A boa técnica pedagógica de ensino
aconselha que na execução de uma atividade, sobre quaisquer
procedimentos humanos, o conhecimento da filosofia, da doutrina e da
teoria a respeito, é imprescindível.
Essas condicionantes têm fundamento na
prática da caridade, à luz dos ensinamentos do Cristo, que aconselha
como ato caritativo ao máximo: “ fazer o bem sem ver a quem”. Será que
nos dias atuais, frente à tantas iniqüidades sociais, esse postulado
pedagógico caritativo pode e deve ser utilizado imperativamente?
O caso a seguir, deixa margem para discussão, reflexão e decisão pessoal.
Em alguns cruzamentos, notadamente nos
semáforos das grandes e médias cidades, quando se “fecha o sinal”,
verdadeiro batalhão de crianças aproxima-se dos condutores e passageiros
pedindo dinheiro, correndo o risco de sofrerem danos físicos porque
morais já estão sofrendo.
Quando uma delas recebe qualquer
importância, há invariavelmente um adulto à sua espera para receber e
dar destino ao quantitativo. Umas arriscam suas integridades físicas, em
muitos casos ouvem desaforos pelos desrespeitos dos adultos; outras
observam que as portas dos veículos são fechadas no seu rostinho cujos
sintomas da meiguice estão desaparecendo, com se fossem assaltantes.
Todos esses constrangimentos são de somenos importâncias para os
receptadores que, na maioria das ocasiões obrigam-as a procederem dessa
maneira, sem perspectivas de vidas melhores. Continuam passando fome,
sofrendo nudez e dormindo pelas caçadas frias.
Nesse caso concreto, sabendo que o donativo
será desviado para finalidades pouco úteis às crianças, o doador está
praticando caridade ou prolongando um grande mal?
Tem-se ouvido muitas opiniões e discussão a
respeito. Uns dizem que seguem os ensinamentos do Cristo: – “fazer o
bem sem ver a quem”, mesmo nas condições supracitadas, ainda que os
pedintes não vão usufruir da oferta.
Há quem advogue ao contrário, sob alegação
de que se o numerário fosse revertido, em parte ou totalmente para pelo
menos saciar a fome de quem recebeu, seria correto. Mas, sabendo-se de
que será entregue, para não dizer tomado pelo adulto, desviando–o para
outras finalidades, por vezes agressivas e repudiadas pela sociedade,
como por exemplo: para comprar drogas nocivas à saúde, essas atitudes,
segundo os que assim pensam, não tem nada de caridosas. Serviria apenas
para aumentar o número de crianças indefesas sendo usadas como
instrumento de perversão. Amanhã não se sabe o que poderão estar
fazendo.
Frente a esses procedimentos antagônicos, porém reais, fazer o bem, sem ver a quem, é caridade?
e-mail: lobocmemtms@terra.com.br
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