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06 julho 2015

Tragédias - Richard Simonetti


TRAGÉDIAS

Multidões regressam à Espiritualidade, diariamente, envolvidas em circunstâncias trágicas: incêndios, desmoronamentos, terremotos, afogamentos, acidentes aéreos e automobilísticos...

"Por quê?" – questionam, angustiados os familiares. A Doutrina Espírita demonstra que tais ocorrências estão associadas a experiências evolutivas. Não raro representam o resgate de dívidas cármicas contraídas com o exercício da violência no pretérito.

Todos "balançamos" quando nos vemos às voltas com mortes assim envolvendo nossos afetos. Muitos, desarvorados, mergulham em crises de desespero e revolta, reação compreensível ante o impacto inesperado. Somente o tempo, a fluir incessante, no desdobramento dos dias, amenizará suas mágoas, sugerindo um retorno à normalidade. A vida continua...

Considere‐se, entretanto, que o desencarnado não pode esperar. Personagem central da tragédia, situa‐se perplexo e confuso.

Embora amparado por benfeitores espirituais, enfrenta previsíveis dificuldades de adaptação, sentindo repercutir nele próprio as emoções dos familiares. Se estes cultivam reminiscências infelizes, detendo‐se nos dolorosos pormenores do funesto acontecimento, fatalmente o levam a revivê‐lo com perturbadora insistência. Imaginemos alguém vitimado num incêndio a reviver o inferno de chamas sob indução do pensamento inquieto e atormentado dos que não se conformam...

Nas manifestações desses Espíritos há uma tônica comum: o apelo para que os familiares retornem à normalidade e retomem suas atividades, desenvolvendo novos interesses, particularmente os relacionados com a prática do Bem, bálsamo divino para as dores da separação.

No livro "VIDA NO ALÉM", psicografia de Francisco Cândido Xavier, o Espírito do jovem Willian José Guagliardi, desencarnado juntamente com outros cinquenta e oito, num acidente com ônibus escolar que se precipitou num rio, em São José do Rio Preto, dirige‐se à sua mãe, confortando‐a. Dentre outras considerações, diz:

"Estou presente, rogando à senhora que me ajude com sua paciência. Tenho sofrido mais com as lágrimas da senhora do que mesmo com a libertação do corpo... Isso, Mamãe, porque a sua dor me prende à recordação de tudo o que sucedeu e quando a senhora começa a perguntar como teria sido o desastre, no silêncio do seu desespero, sinto‐me de novo na asfixia".

Evidente que não vamos cultivar fleumática tranquilidade, considerando natural que alguém muito amado parta tragicamente. Por mais ampla seja nossa compreensão, sofreremos muito. Talvez não exista angústia maior. Imperioso, contudo, que mantenhamos a serenidade, cultivando confiança em Deus, não por nós apenas, mas, sobretudo em benefício daquele que partiu. Mais do que nunca ele precisa de nossa ajuda.

Autor: Richard Simonetti
Livro: Quem tem medo da morte

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