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30 maio 2018

Anjo misecordioso - Amélia Rodrigues



ANJO MISECORDIOSO


As mais belas palavras entretecidas em forma de uma auréola de gratidão não expressam, realmente, a grandeza de que te revestes, anjo querido.

Sendo uma estrela luminífera, escondes a tua claridade no corpo físico, a fim de não ofuscares os caminhos que percorres, particularmente quando te tornas mãe.

O brilho, porém, da tua luminosidade exterioriza-se e clareia a noite densa do processo de crescimento daqueles que vêm aos teus braços, na condição de filhos, na ansiosa busca do progresso e da plenitude.

Os teus silêncios, nos momentos de testemunho, transformam-se em canções de inigualável beleza, dando sentido psicológico e harmonia à vida, porque te sacrificas em benefício daqueles que Deus te concedeu por empréstimo sublime para os conduzires ao Seu coração inefável.

O teu devotamento contínuo constitui a lição preciosa de perseverança de quem acredita na Vida e no triunfo do Bem Eterno, nunca desistindo de lutar e de doar-se.

A tua paciência gentil e a tua serena abnegação, mesmo nas horas difíceis, são poemas vivos de amor incomum, que terminam por transformar as estruturas morais humanas deficientes em resistência e vigor para os enfrentamentos da reencarnação.

A tua serenidade, quando tudo parece conspirar contra o êxito daqueles que educas, e a tua certeza de que o amor tudo pode, convertem-se na segurança que se faz indispensável para que a vitória seja alcançada.

As ingratidões dos filhos não te desanimam, as vicissitudes da existência não te desarmonizam, os embates do cotidiano não te enfraquecem, e prossegues a mesma, sofrida, às vezes, perseverando, porém, nos deveres a que te entregas com doação total.

Aprendeste a sorrir quando os teus filhos estão alegres e a chorar ante as suas preocupações e fracassos, nunca cedendo espaço ao desespero ou à revolta, quando eles não conseguem superar os impedimentos e tombam em momentâneos fracassos…

Nesses momentos, renovada em forças e revestida de coragem, ergue-os, dando-lhes as mãos generosas e direcionando-lhes os passos no rumo certo, a fim de que recomecem e se recuperem.

Estejas na opulência ou na pobreza total, a tua maternidade é sinal do poder de Deus que te consagrou como cocriadora, na condição de anjo do lar, a fim de que o mundo cresça e a vida humana alcance a meta para a qual foi organizada.

É certo que nem todos os filhos sabem compreender a tua grandeza, os teus sacrifícios e lutas, mas isso não te é importante.

Consideras antes que o teu é o dever de os amar em quaisquer situações em que se encontrem, educando-os sem cessar, amparando-os continuamente e emulando-os ao avanço com os seus próprios pés, mesmo quando tenham as pernas trôpegas e feridos os sentimentos.

Sabes que as melhores condecorações para exornarem os heróis são as cicatrizes internas que permanecem no coração e na alma do lutador após as refregas. Por isso mesmo, insistes e perseveras sem descanso, trabalhando com esses diamantes brutos que deves lapidar, a fim de que permitam o brilho da Estrela Polar – Jesus! – no recesso do ser.

...E se, por acaso, a desencarnação te arrebatar do corpo, impedindo-te continuar cuidando deles, permanecerás, no Além-túmulo, inspirando-os, acariciando-os e envolvendo-os em vigorosa proteção.

*

Doce mãezinha!

Quando as criaturas da Terra dedicam um dia ao teu amor, apenas um entre trezentos e sessenta e quatro outros, sinalizando que já estão despertando para o significado do teu apostolado, apesar das imposições mercadológicas que esperam lucros, nessa oportunidade, quando todos deveriam oferecer-te somente amor, desejamos homenagear-te, envolvendo-te em ternura e em gratidão, pela nobre tarefa que desempenhas e pelas bênçãos que a todos nos concedes.

Maria, a Mãe Santíssima da Humanidade, coroe-te de paz e de alegria, no teu e em todos os dias da tua existência, anjo misericordioso de todos nós!

Amélia Rodrigues
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na manhã de 10 de março de 2006, na residência de George e Akemi Adams, em Santa Monica, Califórnia, EUA.

Ocorrências formosas - Divaldo P.Franco




OCORRÊNCIAS FORMOSAS


Não há muito, quando a Dra. Zilda Arns se encontrava reencarnada, o nosso Movimento Você e a paz, considerando os valores grandiosos da Pastoral da Criança, do soro caseiro, que prossegue salvando número incontável de crianças no mundo, e portadora de outros valiosos títulos de amor e abnegação pela humanidade, concedeu-lhe o troféu que é reservado às pessoas e Entidades que trabalham pela paz. Posteriormente, a eminente cidadã, estando no Haiti, exatamente quando ocorreu o terremoto lamentável, foi vítima do desmoronamento da catedral e desencarnou de maneira dolorosa, que sensibilizou o mundo civilizado.

No último dia 13, embora estando cirurgiado de duas hérnias de disco e do nervo ciático, que me afligiram por onze meses, ainda no período de convalescença, segui a Florianópolis para participar de uma exposição apresentada na Assembleia Legislativa do Estado sobre os Pacificadores, na qual se encontra o meu nome.

Em solenidade muito bela e comovente, fui homenageado com a Medalha Zilda Arns, com que o Estado celebra a grandeza da sua filha extraordinária, ao lado de outras distinções. No discurso de agradecimento, solicitei ao Sr. Governador, presente ao ato, permissão para transferir a honra que me era concedida a Allan Kardec, codificador do Espiritismo, como normalmente o faço, repetindo o ato em relação às demais condecorações.

O que me traz a estas lembranças é a ocorrência abençoada de haver sido um dos muitos que a homenagearam em nome da Paz, agora recebendo da sua memória o estímulo para o prosseguimento da luta, com destemor e abnegação, porque o sentido psicológico existencial é servir e amar. Admirador e seguidor de mulheres e homens notáveis que ofereceram e ainda ofertam a sua cooperação em favor da construção de uma sociedade feliz e pacífica, constatei pela enésima vez a vantagem de laborar com parte mínima que seja em favor do próximo e da sociedade como um todo.

Sempre compreendi que o mal prospera por ser filho espúrio do egotismo e porque os bons mantêm-se silenciosos e quase indiferentes às tragédias morais que assolam a Humanidade. Não basta deixar-se de fazer o bem, o que é, em realidade um grande mal. Muitos indivíduos pensam que o seu silêncio é suficiente para fazer barreira ao vozerio de desespero da multidão, e equivocam-se. É importante trabalhar pessoalmente em favor da ética moral, do trabalho, da família, dos valores que constituem uma sociedade rica de bênçãos. Graças ao movimento de alguns, vemos o mundo prosperar, o crime ser desmascarado, a falsa aparência tombar por terra e apresentar o criminoso disfarçado, que é um câncer devastador do grupo social.

Fazer o bem é dever de todos.


Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no Jornal A Tarde, coluna Opinião, de 19/04/2018

29 maio 2018

Porque um suicida não capta a ajuda espiritual antes do suicídio? - Geraldo Goulart



PORQUE UM SUICIDA NÃO CAPTA A AJUDA ESPIRITUAL ANTES DO SUICÍDIO?


