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30 junho 2018

Oportunidade - Sérgio Rubens



OPORTUNIDADE


No grito possesso do irmão desesperado,
Com o espírito dilacerado por desventura e dor,
Ouviremos a verdade de quem a tudo tem necessitado,
A alegria sendo-lhe negada, uma vida sem amor.

Da existência imediatamente anterior,
Nada se recorda de sua falta de complacência.
Agiu como quis, praticou todo tipo de horror.
Rolou na lama até o máximo da decadência.

Às necessidades de seus irmãos, fez vistas grossas.
De tudo que dispunha, esbanjou na boemia.
Muitas vezes, por amigos, foi encontrado caído em fossas.
Mas... apresentava justificativas; para isso tinha mestria.

Seus amigos de verdade tudo tentaram por sua regeneração.
Alcoólicos Anônimos, religião, conselhos e recomendações de toda sorte.
Todavia, nada sortia efeito, nem mesmo sentida oração.
Tanto desequilíbrio, não poderia acabar diferente; sobreveio-lhe a morte.

Em meio a uma mente toda confusa,
No momento, pouco pode perceber do ocorrido.
Quem não é forte, joga com a vida, perde e abusa.
Desencarnou no meio do jogo; o último gole por ser bebido.

Do outro lado da vida, veio-lhe a brutal consciência:
Havia dado cabo da própria vida; era um suicida.
Não tinha mais nada para explicar; sua vida era sua referência.
Quando olhava para si só via chagas; uma enorme ferida.

O que havia feito de sua existência?
Por que não dera ouvidos aos amigos verdadeiros?
Como justificar tudo o que fizera ante Deus e a consciência?
Como afastar de si, tantos inimigos justiceiros?
Muitas perguntas havia a responder.
O sofrimento e as dores ainda eram fortes.
Para onde quer que olhasse, nada para se esconder.
Sua situação pensou, era pior que mil mortes.

Assim permaneceu por tempo indeterminado.
Gemendo, chorando, reclamando de dor e cansaço.
Quando adormeceu, sonhou que tudo havia acabado.
Dois Anjos, de linda figura, viram e o levaram pelo braço.

Todos, por pior que tenhamos sido, algo de bom fizemos no pretérito.
Deus, infinito em amor e justiça, possui o coração puro.
Vê qualquer fiapo de ação que possa considerar como mérito,
Para Seu filho socorrer. Não o apraz deixa-lo em apuro.

Se Deus fosse só justo em seu julgamento,
E a vida pudesse também retroceder,
Com certeza reencarnaria como um jumento,
E ao Deus da vida, todos os dias iria agradecer.

Felizmente isso não passa de desabafo de arrependido.
A vida só caminha para frente, rumo a libertação.
Deus de amor e justiça auxilia e aguarda o filho combalido.
Cada qual no seu tempo, angariará méritos à evolução.

Mas... para que nos degraus da evolução, possa voltar a subir,
Seus débitos terá que resgatar; para tanto, tornará a nascer.
Porém, muito do que tinha, não poderá mais usufruir.
Ainda carregará consigo, desejo inconsciente de morrer.

Das dificuldades de sua nova vida, terá pavor.
Dos amigos que lhe eram fiéis e verdadeiros; nenhum.
Com seu novo corpo, sofrerá doenças e constante dor.
Seus inimigos cruzarão seu caminho, um a um.

Assim terá que enfrentar sua nova existência.
Vivenciará provas e dificuldades atrozes.
Obrigar-se-á a manter-se em total abstinência,
Sob pena de partir antes do tempo, vítima de cirrose.

Dor, desespero, solidão e amargura.
Tudo em uma só vida e o desejo inconsciente de morrer.
Algo lhe diz que é preciso lutar. Que também é filho de Deus essa criatura.
Em realidade, trata-se de nova oportunidade, de viver.

Como se sairá ante tantas dificuldades?
Para que avance, seus débitos deverá quitar.
Viver já fará parte das provas dessa verdadeira faculdade.
Avançar significará provar que aprendeu, ao próximo, amar.

Deixemos de lado suas lutas inglórias;
Seus sacrifícios e momentos de desânimo.
Contemos sua atual encarnação e suas histórias,
A fim de mostrar o quanto Deus é magnânimo.


Sérgio Rubens


29 junho 2018

Nossa Memória - Domério de Oliveira



NOSSA MEMÓRIA


Podemos dizer que a memória é aquela faculdade que possuímos de reter e de recordar o passado. A recordação é um fato insofismável. Todos nós, por certo, agasalhamos as lembranças dos nossos episódios idos e vividos. Agora, perguntamos:

- Onde está situada a nossa memória? Seria naquela parte súpero-anterior do encéfalo? Acreditamos que não, pois o nosso cérebro, especificamente a glândula pineal, são órgãos físicos destinados à filtragem das irradiações do Espírito.

Dizem os estudiosos e cientistas que as moléculas, que compõem nosso corpo físico, entram em um verdadeiro turbilhão vital, apresentando renovações constantes.

Assim, também, as moléculas do nosso cérebro ingressam no processo de renovação. Ante o exposto, cai por terra a afirmativa de que o cérebro somático poderia ser a sede da memória.

Se as moléculas do cérebro se renovem, como poderia o mesmo arquivar os fatos registrados pela memória? Apoiados na Doutrina Espírita, podemos afirmar que existe em nós um princípio que não muda e cuja natureza invisível não está, como a matéria, submetida à destruição. É a nossa alma, que conserva a lembrança dos fatos.

A ALMA É A SEDE DA NOSSA MEMÓRIA. Tanto isso é verdade que os Espíritos conservam as lembranças de todos os passos que deram em suas encarnações. As teorias materialistas procuram suprimir as nossas responsabilidades, mas sabemos que elas permanecem. Não podemos passar uma esponja sobre o passado, pois a nossa memória espiritual é um verdadeiro arquivo, através do subconsciente.

Tudo aquilo que já fizemos, por certo, fica arquivado em nosso perispírito. Sentimo-nos felizes quando nos lembramos dos gestos fraternos, mas o dedo do remorso, através da memória espiritual, por certo acusa-nos dos nossos deslizes e das nossas faltas.

Léon Denis diz que: "Dadas as frustrações constantes e a renovação integral do corpo físico em alguns anos, esse fenômeno (memória), seria incompreensível sem a intervenção do perispírito, que guarda em si, gravadas na sua substância, todas as impressões de outrora.

É ele que fornece à alma a soma total dos seus estados conscientes, mesmo depois da destruição da matéria cerebral. Assim o demonstram os Espíritos nas suas comunicações, visto que conservam no Espaço até as menores recordações da sua existência terrestre". ( O problema do ser, do destino e da dor).

