversários ou carnaval, por exemplo, os equívocos se encontram no excesso, bem como nas intenções das quais o homem pode estar nutrido e o carnaval é um exemplo disto, conhecido popular e mundialmente como uma festa da carne, ou seja, para satisfação dos sentidos.

O quanto ainda precisamos dele? Ou o quanto os seus moldes ainda nos satisfazem? É uma indagação que deixamos a ser respondida por cada leitor a si mesmo.

Lembramos que o espiritismo de nada nos tolhe, mas nos convida a reflexão e ao exercício do livre arbítrio.

Cecília Alves
Fonte: Blog Letra Espírita

 
Referências bibliográficas:

Bíblia Online:
https://www.bibliaonline.com.br/acf

Kardec, Allan: A Gênese, 53º ed.– 8. imp. – Brasília: FEB, 2019

Kardec, Allan: O Livro dos Espíritos, 24º reimp. Fev 2019 – Capivari, SP, Editora EME

22 fevereiro 2022

As seis condições do espírito imortal - Antônio Carlos Navarro,


AS SEIS CONDIÇÕES DO ESPÍRITO IMORTAL

O grande estudioso e pensador espírita Cosme Massi desenvolveu uma forma muito peculiar para interpretarmos as condições existenciais do espírito imortal, tornando, com sua didática, mais fácil nosso entendimento em relação às condições experimentadas pela entidade espiritual.

Em primeiro lugar, o espírito é situado no Mundo Espiritual, que segundo a Codificação Espírita é a primeira na ordem natural, portanto de onde se origina e onde permanecerá definitivamente no fim de seu desenvolvimento.

No intervalo entre uma reencarnação e outra experimenta a realidade espiritual segundo suas crenças e cultura, interesses e vontades, e poderá progredir muito, segundo nos ensinam os Benfeitores Espirituais, buscando esclarecimento e trabalho, mas também poderá dar prosseguimento às suas viciações e tendências menos felizes.

No outro extremo tem-se a condição de encarnado, sem a qual o espírito não poderá experimentar o progresso efetivo, proporcionado pelas conquistas morais diante das situações e condições da materialidade, que acontecem segundo as necessidades particulares de cada espírito.

Encarnado, o espírito corrigirá os erros do passado e produzirá novas conquistas rumo à perfeição.

O terceiro estado é o trânsito entre o mundo espiritual e o mundo físico.


O processo reencarnatório tem certa duração, desde os preparativos na espiritualidade, até a consumação do processo por volta dos sete anos de existência física. Em geral, há certa perturbação mental no espírito antes de sua ligação com a matéria, decorrente do quanto a sua consciência já se desenvolveu, e também de sua confiança e determinação para a consecução do que foi planejado. No período infantil poderá ter lampejos de mediunidade, porque o espírito ainda não está totalmente envolvido pela nova vestimenta física.

Uma quarta condição é inversa ao processo de reencarnação. Trata-se do processo da desencarnação, e não há desencarnações idênticas. Cada individualidade experimenta o desencarne segundo suas condições e necessidades particulares, vinculadas que são ao grau de espiritualidade alcançado, ao apego material, e principalmente ao bem que se praticou em vida. Por mais que saibamos sobre a mecânica do espírito, o que mais influencia nas condições de chegada ao mundo dos espíritos é a prática desinteressada do bem.

A quinta e a sexta condições são as influências possíveis de serem perpetradas entre os dois planos. Desencarnados e encarnados se influenciam mutuamente, e interferem na vida de um e de outro.

As influências benéficas são oriundas das preces e bons pensamentos endereçados e do trabalho de orientação, esclarecimento e consolação que se dão entre os planos, quase sempre através de atos mediúnicos.

Chama-se obsessão a influência negativa do desencarnado sobre o encarnado, e vice-versa, e pode ocorrer com os mais variados motivos. Por iniciativa do desencarnado, desde a influência motivada tão somente pela irreverência e irresponsabilidade do obsessor, passando pela satisfação das viciações que o espírito ainda carrega no mundo espiritual, até a obsessão causada pelo desejo de vingança decorrente do mal praticado por aquele que agora se encontra encarnado.


Por iniciativa do encarnado, quando este endereça seu pensamento, de qualquer matiz menos feliz, a um espírito desencarnado, seja por não abrir mão da dependência daquele que lhe foi companheiro em vida, e que agora se encontra no mundo espiritual, seja por desejo de vingança não alcançada também em vida. O inconformismo diante das separações causadas pelas desencarnações também interfere na vida dos que retornaram ao mundo espiritual, porque estes se ressentem dos desequilíbrios emocionais dos que ficaram. Se não estiverem preparados intimamente poderão se desequilibrar e serem atraídos para junto dos que os “chamam” com seus pensamentos em desalinho.

As condições apresentadas nos remetem à imortalidade do espírito, que transita entre uma condição e outra sempre buscando seu desenvolvimento rumo à perfeição. Como as condições dos espíritos são particulares, mas que visam o mesmo fim, convém nos posicionarmos de tal forma diante da vida, para que em cada experiência e em cada situação se possa dar um passo no sentido certo, e isto só acontecerá se unirmos a prática constante do bem e o estudo sistemático das lições trazidas a lume pelo Consolador prometido pelo Senhor Jesus e que se encontram nas lições da Doutrina Espírita.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro
Fonte: Kardec Rio Preto
 

21 fevereiro 2022

Uma fé capaz de “reconhecer” montanhas - Iris Sinoti


UMA FÉ CAPAZ DE "RECONHECER" MONTANHAS

Vivemos dias estranhos, talvez essa seja a maneira mais simples de descrever os últimos quase dois anos. Ouvimos que tudo isso seria para nosso crescimento, que sairíamos melhores dessa experiência, que era uma coisinha simples... Aqui estamos nós, tentando entender os acontecimentos ou nos entender?

A OMS (Organização Mundial da Saúde) já nos havia alertado para o risco muito grande de passarmos até 2030 por um episódio ainda não descrito em casos de depressão no mundo, e em 2021 já alcançamos a estimativa de 300 milhões de indivíduos com depressão. O Brasil é, na América Latina, o país com o maior número de casos, somos também os mais ansiosos no mundo.

Mas tudo isso foi por causa da pandemia?

