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21 março 2016

Apocalipse (Pinga-fogo) - Richard Simonetti

 
APOCALIPSE

1 – Que significa o termo apocalipse?

Vem do grego apokálypsis. Significa revelação. Há vários apocalipses no Velho Testamento. O mais conhecido é o último livro do Novo Testamento, atribuído a João Evangelista. Trata de acontecimentos relacionados com o final dos tempos, com revelações que o apóstolo teria obtido por meio de visões. 

2 – Estudiosos dizem que há ali a revelação de grandes hecatombes e guerras que dizimarão a Humanidade neste milênio. O Mundo vai acabar?

Certamente, sim, mas vai demorar um pouco… perto de seis bilhões de anos, quando o Sol agonizar. Em seus estertores crescerá desmesuradamente, engolindo os planetas de nosso sistema. Até lá Deus arranjará outro lugar para morarmos.

3 – João fala de um final dos tempos marcados por fogo. Não seria uma referência a uma hecatombe nuclear?

As previsões de João são muito nebulosas, simbólicas, ao gosto de cada intérprete, de tal maneira que podemos situá-las em variadas épocas da História. Alguns exegetas, talvez mais acertadamente, concebem que João reportava-se a eventos de seu tempo, quando os romanos, sob o comando do general Tito, incendiaram Jerusalém, não deixando pedra sobre pedra, promovendo a dispersão dos judeus, a chamada diáspora.

4 – Como podemos encarar o assunto, à luz do Espiritismo?

A Doutrina é bem clara ao nos alertar quanto à separação do joio e do trigo, os bodes das ovelhas, a que se referia Jesus, com a promoção de nosso planeta, na sociedade dos mundos. Deixaremos a condição de planeta de provas e expiações, onde o egoísmo predominante gera os males humanos, para planeta de regeneração, em que consciências despertas para os objetivos da existência elegerão os serviços do Bem por norma de conduta.

5 – Pela conturbação atual, com o clima de violência que se instala na sociedade humana, podemos dizer que é chegado o momento dessa separação, a fim de que os justos não sejam esmagados pelos injustos?

Considerando a afirmativa de Jesus, no Sermão da Montanha, Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra, seria complicado operar essa separação agora. Certamente nosso planeta ficaria semi-deserto, porquanto raros venceram a agressividade inerente ao comportamento humano.

6 – E como fica a previsão que os Espíritos Superiores fazem com relação à civilização cristianizada que deverá estabelecer-se na Terra neste milênio?

Como dizia Chico Xavier, um milênio tem mil anos. Temos muito tempo pela frente, até que ocorra essa realização grandiosa, com a adesão humana aos princípios do Evangelho. Deus não tem pressa.

7 – Com o desenvolvimento dos recursos tecnológicos, no terreno bélico, não demorará muito tempo e estaremos mergulhados num conflito atômico, de conseqüências devastadoras. Não estaria aí o apocalipse, promovendo a morte de considerável parcela da Humanidade, para que ocorra o grande expurgo?

Há uma tendência de imaginar que o Reino de Deus será precedido por hecatombes naturais ou provocadas pelo homem, dizimando grande parcela da Humanidade. Não há necessidade de nada disso. 

Quando chegar a hora, quando os poderes que nos governam considerarem que há suficiente número de habitantes que conquistaram a mansuetude, o expurgo será feito naturalmente, atendendo aos ditames da Natureza. Ela nos transfere, inelutavelmente, para o mundo espiritual, a cada experiência reencarnatória, dentro de limites que normalmente não ultrapassam os cem anos. Isso significa que em um século será completado o expurgo, quando chegar a hora, sem violência.

8 – O que pode ser feito para tornar mais rápido o processo de transformação da Humanidade, com a edificação de uma sociedade melhor, um mundo de mansuetude?

Combater o materialismo, não apenas a convicção materialista, exercitada por uma minoria, mas a pior forma, que é o comportamento materialista, exercitado por multidões que dizem acreditar em Deus e na sobrevivência da alma, mas de forma superficial, que não se reflete em seu comportamento. Enquanto as pessoas não tiverem convicção de que a vida continua e de que colheremos, inexoravelmente, as conseqüências de nossas ações, após a morte, o mundo continuará agitado como o vemos. Nesse aspecto, a Doutrina Espírita é a grande benção, descerrando a cortina que separa o plano físico do espiritual, conscientizando-nos de nossas responsabilidades, ante a certeza da vida que não acaba nunca e onde nunca está ausente a justiça de Deus.

  

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