Nestas circunstâncias, ante o exposto, só temos que admitir que a sede da memória está na nossa alma, que se projeta à nossa massa cerebral através do nosso perispírito.

Domério de Oliveira
O Semeador, agosto/04


28 junho 2018

Pediu e Chorou – Orson Peter Carrara



PEDIIU E CHOROU


Em declaração emocionada aquele homem aproximou-se bem devagar e pediu. Estava atônito, aflito, não sabia que rumo tomar. Esperava-se, óbvio, que ele pedisse dinheiro para completar a passagem – como é tão comum – ou solicitasse algum alimento. Ou mesmo alegasse enfermidade de filho ou esposa. Nada disso!

Apenas pediu para ser ouvido. Não desejava objetos, roupas ou dinheiro, nem mesmo alimentos. Apenas desejava ser ouvido. Desejava apenas a companhia de outro ser humano para abrir o coração. E começou a falar.

Disse da solidão que sentia. Falou que sua aparência simples talvez fosse a causa da indiferença alheia. Sua barba por fazer, suas roupas e calçados surrados e mesmo por não estar empregado, por não possuir família, talvez causassem a distância com outros seres humanos. Sentou na sarjeta e chorou. Chorou não de sofrimento ou de fome, chorou de emoção porque alguém se dispôs a simplesmente ouvi-lo.

E o que falou? Disse apenas que se sentia muito só. Que não lhe faltava comida, pois muita gente lhe entregava pratos prontos, lhe levava roupas e agasalhos, lhe fornecia água e mesmo algum dinheiro, lhe pagavam lanches vez por outra, mas ninguém parava para conversar com ele…

O episódio comoveu. Ele remete à necessidade do calor humano, muito além de doações que satisfaçam a fome ou o frio do corpo. Fica distante da simples doação de dinheiro, de objetos ou roupas. Ele pede simplesmente a atenção de olhar nos olhos, de oferecer tempo, ainda que breve, para ouvir o sentimento daquele que procura.

Verdade seja dita. Ainda somos muito indiferentes uns com os outros. Optamos mais pela crítica do que pela observação atenta de sentir a necessidade real de quem está à nossa volta, de quem nos procura. Não paramos, por pressa, para olhar nos olhos ou simplesmente raciocinar sobre o que o outro está dizendo. Temos pressa de dizer ou ouvir o que nos interessa…

Na verdade, fala-se em solidariedade, em caridade. Mas solidariedade e caridade estão mais no gesto do que no fato. Caridade é sentir. De nada adianta envolver-se com muitas iniciativas e permanecer irritado, contrariado. De nada adianta fazer por obrigação. O ideal, o correto, é fazer com amor, por amor.

E este fazer com amor ou por amor, é sentir. É sentir o que se faz. Sentir-se bem em estar presente, em participar, em poder colaborar.

Aliás, por falar em colaborar, a cooperação é lei da vida. Nada se faz isoladamente. Todos precisamos uns dos outros, muito mais do que imaginamos. E isto sugere a atenção que podemos nos dispensar mutuamente.

Atenção que muitas vezes é sinônimo apenas de ouvir. Como no caso relatado, verídico e comovente.
Já imaginou o leitor alguém sentar-se e chorar apenas porque alguém se dispôs a ouvi-lo. Quanta indiferença não sofreu? Quanto desprezo experimentou?

Aí ficamos a pensar em nossa pequenez! Ainda guardamos tanta arrogância interior! Para quê? Não é melhor assumirmos nossa condição de seres humanos…?!

 Orson Peter Carrara
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27 junho 2018

Como enfrentar as “culpas” e desculpas? - Jorge Hessen



COMO ENFRENTAR AS "CULPAS" E DESCULPAS?


A percepção da “culpa” tem sido objeto de investigações e influências no amplo debate temático da Doutrina dos Espíritos e das ciências psíquicas. Sabe-se que são intermináveis e graves as consequências da conservação da “culpa” em nossa vida, podendo alcançar indescritíveis destroços emocionais, psicológicos, comportamentais e morais.

A famosa “culpa” se consubstancia numa sensação de angústia adquirida após reavaliação de um ato tido como reprovável por nós mesmos, ou seja, quando transgredimos as normas da nossa consciência moral.

Sob o ponto de vista religioso, a “culpa” advém na transgressão de algo “proibido” ou de uma norma de fé. A sanção religiosa tange para a reprimenda e condenações punitivas. A sinistra “culpa” religiosa significa um estado psicológico, existencial e subjetivo, que indica a busca de expiação de faltas ante o “sagrado” como parte da própria autoiluminação como experiência sectária. Frequentemente a religião trata a “culpa” como um sentimento imprescindível à contrição e a melhoria pessoal do infrator, pois o mesmo alcança a mudança apenas se reconhecer como “pecaminoso”o ato cometido.

Essa interpretação religiosa não se compatibiliza com as propostas espíritas, até porque a “culpa” é uma das percepções psíquicas que não se deve nutrir, por ser uma espécie de mal-estar estéril, uma inútil insatisfação íntima. Em verdade, quando nos culpamos tolhemos todo o potencial de nos manifestar com segurança perante a vida.

A “culpa” tem perigosas matrizes nas exigências de auto-perfeição que nos constrange a curvar-nos diante de alguns atos equivocados. Tal estado psicoemocional provoca em nossa consciência alguns sentimentos prejudiciais tais como o autojulgamento, a autocondenação e a autopunição. Importa libertar-nos das lamentações, dos processos psicológicos de transferência da “culpa”, da autocomiseração, das condutas autopunitivas e assumirmos com calma a responsabilidade pelos nossos próprios atos.

É verdade! O comportamento autopunitivo causa gravíssimas doenças emocionais, notadamente a depressão. Atualmente a depressão é um colossal drama humano. “Eu não mereço ser feliz”, “eu não nasci para ser amado”, “ninguém gosta de mim” etc. Aqui se manifesta um comportamento autopunitivo de complicado tratamento psicológico e espiritual. Neste caso a “culpa” está punindo e aprisionando. O culpado está acomodado na queixa e na lamentação (pela “culpa”). Mais amadurecido psicologicamente poderia avançar pelo caminho do auto perdão e capacitaria abrir mais o coração para a vida.

Nas patologias depressivas, muitas vezes há muito ódio guardado no coração. Muitas vezes oscilamos entre atos que geram a artimanha do “desculpismo” e ações que determinam a “culpa”. Dependendo de como lidamos com tais desafios, a “culpa” permanece mais forte, produzindo situações que embaraçam o estado psíquico e emocional, razão pela qual não nos podemos exigir perfeição, inobstante, devemos fazer esforços contínuos de auto-aperfeiçoamento, afastando do “desculpismo” que nada mais é do que uma porta de escape para a fuga das próprias obrigações.