Não, não foi. A pandemia provavelmente nos lembrou da nossa vulnerabilidade. Ela nos lembrou também das diferenças, muitas diferenças, nos lembrou da nossa sanha descontrolada por crescimento econômico e nos mostrou que nada disso é o suficiente para nos manter vivos, somos vulneráveis, é um fato.

Nós, a humanidade, somos tão frágeis e ao mesmo tempo tão necessários para a transformação que esperamos e ansiamos viver que, apesar de toda essa incontrolável situação que compartilhamos, precisamos entender que já havia passado da hora de enfrentarmos um inimigo que é muito mais forte que o vírus e suas mutações. Nosso egoísmo!

Escolhemos enxergar a humanidade pelo resultado econômico que ela gerava e isso falou e fala muito sobre nós, mostra como nos vemos, mostra como nos tratamos. Estávamos nos importando com uma parte muito limitada e nos excluímos da própria existência. O vírus, a fome, a violência, a depressão, tudo já estava passando por nós e fomos deixando.

Teremos coragem para mudar?

Nas vivências ancestrais a palavra coragem tinha uma definição diferente de como fazemos a leitura dela hoje. Coragem em sua raiz significa: “falar o que se pensa abrindo o coração”. E esse é o grande passo que precisamos aprender, e como já dizia Dona Canô, “precisamos de coragem para sermos felizes”, então, chegou o momento de olharmos por outro ângulo e nos amar como um ato definitivo de coragem.

Como afirmava Bell Hooks, “começar a pensar sempre em amor como ação em vez de sentimento é a forma pela qual as pessoas que usam a palavra dessa maneira automaticamente assumem responsabilidade. ” E assumir responsabilidade nos convida para acendermos a esperança, exercermos nossa liberdade e atendermos o chamado da nossa fé. Pôr o amor em ação, nesse momento, é fundamental para seguirmos em frente, como povos, tribos, constelações de gente, dispostas para juntos amenizarmos as tempestades desse mundo.

Conseguiremos manter a Esperança?

Segundo a mitologia grega, existiu uma mulher que foi criada pela deusa Atena e pelo deus Hefestos. Essa mulher era Pandora.

O nome Pandora, assim como Pandemia, é formada de Pan, “todos”, “tudo” e doron, que significa “dom ou virtude”. Essa mulher era a portadora das virtudes que todos nós possuímos, segundo o mito, ela foi responsável por uma caixa que guardava todos os males da humanidade e que para amenizar todo o terror contido na caixa, no fundo dela foi deixada a esperança.

Quando tudo nos alcança, segundo a mitologia, deveremos buscar no fundo da “caixa de Pandora”, nas nossas virtudes, a esperança, a nossa capacidade de não sucumbir ao desespero, de fazer acontecer tudo aquilo que esperamos que aconteça, de continuar mesmo parecendo que tudo diz o contrário. O mundo pós-moderno, o mundo da pandemia da Covid-19, tenta nos dizer que não existe espaço para a Esperança, mas em meio a tantas mortes é absolutamente necessário que possamos manter em nós a chama da esperança.

E se a esperança se faz presente a fé será concreta.

Toda essa crise deveria despertar nossa humildade e nossa humanidade, nos aproximando um dos outros, fortalecendo nossa fé de uma maneira tal que reconheceremos as montanhas que teremos de atravessar, mesmo sabendo que a tradição nos diz para movê-las. Uma fé que nos mostra que a felicidade não pode ser individual, uma fé que nos ajuda a entender que estamos viajando e que não é o trem que importa, mas o modo como estamos viajando, ou seja, como estamos vivendo.

Iris Sinoti
Artigo do Jornal Correio Espírita - Fevereiro 2022
Fonte:
Correio Espírita

20 fevereiro 2022

Qual é o Significado dos Sonhos? - Fernando Rossit


 QUAL É O SIGNIFICADO DOS SONHO?

O sonho é a realidade das atividades da alma, ou seja, uma lembrança do que a alma viveu durante o sono. Seja uma recordação da infância ou vidas passadas, muitas vezes associada à vida presente, com uma projeção do futuro, fruto de preocupações e desejos presentes ou passados, vivências espirituais de qualquer natureza etc.

É então que ela (a alma) tira de tudo o que vê, de tudo o que percebe, e dos conselhos que lhe são dados, as ideias que lhe ocorrem depois, em forma de intuições.

Complicado, né? Sim, por isso é muito difícil dar um significado preciso para os sonhos.

Quando estamos fora do corpo, por desdobramento, ficamos, via de regra, semi-conscientes, sem noção exata do que ocorre ao nosso redor. Isso se dá por conta da falta de preparo ou nosso baixo desenvolvimento espiritual.

Existem profissionais que fazem análises dos sonhos, porém é de suma importância que se faça com seriedade e responsabilidade. Muitas vezes estas análises trazem importantes informações que auxiliam no aprimoramento e autoconhecimento da pessoa.

Envolvidos aos sentimentos e emoções, nos sugestionamos às interpretações que julgamos serem as verdadeiras.

Mas é muito difícil a interpretação dos Sonhos porque, em desdobramento, não é nosso cérebro físico que registra as experiências fora do corpo. Como ele é constituído de matéria muito grosseira, no retorno da alma ao corpo, raramente o cérebro vai guardar as recordações da alma (vivências fora do corpo) – e se isso acontecer, poderá ser por associação fragmentária.

Por exemplo, se você tiver medo de cobra no estado de vigília (normalmente acordado), numa experiência extra-corporal que você passa medo (um pesadelo por conta de um filme que assistiu etc.) e retorna ao corpo com aquele sentimento (medo), o cérebro físico poderá associá-lo à cobra. Depois de despertar, você poderá se “lembrar” que sonhou com cobras e outras situações assustadoras.

Temos um caso semelhante desse relatado no Livro “Os Mensageiros”, de André Luiz, Capítulo 38.

“O sonho é a realização do desejo” – dizia Freud.

Freud acreditava que era preciso decodificar os sonhos, que ele considerava como espécie de picos visíveis do inconsciente. A psicanálise seria a sonda capaz de desenterrar esses símbolos e decifrar as metáforas que eles escondem.

Freud estava certo quando falava de metáfora. Os Sonhos constroem a mesma linguagem metafórica da poesia, só que com imagens.

Podemos considerar 3 tipos de sonhos:

1-Sonhos comuns: repercussão de nossas disposições físicas (circulatórias, digestivas…) ou psicológicas (sentimentais: medo, preocupações, anseios, desejos….).