Vocês que estão lendo essas palavras neste momento, se você é influenciado por algum sentimento depressivo e, portanto, pensando em um impulso autodestrutivo, não faça isso.

Sentindo-se exausto e pensando que você está cansado da vida e está buscando alívio ao sair da vida material, tente ler este breve texto até o final por alguns minutos mais, e depois, por favor, faça um breve exercício de reflexão.

Os sentimentos autodestrutivos não podem resolver qualquer tipo de problemas, sejam eles quais forem. Pelo contrário, esses sentimentos apenas aumentam a frustração pessoal porque insinuam a idéia errônea de que você não conhece uma maneira de resolver a situação por conta própria e, além disso, não valerá a pena procurar uma ajuda de ninguém.

Como todos somos transmissores e receptores de vibrações mental-espirituais, permanecendo com essa postura mental, você acaba atraindo e sendo cercado por espíritos grosseiros que estão satisfeitos em envolver alguém que esteja passando por necessidades amargas e impulsos de suicídio.

A literatura espírita é pródiga nas narrativas que retratam a situação daqueles que se permitiram ceder ao impulso suicida, porque acreditavam que, deixando a vida por sua própria vontade, estariam se livrando de problemas. No entanto, uma triste surpresa está esperando por eles: eles não se livraram de seus problemas; seus problemas são aumentados; seu peso do sofrimento é aumentado.

Eles vieram da vida material para serem reentrados na Vida Real, a Vida Espiritual, onde nada está escondido dos espíritos guardiões. Eles sofrem ainda mais porque eles acordam em um lugar onde há choro e ranger de dentes e agora experimentam seus momentos finais pela repetição do último ato extremo com o qual eles terminaram sua existência.

Este ato extremo é reagido segundo a segundo. É como se o espírito suicida ficasse revivendo o momento do suicídio diversas vezes sem parar (segundo algumas obras espíritas que nos mostram esse fato).

O tormento imediato do suicídio é um tormento que parece ser infinito, eterno, para ele ou ela. Seu último ato fatal na vida material, que foi a ação que causou o extermínio da vida, é revivido repetidamente.

É o gatilho desencadeado pelo golpe da arma; o salto do edifício ou a ponte e a visão panorâmica de sua vida nos últimos segundos antes do impacto; e a sensação de seu corpo voando sobre os trilhos da estrada de ferro ou do veículo. Além disso, eles sofrem, repetidamente, nesse momento, como se fosse um filme sem qualquer interrupção.

É necessário perseverar na luta em busca de soluções – que existem! – e sempre chega através de amigos; Por mensagens escritas ou por outros meios. Não se pode esquecer que o Amigo de Todas as Horas – Jesus! – está atento às nossas necessidades e sempre envia os recursos que precisamos para superar as aflições. Evidentemente, aqueles que sucumbiram eram porque não podiam identificar o alívio enviado.

Quando surge um problema, uma aflição, se alguém se rende e permite um desequilíbrio interno, isso emite sinais perceptíveis para o Plano Espiritual. Com a mesma rapidez, que os Amigos do Maior enviam ajuda, entidades de padrão vibratório muito baixo que caracterizam os espíritos obsessivos, também se aproximam do sofredor encarnado e iniciam os cerco.

O espírito reencarnado, sem estar vigilante na fé, não percebe os fluidos benéficos sobre si mesmo e adere à pressão das vibrações inferiores, desanimadas. Com isso, parece-lhe que sua situação é ainda mais complicada porque essas entidades obsessivas apenas apresentam imagens sombrias.

Naquele momento, quando cercado de pressões antagônicas, a decisão dependerá do livre arbítrio do Espírito encarnado. Cabe a ele decidir qual força vai ganhar. No entanto, o Senhor adverte que, com a observação e a reza, será mais fácil evitar aflições.

Revise as últimas ocorrências. Levante a cabeça e diga a si mesmo: “Eu vou enfrentar isso! Eu vou ganhar! “E jogue fora seus pensamentos obscuros.

Em caso de dúvida, não tenha vergonha nem medo por pedir ajuda e alguém será encaminhado para ajudá-lo. Então, não desista. Seus melhores amigos do mundo espiritual estão apenas esperando sua decisão e então eles começarão a tratar suas feridas internas.

O Senhor ama você e Seu Amor nunca o deixará sozinho.

Fonte: Texto Original “Pensamentos Obscuros” por Geraldo Goulart

28 maio 2018

Rótulos e máscaras - Vladimir Alexei



RÓTULOS E MÁSCARAS


Estudar o Espiritismo é algo sublime, capaz de transformar-nos a maneira de pensar e agir em relação a pessoas, situações e de um modo geral, com a própria Vida. Mas estudar o Espiritismo ainda requer estudo, por mais redundante que seja, de tão óbvio.

Houve uma época em que a produção literária espírita, preenchia lacuna significativa, quanto a interpretações daquilo que a Doutrina Espírita revelou. Além do magistral trabalho de Allan Kardec, muitas pesquisas e estudos foram empreendidos com o objetivo de esclarecer pontos e ampliar entendimentos que o Espiritismo, por intermédio dos Espíritos Superiores, lançou luz.

Pesquisadores e pensadores espíritas teceram obras fenomenais, tanto pela forma, como pela profundidade do seu conteúdo. A cada nova interpretação e a cada novo entendimento, uma avalanche de livros era produzido tentando explicar e fazer luzir algum ângulo até então abordado de uma maneira diferente.

Essa diversidade fez com que o espírita tivesse, em suas mãos, um leque extenso de opções para seu estudo, que o movimento espírita convencionou “fragmentar” e rotular em trabalhos de cunho religioso, científico e filosófico. A crítica ao rótulo não é gratuita. Foi um recurso didático utilizado para conseguir melhor transmitir os ensinamentos dos espíritos. Entretanto, após mais de meio século de divulgação do Espiritismo nos moldes atuais, adotados pela esmagadora maioria das casas espíritas que possuem ciclos de estudos, estudos sistematizados, etc., percebe-se, mesmo sem método ou instrumento científico mais adequado, que o estudo do espiritismo ficou mascarado.

A fragmentação, por exemplo, é duramente criticada pelo educador Edgar Morin, quando diz que o retalhamento das disciplinas, torna impossível apreender “aquilo que é tecido junto”. Por que estudar “ciência, filosofia e religião”, quando o que deveríamos estudar é a “Doutrina Espírita”? Será que “tríplice aspecto” da doutrina consegue explicar a complexidade do que o Espiritismo aborda? Quando dizemos Doutrina Espírita, aplicamos um “zoom” que evidencia as inter-relações entre os conhecimentos (“tecido junto”), deixando claro que há mais do que um tríplice aspecto. No entanto, a aplicação do conteúdo fica a cargo do expositor, que pode abordar assim ou não.

Talvez – e esse é outro ponto da nossa reflexão –, quando iniciaram os estudos, no início do século XX, traduzir o pensamento das obras de Kardec, comportava um nível de abordagem que preservasse muito mais o entendimento e a interpretação, no sentido de “simplificar”, do que de ampliar considerações daquele aprendizado em relação a outros temas do cotidiano. Isso muda quando Dr. Carlos Imbassahy (Pai) assume a pena e nos dizeres do Herculano Pires, em sua “fortaleza” direto de Niterói, consegue relacionar as descobertas científicas com as revelações doutrinárias e tecer comentários filosóficos a respeito de conclusões – ilações, hipóteses, inferências, etc., todas válidas no campo da exposição de ideias –, que poderiam agradar ou não espíritas e não espíritas.