Sim! É preciso que nos perdoemos. O auto perdão ilumina a consciência, predispondo-nos à reparação necessária a fim de realizarmos o bem àqueles a quem fizemos o mal; praticarmos a bondade em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-nos humildes se temos sido orgulhosos, amáveis se temos sido austeros, caridosos se temos sido egoístas, benignos se se temos sido perversos, laboriosos se temos sido ociosos, úteis se temos sido inúteis.

Pensemos o seguinte: nós erramos porque somos humanos ou somos humanos porque erramos? Na verdade, todos acertamos e erramos, não há pessoas perfeitas na Terra. Se fizermos as coisas certas nos regozijemos por isso, porém se erramos sigamos em frente e aprendamos com o erro, pois quando aprendemos com os erros eles se tornam o grande caminho da lição e do crescimento interior. Desta forma fica ilustrado que, se errar é humano, diluir os erros e ter resignação são as alavancas para impulsionar a vida, para prosseguir a marcha nas trilhas do bem, trabalhando e servindo, para reparar os fracassos da caminhada.


26 junho 2018

Boas Atitudes - Oceander Veschi




BOAS ATITUDES


* Compreenda que todos desejam ser felizes. Por mais que pareça estranho, até mesmo quem pensa diferente da gente está em busca de acertar.

* Volte-se para informações, notícias, mensagens e conteúdo que te façam bem. Intrigas, discussões baratas e divulgação de assuntos desagradáveis são verdadeiros tiranos contra nossa felicidade.

* Cerque-se de pessoas positivas. Mas nunca exclua as negativas, elas precisam de nossa compreensão para um dia decidirem se transformar.

* Tome pelo menos 15 minutos de sol por dia.

* Valorize os hábitos simples. Uma xícara de café, um abraço em quem você gosta, uma música que toca no rádio…é mais fácil encontrar felicidade em algo que podemos conseguir com mais facilidade.

* Não acredite que tudo vai piorar, ou que está piorando. Isso não é verdade.

* Valorize sua família. Mesmo que você a considere um “problema”. Muitas vezes sua família também lhe considera um “problema”, portanto, se Deus nos deu estas pessoas para convivermos, é com eles a nossa maior missão.

* Estude alguma doutrina, religião, texto de auto-ajuda. Alguma coisa lá pode fazer grande sentido pra você, e te livrar de alguns aborrecimentos desnecessários. Quem alimenta a mente, nutre a saúde do corpo físico também.

Não é difícil tentar seguir algumas destas dicas. Basta um pequeno esforço, junto da eliminação de frases como “ah, mas é muito difícil fazer isso”….

Não jogue contra a sua felicidade.

Oceander Veschi

25 junho 2018

Talismãs e Amuletos, o que Kardec diz sobre a força desses objetos? -Wellington Balbo




TALISMÃS E AMULETOS, E O QUE KARDEC DIZ SOBRE A FORÇA DESSES OBJETOS?


Kardec, em sua época era reconhecido pelos seus contemporâneos como autoridade no tocante aos temas das novas descobertas entre a relação dos mundos visível e invisível. Tanto assim que, frequentemente, buscavam-no a fim de receber sua opinião relacionada aos inúmeros fenômenos além-matéria. Foi assim quanto ao poder de objetos, talismãs e adereços. Teriam eles, poder de descortinar o passado de alguém ou prever o futuro, ou, ainda, atrair os Espíritos? Há, nesses objetos, algo que possa denominá-los, assim na forma vulgar, como objetos mágicos?

Dentre as muitas vezes que Kardec abordou o tema medalhas, símbolos e demais, um texto constante na Revista Espírita, novembro de 1858, com o título “Os talismãs – medalha cabalística” trata sobre tal assunto – vou resumi-la abaixo e, você leitor, fica convidado à consultar a Revista Espírita na Internet.

Uma senhora, médium sonâmbula, havia informado que determinada medalha tinha poderes especiais de atrair os Espíritos. Pediram a opinião de Kardec a respeito. Kardec, logo de início, já explica que os Espíritos são atraidos pelo pensamento e não pelo objeto em si.

Espíritos que se apegam a esses objetos são, ainda, inferiores mesmo que estejam agindo de forma honesta. É que conservam, mais ou menos, as manias e ideias que tinham enquanto encarnados. Portanto, nada fora do esquadro que repitam este modelo mental no mundo dos Espíritos. Por outro lado, há também os Espíritos zombeteiros, ou no linguajar atual, gaiatos, que gostam de divertirem-se à custa da ingenuidade alheia. O foco, portanto, é o pensamento e é esse que acaba por atrair os Espíritos.

Imagine que você deposita uma fé inabalável de que um copo qualquer pode atrair um bom Espírito. E todos os dias você reserva um tempo para olhar no interior deste copo a fim de atrair os bons Espíritos para um contato. Você ora com fervor e sinceridade e os Espíritos comparecem, serenam teu coração, sugerem-te bons conselhos, ajudam-te a responder as mais intrincadas questões íntimas e por ai vai. Você pode achar que o poder está no copo. Contudo, a realidade é que a força está relacionada ao teu pensamento e sentimentos para que tragam os bons Espíritos em teu benefício. O copo é apenas um amuleto e, caso seja descartado nenhuma alteração haverá se você prosseguir na busca dos bons Espíritos com sinceridade e fervor.

A ideia de Kardec é tornar o contato com os Espíritos uma coisa mais espiritual do que material. Se antes havia uma suposta “necessidade” do material para interagir com o espiritual, Kardec a retira e mostra que isto é desnecessário. O contato com os Espíritos é feito de coração para coração, de mente à mente. Não é a matéria, ou seja, o objeto que atrai os Espíritos, mas o pensamento, o coração conectado e a vontade do indivíduo.

Há, todavia, uma observação a ser feita. Os objetos podem ser magnetizados e, com isso, “adquirirem” algumas propriedades especiais, mas de forma passageira. Imagine alguém dotado de grande poder magnético, daqueles em que o olhar é penetrante e traz uma força indescritível. Este indivíduo direciona seu olhar a uma medalha, seu pensamento naquele objeto é firme e forte no intuito de magnetizá-lo. Pois bem, é possível, sim, que alguém ao tocar este objeto, agora já impregnado com o fluido a ele direcionado, sinta sensação diferente, ou mesmo entre em transe por conta da “força” que contém, momentaneamente, o material.