2-Sonhos reflexivos: exteriorização de impressões e imagens arquivadas na memória.

3-Sonhos espirituais: atividade real e efetiva do espírito durante o desdobramento propiciado pelo sono.

Exemplo de Sonhos Comuns (são os mais frequentes):

Quase sempre desencadeados por preocupações e desejos intensos. Se você vai ter uma entrevista de emprego ou uma prova na faculdade, em razão de sua preocupação, poderá sonhar boa parte da noite com isso que, no fundo, do ponto de vista psicológico, estará demonstrando sua insegurança.

Nesses casos, é pequeno o afastamento da sua alma do seu corpo, e envolto por aquelas cenas fluídicas criadas pela sua própria mente, julga estar vivendo algo real (indo mal na prova ou se complicando na entrevista).

Encontros com encarnados e desencarnados nos sonhos:

Durante o sono o espírito se distancia do corpo físico, mas não fica inativo. Neste momento o encontro com entes queridos é possível da mesma forma com desafetos, de acordo com o pensamento que nos liga uns aos outros por vários motivos.

Nos sonhos espirituais a alma, despreendida do corpo, exerce atividade real e efetiva no plano espiritual, facultando meios de nos encontrar com parentes, amigos, instrutores espirituais, inimigos ou desafetos, desta e de outras vidas.

Quando dormimos, o nosso espírito parte em disparada, por atração automática, para os locais de nossa predileção.

-o viciado procurará os outros viciados;

-o religioso procurará um templo;

-a alma caridosa irá ao encontro do sofrimento para assistir os necessitados;

-o interessado em aprender e estudar procurará os cursos na espiritualidade.

É muito importante nosso preparo antes de dormir, evitando programas de TV ou filmes de conteúdo negativo, por exemplo. A prece antes de dormir é um excelente recurso para que possamos ter bons sonhos porque nos liga aos bons espíritos, garantindo-nos boas companhias espiritais.

Fernando Rossit
Fonte: Kardec Rio Preto

Referências:

-Estudando a Mediunidade – Martins Peralva

-O Livro dos Espíritos – Emancipação da Alma

-Os Mensageiros – André Luiz/Chico Xavier

-O Livro dos Médiuns – Allan Kardec

-Blog Espírita Chico Xavier

19 fevereiro 2022

O corpo não ama - Nilton Moreira

 
O CORPO NÃO AMA

Vemos seguidamente debates principalmente na televisão, acerca de assuntos que relaciona-se a opção sexual. Hoje evoluímos um pouco mais e não aparecem depoimentos menosprezando tal pessoa ter postura diferente do sexo que é, até porque é crime qualquer preconceito.

Mas tem países que ainda não admitem que um homem por exemplo manifeste não se sentir-se bem com o corpo que possui e que gostaria de ter nascido mulher, ou vice versa.

Algumas religiões também são preconceituosas perante situações de descontentamento pelo corpo, e não permitem união de pessoas do mesmo sexo, sob alegação de ser pecado.

Mas desde os primórdios encontramos nos registros mais antigos o sentimento de descontentamento por ter nascido com um corpo não desejado, mas como sempre existiu o preconceito e por consequência a perseguição, os desejos ficavam ocultos.

Se conhecêssemos as decisões que tomamos antes de nascer certamente compreenderíamos muitas situações que atravessamos nesta vida. Tudo tem relação com vidas passadas, fato cometidos anteriormente.

Certos sofrimentos estão atrelados a fatos cometidos preteritamente e que por ocasião de reencarnarmos pedimos a oportunidade de resgatar, e geralmente os resgates não são situações agradáveis de serem vivenciadas.

Sempre sou enfático no sentido de dizer que somos um espírito ocupando um corpo de carne temporariamente, e que também o espírito não possui sexo. Podemos reencarnar como mulher ou como homem, mas muitas vezes vivemos várias vidas como mulheres e ao optarmos por voltar a carne em corpo masculino não nos adaptamos, e passamos ter gestos delicados e sentir atração pelo mesmo sexo.

O corpo é apenas momentâneo para uma existência específica, tanto que o deixamos aqui quando partimos.

Certamente quem combate a opção sexual de outrem, numa outra vida terá de resgatar esse sentimento homofóbico, pois nada escapa aos Olhos da Justiça Divina.

Portanto não é aconselhável que persigamos qualquer pessoa por ela desejar ter um corpo de sexo oposto, ou amar alguém do mesmo sexo, já que ignoramos as razões registradas no seu perispírito (corpo astral), pois não é o corpo material que ama e sim o espírito que somos.

Nilton Moreira
Coluna da Semana - Estrada Iluminada
Fonte:
Espirit Book


18 fevereiro 2022

Ciúmes: quando o Amor vira Patologia - Cláudio Sinoti

 
CIÚMES: QUANDO O AMOR VIRA PATOLOGIA

É preocupante observar como certas patologias do comportamento humano são tidas como algo natural. O ciúme é uma dessas doenças, porquanto ao impedir a natural e curativa expressão do amor deve ser tratada na condição de patologia.

Infelizmente, mesmo nos dias atuais, ainda são utilizadas expressões do tipo: o ciúme é o tempero do amor – quando o mais correto seria estabelecer que é o destempero –; tenho ciúmes porque cuido – quando seria mais verdadeiro dizer que se é possessivo –; dentre outras formas que encontramos para verificar a deturpação com que o ciúme é tratado.

Nossos padrões de expressão afetiva têm raízes em nossa infância, no aprendizado da expressão das nossas emoções. Quanto mais acolhedor, afetuoso, respeitoso e pautado em valores nobres for a convivência familiar, mais rica e profunda torna-se a base afetiva, pois possibilita um “repertório” mais variado de expressões saudáveis na convivência com o outro, que não passa a ser tido como uma ameaça. Mas como nem sempre essa formação inicial se dá da forma ideal, as marcas de abandono, negligência, violência ou desrespeito daquilo que presenciamos e/ou sofremos na pele, constroem barreiras na nossa capacidade afetiva, gerando baixa autoestima e, consequentemente, insegurança nas relações com o outro.

Como consequência da baixo autoestima, acionamos mecanismos de defesa em nossas relações, e não raro o ciúme se faz presente. Qualquer expressão de afetividade por parte do outro que não seja dirigida a mim passa ser vista como uma ameaça, gerando críticas expressas ou veladas. Dependendo do grau de insegurança do indivíduo, assim como dos seus valores morais, o ciúme passa a gerar agressividade nos seus vários níveis.

