Existem doentes da alma, quanto existem enfermos do corpo.
*
Quando encontrares companheiros envolvidos na sombra do materialismo destruidor, ao invés de invectivá-los, compadece-te.
Cercados pela vida triunfante, do sol
aos vermes e do lodo às estrelas, quantos se acham aparentemente
desligados da ideia de Deus e trazem o coração em transitório
desequilíbrio.
Se te hostilizam, silencia.
Se te provocam, abençoa.
Não lhes atires fel ao vinagre em que se lhes represa a existência.
Pensa nas dificuldades e lágrimas que os fizeram assim.
Considera, sobretudo, que não são indiferentes à fé porque o desejem.
*
Surpreendemos os que foram orientados na
rebeldia, desde a primeira infância e não dispõem de facilidade
imediatas para renovarem convicções; os que se viram mentalmente
espancados por desenganos e perderam a confiança em si próprios; os que
se supunham superiores à Sabedoria Divina e quiseram subjugar os seus
irmãos, caindo em amargas experiências que os constrangeram ao
reconhecimento da própria pequenez que ainda não conseguem admitir; os
que tiveram a casa visitada pela morte e se revoltaram contra as leis da
Vida que lhes favoreceram os entes amados com a libertação, antes que
se lhes arrochassem as cadeias de sofrimento; os que estimariam poder
transformar inconsideradamente os princípios do Universo e se fazem
adversários de Deus por não lhes ser possível o controle absoluto da
Natureza e da Humanidade; e aqueles outros que se enredaram em laços de
angústia e pranto, pretendendo a fuga dos recursos expiatórios que
criaram para si mesmos, na liberação das próprias culpas.
*
Diante dos irmãos que a descrença domina, jamais acuses.
Sejam eles quem for, abençoa-os e espera.
Não são passíveis de condenação ou
censura. São enfermos da alma, portadores de estranha paranoia de que a
misericórdia de Deus os retirará.
Emmanuel
Psicografia de Francisco Cândido Xavier
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