Perceba, todavia, que o poder não está no objeto em si, mas na força do pensamento que a ele foi direcionada.

Kardec, como trabalhava com evocação, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, evocou São Luís e pediu que este manifestasse sua opinião relacionada ao assunto.

Parece-me que o benfeitor considerou o tema já amplamente debatido e questão encerrada, pois após algumas diretrizes, bem semelhantes ao pensamento de Kardec, sugeriu que ele – Kardec – se ocupasse de coisas mais sérias.

Em todo caso, o tema em questão pode desdobrar-se e dar origem aos mais diversos questionamentos como, por exemplo, se há objetos com mais ou menos condições de absorver os fluidos magnéticos e ficarem mais ou menos tempo impregnados com estes.

Há muita coisa interessante a pesquisar. Que tal?

Wellington Balbo


24 junho 2018

Médium vendendo amuletos - Hugo Lapa




MÉDIUM VENDENDO AMULETOS


É correto um médium vender amuletos?

Não há nenhum problema nisso. Como diz o ditado popular: compra quem quer. Muitas vezes os médiuns precisam vender coisas para conseguir dinheiro a fim de manter o seu centro funcionando, que tem muitos gastos. Caso contrário, ele teria que pagar tudo de bolso dele, e isso não seria justo.

O correto seria que os atendidos ajudassem a manutenção dos centros, assim como são ajudados pelo mesmo centro. Mas infelizmente ainda somos muito egoístas e pensamos primeiro em como o centro pode nos servir e não como nós podemos servir o centro.

Vamos lembrar que muitos centros espíritas e espiritualistas realizam um trabalho para os espíritos superiores na Terra, um trabalho que vem diretamente de Deus. Ajudar na manutenção do centro é o mesmo que ajudar na obra de Deus na Terra. A maioria das pessoas não tem ideia do imenso trabalho que dá montar um centro, mante-lo e faze-lo funcionar adequadamente.

Infelizmente a maioria das pessoas ainda acredita, de forma equivocada, que caso faça uma doação a um centro, ela vai perder aquele dinheiro que foi doado. Não… nada pode ser mais falso do que esse pensamento. Quando realizamos uma doação, seja ela qual for, desde que esteja impregnada de uma intenção pura, a ação desprendida cria uma vibração que se expande ao universo… e consequentemente o universo responde a essa dádiva com benefícios de várias ordens para a pessoa que doou. Ninguém que doa perde algo. Primeiro porque não somos donos de coisa alguma nesse mundo, e por isso, estamos aqui para doar mesmo. Segundo porque toda doação cria um karma positivo que nos ajuda em nossa elevação espiritual e nos aproxima de Deus. Mas lamentavelmente, o ser humano ainda é muito materialista, muito apegado a ilusão das posses. Por isso, ele exige mais a caridade do outro do que pratica, ele mesmo, a caridade que ele demanda.

Mas o ser humano, principalmente o brasileiro, pensa primeiro em como o outro pode me ajudar… e não em como ele pode ajudar o outro. Poder auxiliar a obra de Deus na Terra é uma benção e todos deveriam doar. A caridade não se faz apenas do centro para nós, mas sim de nós para o centro. A pessoa que quer ser ajudada sem ajudar, pode estar eivada de um egoísmo que, quase sempre, é a própria causa do mal que ela deseja tratar.

Por isso, é importante que todos deixem o egoísmo de lado e auxiliem nossos centros espirituais, tanto materialmente, quanto espiritualmente.

Como disse Jesus: “O maior dentre todos é aquele que mais serve.”

Hugo Lapa

23 junho 2018

O sagrado feminino: nutrir e proteger - Maria Lúcia Garbini Gonçalves



O SAGRADO FEMININO: NUTRIR E PROTEGER


“As mulheres dentro dos Vedas e, portanto, na Índia, são vistas como a expressão da Mãe Divina, pelo seu poder inato de gerar.” (1)

“A Mãe Divina concedeu dois dons a todas as mulheres: o poder de nutrir e o poder de proteger.” Essa frase está no livro “O Caminho da Prática” (1), escrito pela monja védica Bri Maya Tiwari que, bravamente, lutou e superou um câncer de ovários. “Ela abandonou uma bem-sucedida carreira de estilista de moda em Nova York e mergulhou em meses de meditação intensiva e nutrição holística, sozinha, em uma cabana.” (1) Ela descobriu a força primordial feminina que os Vedas chamam de shakti, o poder de criar, que, quando despertada, a mulher vivencia a harmonia e a cura espiritual.

Maya diz: “O primeiro passo para invocar a sua shakti é admitir que já a possui. Reconheça-a dentro de si, em seus sentimentos e suas ações. Preste atenção à Mãe. Comece a perceber sua presença em tudo o que a cerca”. “Nós recebemos a energia shakti, transmitida pela linhagem feminina, como parte de nossa memória ancestral, pelo útero de nossa mãe”.

A ideia da missão maternal da mulher está em sintonia com O Livro dos Espíritos, no comentário pessoal de Kardec, na questão 820, vejamos:

“Deus apropriou a organização de cada ser às funções que lhe cumpre desempenhar. Tendo dado à mulher menor força física, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, em relação com a delicadeza das funções maternais e com a fraqueza dos seres confiados aos seus cuidados”.

E ainda, é informado pelos Espíritos mais evoluídos sobre a superioridade das funções femininas em relação aos homens na questão 821 (2):

“As funções a que a mulher foi destinada pela Natureza têm tanta importância quanto às conferidas ao homem:

– Sim, e até maior, é ela quem lhe dá as primeiras noções de vida.”

Como sabemos que os espíritos não têm sexo, reencarnamos no gênero que nos trará maior facilidade de aprendermos o que necessitamos, nas funções a que Deus nos coloca no mundo.

O Espiritismo é repleto de obras que falam da natureza feminina. Por exemplo, na obra Ação e Reação, pelo espírito André Luiz, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, em seu capítulo 20 (3), onde um dos irmãos amparadores das esferas mais elevadas comenta, ao ouvirem os apelos de uma mãe desencarnada que queria evitar o suicídio da filha encarnada: “É impressionante observar o número de mulheres em trabalho de oração e assistência nessas paragens…”, e outro companheiro adiciona: “Grande verdade… Raras esposas e raras mães demandam às regiões felizes sem os doces afetos que acalentam no seio… O imenso amor feminino é uma das forças mais respeitáveis na Criação Divina.” (grifo nosso)

A monja Maya, observa nessa mesma obra citada no início deste ensaio: “A energia protetora da guerreira é a parte primária do instinto maternal de todas as mulheres. Muitas histórias foram contadas sobre mulheres que executam façanhas extraordinárias de força física para salvar seus filhos do perigo. Esta força feminina encontra-se em todas as fêmeas de todas as espécies. Há alguns anos, viajando pela Índia, por exemplo, eu testemunhei uma mãe elefanta destruir a locomotiva de um trem depois que este atropelou e matou seu filhote.”