Por ser possessivo, o ciumento acha-se no direito de tratar o outro como sendo de sua propriedade, passando à tentativa de controlar qualquer expressão da individualidade do outro. Não raro nos deparamos com pacientes que checam o telefone do(a) companheiro(a), acessam (sem permissão) suas redes sociais, e-mail ou qualquer outra forma de expressão do outro, o que leva a desentendimentos que poderiam ser evitados tivesse a relação uma forma mais madura de lidar com as questões que trazem incômodo. E quando esses fatores não são cuidados devidamente, tornam aquilo que deveria ser belo e saudável em algo doentio para todas as partes envolvidas.

O caminho para a cura passa, inicialmente, pela aceitação de que algo está errado, para que se possa buscar a terapia conveniente. Por incrível que possa parecer essa aceitação é algo doloroso para o ciumento, que não quer reconhecer que sua possessividade é uma doença. Afinal, é sempre mais fácil achar que o culpado é o outro. Quando o primeiro passo é dado, a terapia irá investigar a formação dos padrões afetivos do paciente, para poder encontrar as raízes do seu comportamento doentio. Muitas vezes isso leva a avaliar a relação dos pais ou seus substitutos, assim como a importância que era dada para a educação de ordem emocional e afetiva dentro do lar.

Infelizmente, na maioria dos lares e escolas não há uma educação emocional afetiva, e por conta disso não aprendemos a lidar convenientemente com nossos medos, raiva, paixões e afetos, o que amplia o campo de insegurança, já que esses fatores vêm à tona constantemente.

A terapia estimula que o paciente mantenha um contato mais íntimo com suas emoções e afetos, treinando sua expressão e verificando os bloqueios que surgem durante isso. Esse exercício fortalece a autoestima, pois ao aceitar nossos pontos de insegurança, e aprender a lidar com eles, passamos a não mais ver o outro como uma ameaça. Ademais, a sombra que se consegue ver no outro com tanta intensidade é parte do comportamento do ciumento, que deve cuidar dos aspectos que deseja esconder na relação com o outro, e não simplesmente projetá-los.

A religião também possui um papel importante, ao promover uma avaliação e desenvolvimento dos valores morais. Afinal, o outro merece no mínimo nosso respeito. E mesmo nos casos em que as suspeitas sobre o comportamento negativo do outro se verifiquem, ninguém possui o direito de agredir, verbal e/ou fisicamente, sendo livre para escolher não mais manter a relação, se não se sente confortável.

Fora isso, qualquer investimento para libertar nossa amorosidade de forma madura e plena é valiosa, pois na condição de força curativa por excelência, o amor nos aproxima de Deus.


Autor: Cláudio Sinoti
Fonte:
Correio Espírita.


17 fevereiro 2022

O nunca não existe, não para nós - Adriana Machado

 
O NUNCA NÃO EXISTE, NÃO PARA NÓS

Este período em que estamos vivendo está nos mostrando o quanto isso é verdadeiro.

“Nunca” imaginamos que pararíamos por um segundo a nossa rotina diária!

“Nunca” imaginamos que ficaríamos em casa no meio da semana, nos dando tempo (ou não) para nos voltarmos para o nosso lar, para a nossa família de uma maneira tão intensa que, logo no início, alguns de nós até se incomodaram.

Mas, como tudo na vida que é mais sábia que todos nós, nos vimos “forçados” a encarar uma realidade que nos colocou no centro de nossa própria atenção: nos vimos forçados a olhar, ou pelo menos, nos deparar com os valores que abraçávamos diariamente e refletir se eles são mesmo os mais importantes.

Engraçado como, neste período, tudo está sob um novo ângulo e o que antes dizíamos que era importante perdeu um pouco do seu brilho.

Mas, apesar disso tudo, quero refletir aqui com vocês uma realidade da maioria de nós, não só a nossa.

Muitos puderam ir para os seus lares porque tiveram condições de levar o seu trabalho junto, mas a maioria não.

Muitos puderam, ao chegar na proteção de seu lar, se sentir seguros, ou pelo menos, mais seguros, mas a maioria não.

Muitos puderam, neste período, confinados, se interiorizar e descobrir que existe um alguém que estava esquecido nos recôncavos de nosso mundo interno, mas a maioria não.

Muitos dos que não puderam fazer o afastamento social, puderam enxergar como o lar é um refúgio importante para a sua família, mas a maioria não viu.

E por que a maioria não? Porque mesmo pensando:

- que estamos no momento de uma transição planetária;
- que as máscaras que sempre vestimos estão caindo para sabermos quem somos;
- que a pandemia, além de ser uma catástrofe para a humanidade, também serve para que nos freemos e nos enxerguemos mais claramente diante desta “parada” do mundo;
- que o flagrar de nossa mortalidade pode nos motivar a buscar caminhos diferenciados em nosso futuro...

... ainda assim, não deixamos de ser quem somos com todas as nossas qualidades e defeitos.

Ora, quem era desatento a um viver mais interiorizado, poderá continuar sendo!

Quem não era devoto a uma vivência ética e moral, poderá continuar sendo!

Quem vivia a vida numa rotina exteriorizada, poderá continuar sendo! E poderá manter a sua postura mesmo dentro de casa, porque nada muda no nosso templo interior se não houver uma ínfima mudança no nosso olhar e pensamentos.

Significa dizer que eles, ou nós, se não viviam para um crescer evolutivo espiritualizado, não mudarão sem desejarem e, não se surpreenderão, sem um reforço externo. Explico o que quero dizer:
 
Se diante desta nova realidade, ainda estiverem desatentos, somente esperando o retorno à rotina abandonada, essa experiência passará sem grandes modificações interiores. Assistirão muita televisão, frequentarão muito as redes sociais, jogarão ininterruptamente os aplicativos que estão à disposição de todos... e tudo isso poderá levá-los a se alienarem mais e mais.

Então, precisarão ser “acordados” e para isso é necessário, auxiliando o fluxo sábio da vida, de um alguém ou alguma coisa mais significativa “para eles” que levará essa nova verdade de superação aos que ainda não enxergam.

