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26 julho 2015

O Cérebro e o Véu - Jane Maiolo

 
O CÉREBRO E O VÉU


Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.[1]

O nobre codificador da Doutrina , Allan Kardec, lançava no ano 1857, a primeira edição de O Livro dos Espíritos, contendo em sua primeira edição apenas com 501 questões. Uma das obras mais fantástica de Filosofia Espiritualista, o Livro dos Espíritos enfatiza a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade, segundo o ensinamento dos Espíritos superiores, através de diversos médiuns, colaboradores e pesquisadores.

Ante o convite à renovação dos valores imortais do espírito nos deparamos face a face com uma obra que traz na sua intimidade um clarão luminoso indicando roteiros e diretrizes seguras para espiritualização do Ser.

A inteligência humana conquistou novos espaços que nos leva ao despertar da nossa Consciência Cósmica.

A cultura avança incólume frente a novos paradigmas para o comportamento do homem moderno.

A Ciência desvenda a cada segundo uma particularidade do Universo deixando perplexos os seus pesquisadores.

A linha divisória entre o finito e o infinito torna-se uma realidade inconteste.

A Física Quântica, ciência surgida nos meandros do século XX , como tentativa de explicar a natureza naquilo que ela tem de menor: os constituintes básicos da matéria e tudo que possa ter uma dimensão igual ou menor ,é capaz de desmaterializar a matéria e comprovar que há matéria tão quintecenssiada que nossa limitada e acanhada visão não é capaz de registrar, comprovando que somos muito mais que corpos.

O evangelista Mateus registra em suas anotações: “Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas” [2].Abertas as cortinas do desconhecido, chegando as informações entre o céu e a terra, achamo-nos em um momento precioso para rever o nosso modus vivendi.

Afirma-nos o nobre benfeitor espiritual André Luiz ,que escrevia pela psicografia de Francisco Cândido Xavier,na obra Libertação no capítulo primeiro que : “ sabemos hoje que o espírito humano lida com a razão há, precisamente, quarenta mil anos... Todavia, com o mesmo furioso ímpeto com que o homem de Neandertal aniquilava o companheiro, a golpes de sílex, o homem da atualidade, classificada de gloriosa era das grandes potências, extermina o próprio irmão a tiros de fuzil.”[3]

A evolução do pensamento humano é um dos mais notáveis acontecimentos do orbe, basta analisarmos a maneira amorosa e cuidadosa que Deus permitiu que fôssemos nos desenvolvendo.

Anota a ciência terrestre que o cérebro humano, evoluiu ao longo de milhões de anos. Alguns estudiosos teorizam que estes três cérebros operam como três computadores biológicos interconectados, cada um com sua inteligência especial, sua própria subjetividade, seu próprio senso de tempo e lugar e sua própria memória. Seriam eles o cérebro reptiliano, o cérebro intermediário (onde surge o sistema límbico) e o cérebro racional.

O cérebro reptiliano é a parte mais antiga do cérebro. É responsável pelo comportamento instintivo, ou seja, pelas funções sensório-motoras, pelo controle dos reflexos e das funções automáticas e outras.

O cérebro límbico ou cérebro emocional-cognitivo, é responsável pelas emoções e pela memória, trazendo à cena o relacionamento com outros seres.

O cérebro racional é fundamental como precursor da fala e do pensamento, capaz de produzir uma linguagem simbólica. É onde acontece o processamento da informação, desempenhando um papel fundamental na memória, na atenção, na percepção consciente, no pensamento, na linguagem e na consciência. Esta máquina perfeita de evolução nos proporciona as emoções e a memória e habilidades evolutivas avançadas, como o intelecto, a imaginação e a criatividade.

Além dos três cérebros já mencionados, detectou-se um quarto e último cérebro adicionado pela evolução: a área cortical pré-frontal, o maior dos lobos cerebrais e que nos eleva acima dos outros animais. Uma formação recente na evolução das espécies, considerado a sede da personalidade e da vida intelectiva, modula a energia límbica e possibilita criar comportamentos adaptativos, ao tomar consciência das emoções. Ele é produto e, ao mesmo tempo, produz o amor e o altruísmo, ou seja, o amor por si e pelos demais seres. [4]

Se assim é, podemos dizer em termos do processo evolucionário: o universo evoluiu, em bilhões de anos, até produzir no cérebro, o instrumento que capacita o ser humano perceber a presença de Deus que sempre esta aqui embora não percebível conscientemente.

Os cientistas descobriram que temos um "ponto de Deus" no cérebro, uma área nos lobos temporais que nos faz buscar um significado e valores para nossas vidas. A existência deste "ponto Deus" representa uma vantagem evolutiva de nossa espécie homo, freando em nós instintos destrutivos e transformando nossas ações para o bem , fugindo do que é contrário a Lei de amor ,ainda que soframos para cessar esses comportamentos como nos ensina O Convertido de Damasco em sua epístola aos Romanos :Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.

Realizar o bem hoje é o que há de mais racional que nossa espécie pode fazer, expressando nossas matrizes divinas e agindo como verdadeiros filhos de Deus.

Conforme nos anota o mestre lionês , na questão 642 de O Livro dos Espíritos “para agradar a Deus e assegurar nossa posição na vida futura não basta não fazer o mal, é preciso fazer o bem no limite de nossas forças,porquanto responderemos por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem.[5]

Não há mais nenhum véu que nos impede de ver a realidade da vida , como ela é, cheia de possibilidades e de majestosas oportunidades.



Referências bibliográficas:

[1] Romanos 7:19;
[2] Mateus 27. 50-51;
[3] XAVIER, Francisco Cândido. Libertação, ditado pelo André Luiz , cap. 01, 15ª edição, Brasília /DF- Ed FEB, 1949;
[5] KARDEC, Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed FEB , 2007. Questão 642.

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