Quando nasce o filhinho, o sentimento no coração da mãe é tão sublime que nada se compara a esse momento. Digo por mim e por todas outras mães que relataram o mesmo. Mas esse sentimento já havia brotado antes. A partir do momento em que há a concepção no corpo de uma mulher, forças naturais poderosas entram em ação e têm vida própria; o novo ser forma-se, automaticamente, independente da vontade dela, pois esse ser que ali se desenvolve é um indivíduo enviado à Vida por Deus, e a mãe é o veículo de Sua vontade. Agora, a mãe está, irremediavelmente, conectada a este bebezinho que se forma e o seu instinto de nutrir e proteger, naturalmente, brotam. Quando a mulher está em harmonia com todas essas forças sutis, agindo nela, ela está em equilíbrio com o Divino, com a vida real.

Ao saber da gravidez e querendo nutrir e proteger seu bebê, mesmo diante das críticas, das dificuldades materiais, do abandono, da solidão, do preconceito, do medo de perder a sua liberdade, os Espíritos guardiões que trabalham, incessantemente, propiciarão todas as condições para que ela consiga com o seu esforço, justo e sublime, conceber a criança.

O espírito de uma mulher engrandece-se ao gerar um ser dentro de si.

Como tudo é sincronizado na mais perfeita ordem neste mundo de Deus, no momento da fecundação do óvulo, um Espírito necessitado da experiência reencarnatória para a sua evolução e a da mãe que o abriga em seu ventre é, automaticamente, vinculado ao embrião.

Os Espíritos Superiores nos informaram esse fato em O Livro dos Espíritos, na questão 344, vejamos seus esclarecimentos:

“Em que momento a alma se une ao corpo?

A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o momento da concepção, o Espírito designado para determinado corpo a ele se liga por um laço fluídico, que se vai encurtando cada vez mais, até o instante em que a criança vem à luz; o grito que então se escapa de seus lábios anuncia que a criança entrou para o número dos vivos e dos servos de Deus”.

Mas se a mãe rejeita esse ser enviado exatamente para ela, depois de cuidadosos planejamentos e esforços dos Espíritos Superiores em lhe enviarem a pessoa mais perfeita para ser o seu filho(a) e, ela a melhor mãe possível para a criança, estará agindo contra sua própria natureza e se auto infligirá muito sofrimento, pois estará contra a sua própria consciência e natureza, e contra as leis de Deus, danificando seu períspirito e adquirindo dívidas futuras.

Deus respeita o nosso livre arbítrio, mas não nos isenta das responsabilidades de nossas ações.

Que a Mãe Maria de Nazaré, quem nutriu e protegeu nosso Mestre Jesus, proteja todas as mamães e que nada, nem ninguém, desvie-as de sua missão sagrada com o novo indivíduo concebido por sua própria vontade, ou quem sabe, por descuido, não importa, já que Deus o enviou.

Maria Lúcia Garbini Gonçalves


Referências Bibliográficas:

[1] Tiwari, Bri Maya. O Caminho da Prática – A cura feminina pela alimentação, pela respiração e pelo som. Editora Rocco;

[2] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Questão 821;

[3] Xavier, Francisco Cândido. Ação e Reação. Espírito André Luiz. Capítulo 20.


22 junho 2018

Enxergar o melhor dos outros! - Francisco Rebouças



ENXERGAR O MELHOR DOS OUTROS!


“A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz.” (Jesus – Mateus – 6/22)

Jesus nos alerta para o cuidado que devemos ter quando olhar alguma atitude do nosso semelhante, porque a visão física, nem sempre é certeza do que está, realmente, acontecendo na vasta e complexa visão do Espírito imortal, que se dilata e se enriquece, constantemente, à medida que nossos sentimentos e emoções desenvolvem e aprimoram-se.

Aparências podem levar alguém a deduzir, errada e levianamente, sobre uma atitude ou ação de algum indivíduo. É necessário sublimar nossa disposição de enxergar sempre o melhor em nossos semelhantes, para isso, necessário se faz dilatarmos e aprimorarmos nossas aquisições psíquicas de clarividência nas vastas oportunidades que a vida nos oferece.

Urge guardemos a pureza de coração que Jesus nos receitou, a fim de que essa pureza, em se exteriorizando através da nossa percepção, equilibre-nos o emocional, mantendo-nos vigilantes para não nos precipitarmos em condenações precipitadas no julgamento infeliz de atitudes alheias.

Quem procura observar o “lado bom dos acontecimentos, o melhor e mais nobre das pessoas”, está conquistando preciosos tesouros da Visão. E nós seguidores da Doutrina Espírita já temos motivos suficientes para olhar de forma diferente com cuidado de ver o melhor em cada atitude de alguém, porque não sabemos se seríamos capazes de agir, diferentemente, dele na situação que ele está vivenciando.

“É muito comum que interpretemos muitos irmãos, que cercam nossos passos, como pessoas desequilibradas, estranhas, complicadas, maldosas, incapazes e outras coisas mais que o nosso entendimento momentâneo estabelece… …Acontece que, estando em processo de aprendizagem e crescimento na Terra, os Espíritos aqui renascidos são portadores de regiões sombrias e de outras bem claras, no íntimo de si mesmos o que nos permite observar contrastes diversíssimos nos seus procedimentos… …Não é difícil entender que as almas, em estágio de evolução, num mundo como a Terra, não consigam manter-se todo o tempo em fina sintonia com a Grande Alma, que é Jesus, em cuja vivência conseguimos achar o Criador”. (1)

Precisamos desenvolver as virtudes sublimes do Espírito que todos trazemos no íntimo do Ser, e conseguiremos descobrir os horizontes da nossa gloriosa imortalidade. Quando encontrarmos um irmão caído na estrada, façamos o possível para que também ele possa despertar para as alegrias da vida, mas não esqueçamos que para isso, será indispensável estender-lhe, fraternalmente, nossas mãos. Muitos olham, apreciando alguém ou alguma coisa na vida comum, entretanto, raros sabem, realmente, ver como convém.

Busquemos seguir os princípios morais do Vidente Divino que soube compreender as fragilidades humanas, com respeito, amor e perdão, convictos de que assim agindo, com absoluta certeza, começaremos, desde agora, a penetrar na intimidade sublime de nossa própria iluminação.