Estes, na maioria das vezes, são aqueles que afirmariam, com orgulho, que apesar de tudo o que estamos vivenciando nunca a humanidade se lapidará. É preciso repensar sobre essa “ilusão” que está sendo alimentada e carregada a séculos por cada um de nós, porque se não afirmamos hoje isso, por vezes ainda agimos assim, e isso nos levará a uma grande decepção.

Esta experiência está sendo única para nós, mas já aconteceu outras pandemias em outras épocas e a humanidade não buscou mudanças expressivas.

A diferença é que desta vez sei que, conforme se cumpre a evolução planetária, muitos estão mais abertos e mais voltados para uma vida mais espiritualizada, mais voltada para um algo maior dentro de si, fazendo refletir, mesmo que de forma indireta, um maior número de pessoas. Infelizmente, porém, esse processo é gradual e individualizado e ainda não abraçou a grande maioria.

Lembram quando eu disse acima que a vida precisaria de uma forcinha externa para ajudar aos que ainda estão alienados? Então! É de nós que ela precisa, seja para nos incluirmos neste número, seja para acordarmos o maior número de pessoas que pudermos.

É de nossas atitudes, pensamentos e sentimentos que a vida necessita para que nossa postura, energia, otimismo e fé conscientizem e “contaminem” aqueles que ainda não se tocaram do quanto é oportuno aproveitarmos as experiências que a vida nos oferta, dando um impulsionamento em nossa caminhada evolutiva.

O que podemos fazer então para que se aumente esse número de pessoas que podem extrair desta experiência o melhor que ela nos traz? Qual seria o nosso papel?

Acreditarmos que, ante a Sabedoria Divina, Ele sabe que podemos fazer algo novo. Acreditarmos que podemos fazer a diferença em nossa vida e na vida do outro sem muita complexidade! Pela simplicidade e verdade, sem imposição, nos tornemos os propagadores de uma nova visão dos valores do mundo, agindo com otimismo e responsabilidade. Usemos dos meios que temos para levar “ao mundo do outro” aquilo que o “nosso mundo” está cheio: de vontade de aprender e evoluir. Não falemos que “nunca” estaremos capacitados, porque mais do que “nunca”, tivemos a prova que a humanidade inteira pode realizar um algo novo se isso for extremamente relevante. E nós provamos para nós que temos condições de ver o bem além da dor.

Não estou pedindo algo que foge do nosso alcance, mas somente que sejamos mensageiros para aqueles que estão ao nosso redor de um olhar mais aberto às bênçãos que se encontram nos recôncavos do desespero.

Sejamos nós aqueles que se recusarão a achar que a nossa vida está pautada no “nunca” e, rebeldes, sejamos os que propagarão o “sempre”: sempre estaremos vivendo e experienciando circunstâncias que nos remeterão a enxergar a presença amorosa e misericordiosa do Altíssimo!

 

16 fevereiro 2022

As Consequências Espirituais do Aborto - Érika Silveira


AS CONSEQUÊNCIAS ESPIRITUAIS DO ABORTO

O que diz a medicina espírita?

As complicações clínicas advindas dos abortos provocados na esfera ginecológica são inúmeras e podem, inclusive, determinar a morte da mulher.

No campo psicológico, são comuns os processos depressivos subsequentes que acometem as mulheres que se submeteram à eliminação da gestação indesejada. A sensação de vazio interior, mesclada com um sentimento de culpa consciente e inconsciente, frequentemente, determina uma acentuada baixa de vibração na psicosfera feminina.

Paralelamente, a ação do magnetismo mental do espírito expulso passará gradativamente a exacerbar a situação depressiva materna (obsessão).

Como já estudamos, em muitos casos, aquele que reencarnaria como seu rebento estava sendo encaminhado para um processo de reconciliação afetiva. O véu do esquecimento do passado é que possibilitaria a reaproximação de ambos sob o mesmo teto. Com o aborto provocado, à medida que o espírito recobra a consciência, passa, nesses casos, a emitir vibrações que, pelo desagrado profundo, agirão de forma nociva na psicosfera materna. Em que pese o esforço protetor exercido pelos mentores amigos, em muitas circunstâncias se estabelece o vínculo simbiótico, mergulhando a mãe nos tristes escaninhos da psicopatologia.

Ao desencarnar, de volta ao plano espiritual, a mãe apresentará em diversos níveis, conforme o seu grau de responsabilidade, distonias energéticas que se farão representar por massas fluídicas escuras que comporão a estrutura de seu psicossoma (perispírito). Apesar de serem atendidas com os recursos e as técnicas terapêuticas existentes no mundo astral, a chaga energética, em muitos casos, se mantém, em função da gravidade e agravantes existentes.

As lesões na textura íntima do psicossoma a que nos referimos, muitas vezes, só podem ser eliminadas numa próxima encarnação de características expiatórias.

Expiação, longe de ter uma conotação punitiva, pois esse critério não existe na planificação superior, é um método de eliminação das desarmonias mais profundas para a periferia do novo corpo físico. A expiação sempre tem função regeneradora e construtiva e visa restaurar o equilíbrio energético perdido por posturas desequilibradas do passado.

As deficiências que surgirão no corpo físico feminino, pelo mecanismo expiatório, visa, em última análise, suprimir o mal, drená-lo para a periferia física. Segundo os textos evangélicos: “A cada um de acordo com as próprias obras”.

Os desajustes ocorrem inicialmente nas energias psicossomáticas do chacra genésico, implantando-se nos tecidos da própria alma as sementes que germinarão no seu novo corpo físico, em encarnação vindoura, como colheita de semeadura anterior.

Responsabilidade Paterna

Já nos referimos às complexas consequências para o lado materno no caso da interrupção premeditada da gestação.

Desertando do compromisso assumido, ou pressionando pela força física ou mental, o homem, a quem frequentemente a mulher se subordina para manter a sobrevivência, obriga a sua companheira a abortar. Não estamos eximindo quem quer que seja da responsabilidade, pois cada qual responde perante a lei da natureza proporcionalmente à sua participação nos atos da vida. A mãe terá sua quota de responsabilidade, ou de valorização, devidamente codificada nos computadores do seu próprio espírito.

O homem, frequentemente, obterá na existência próxima a colheita espinhosa da semeadura irresponsável. Seu chacra coronário ou cerebral, manipulador da indução ao ato delituoso, se desarmonizará gerando ondas de baixa frequência e elevado comprimento ondulatório. Circuitos energéticos anômalos se formarão nesse nível, atraindo por sintonia magnética ondas de similar amplitude e frequência, abrindo caminho à obsessão espiritual.

