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29 março 2016

Desconstrução de si mesmos - Jane Maiolo


DESCONSTRUÇÃO DE SI MESMOS


Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. [1]

A reencarnação é um dos princípios básicos da Doutrina Espírita. Corresponde à idéia que formamos da aplicação das leis divinas para com os espíritos imperfeitos. Desta forma, a pluralidade das existências elucida cabalmente o destino dos seres de acordo com os ditames da lei de evolução e oferece os meios imprescindíveis para reparação dos desacertos através de várias experiências. Portanto, as múltiplas existências permite voltar a nascer noutro corpo físico para retificação das lições equivocadas de vidas passadas e experimentação de novas etapas provacionais.

Nosso atual estágio espiritual é resultado de longa trajetória evolutiva realizada ao longo dos milênios incontáveis. Nessa andança, construímos na base dos sentimentos os altares egóicos que obliteraram nossa visão e entendimento sobre o Criador, impedindo-nos “vê-LO” como Pai justo, amoroso e bom, deslembrados que Ele sempre estabeleceu o melhor para suas criaturas.

Edificando anseios perturbadores e viciados negligenciamos a demolição dos sentimentos malsãos e cristalizados ao longo da extensa caminhada. São emoções que nos escravizam, nos aflingem, nos trazem dor.

Desconstruir o egoísmo é a empreitada mais urgente e real que necessitamos empreender para o êxito da reencarnação. Mas o que é real?

Real é o conhecimento do plano de Deus em relação a nós. Tudo mais é irreal.

O Espiritismo nos oferece as ferramentas necessárias para que nosso planejamento espiritual possa ser cumprido. Na explicação dada à questão 909 de O Livro dos Espíritos identificamos que é chegado bem aquele momento de sinalizarmos nosso status: “Desculpe o transtorno, estamos em obra.” [2]

O desejo pela renovação é sempre salutar ainda mais quando notamos que os edifícios éticos da sociedade estão desabando, que as suntuosidades dos templos religiosos denotam ruinas morais, que as estruturas familiares estão abaladas nos seus alicerces mais essenciais. Estamos sob o impacto das fraquezas emocionais vulneráveis em face do futuro obscuro.

Talvez todos estejamos testando o nível da própria resiliência , isto é, estamos arrostando os desafios íntimos , a fim de vencermos obstáculos para não ceder à pressão, em qualquer situação, não obstante e paradoxalmente apresentamos sinais inequívocos de fragilidades emocionais e sacrifícios psíquicos.

O mal , que é o ilusório ,ainda não recuou das nossas atitudes e sentimentos porém “faz-se mister que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas.” [3]

A renovação social bate as portas da humanidade e já diagnosticamos as causas reais de tanto sofrimento e desamor que não tem outra fonte senão o egoísmo e o orgulho. Entretanto diagnosticar a doença é fundamental, mas iniciar o processo de profilaxia é essencial para que a cura se estabeleça , para que o organismo vivo se torne sadio e pleno.

Todavia encontramos um ser humano frágil e temoroso frente as mudanças e há de se questionar: Por que tanta culpa? Por que tantas justificativas ingênuas?

Por que estais temerosos?[4] É o Cristo a questionar os discípulos em meio a tempestade. Acrescentando : “Há tanto tempo estou convosco, e tu não me tens conhecido?”[5]

Jesus , o Cristo de Deus é o modelo daquele que não desiste e nunca desistirá de nossa transformação para o bem.

Lembremos que em tempos de transição não significa que o mal aumentou, mas sim que estamos mais sensíveis ao sofrimento do outro, por isso nos incomodamos tanto com as injustiças, guerras, crimes contra a humanidade, e com o descaso com o ser humano. Refazer caminhos, sem atalhos, é lançar a mão á charrua e não olhar para trás. Seguir confiando que Ele está no leme da embarcação chamada Vida.

Não façamos o mal. É tempo de renovação, é hora de construir em nós mesmo a plataforma moral para edificarmos as lutas pela vitória final do Bem.

Por que te deténs?Aproveitemos o benefício da reencarnação e façamos o bem que queremos. Isso é o real!



Referências bibliográficas:

[1] Romanos 7:15
[2] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão nº909, Rio de Janeiro: Ed. FEB-2007,
[3]. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão nº 784, Rio de Janeiro: Ed. FEB-2007,
[4] Evangelho de Marcos 4:4
[5] Evangelho de João 14:9

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