“A felicidade real nasce, invariável, daquela felicidade com que tornamos alguém feliz. Façamos, assim, aos outros o que desejamos nos façam eles, na convicção de que, se cuidamos da lei do bem, a lei do bem cuidará de nós”. (2)

Francisco Rebouças
Fonte: Agenda Espírita Brasil


Referências Bibliográficas:

(1) Teixeira, Raul. Espírito José Lopes Neto. Em Nome de Deus, página 135;

(2) Xavier, Francisco Cândido. Espírito Emmanuel. Justiça Divina. Capítulo 54 – Na Lei do Bem.

21 junho 2018

Os deuses e o destino - Richard Simonetti



OS DEUSES E O DESTINO


Historiadores não estão certos de que ele tenha existido. Não obstante, são atribuídos à sua lavra os dois maiores poemas épicos da antiga Grécia: A Ilíada, que exalta as proezas do herói Aquiles, na última etapa da guerra de Tróia. A Odisséia, que narra as aventuras de Ulisses, rei de Ítaca, marido de Penélope.

Trata-se, como o leitor já percebeu, de Homero, o poeta, supostamente, cego que teria vivido no século IX a.C.

Em Revista Espírita, novembro de 1860, Allan Kardec reporta-se a uma comunicação mediúnica assinada por Homero. O poeta se identificou dando informações relacionadas com sua infância em Mélès, razão pela qual era chamado Mélèsigène, fato que Kardec desconhecia e que confirmou depois. O médium era de poucas letras e não tinha nenhum conhecimento a respeito do autor da mensagem. São detalhes importantes para autenticar a manifestação. Kardec indagou se os poemas, como os conhecemos hoje, são fiéis aos originais.

– Foram trabalhados – informou Homero.

Bem de acordo com as pesquisas atuais. Supõe-se que, originariamente, os dois poemas pertenceram à tradição oral. Isso implicava em alterações frequentes, não apenas quanto à forma, mas ao próprio conteúdo, na base do velho “quem conta um conto aumenta um ponto”, até que se fixassem os textos definitivos.

Apesar desses senões, a figura de Homero ganha consistência na força daqueles poemas, que se apresentam como vigoroso panorama da cultura helênica.

Destaque-se dois aspectos fundamentais: Primeiro, a visão antropomórfica. Os deuses são situados como seres caprichosos que, inspirados em paixões e desejos, interferem frequentemente nas ações humanas. A própria guerra de Tróia, que serve de cenário para A Ilíada, teve início por causa de uma disputa entre as deusas Hera, Afrodite e Atena, a saber qual a mais bela.

O príncipe Páris foi chamado a decidir. Escolheu Afrodite, que o seduziu com a promessa de que lhe daria por recompensa a mais bela mulher do mundo. A deusa não teve nenhum constrangimento em relação a pequeno detalhe: a prometida era casada, esposa de Menelau, rei de Esparta. Com suas artes Afrodite ajudou Páris a raptar Helena. Liderando a reação dos gregos, Menelau iniciou a guerra para resgatar a rainha.

O outro aspecto diz respeito à instabilidade de suas personagens lendárias, em contraditório comportamento: De um lado, ideais de nobreza, inspirando ações heroicas e meritórias. De outro, fraquezas a se exprimirem em ódios e paixões, capazes de gerar ações torpes e más. A narrativa de Homero transcende a cultura helênica, reportando-se à própria humanidade, com suas virtudes e mazelas.

Como sempre acontece em relação à cultura grega, temos nos dois poemas épicos uma representação mitológica da realidade. O Olimpo, monte grego nas proximidades do golfo de Salonica, seria a morada dos deuses. O mundo espiritual é bem mais amplo. Projeta-se em outra dimensão, que interpenetra a nossa, colocando-nos em contato permanente com seres espirituais que, à semelhança dos deuses, nos observam, acompanham, inspiram e influenciam.

Somos, não raro, joguetes de Espíritos que, qual o faziam os habitantes do Olimpo, imiscuem-se em nossos pensamentos, ações e iniciativas, exercitando seus caprichos e explorando nossas fraquezas. Sob sua ação, de acordo com nossas tendências, revelamos indesejável ciclotimia, alternando bons e maus momentos, boas e má ações, pensamentos virtuosos e viciosos, ao sabor das circunstâncias, como as personagens mitológicas.

Mas os próprios deuses sabiam que acima de seus caprichos estava um poder supremo, que chamavam destino, a cujos desígnios não podiam furtar-se. O destino exprime a vontade de Deus, Senhor da Vida, o pai de amor e misericórdia revelado por Jesus. O Criador tem objetivos bem definidos a nosso respeito, que vamos conhecendo na medida em que amadurecemos. Nesse mister, algo já sabemos: A Terra – nossa escola. A dor – nossa mestra. As dificuldades – nossos estímulos. Os problemas – nossos desafios. O Bem – nosso caminho. O mal – nosso desvio. A perfeição – nosso destino. Assim, paulatinamente, nos habilitaremos a superar a influência dos “deuses” submetendo-nos aos abençoados desígnios de Deus.

Richard Simonetti

20 junho 2018

Deus escreve certo nas linhas tortas de nossa vida - Adriana Machado



DEUS ESCREVE CERTO NAS LINHAS TORTAS DA NOSSA VIDA


Ouvimos todos os dias esta máxima "Deus escreve certo por linhas tortas"e não paramos para analisar o que ela significa profundamente. Hoje, me deparei com um pensamento de uma amiga sobre esse refrão e pensei que, quando nos envolvemos a entendê-lo, podemos sentir a paz reinar em nosso coração.

Deus escreve sempre certo... Isso é uma verdade incontestável para cada um de nós, apesar de às vezes nos perdemos em nossos medos e inseguranças, nos remetendo a não abraçarmos essa verdade o tempo todo e plenamente. Todavia, sabemos que Ele escreve nas linhas de nossa vida e o que lá Ele coloca é Justo e Bom, mesmo que teimemos em duvidar, vez por outra.

Se, em relação a primeira parte somos mais uníssonos, qual o ponto a ser analisado nesta máxima? Entendo que é a parte das tais linhas tortas. Quem as produz? O que fazem no nosso Livro da Vida?

Se pensarmos que quem as delimitou foi Deus, estaríamos dizendo que Ele acertou em um ponto e errou em outro, o que não é o caso. Se pensarmos na Vida, estamos dizendo que ela também erra e não seria regida pelas leis divinas e perfeitas do Pai.