O chacra genésico também recebe o influxo patológico de suas atitudes, toma-se distônico e, na seguinte encarnação poderá trazer problemas no aparelho reprodutor. Objetivamente, veremos moléstias testiculares e distúrbios hormonais como reflexos do seu pretérito.

Lembramos sempre que não se pode generalizar raciocínios nem padronizar efeitos, pois cada espírito tem um miliar de responsabilidades e, a cada momento, atos de amor e de crescimento interior diluem o carma construído no passado.

Consequências Para o Abortado

O espírito, quando de nível evolutivo mais expressivo, tem reações mais moderadas e tolerantes. Muitas vezes seria ele alguém destinado a aproximar o casal, restabelecer a união ou, mesmo no futuro, servir de amparo social ou efetivo aos membros da família. Lamentará a perda de oportunidade de auxílio para aqueles que ama. Não se deixará envolver pelo ódio ou ressentimento, mesmo que o ato do aborto o tenha feito sofrer física e psiquicamente. Em muitos casos, manterá, mesmo desencarnado, tanto quanto possível, o seu trabalho de indução mental positiva sobre a mãe ou os cônjuges.

Nas situações em que o espírito se encontrava em degraus mais baixos da escada evolutiva, as reações se farão de forma mais descontrolada e, sobretudo, mais agressiva.

Espíritos destinados ao reencontro com aqueles a quem no passado foram ligados por liames desarmônicos, ao se sentirem rejeitados, devolvem na idêntica moeda o amargo fel do ressentimento.

Ao invés de se sentirem recebidos com amor, sofrem o choque emocional da indiferença ou a dor da repulsa. Ainda infantis na cronologia do desenvolvimento espiritual, passam a revidar com a perseguição aos cônjuges ou outros envolvidos na consecução do ato abortivo.

Em determinadas circunstâncias, permanecem ligados ao chacra genésico materno, induzindo consciente ou inconscientemente a profundos distúrbios ginecológicos aquela que fora destinada a ser sua mãe.

Outros, pela vampirização energética, tornam-se verdadeiros endoparasitas do organismo perispiritual, aderindo ao chacra esplênico, sugando o fluido vital materno.

A terapêutica espiritual, além da médica, reconduzirá todos os envolvidos ao equilíbrio, embora frequentemente venha a ser longa e trabalhosa.

O tempo sempre proporcionará o amadurecimento e a revisão de posturas que serão gradativamente mais harmoniosas e, sobretudo, mais construtivas.

Todos terão oportunidade de amar.

Érika Silveira
Postado em Editora Vivência

15 fevereiro 2022

Recomeço sugere ampliar reflexão – Orson Peter Carrara

 
RECOMEÇO SUGERE AMPLIAR REFLEXÃO

O momento decisivo da evolução humana pede persistência, coragem, mas também calma.

Se pensarmos no alcance no final da conhecida expressão de Jesus: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei, podemos ampliar seu entendimento e entender seu divino convite.

Afinal o “como eu vos amei”, como devemos entender?

Como é que Ele nos amou?

Em boa síntese didática-educativa, podemos entender que:

a) Ele sempre respeitou nossa posição evolutiva. Tanto que sempre valorizava quem dele sem aproximava. Às diferentes personalidades que o procuraram, da mulher adúltera ao doutor da lei, respeitou-lhes o estágio moral.

b) Nada pediu em troca pelos inúmeros benefícios que trouxe à humanidade. Isso é uma demonstração de amor. Ama e porque ama ampara, consola, conforta, orienta; Nada exigiu, aguarda nosso despertar.

c) Importou-se conosco. Esse importar-se conosco foi demonstrado na prática pelas expressivas manifestações de entendimento de nossa precária condição evolutiva, estendendo-nos seu divino amparo e orientação.

Daí a recomendação fraterna: “Amai-vos uns aos outros”. Mas apresentou também a proposta de como fazê-lo, acrescentando o “como eu vos amei”. Até porque – e hoje entendemos com mais exatidão – ele é o Modelo e Guia, referência mais alta que possuímos no planeta para seguir e nos esforçarmos como exemplo para incorporarmos ao comportamento.

Essa adoção de postura no comportamento é capaz de vencer obstáculos, extinguir contendas e dispensar mágoas, ressentimentos ou sentimentos de vingança ou mesmo temores infundados, uma vez que estamos todos protegidos por sua grandeza e bondade.

É a calma, a resignação ativa, que trabalha, compreende e encontra outros caminhos que sejam de paz para superação dos imensos desafios da atualidade.

Orson Peter Carrara


14 fevereiro 2022

Detector de Mentiras - Nilton Moreira

 
DETECTOR DE MENTIRAS

Vemos em filmes e também em noticiários que pessoas que se envolvem em crimes de certa complexidade são submetidas a detector de mentiras. Segundo a ciência é possível saber por este meio se um indivíduo está ou não falando a verdade, isto através da reação que apresenta, muito embora já houve comentários de que alguns submetidos conseguiram ludibriar o aparelho. Não sei se procede.

Tal equipamento tem por objetivo ser uma complementação para o todo de provas em peça investigativa.

Certa ocasião no plano espiritual, foi comentado por um mentor que alguns equipamentos, estátuas, pinturas de artes não são os originais que existe na Terra, e sim uma cópia inspirada do que já existia no plano espiritual. Interessante isso!

Lá, vamos nos deparar com o equipamento denominado Psicoscópio que conforme consta no livro Estudando a Mediunidade, psicografia de Chico Xavier, é um aparelho que destina-se à auscultação da alma, com poder de definir as vibrações e com capacidade para efetuar diversas observações em torno da matéria, sem necessidade de acurada concentração mental. O minúsculo objeto aqui na Terra não pesaria senão algumas gramas.

Acrescentou o benfeitor que espera esteja, mais tarde, entre os homens, e funciona à base de eletricidade e magnetismo, utilizando-se de elementos radiantes, análogos na essência aos raios gama. É constituído por óculos de estudo, com recursos disponíveis para a microfotografia. Se o espectroscópio permite ao homem perquirir a natureza dos elementos químicos, localizados a enormes distâncias, através da onda luminosa que arrojam de si, com muito mais facilidade identificaremos os valores da individualidade humana pelos raios que emite complementou o benfeitor.