O movimento espírita – não o movimento de unificação, que não unifica nem entre eles – tem sido convidado a rever a eficácia e os objetivos do aprendizado, consequentemente, das atividades doutrinárias da casa espírita. Será que ainda buscamos “unanimidade” ou aprendemos com a diversidade nas casas espíritas?

Unanimidade é utopia no mundo atual, beirando a atrofia. Convergências de entendimento, ainda que existam diferenças na construção do conhecimento, são desejáveis. Veja um exemplo: “se dou comida aos pobres, todos me chamam de santo. Mas quando pergunto por que são pobres, me chamam de comunista.” Essa frase do Dom Helder Câmara ilustra a diferença dos pensamentos e a sua complexidade. Tentar simplificar, rotula. Explicar: mascara porque evidencia apenas a compreensão daquele que está expondo o pensamento. Na complexidade do mundo atual, percebe-se que há muito conhecimento e informação entre os extremos para se tomar uma decisão simplista.

Nesse sentido, sabendo que as necessidades humanas estão cada vez mais globais, complexas e com níveis de exigência dantes observado, um leigo, neófito, apenas curioso, que enfrenta críticas, se expõe, tendo apenas como instrumentos diminuta experiência e uma convicção pessoal, não tem alcance e nem competência para empunhar bandeira que não seja aquela de provocar, estimular e refletir acerca do que temos visto, vivido e aprendido na Doutrina Espírita.

Desconstruir rótulos começa com a revisão do próprio papel de divulgar o espiritismo. Ao contrário do que muitos divulgadores dizem, quando assumem a tribuna, ouso refletir com os amigos, que não está faltando Kardec, nem obras de conteúdo doutrinários, nem muito menos estudo. Está faltando amor, benevolência, simplicidade.

Simplicidade é diferente de simplismo. Com as redes sociais, reduziram as discussões a críticas contumazes, sem ao menos apresentar argumentos. Quando as questões apontam para o “comportamento”, alguém se manifesta contrário, lamentando que a discussão “sempre” redunda em questões comportamentais. Todo aprendizado religioso, moral, filosófico, de alguma forma afeta o comportamento. Circula vídeo no whatsapp do Padre Fabio de Melo falando sobre a “quaresma”. Em linhas gerais, o convite dele é para que o católico substitua a abstinência por comida e bebida, por melhorias no comportamento. Qual o problema do espírita de hoje em entender isso?

Precisamos resgatar a linha mestra que nos vincula aos primeiros cristãos, aqueles que sentiram o perfume da presença do Mestre, seguiram seus passos, sonhavam com suas prédicas, criavam conexões de Suas parábolas com os desafios do cotidiano. Resgatar a alegria de servir, a beleza de amar desinteressadamente, de auxiliar o próximo, mais próximo, a partir de uma renovação interior, capaz de nos mostrar a grandeza da vida e seu aprendizado.

Que as dificuldades do caminho não nos paralisem os gestos nobres. Que o desejo de servir seja maior do que os rótulos e máscaras que existem no caminho. E que a presença do Cristo seja constante em nossas vidas, hoje e sempre.


Vladimir Alexei

27 maio 2018

Crueldade contra Animais – Orson Peter Carrara



CRUELDADE CONTRA OS ANIMAIS


A crueldade contra animais está também entre as situações que muito me constrangem. Embora igualmente me alimente ainda de carne animal, desde muito me dói o coração em ver as humilhações e sofrimentos que nós, humanos, ainda somos capazes de submeter os animais.

É triste verificar que muitas cidades estão contaminadas por este mal e ainda submeta os animais ao horrível espetáculo das conhecidas festas populares que os submetem a sofrimentos. Nada contra peões, nada contra manifestações populares de alegria e festa. Mas é cruel pensar nos sofrimentos impostos aos pobres animais, submetidos aos caprichos humanos.

Ainda que a alimentação de carne ainda seja uma necessidade física e até cultural, algumas pessoas já conseguiram dispensar o consumo desse produto alimentício e se declaram vegetarianos. Eu ainda não consegui, mas é lamentável o espetáculo desses eventos que maltratam animais.

O assunto é antigo, já gerou disputas judiciais, encontra gente pró e contra em todo lugar e legislação específica já foi concentrada para evitar tais ocorrências. Inclusive, por outro lado, tais festas são geradoras de recursos para muitas instituições. E muitos esforçados peões se entregam com afinco a tais realizações, gerando vibração e alegria em todo o público.

Mas, convenhamos, não é melhor rever isso? Nem digo proibir, pois que é uma festa popular, mas agirmos com mais coerência em tais eventos, dispensando e aí, proibindo sim, com fiscalização, qualquer método que sujeite os animais ao sofrimento e às crueldades por capricho humano.

Não sou especialista no assunto, não tenho experiência com animais e não sou crítico de quem a eles se dedica, mas quando vejo publicidade de tais eventos o coração entristece. Com tudo que já se sabe sobre o assunto, as imagens já mostradas pela internet, os argumentos apresentados pelas ONGs defensoras dos animais, já é hora para pensar no assunto com mais reflexão.

Os animais não são máquinas nem brinquedos de diversão. Eles sentem também. Sentem dor, saudade, gratidão. Ou o leitor discorda disso?

Também geram seus filhotes, possuem sangue que circula, possuem órgãos que funcionam iguais aos nossos e formam um universo de seres que auxiliam – e muito – a vida humana. Como sacrificá-los por capricho? Como submetê-los a crueldades?

Sugiro ao leitor interessado no assunto aprofundar-se mais na questão dos animais, sob o ponto de vista da alma dos animais. Entre eles, procure o livro “Gênese da Alma”, de Cairbar Schutel, para encontrar-se com exemplos, fatos e narrativas envolvendo animais e que bem dizem da realidade desses seres que também são filhos de Deus. Trazem consigo a tarefa de auxiliar as criaturas humanas, inclusive na alimentação, como tão comumente usada em todos os tempos. Todavia, submetê-los a crueldades aí a questão já é outra…

E pior é que não é apenas nas conhecidas festas populares que isto acontece, mas no cotidiano da vida humana, onde as mais diversas perversidades são praticadas contra esses indefesos seres…

Orson Peter Carrara

26 maio 2018

O fim do mundo moral - Jane Maiolo



O FIM DO MUNDO MORAL


“...sabendo Jesus que chegara sua hora de partir desse mundo para o Pai, tendo amado os seus próprios, que estavam no mundo, amou-os até o fim.”*[1]

Em nenhum tempo, em nenhuma pátria, em nenhuma sociedade, a rogativa por amor, justiça, paz e fraternidade se fez tão intensa.

Vivemos tempos áridos num país, cuja a expectativa espiritual é supostamente tornar-se a “pátria do Evangelho”, clamamos por reajuste urgentes, por educação de qualidade e por uma filosofia ética moral que nos liberte das crenças apequenadoras e pueris. Porém, essa filosofia se encontra entre os homens desde 1857, sob o título de Doutrina Espírita.