Então, para quem ficou a elaboração de tais linhas? Para cada um de nós. Somos nós quem as firmamos tortas ou retas, segundo as nossas escolhas e, tal fato, só nos demonstra o quanto ainda precisamos aprender e nos reconhecer como caminhantes inexperientes. Através do nosso livre arbítrio, as leis naturais e divinas incidem sobre as nossas ações e reagem a elas nos dando circunstâncias adequadas para aprendermos e nos tornarmos melhores a cada experiência.

Mas, o que nos traz a certeza de que estamos num caminho cada vez mais acertado é que as linhas agora firmadas, nas páginas de nosso livro, são muito menos tortas. Antes, éramos mais tacanhos, mais ignorantes, mais teimosos, e outras tantas características que nos levavam, no nosso primeiro momento evolutivo, a indiferença quanto ao resultado de nossas ações e, depois e com o passar das lições, a dores e sofrimentos inenarráveis face ao que nos acontecia, que somente eram amenizados diante da aplicação da lei maior do Pai que nos acalentava, e ainda acalentam, com as suas bênçãos consoladoras e misericordiosas.

Hoje, portanto, estamos cada dia mais entendendo que somos os primeiros e os únicos responsáveis pelo que nos acontece e, sendo assim, os únicos que podem modificar a trajetória, trágica ou não, de nosso caminhar.

Se está em nossas mãos todo tipo de semente que poderemos plantar, que escolhamos melhor qual tipo semearemos para que não reclamemos, no futuro, dos frutos amargos colhidos para matar a nossa fome, frutos esses que são o reflexo de nossa ignorância.

“Deus escreve certo por linhas tortas”... porque, através de nosso livre arbítrio, foram elas que escolhemos traçar para que o Ser mais perfeito que existe pudesse agir sobre nós.

Chegará um dia no qual, com o nosso crescimento, nossas linhas não serão mais tortas, nós estaremos mais sábios e, por consequência, mais perto de entendermos a nós mesmos, compreendendo, sem temor, a Escrita Divina em nosso livro da vida!

19 junho 2018

A legenda do “povo ungido na terra da promissão” robustece a permanência de “núcleos” de domínio do movimento espírita brasileiro - Jorge Hessen



A LEGENDA DO "POVO UNGIDO NA TERRA DA PROMISSÃO" ROBUSTECE A PERMANÊNCIA DE "NÚCLEOS" DE DOMÍNIO DO MOVIMENTO ESPÍRITA BRASILEIRO


Trafega há alguns anos nas redes sociais um vídeo cuja temática versa sobre a confusa “missão” do Brasil como “Coração do mundo e pátria do Evangelho”. Assistimos o jornalista André Trigueiro fazendo citações, mencionando uma pesquisa que aponta para tão-somente 11% dos brasileiros que se declaram voluntários na área da filantropia.

Trigueiro alega que o Brasil é o país com maior número absoluto de homicídios. Na hipotética “pátria do Evangelho” outra questão gravíssima é o problema do aborto. Segundo estimativa da Organização Pan-Americana da Saúde ocorrem no Brasil mais de 1 (um) milhão de abortos por ano. No Brasil são roubados mais de 400 mil veículos, o que dá uma média de 1 (um) veículo a cada minuto.

O jornalista destaca ainda que ocorre no Brasil o maior escândalo de corrupção da história humana, revelado a partir da “operação lava-jato”. Considerando os gigantescos valores financeiros desviados, é um episódio sem precedentes na história da humanidade. [1] Diante dessas informações instigantes, Trigueiro levanta a questão se realmente o Brasil é a “Pátria do Evangelho coração do mundo”.

Um dos oradores, “movido” por entusiasmo aguçado ousou aventurar determinadas e excêntricas anotações, visando explicar a “missão” do Brasil. O palestrante expôs que os espíritas brasileiros imaginam que o Brasil poderá ser um modelo político, econômico e social, e que desfilará como uma grande “rainha” (sic…) diante de um mundo se ajoelhando diante dela. Falou sobre Jesus tentando convocar seus transcendentes colaboradores para improvisarem um inventário do cristianismo na Terra. Descreveu a transfiguração do semblante de Jesus humilhado. Citou o Cristo modificando estratégias, procurando na Terra um ambiente geográfico especialmente “magnetizado”. E nos seus estranhos arroubos o orador se superou ao descrever o Brasil como “o coração do mundo”, porque aqui se encontra a maior concentração de magnetismo do planeta (?!). Afirmou também que só reencarnariam no Brasil as turbas de espíritos infelizes que se encontravam nas regiões mais tenebrosas do umbral, ou seja, os espíritos que faliram nesses últimos milênios, quais sejam os soldados das cruzadas, os inquisidores, os políticos corruptos de todos os tempos, os generais homicidas da história, os religiosos que se desvirtuaram.

A “cereja do bolo” adveio com a citação da máxima do Cristo aos seus colaboradores de então: “eu não vim para os sãos, mas para os doentes”. Deste modo, o Brasil nada mais é do que um nosocômio, e não uma galeria de arte e nem vitrine de ídolos e “santos” (imagine se fosse, hein…?). Conclui então o aplaudidíssimo palestrante que no Brasil está reunido o que há de pior no caráter dos humanos, por isso é um grande hospital do Cristo para a regeneração dos réprobos da humanidade.

Todos sabemos: nenhuma nação é e nem pode ser espiritualmente mais importante do que as outras na Terra. Além disso, o brasileiro se encontra espiritual e eticamente muito aquém a inúmeras nações mais afáveis e dignas, especialmente no quesito probidade.

Como “hospital” torna mais evidente que o Brasil não detém nenhuma missão espiritual peculiar diante do mundo. Até mesmo porque nossa pátria é um dos países menos filantrópicos, sopesando a doações financeiras e dedicação caritativa voluntária do serviço ao semelhante. Considerando ainda todas as aberrações políticas e sociais, o que sobraria nesse contexto para o suposto “hospital” ou “povo escolhido”? Seria o trabalho dos espíritas leigos teleguiados pela “Cúria candanga”? Obviamente que não, pois conhecemos como se encontra a confusa prática doutrinária no Brasil.

Por conseguinte, se compararmos com o mundo não necessitamos fazer um esforço exagerado para observar os exemplos de civilidade, respeito às leis e progresso que nos têm dado outras nações. Quem mantém e difunde sofregamente a ilusão de “Brasil coração do Mundo…” é a instituição centralizadora do M.E.B. a fim de manter o poderio que tem domado com o seu universo místico e historicamente roustanguista, a massa de manobra (espíritas neófitos) conduzida sob o tacão de uma ideologia primária e dominante, anulando a possibilidade de um trajeto histórico e protagonista do espírita mais leal a Kardec.