A moralidade, o sentimento, a educação e o caráter são claramente perceptíveis, através de ligeira inspeção. Sabe-se, atualmente, na Terra, que um grama de rádio perde a metade do seu peso em dezesseis séculos e que um cíclotron, trabalhando com projetis atômicos acelerados a milhões de eléctrons-volt, realiza a transmutação dos elementos químicos, de imediato concluiu.

Efetivamente são conceitos técnicos que o leigo não compreende, mas podemos ter sim a certeza de que a quantidade de aparelhos que temos aqui no plano dos encarnados é uma cópia dos que existem no plano espiritual e que lá são mais sofisticados e com bem maior tecnologia. Portanto, conforme evoluirmos vamos desenvolver tecnologias de grande expressão e certamente o detector de mentiras hoje utilizado, terá um salto de qualidade, até porque os bandidos estão tecnologicamente tentando meios mais aprimorados para consumarem seus delitos.

Nilton Moreira
Coluna da Semana - Estrada Iluminada
Fonte:
Espirit Book

13 fevereiro 2022

Nada como se Amar - Adriana Machado


 
NADA COMO SE AMAR

Para quem está com problemas consigo mesmo, nada como começar a se perguntar o porquê.

Por muitos anos eu acreditei que me amava. Depois, comecei a colocar em dúvida esse amor por ter descoberto que o meu comportamento não condizia com alguém que se dizia amar. Daí, buscando respostas, descobri, ainda insatisfeita, que me amo, mas de uma forma que poderia melhorar.

Hoje, meu olhar se iluminou, pois sei que me amo, mas com a condição imperfeita de uma filha perfeita de um Pai que é todo Perfeição. Sendo assim, me vejo fazendo enormes progressos, mas engatinhando nesta trajetória. Diante disso vem a pergunta: isso me desanimará? E quanto a você?

PERFEIÇÃO DIVINA

Somos filhos de Deus e temos em nós a Sua essência, o Seu DNA. Somente por isso diria que somos perfeitos, mas somos perfeitos enquanto Suas criaturas.

Essa nossa perfeição nos dá condições de, por meio de nosso próprio esforço, chegarmos a um estado que nos elevará espiritualmente degrau a degrau, mas, para isso, precisamos querer subi-los. Estão se perguntando como?

Bem, somos seres criados perfeitos, mas que precisamos buscar a nossa perfeição íntima e, por mais que tentemos deixar para depois, ninguém consegue fugir a essa determinação divina. Esse objetivo está grafado em nosso ser.

Se é uma meta divina que não temos como dela fugir, então temos que relembrar que Deus jamais nos impulsionaria a uma expedição por paisagens desconhecidas sem nos dar o equipamento essencial para atingirmos o nosso objetivo. Portanto, indagando qual seria essa ferramenta eficaz para o nosso progresso, chegaríamos, sem sombra de dúvidas, naquilo que germina o tempo todo em nós, das mais diversas formas: a semente do amor.

AMOR X AMAR

Amor é um substantivo masculino transcrito como um sentimento, segundo os mais diversos dicionários. Amar, por sua vez, é um verbo.

Se amor é um sentimento e este é também “a ação de sentir, de perceber através dos sentidos, de ser sensível”, então não estaríamos errados em afirmar que amar e amor são duas ações que se completam, e que podem nos elevar ao mais alto grau de satisfação ou nos rebaixar ao pior estado d’alma vivenciado.

Esse antagonismo se dá porque tudo isso dependerá de como escolhermos agir com o amor que já sabemos amar.

Bem, sendo um verbo e tendo, cada um de nós, a condição de escolhermos como queremos amar, isso só significa que, para amarmos e como amarmos, só depende de nós.

Imagino que está havendo um burburinho em seu coração quando pensa que existem pessoas em sua vida que são impossíveis de serem amadas. Isso somente é uma verdade quando fazemos a vinculação do amar com a nossa satisfação pessoal.

Se o nosso desejo é amar, não podemos vincular o nosso amor a condições de exclusão estipuladas unilateralmente por nós. Devemos amar sem exigirmos do outro posturas que ele não seria capaz de sustentar, mesmo que isso não nos satisfaça… e isso deve ser aplicado, principalmente, a nós mesmos.

Como podemos amar, se a cada instante colocamos empecilhos para nos vermos alvos de nosso próprio sentimento sublimado?

AMAR TEM QUE SER UMA AÇÃO LIVRE DE COBRANÇAS

Começando a responder a pergunta que fiz sobre como nos elevaremos espiritualmente, degrau a degrau, normalmente usamos o nosso próximo para podermos enxergar o que há em nós.

Não entendeu? Quando não queremos ver em nós algo que nos incomoda, sem percebermos, acabamos o enxergando no outro e, por não nos agradar, o criticamos infindavelmente até que, por circunstâncias da vida, percebemos que o que está nele, e nos desagrada, é o que está em nós. Nos surpreendemos, nos ressentimos conosco, até que, vendo que não há como mudar tal situação sem o nosso próprio esforço, nos damos a chance de nos trabalhar intimamente, nos libertando gradativamente daquilo que estava nos trazendo desconforto e até sofrimento.

O ponto crucial é que, se acreditarmos que o nosso próximo, portador de suas “deficiências”, não merece uma segunda chance para mudar, estaremos nos condenando a um futuro de sofrimentos, porque, inconscientemente, não aceitaremos que merecemos essa chance também. Estaremos, indubitavelmente, nos julgando e condenando, sem a análise de qualquer atenuante, e sem a possibilidade de impetrar qualquer recurso que nos libertaria deste juiz maquiavélico que estamos sendo para nós mesmos.

Se depende de nós como amarmos, então precisamos acreditar que, apesar de todas as dificuldades que o outro porta, ele estará sempre dando um passo mais à frente para se depurar de suas mazelas, principalmente se ele assim desejar. Se essa é uma verdade pura e simples no processo de crescimento individual, como nos isentarmos de participar deste mesmo processo?

TODOS SOMOS CAPAZES DE NOS SUPERAR PELO AMOR REDENTOR

Mais do que nunca, precisamos desejar enxergar o quanto nos esforçamos para nos depurar, mesmo que ainda estejamos enfrentando inúmeras dificuldades íntimas para a nossa própria superação.