O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações. [2] Seu maior objetivo é dar ao homem a liberdade de consciência no uso perfeito de sua razão.

Como religião, Allan Kardec comenta na Revista Espírita do mês de dezembro de 1868, por ocasião do Discurso de Abertura da Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, na Sociedade de Paris, em 01/11/1868, se o espiritismo seria uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores. E explica que no sentido filosófico, o espiritismo é uma religião, e nós nos glorificamos por isto, porque é a doutrina que funda os elos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as mesmas leis da natureza.”[3]

Em tempos de ansiedades e volúpias mentais é necessário refletir que temos feito para que o espiritismo consiga aglutinar as forças colaborativas para as instâncias da ciência, da filosofia e da religião?

Quais têm sido as propostas educacionais para os espíritos reencarnantes nos dias atuais?

O livro A gênese, publicado no ano de 1868, completou 150 anos em janeiro, traz-nos a informação sobre a nova geração que marcaria a era do progresso e se distinguiria pela inteligência, razão precoce e grande inclinação ao bem.

Será que o Codificador se enganou quanto a nova geração?

Será que os responsáveis pela educação libertadora da mente, temos negligenciados o efetivo papel na educação para a geração que desponta neste mundo de acelerados apelos à vida automatizada?

O episódio do “lava os pés” registrado por João consoante consta no capítulo 13 versículos 1, nos oferece pálido indicativo do trabalho edificado pelo Cristo junto aos discípulos diretos. Narra o evangelista: “... sabendo que chegaria a sua hora de partir deste mundo para o pai tendo amado os seus próprios que estavam no mundo amou-os até o fim”.[4]

Jesus contava com aqueles homens para a colaboração da divulgação de um novo princípios de vida, por isso mesmo, os educou, preparou e os amou até o fim. Não houve exclusão, nem reproche e sequer condenação. Independente de suas fraquezas, mazelas, equívocos, Jesus os amou até o fim.

Educar o espírito vai além dos valores efêmeros da contemporaneidade. Amou os até o fim, para o homem formado no pensamento cíclico do nascer, crescer e morrer, significa amou-os até a sua morte. Porém o sentido correto do amou-os até o fim ganha uma dimensão majestosa e plena. Amou-os até o fim, significa amou-os até as últimas consequências, não importando o desfecho daquela história.

Até o fim é, em primeiro lugar, até o final de uma etapa; até se concluírem todas as coisas; até completar todos os acordos. Significa ir até às últimas consequências; ao extremo da situação; levá-la a término de modo constante e perfeito.

Ao refletirmos no papel que estamos protagonizando, nesse momento da história, há de se avaliar o grau de nossa participação nesse movimento de transição dos valores.

Será que o codificador se enganou quanto a nova geração?

Quer os pais ou aqueloutros comprometidos com tal mister, será que a atual crise moral é fruto da negligência dos educadores?

De posse a mais de 160 anos de um roteiro regenerador ainda insistimos nos velhos hábitos e crenças, repetimos os princípios do homem instintivo e sensual?

O desânimo, a tristeza, a depressão e a ausência de intenções superiores avolumam nos variados meios sociais, haja vista o painel social, político e cultural da sociedade contemporânea.

A tristeza conduz a morte como afirmou Paulo de Tarso: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.”[5] A afirmativa paulina foi chancelada pelos filósofos do século XVII e XIX, a saber, Baruch de Espinoza e Henri Bérgson, quando proclamam que o homem possui uma potência divina, intitulada Conatus (latim para esforço; impulso, inclinação, tendência; cometimento) , energia essa capaz de mantê-los conectados com a vida e com propósitos superiores, portando na falta dessa energia o homem entristece, definha, adoece e morre.

A tristeza é a causa primeira das enfermidades, portanto é necessário adotar o padrão comportamental do Cristo, edificando roteiros sublimes no coração e na mente para adquirirmos forças superiores de ação para gerirmos nossa administração, enquanto tutores dos reencarnantes da nova era, pois neles são assentados a esperança do mundo de regeneração.

Cultivar a potência divina em nós é revigorar nossas oportunidades de trabalho e de redenção.

A tarefa de amar até o fim é a tarefa confiada ao homem atento e que despertou para a grandeza do amor.

Amar até o fim é amar incondicionalmente até as últimas implicações do amor. A cada instante vivido na carne nos aproximamos da inevitável transposição para outras paragens na derradeira viagem rumo às regiões espirituais, em face dessa fatalidade inexorável, regulamento para a qual não há exceções, cabe refletirmos se estamos amando até as últimas consequências do amor.




Referências bibliográficas:

[1] João 13,1

[2] Kardec, Allan. O Que É O Espiritismo. Preâmbulo- 56. ed. 1. imp. – Brasília: FEB, 2013.


[3] Kardec, Allan. Revista Espírita de dezembro de 1868 (Discurso de Abertura da Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, na Sociedade de Paris, em 01/11/1868)

[4] João 13,1

[5]2 Coríntios 7 ,10

25 maio 2018

Pandemira - Geraldo Campetti Sobrinho



PANDEMIRA


A palavra soa estranha e, de fato, é; não há registro desse termo em nenhum lugar. Seria um neologismo, quem sabe?!

O vocábulo se apropria de dois substantivos: pandemia e ira. Virou, então, pandemira.

Pandemia é a associação do prefixo pan, que vem do grego e significa “tudo” ou “todos”, e do sufixo demos, também originário do grego, que quer dizer “povo”. Trata-se de uma doença infecciosa, que se espalha amplamente entre a população de uma região, continente ou mesmo por todo o planeta.

Ira, conforme assinala o dicionário Houaiss eletrônico, refere-se a “intenso sentimento de ódio, de rancor, geralmente dirigido a uma ou mais pessoas em razão de alguma ofensa, insulto etc., ou rancor generalizado em função de alguma situação injuriante; fúria, cólera, indignação.”

Estamos manifestando, atualmente, em grande parte dos nossos pensamentos, palavras, escritos e ações, o discurso do ódio. Alguns têm falado irrefletidamente o que pensam, realizado críticas contundentes, defendido e atacado pessoas e grupos, sem maiores ponderações ou discernimento. Partidarizam questões e polarizam ideias, tornando-se extremistas para proteger obstinadamente pontos de vistas e causas específicas. Saem dispostos ao conflito sistemático, armados para o confronto ideológico, gerando guerras verbais e acusações de lamentáveis consequências…

Paira sobre a ambiência espiritual terrestre um ar pesado que reflete emanações fluídicas de denso, sombrio e primitivo teor. Provoca encantamentos e alucinações nas mentes que se associam, por afinidade, a posturas belicosas irrefreáveis.

Algumas pessoas se reúnem por afinidades e formam séquitos de livres pensadores dispostos às últimas consequências, como se fossem “salvadores da pátria ou instrumentos da liberdade, do direito e da justiça”. Agem na propagação de ideias e de filosofias que questionam ou tentam desestruturar fundamentos da moral até então construída pelas sociedades no decorrer da história da civilização.

A disseminação de informações voláteis tem sido desvinculada da responsabilidade ética de averiguação de conteúdo, seriedade de propósitos e bom-senso. Por vezes, essa postura denota precipitação e imaturidade, irresponsabilidade e inconsequência, além de desrespeito perante pessoas e instituições.