Creio ser urgentemente necessário que os líderes e presidentes das federações estaduais (bispos de dioceses?!) consigam se alforriar da “lavagem cerebral” ameaçadora que a “Cúria candanga” lhes inflige sob o tacão do fadigoso jargão “quem não está com a “Cúria da L2 Norte de Brasília” é desagregador e está com a treva”.

Os decênios passam, e a Cúria candanga arrasta multidões enceguecidas com ela. É hora de repensarmos esse nativismo bairrista que assemelha-se à ilha da fantasia kardeciana tupiniquim. A verdadeira pátria do Evangelho é e deve ser o coração de cada cidadão que se pautar nos preceitos da honestidade, da liberdade e da bondade, ainda que por qualquer circunstância esteja habitando países longínquos.

Como espírita brasileiro, confesso que sou um entusiasta do Brasil e da potencialidade daqueles bons cidadãos brasileiros, bem como de suas virtudes e cultura. Todavia enfatizo que essa visão de que somos ou seríamos uma espécie de “povo ungido” na “terra da promissão” é extremamente alucinante e só reforça a conservação de núcleos de poder (que se revezam entre si) no movimento espírita brasileiro.

Jorge Hessen


Referência:

[1] Debate realizado durante o 4º Congresso Espírita do Estado do Rio de Janeiro, em outubro de 2015

18 junho 2018

A Fogueira da Inquisição e as Bruxas



A FOGUEIRA DA INQUISIÇÃO E AS BRUXAS


Arrastadas de suas casas sem saber ao certo do que estavam sendo acusadas, as “bruxas” eram despidas e submetidas a um criterioso exame em busca das marcas de Satanás. Sardas, verrugas, um mamilo grande, olhos dessemelhantes ou azuis pálidos eram considerados sinais seguros de que a mulher, principal vítima da perseguição, travara contato com as forças do mal. Informada sobre as suspeitas que pesavam sobre ela, a mulher que resistisse às lágrimas ou murmurasse olhando para baixo, seguramente era uma seguidora dos espíritos malignos. Escaldadas em água com cal, suspensas pelos polegares com pesos nos tornozelos, sentadas com os pés sobre brasas ou resistindo ao peso das pedras colocadas sobre suas pernas, as rés não tardavam a gritar aos seus inquisidores que -“sim, era verdade”, que elas sacrificavam animais e criancinhas, evocavam demônios nas noites de lua cheia, e usavam ervas e feitiços para matar e trazer infelicidade aos inimigos.

Instaurada para identificar e punir os hereges e sua doutrina de oposição entre o bem do espírito e o mal do corpo, a inquisição foi oficializada em 1233, no papado de Gregório IX. Do momento em que a Igreja declarou que as antigas religiões pagãs eram uma ameaça hostil ao cristianismo, em 1320, até a última execução judicial, realizada em território polonês no final do século XVIII, milhares de pessoas, 80% mulheres, foram acusadas, investigadas e punidas com base em denúncias da vizinhança.

“A acusação de feitiçaria foi usada em muitas épocas, em muitas sociedades como uma forma de perseguição a inimigos”, reconhece o antropólogo Luiz Mott -, que podia lançar sobre qualquer pessoa de hábitos incomuns: moças muito bonitas e solteiras, anciãs que dividiam o lar apenas com animais, ou mães de filhos deficientes, por exemplo; a culpa pela doença do filho, a falta de leite da vaca, ou a ausência de desejo do marido, também eram motivos “claros”. As chances de escapar sem sofrer qualquer punição eram praticamente nulas, não estavam livres nem os que se negavam terminantemente a acreditar na existência da bruxaria.”

O Tribunal Da Inquisição

Para não ficar “completamente injusto com as bruxas e os bruxos”, os inquisidores criaram um tribunal, o Tribunal da Inquisição, para julgar as bruxas, além de realizar alguns testes como vimos acima (eram despidas e submetidas a um criterioso exame).

Nem sempre as Bruxas eram médiuns naturais, como se acredita. Bastava uma pessoa querer prejudicar a outra, fazia a denúncia e a morte era certa. Algumas, sim, eram médiuns naturais ostensivos – e como tais, as faculdades eclodiam naturalmente, sem controle do possuidor. Quando isso ocorria, a pessoa era presa e condenada, pois não podemos denominar o que se fazia de “julgamento”. Quer dizer, o médium era condenado à morte.

Claro que neste tribunal era quase impossível que as bruxas fossem inocentadas, pois não existia advogado, nem júri, por isso a bruxa era torturada e encaminhada à fogueira, no entanto se a bruxa pedisse perdão “pelo que fez” e beijasse a Cruz, eles a enforcavam e depois a queimavam mesmo assim.

Mas não eram somente as Bruxas que eram vítimas do tribunal. O Tribunal da Inquisição foi criado pela Igreja Católica Apostólica Romana, no período medieval, com o propósito de investigar, apurar, julgar e condenar os culpados por crimes de blasfêmia, heresia e outras práticas como a Bruxaria.

Se fosse qualquer estudioso, cientista ou inventor eles queimavam apenas os seus olhos para que não pudessem mais ler nem escrever.

O Tribunal era composto por eclesiásticos. Os suspeitos eram encarcerados (eram denunciados por um vizinho, um amigo ou um ambicioso qualquer), tinham seus bens confiscados e divididos entre a Igreja, o Estado e o denunciante e submetidos a um longo processo do qual costumeiramente constavam sessões de abdomináveis torturas e suplícios durante as quais deviam confessar suas culpas (que eles nunca sabiam qual era).

As principais torturas eram:

1) empalamento: é um método de tortura e execução que consistia na inserção de uma estaca pelo ânus, vagina, ou umbigo até a morte do torturado. A vítima, atravessada pela estaca, era deixada para morrer sentido dores terríveis, agravadas pela sensação de sede.

2) roda: tipicamente, a roda era nada mais do que uma grande roda de carroça com diversos raios. O condenado era amarrado a ela e seus membros, expostos entre os raios, eram quebrados com massas e martelos. O corpo despedaçado do condenado podia ficar exposto para o público.

3) polé: antigo instrumento de tortura no qual se pendurava o punido pelas mãos com uma corda e se prendia pesos de ferro nos pés, deixando-o cair com violência.


Julgados culpados eram entregues ao Estado (governo) para que lhe fosse aplicada a sentença (quase sempre a morte, muitas vezes queimados vivos). A Inquisição, nos seus últimos séculos, perseguiu e matou milhares de judeus, protestantes, “heréticos” e homens das artes e das ciências que ousaram contrariar os ditames da Igreja e das autoridades eclesiásticas. Com frequência a Inquisição foi usada por reis para justificar a prisão e execução de seus inimigos políticos, acusados de heresia.


Fernando Rossit