Sem o nosso olhar amoroso diante de nossas tentativas de progresso individual, jamais conseguiremos compreender que o que nos impulsiona ante os passos vacilantes de nossa imaturidade é a misericórdia e a justiça divinas que se pautam no amor sublime do Pai Criador.

A cada momento, vamos amadurecendo e compreendendo que nos redimiremos perante a nossa consciência através desse amor divinal que faz parte do nosso ser, e que podemos esbanjá-lo aplicando-o sem avareza em nossa existência, porque a semente que o germina é uma fonte inesgotável em cada um de nós.

Tudo isso nos leva para mais perto dos seres angelicais embrionários que somos, e que o Pai, ao nos criar, somente nos deu uma incumbência que foi a nossa transformação íntima por meio das experiências conquistadas e vivenciadas.

NADA COMO NOS AMAR

Tudo isso é o reflexo da empatia que nos leva mais próximo à compreensão de nosso irmão em dificuldade e, por consequência, de nós mesmos; é o amor colocado em ação que se expande para toda a humanidade sem qualquer distinção.

Diante de todos esses novos entendimentos, compreendemos que o que mais precisamos é nos amar, e adotando uma postura de nos ver imperfeitos, compreenderemos a imperfeição alheia e nos daremos as mãos para podermos juntos alcançar um patamar mais elevado de entendimento sobre quem desejamos nos tornar.

Disse eu acima:

“Para quem está com problemas consigo mesmo, nada como começar a se perguntar o porquê. (…)”

E continuei:

“Hoje, meu olhar se iluminou, pois sei que me amo, mas com a condição imperfeita de uma filha perfeita de um Pai que é todo Perfeição. Sendo assim, me vejo fazendo enormes progressos, mas engatinhando nesta trajetória. Diante disso vem a pergunta: isso me desanimará? E quanto a você?”

Acho que agora todos poderemos nos dar uma resposta.

Adriana Machado
Fonte:
Blog Dufaux

12 fevereiro 2022

Pensamento como ferramenta para a Paz entre os Seres - Inny Buch

 
PENSAMENTO COMO FERRAMENTA PARA A PAZ ENTRE OS SERES


L.E. 833: “Haverá no homem alguma coisa que escape a todo constrangimento e pela qual goze ele de absoluta liberdade?”
“No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe peias. Pode-se-lhe deter o vôo, porém não aniquila-lo.”

Podemos afirmar ser o pensamento a exteriorização da força mental. Esta exteriorização não se fará apenas através de palavras, mas também por todo o comportamento da criatura humana.

Já escutamos diversas vezes a expressão: “Você é o que você pensa.”

Se a ciência ainda tem uma visão limitada sobre o assunto – afirma ser o pensamento o produto do cérebro – acaba se embaraçando quando tenta explicar, por exemplo, a origem das ideias inatas, ou dos “dons” que certas crianças apresentam; a Doutrina Espírita tem a visão mais ampliada e mais aprofundada, já que afirma que tanto a mente, memória, razão e consequentemente o pensamento são atributos do Espírito. Lemos por exemplo no Livro dos Espíritos, na questão 24, “A inteligência é um atributo essencial do Espírito (…)”

O cérebro seria somente o órgão de exteriorização do pensamento da criatura encarnada. Agora entendemos também quando se pode deter o vôo do pensamento. É precisamente quando este órgão de exteriorização, o cérebro físico, está danificado.

Pianistas

Por mais que o Espírito tente, ele não será capaz de colocar totalmente inteligível o seu pensamento para outras pessoas. Tentando uma analogia diríamos que por melhor e mais famoso fosse o pianista, não conseguiria tirar de um piano desafinado, ou com falta de bemóis e sustenidos uma melodia harmônica.

As aquisições, as experiências de vidas passadas – que lhe são as bagagens de hoje – darão a forma como a pessoa pensa atualmente. É por isso que pessoas de pouca vivência, ou que não conseguiram vivenciar as lições do passado, se irritam, se magoam, reagem, brigam com mais facilidade, pois ainda lhes falta o amadurecimento. O inverso também é verdadeiro. Há aquelas que antes de reagirem a um estímulo, pensam e refletem para então agirem com mais bom senso. É o aprendizado através das eras que dá à criatura mais compreensão, mais aceitação, mais equilíbrio.

Atenção na direção

Será que você já pensou alguma vez seriamente no teor dos pensamentos? De que realmente se gosta, se deseja? De como se encara a vida, ou o que ela representa?

Vamos encontrar aqui um problema: a criatura é a autora do pensamento, mas cada vez mais parece que este pensamento vai para onde quer e, além disto, carrega a pessoa junto. Vemos que se tem pouca disciplina na hora de uma concentração. Tem-se de ter bem presente: a pessoa não é o pensamento, portanto este não deve dirigi-la; mas sim deve ser dirigido por ela. O melhor exercício para tal é a disciplina e o exercício da atenção.

Encontramos também o que é chamado de “clichê mental”, forma de pensamento, ou como diz Kardec em A Gênese, capítulo XIV, item XV, a “fotografia mental”.

Isto acontece quando a criatura pensa continuamente e firmemente em certas coisas, acontecimentos ou pessoas. Há então uma formação de imagem que se plasma e se torna uma forma de pensamento. É assim, por exemplo, que os Espíritos nos reconhecem. Não é o que dizemos (muitas vezes somos mentirosos), mas o que pensamos. Ernesto Bozzano em seu livro Pensamento e Vontade afirma ser “o pensamento e a vontade forças plásticas e organizadoras.” Isto quer dizer que se pode criar através do pensamento. Este plasma no fluido cósmico (que é a matéria) forma imagens. Será que agora conseguiremos entender o “olho gordo” ou “mau olhado”?

Também poderemos afirmar neste sentido o poder da oração. Como etimologicamente a palavra significa “estar de boca aberta” vemos que quem ora consegue fazer o silêncio interior suficiente colocando-se em sintonia com o plano espiritual para receber dele as boas influências para seu dia a dia.

O controle mental depende do esforço de cada um, da vontade e da disciplina. É uma aprendizagem. Muito bem colocado por Joanna de Ângelis: “Quando sintas que o desequilíbrio te sitia a casa mental e estás a um passo da queda, recolhe-te ao silêncio e reabastece-te de paz. Perceberás que o vigor e a coragem serão restabelecidos e a harmonia tomará conta dos teus pensamentos, palavras e ações.”