No substrato de uma pretensa defesa à liberdade incondicional, armam-se e provocam, deliberada ou involuntariamente, confusão, descompromissados com a busca da verdade e com as consequências de suas ações. Esquecem-se de que a liberdade só é real quando apoiada no respeito ao próximo, sendo uma conquista da autotransformação, que não prescinde da consideração aos direitos individuais e coletivos nem de manifestação conscienciosa dos pensamentos e ideais distintos.

A felicidade é o caminho trilhado nas bases do reconhecimento de valores essenciais, tais como diversidade, alteridade, solidariedade e amor, indispensáveis ao autoconhecimento e à convivência harmônica com o próximo.

Não podemos nos deixar contaminar por essa pandemira, tampouco nos tornar mais representantes do ódio e do desequilíbrio, permitindo o alastramento insidioso desse mal. Nosso compromisso hoje é o de plantar as sementes da regeneração e da caridade, para não mais sofrermos dolorosas provas e expiações no presente e em futuro próximo.

A semeadura é livre, mas a colheita, obrigatória: a cada um será dado segundo as suas obras. Portanto, no dizer de Jesus (Marcos, 13: 33), devemos “olhar, vigiar e orar”.

Será que estamos fazendo a nossa parte? 


Geraldo Campetti Sobrinho
Colaboração: Fernanda Lage e Carlos Campetti


24 maio 2018

Aos escravos da bebida indicamos Jesus - Jorge Hessen



AOS ESCRAVOS DA BEBIDA INDICAMOS JESUS


O consumo de alcoólicos pelo ser humano não é hábito recente; é tão antigo quanto o próprio homem das cavernas. Seja qual for o período histórico e em que sociedade com a qual se relacionou ou a cultura que recebeu, o homem tem bebido. Há 3700 anos “Código de Hamurabi” já trazia normativos sobre as situações, lugares e pessoas que podiam ou não fazer a ingestão de bebida alcoólica.

Há 2500 anos os chineses perdiam – literalmente – a cabeça por causa da bebida alcoólica – a prática era punida com a decapitação. Configura-se um costume extremamente antigo e que vem persistindo por milhares de anos.

Paulo escreveu para os cristãos de Efésio: “e não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito.” (1) 

O álcool é a droga “lícita” mais consumida no mundo contemporâneo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Ainda de acordo com a OMS, a bebida alcoólica é a droga legalizada de escolha entre crianças e adolescentes. Estima-se que o uso desse tóxico tenha início aos 10 a 12 anos. Os males gerados pelo alcoolismo são a terceira causa de morte no mundo.

Estudos encontrados na literatura científica mostravam que os homens bebiam mais que as mulheres em todas as faixas etárias, e que jovens consumiam mais álcool do que idosos. Porém, outras pesquisas apontam para o aumento anual, no Brasil e no mundo, do porcentual de mulheres dependentes. No passado, pontuam os especialistas, para cada cinco usuários problemáticos de álcool existia uma mulher na mesma condição. O estudo demonstra que atualmente a razão comparativa é de 1 para 1. Elas já bebem tanto quanto eles, mas concentradas em fases distintas. É mais recente a aceitação social do uso do álcool pelas mulheres. Realmente, antes elas não bebiam tanto. Com isso, o foco das campanhas preventivas ficou muito centrado nos homens. As mulheres ficaram negligenciadas nessa abordagem. Raros são os ginecologistas, por exemplo, que questionam se as suas pacientes bebem.

As grandes vítimas são os filhos, envolvidos numa rotina de restrições e constrangimentos. Filhos de mulheres que consomem álcool em excesso durante a gravidez estão sujeitos à síndrome alcoólica fetal, que pode provocar sequelas físicas e mentais no recém-nascido. Crianças e adolescentes filhos de pais com o vício estão mais sujeitos a desequilíbrios emocionais e psiquiátricos.

Normalmente, o primeiro problema identificado é um prejuízo severo na autoestima, com repercussões negativas sobre o rendimento escolar e as demais áreas do funcionamento mental. Esses adolescentes e crianças tendem a subestimar suas próprias capacidades e qualidades.

Os dados atuais sobre alcoolismo são devastadores. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas (HC) de São Paulo, ligado à Secretaria de Estado da Saúde, mais de 9% dos idosos paulistanos consomem bebida alcoólica em excesso. O levantamento feito com 1.563 pessoas com 60 anos ou mais apontou que 9,1% dessa população abusa do álcool, o equivalente a 88 mil idosos da capital paulista.

Demonstrado cientificamente que o álcool é pernicioso em qualquer faixa etária, seus danos entre os adolescentes são patentes, sobretudo, durante a fase escolar, uma vez que o uso sucessivo da substância impede o rendimento, além de provocar desordem mental, falta de coordenação, problemas de memória e de aprendizado. Consequentemente, esse processo resulta também em dores de cabeça, alteração do ciclo natural do sono, da fala e do equilíbrio.

A dependência ao álcool pode ser hereditária, havendo uma predisposição orgânica do indivíduo para o seu desdobramento, no qual o Espírito imortal traz em seu DNA perispiritual as marcas e consequências do vício em outras experiências reencarnatórias, sendo compreensível, então, que o alcoolismo seja transmissível de pais para filhos. As matrizes dessas disfunções estão no passado, seja de forma hereditária ou espiritualmente, em decorrência de experiências infelizes, remanescentes de pregressas existências.

Segundo André Luiz, “ao reencarnarmos trazemos conosco os remanescentes de nossas faltas como raízes congênitas dos males que nós mesmos plantamos, a exemplo, da Síndrome de Down, da hidrocefalia, da paralisia, da cegueira, da epilepsia secundária, do idiotismo, do aleijão de nascença desde o berço.” (2) “O corpo perispiritual, que dá forma aos elementos celulares, está fortemente radicado no sangue. O sangue é elemento básico de equilíbrio do corpo perispiritual”. (3) Em “Evolução em dois Mundos” o mesmo autor espiritual revela-nos que “os neurônios guardam relação íntima com o perispírito.”(4) Portanto, a ação do álcool no psicossoma é letal, criando fuligens venenosas que saturam no corpo psicossomático, danificando tanto as células perispirituais quanto as células físicas.

As substâncias dos alcoólicos ingeridos caem na corrente sanguínea, daí chegam ao cérebro, atacam as células neuronais; estas refletirão nas províncias correlatas do corpo perispiritual em configuração de danos e deformações apreciáveis que, em alguns casos, podem chegar até a desfigurar a própria feição humana do perispírito.

Infelizmente a liberalidade de muitas famílias com o álcool é um dos maiores problemas para a prevenção: é mito considerar que maconha leva os jovens a outras drogas. São as bebidas alcoólicas que fazem esse papel. Nefastamente é a azada família que estimula a ingestão dos “inofensivos destilados e/ou fermentados”. Não são poucos que começaram a beber quando o patriarca (pai), orgulhoso do filho que virava homem, os atraía para os drinques dos “machões”.

O vício de beber cria rotinas que envolvem cúmplices encarnados e desencarnados que compartilham do mesmo hábito e manias. Bares, restaurantes, lanchonetes, clubes sociais e avenidas estão repletos de jovens que, displicentemente, fazem uso, em larga escala e abertamente, das tragédias engarrafadas ou enlatadas. A instalação do alcoolismo envolve três características: a base genética, o meio e o indivíduo. Filhos de pais alcoólatras podem ser geneticamente diferentes, porém só desenvolverão a doença se estiverem em um meio propício e/ou características psicológicas favoráveis.

Os infelizes “canecos carnais” não só desfiguram e arrasam o corpo como agridem e violentam o caráter e deterioram o psicossoma através das obsessões, acendidas por espíritos beberrões que compartilham junto do bêbado os mesmos vícios e se alimentam através dos vapores alcoólicos expelidos pelos poros e boca numa simbiose mortificante. É precisamente esse vampirismo incorpóreo que ilustra o motivo de o alcoolismo ser avaliado como moléstia progressiva e de certo modo incurável. É verdade! Parar de beber, dizem membros do AA’s (Alcoólicos Anônimos), é a vitória maior para o dependente, mas a doença não acaba. Se ele voltar a dar uns goles, em pouco tempo recupera um ritmo igual ou até maior do que o mantido antes da pausa. “Não existe ex-alcoolista nessa história”, sustentam os frequentadores dos AA’s.

Essas são razões suficientes para que nas celebrações e festejos com amigos nos bares da vida, fugir do compromisso da vã tradição da bebedeira a fim de divertir-se. O oceano é constituído de pequenas moléculas de H2O, e as praias se formam com incontáveis grânulos de areia. É indispensável, portanto, desatar-se daquele clichê do “é só hoje”, e quando arrastados a comportamentos para “distrair”, não se deve aceitar a perigosíssima escapadela do “só um golinho”, até porque não se pode esquecer que uma miúda picada de cobra peçonhenta, conquanto em acanhada porção, pode produzir a morte imediata, portanto ao invés de se distrair vai se destruir.

Sem dúvida que mais fácil é evitar-lhes a instalação do que lutar depois pela supressão do vício (como dizem os membros dos AA’s: não há ex-alcoólatra). A questão assenta raízes densas na sociedade, provocando medidas curadoras e profiláticas nos círculos religiosos, médicos, psicológicos e psiquiátricos, necessitando de imperiosa assistência de todos os segmentos sociais para (quem sabe!) minimizar seus efeitos flagelantes. Destarte, faz-se urgente assentar a questão da alcoolfilia no foco dos debates públicos. Até porque o problema da consumação alcoólica precisa ser atacado sem trégua, a fim de que sejam encontradas soluções para a complexa epidemia do “tóxico legal”.

Para todos jugulados pelos vícios recomendamos Jesus. Sim! O Messias que prometeu: “vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.”(5)


Jorge Hessen


Referências bibliográficas :

(1) Efésios, 5:18.

(2) Xavier, Francisco Cândido. Nos domínios da mediunidade, ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed FEB, 2000, p.139-140

(3) Xavier, Francisco Cândido. Missionário da Luz, ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed. FEB, 2001

(4) Xavier, Francisco Cândido. Evolução em, Dois Mundos, ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed. FEB, 2003

(5) Mateus 11:28-30

23 maio 2018

Espiritismo e Homossexualidade - Octávio Caúmo Serrano



ESPIRITISMO E HOMOSSEXUALIDADE


Segundo a legislação brasileira, todo preconceito é crime e pode ser punido até com prisão. Contra raças, religiões, deficientes físicos ou contra os homossexuais. Todavia, a penalização e os argumentos de respeito ao próximo não surtem os efeitos necessários, porque não são convincentes o suficiente.

As alegações são que todos têm seu livre-arbítrio para a escolha do que lhes convêm, inclusive exercer a sua opção sexual. Mas o uso do livre-arbítrio não torna uma coisa certa. O criminoso também faz o que deseja e, no entanto, é punido.

Se simplesmente proibir resolvesse o problema, ninguém falaria ao celular quando ao volante, nem fecharia cruzamentos, atravancando o trânsito, ainda mais, nem tiraria a vida do próximo.Somente uma doutrina como o Espiritismo pode modificar o entendimento das pessoas, conclamando-as a respeitar o direito do outro, porque está baseada nas vidas sucessivas com correlação entre elas.

A homossexualidade, que é o que aqui nos cabe estudar, pode ter implicações no passado da criatura, vividas em outras encarnações.Podemos nos socorrer de certos livros que nos ensinam as razões de uma pessoa ser homossexual, sem deixar de ponderar que há pessoas que a exercem por interesses outros, quando poderiam ser coerentes com o sexo atual, se não fossem mal intencionadas. A prostituição, por exemplo. Mas falemos dos problemas nascidos do passado.

Em “O Livro dos Espíritos”, questão 200 a 202, está dito que o espírito não tem sexo, como entendemos, e o que animou o corpo de um homem pode, numa nova encarnação, vir como mulher e vice-versa, porque isso pouco lhe importa, contando mais as provas a que tenha de se submeter e trabalhos a realizar. Já que devemos progredir em tudo, há progressos que fazemos como masculinos e outros, como femininos. “O espírito que sempre fosse homem só saberia o que sabem os homens”, explica ainda.

A psicóloga americana, Helen Wambach, autora do livro “Vida Antes da Vida”, Livraria Freitas Bastos, título original “Life Before Life”, que foi publicado também pela Editora Pensamento com o nome “Recordando Vidas Passadas”, fez uma pesquisa baseada em regressão a vidas passadas, declarando nada entender de espiritualidade, mas tendo por princípio o livro do Dr. Raymond Moody, igualmente americano, que escreveu “Vida depois da Vida”, título estrangeiro “Life After Life”, – Se vamos para algum lugar, quando morremos, não teríamos vindo de algum lugar, quando nascemos?, foi a indagação básica da pesquisadora.

Depois de fazer experiências com 750 pessoas em grupos de 50, costa a costa americana, teve respostas para as suas perguntas básicas: você pediu para nascer, você conhecia seus pais, porque optou por nascer nesta época, você escolheu o seu sexo? Quanto a este item, ainda na explicação inicial, relata um caso pesquisado. Diz o paciente: “Sim, escolhi o sexo porque tinha sido homem na vida anterior, quando conheci meu pai. Minha mãe tinha sido uma amiga querida, na mesma existência em que meu pai tinha me chicoteado, na sua atividade de carcereiro. Não captei impressões de companheiros ou amantes de vidas passadas, mas ficou claro que meu irmão mantém comigo o mesmo parentesco da vida anterior”.

Ela concluiu que 80% optaram por nascer de novo, embora apenas 28% sentiam-se entusiasmados por estar novamente vivos e tinham feito planos cuidadosamente. Muitos declararam que vieram para aprender sobre amor e compaixão. Mas, o que mais surpreendeu a doutora é que não havia qualquer preconceito quanto ao sexo da nova vida. Houve mesmo os que pretendiam nascer num sexo, mas, por tarefas com outros espíritos, aceitaram nascer no outro e não perder a oportunidade de voltar logo, porque este é o momento de grandes revelações para a humanidade, “uma transição histórica da vida religiosa para a científica espiritual”.

Muitos fizeram afirmações como essa.Ela não se mostrou familiarizada com o Espiritismo e diz mesmo que esse tipo de assunto nunca mereceu muita atenção de sua parte. Todavia, a sua pesquisa confirmou toda a orientação espírita.

No livro “Vida e Sexo”, de Emmanuel, pela pena de Chico Xavier, a lição 21 trata exatamente da homossexualidade, com análise da questão 202, de “O Livro dos Espíritos”. Diz o orientador que a comunhão afetiva entre pessoas do mesmo sexo não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos, pois tratam do assunto em bases materialistas. Por isso é que no livro “O Consolador” ele diz que se os psicólogos, psiquiatras e psicanalistas, além de julgar os traumas pelo consciente, subconsciente e superconsciente, levassem em conta as vidas passadas, teriam mais sucesso. Perguntas 44 e seguintes.

Explica Emmanuel que tais ocorrências vêm aumentando com o próprio desenvolvimento da humanidade e hoje encontramos esse relacionamento em todos os países do mundo. “Normalidade ou anormalidade não se identificam por simples sinais morfológicos.”Como os espíritos passam por grande número de encarnações, há espíritos mais acentuadamente masculinos ou femininos, sem definição absoluta. Em face disso, no trânsito da individualidade, da experiência masculina para a feminina ou vice-versa, ao chegar ao corpo, demonstrará fatalmente os traços de masculinidade em que terá estagiado por muitos séculos, apesar de estar num corpo feminino, o mesmo se dando em relação à mulher em idênticas condições.

Quem é o que deve fazer esse tipo de experiência e que muitas vezes não se dá bem? Resposta: “O homem que abusou das faculdades genésicas, arruinando a existência de outras pessoas com a destruição de lares e que é induzido a buscar nova posição no renascimento físico, num corpo morfologicamente feminino, para aprender, em regime de prisão, a reajustar os próprios sentimentos; a mulher que agiu de igual modo é impulsionada à reencarnação em corpo morfologicamente masculino para fins idênticos.”

Há, ainda, “em muitos outros casos, Espíritos que, cultos e sensíveis, aspirando realizar tarefas específicas na elevação de agrupamentos humanos e, por consequência, na elevação de si próprios, rogam aos Instrutores da Vida Maior que os assistem na própria internação no campo físico, em vestimenta carnal oposta à estrutura psicológica pela qual transitoriamente se definem. Vivem temporariamente ocultos na armadura carnal com que se garantem contra arrastamentos irreversíveis, no mundo afetivo, de maneira a perseverarem sem maiores dificuldades nos objetivos que abraçam.” Neste caso, não é prova nem expiação, mas uma missão e das mais nobres e difíceis.

Logo, nunca é possível saber se o homossexual resgata algo por mau uso do sexo no passado, ou se veio nessas condições por um gesto de amor para fazer pelo próximo muito mais do que habitualmente fazemos. Seja uma ou outra a razão, cabe-nos respeitá-lo e ajudá-lo como devemos fazer com qualquer outra criatura. E cuidar, nós mesmos, para não cairmos nesse difícil campo de experiência, que é a sexualidade, para não termos o que resgatar numa encarnação futura.

Quando o Espiritismo for popularizado, e as pessoas tiverem e viverem esse conhecimento, haverá mais possibilidade de os preconceitos acabarem e haver mais respeito pelos homossexuais ou por aqueles que portam qualquer imperfeição física ou moral ou, ainda, pelos que são de outras raças ou religiões, porque ninguém é senhor da verdade nem pode atirar a primeira pedra; é algo perigoso que pode nos atingir no futuro. Afinal somos todos irmãos, cada um no seu grau de entendimento e evolução.


Octávio Caúmo Serrano
RIE – Revista Internacional de Espiritismo – Agosto de 2011

22 maio 2018

Retornando a Assis - Divaldo P.Franco


(Assis - Itália)


RETORNANDO A ASSIS


Divaldo Franco Professor, médium e conferencista Aproximadamente há trinta anos vivi a notável experiência de visitar a cidade de Assis, procurando reencontrar o inolvidável São Francisco. A magia da sua vida que vem sublimando outras vidas ao longo da História embriagou a minha infância e juventude, oferecendo-me a doce presença de Jesus no mundo atribulado e enfermo dos tempos…

As suas sublimes canções embalaram a minha existência, convidando-me ao enternecimento e à esperança de que é possível amar-se a tudo e a todos, voltando-se à infância com toda a sua ingenuidade.

Pareceu-me revê-lo pelas ruas de pedras irregulares cantando as baladas enternecedoras que se tornaram inolvidáveis.

Jamais hei-me olvidado do seu amor por todas as criaturas, assim como da sublime entrega de Clara ao seu chamado de misericórdia e de compaixão.

Neste ínterim, retornei por diversas vezes, reencontrando-o sempre nas alamedas dos foras da cidade e das suas paisagens iridescente cobertas de lavanda em flor…

Estou novamente na cripta de São Francisco, reflexionando sobre a sua mensagem nestes dias de ultraje e agressividade, de desespero e de injustiça, de violência e de horror…

A sociedade que alcançou as estrelas e as micropartículas não conseguiu fazer-se solidária à dor que ulula em toda parte aguardando oportunidade de renovação.

Aos meus ouvidos chegam as notícias de que a guerra da Síria terminou, ao tempo em que reacende a raiva iraniana contra os judeus e Gaza é tomada pela expectativa de bombardeios.

O grande problema, porém, é que o homem e a mulher modernos ainda não aprenderam a conviver como irmãos, dando-se conta da transitoriedade das conquistas inúteis e do vazio existencial que devora povos e indivíduos,reduzindo tudo ao caos.

Em uma análise mais profunda constato que é muito fácil amar e compreender o próximo, bastando uma autovistoria desvelando as próprias dificuldades. A tecnologia de ponta aproximou os indivíduos, reduziu as distâncias, ao tempo que produziu uma incomensurável solidão, proporcionando um individualismo perverso e destruidor da alegria de viver e de cantar.

Logo mais, voltarei a esse mundo diferente onde vivo e desejo rogar-te, Irmãozinho dos animais de amigo da Natureza, que venhas comigo e com todos aqueles que te visitam, ajudar-nos a disseminar a paz e o amor nas existências estioladas e nos sentimentos amargurados.

Se voltares a cantar outra vez e te utilizares de nossas vozes para dialogar e nossos braços para servir, estaremos sendo instrumentos da paz de Deus no mundo.


Divaldo Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 17-05-2018.

21 maio 2018

Reencontro com Mamãe - Antônio Carlos Navarro



REENCONTRO COM MAMÃE


O despertar de sono profundo se deu como que flutuando no interior de nuvens claras, com um sentimento de leveza até então desconhecido, vindo a acordar, plenamente, em ambiente desconhecido.

Recepcionado com voto de boa vinda, não compreendia do que se tratava, e nem onde estava, o que o levava a multiplicar os questionamentos íntimos, que tentava verbalizar na medida das possibilidades.

À medida em que foi se sentindo acolhido, informou que apenas se lembrava que estava internado em um hospital, mas que agora a situação o havia deixado confuso, e por isso desejava esclarecimentos.

Em verdade sentia-se bem, mas não conseguia administrar a situação em que se encontrava.

Sutilmente, foi sendo levado a entender que havia sido transferido para aquele ambiente, e que se tratava de uma reunião de irmãos em Deus, para esclarecimento e fortalecimento da fé sob a ótica do Espírito imortal, onde cada um trabalha para benefício de todos, em nome de Jesus, conforme as orientações da Doutrina Espírita.

Já mais ambientado, foi questionado se percebia mais alguém no entorno, e se se lembrava de sua mãe, ao que informou que ela já havia morrido. A morte não existe, ouviu como resposta, que foi acompanhada de esclarecimentos que o levaram a entender que também ele já havia “morrido”, e que o amor não se esvai com a separação física, e aqueles que nos precedem ao túmulo, tendo possibilidades, voltam para nos receber, acompanhar ou socorrer, quando é chegada a nossa vez de retornarmos à Pátria Espiritual.

Mamãe!!! Mamãe!!! Exclamou, então, surpreso e em prantos de saudade. Ao mesmo tempo, no entanto, em que reconhecia a situação, já pensava, com preocupação, sobre o impacto que sua transferência para o Mundo Espiritual teria sobre os que ficaram, ao que foi tranquilizado com a lógica insofismável da realidade espiritual.

Decorridos alguns instantes, e já mais assentado na nova situação, foi conduzido, sob o amparo maternal, às regiões mais altas do Mundo Espiritual, para dar continuidade a sua vida de Espírito imortal.

O relato acima é verídico, e é experiência corriqueira nas sessões mediúnicas de esclarecimento de espíritos que ainda não possuem maiores conhecimentos sobre a realidade espiritual.

Paralelamente, as palestras e reuniões de estudos nas Casas Espíritas fornecem amplas possibilidades de esclarecimento para nós, Espíritos que somos, que assim como um dia nascemos na carne, mais dia menos dia, haveremos de deixá-la para voltar à pátria de origem, e será bom que saibamos algo a respeito, para nossa melhor e mais rápida adaptação, embora, como nos ensinam os Espíritos Superiores, a prática constante do bem é que nos garante melhores condições no retorno.

Pensemos nisso.


Antônio Carlos Navarro
 

20 maio 2018

A Suprema Bondade! - Francisco Rebouças



 A SUPREMA BONDADE!



Em hipótese alguma podemos achar que a nossa existência tenha mais ou menos importância que a vida do nosso irmão em caminhada evolutiva na Terra. Da mesma forma, não faz sentido sequer supor que nossas necessidades sejam mais ou menos atendidas que as dos demais indivíduos, é preciso entender que não estamos esquecidos ou sem a assistência devida, assim como também não nos achamos em situação de privilégios em relação ao nosso semelhante.

Deus sendo a Inteligência Suprema, a própria perfeição, não comete erros ou injustiças e Ama todos os seus filhos encarnados ou desencarnados com a mesma intensidade, assim fica fácil perceber que as providências que ELE toma em relação as suas criaturas levam em conta o selo dessa perfeição absoluta.

Quando nos julgamos abandonados ou desatendidos em nossos anseios de conquistas materiais, nada mais demonstramos senão a nossa infantilidade espiritual, porque ainda não compreendemos que os nossos ideais de Ter cada vez mais em detrimento de Ser como devemos, mantêm-nos apegados aos atavismos seculares do homem velho que nos escraviza há milênios.

Torna-se imprescindível despertarmos para a realidade da nossa estada no presente momento da vida em nosso planeta, porque não estamos aqui a passeio ou, simplesmente, para gozar das alegrias das conquistas materiais sem outra finalidade, conforme esclarecimento dos Espíritos Superiores em resposta ao codificador do Espiritismo na questão abaixo:

Questão 573 – Em que consiste a missão dos Espíritos encarnados?
“Em instruir os homens, em lhes auxiliar o progresso; em lhes melhorar as instituições, por meios diretos e materiais. As missões, porém, são mais ou menos gerais e importantes. O que cultiva a terra desempenha tão nobre missão, como o que governa, ou o que instrui. Tudo em a Natureza se encadeia. Ao mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação, concorre, dessa forma, para a execução dos desígnios da Providência.

Cada um tem neste mundo a sua missão, porque todos podem ter alguma utilidade.” (1)

Dessa forma, é possível entender melhor o que Jesus nos propôs em seu Evangelho quando nos disse: “sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai Celeste” (2), conclamando-nos ao desenvolvimento de uma mentalidade cristã, através do trabalho no desenvolvimento das virtudes das quais somos portadores, a fim de que um dia possamos “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”. Nos dias de hoje, quando já temos grande capacidade para a compreensão das Leis Divinas, a consciência nos solicita ter mais cuidado com nossos pensamentos, palavras e atitudes, para que prestemos mais atenção aos ensinos e exemplos de Jesus; não nos cabe mais utilizar de desculpas infantis e infundadas para justificar nossa apatia diante de tanto que nos compete realizar.

“Segundo a ideia falsíssima de que lhe não é possível reformar a sua própria natureza, o homem se julga dispensado de empregar esforços para se corrigir dos defeitos em que de boa-vontade se compraz, ou que exigiriam muita perseverança para serem extirpados.

E assim, por exemplo, que o indivíduo, propenso a encolerizar-se, quase sempre se desculpa com o seu temperamento. Em vez de se confessar culpado, lança a culpa ao seu organismo, acusando a Deus, dessa forma, de suas próprias faltas. É ainda uma consequência do orgulho que se encontra de permeio a todas as suas imperfeições.

Indubitavelmente, temperamentos há que se prestam mais que outros a atos violentos, como há músculos mais flexíveis que se prestam melhor aos atos de força. Não acrediteis, porém, que aí resida a causa primordial da cólera e persuadi-vos de que um Espírito pacífico, ainda que num corpo bilioso, será sempre pacífico, e que um Espírito violento, mesmo num corpo linfático, não será brando; somente, a violência tomará outro caráter. Não dispondo de um organismo próprio a lhe secundar a violência, a cólera tornar-se-á concentrada, enquanto no outro caso será expansiva.

O corpo não dá cólera àquele que não na tem, do mesmo modo que não dá os outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito. A não ser assim, onde estariam o mérito e a responsabilidade? O homem deformado não pode tornar-se direito, porque o Espírito nisso não pode atuar; mas, pode modificar o que é do Espírito, quando o quer com vontade firme. Não vos mostra a experiência, a vós espíritas, até onde é capaz de ir o poder da vontade, pelas transformações verdadeiramente miraculosas que se operam sob as vossas vistas? Compenetrai-vos, pois, de que o homem não se conserva vicioso, senão porque quer permanecer vicioso; de que aquele que queira corrigir-se sempre o pode. De outro modo, não existiria para o homem a lei do progresso. – Hahnemann. (Paris, 1863.) (3)

Urgente se faz, empregarmos esforços para utilizar os incontáveis recursos com os quais a Divina Providência nos enriquece a vida, de maneira inteligente, para alavancar o nosso progresso em direção à finalidade para a qual fomos criados: a felicidade e pureza espiritual.


Francisco Rebouças


Referências Bibliográficas:

(1) KARDEC, ALLAN. O Livro dos Espíritos, FEB. 76ª edição;

(2) Evangelho de Mateus, 5:48;

(3) KARDEC, ALLAN. O Evangelho Segundo o Espiritismo, FEB. 112ª edição, cap. IX, item 10.